Blog Católico, para os Católicos

BLOG CATÓLICO, PARA OS CATÓLICOS.

"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

DA FESTA DA IMACULADA CONCEIÇÃO, DA SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA.

 

CONHECIMENTO HISTÓRICO1


Quais são as principais festas da Santíssima Virgem?


As principais festas da Santíssima Virgem são as da sua Imaculada Conceição, da sua Natividade, da sua Apresentação, da sua Anunciação, da sua Purificação, da sua Compaixão (Dores) e da sua gloriosa Assunção.

Explicação: Instituindo estas diferentes festas, propôs-se a Igreja honrar as principais circunstâncias da vida da Santíssima Virgem, recordar-nos as suas sublimes virtudes e excitar-nos assim a imitá-La e a depositar n’Ela toda a nossa confiança.


É muito antiga a festa da Imaculada Conceição?


A festa da Imaculada Conceição remonta aos primeiros séculos.

Explicação: A festa da Imaculada Conceição já estava estabelecida no Oriente no século V; menciona-a Santo André de Creta, que vivia no século IV. São João Damasceno, em 721, fala da festa da Imaculada Conceição da Virgem Maria. Em uma constituição do imperador Manoel, em 1150, citada por Belzamon, lê-se que havia longo tempo que se celebrava a sua festa nas igrejas do Oriente. Encontraram-se também, em alguns antigos monumentos, vários discursos feitos em sua honra pelo imperador Leão VI, cognominado o Sábio, cujo reinado começou no fim do século IX. O Padre Perrone cita três discursos de Jorge, Arcebispo de Nicomédia, um dos quais, relativo à Conceição da Santíssima Virgem: o que prova que esta festa era muito importante nessa época nas igrejas do Oriente. No Ocidente, segundo Bento XIV e Barônio, foi Santo Anselmo, Arcebispo de Cantorbery, quem a instituiu na Inglaterra, cerca do ano 1100, por ocasião de um milagre, que referem alguns historiadores contemporâneos. Outros, dizem que se deve atribuir a origem desta festa à Igreja de Nápoles, que a celebrou no século IX. Finalmente, os escritores normandos afirmam que foi na Abadia de Bec, em Neustria, que ela começou a celebrar-se, e daí passou a Ruão. – De tudo o que acabamos de dizer, cumpre concluir, que a festa da Imaculada Conceição remonta aos primeiros séculos da Igreja, e que já estava muito propagada no Ocidente, quando o Papa Sixto IV2 ordenou, que se celebrasse em todas as igrejas. – Em 1439, o Concílio de Bale, posto que não se considere como Ecumênico, mostra-nos qual era a opinião da Igreja, antes da instituição de Sixto IV. Na sua 36ª sessão, declara que a crença da Imaculada Conceição, é pia e conforme ao culto da Igreja, à fé católica, à reta razão e às Sagradas Escrituras; que não é lícito ensinar nem pregar o contrário; e que a festa se celebraria segundo o Rito Romano; o que mostra claramente, que esta festa já existia em muitas igrejas latinas.

No século XVI, Pio V introduziu no Breviário Romano o Ofício da Imaculada Conceição, e fixou a sua festa no dia 8 de Dezembro. Gregório XVI adicionou às Ladainhas da Santíssima Virgem esta invocação: “Rainha concebida sem mácula original, orai por nós”. Finalmente, a festa da Imaculada Conceição, é por toda a parte um dos elementos da piedade católica.


Que honramos nós na festa da Imaculada Conceição?


Honramos a Santíssima Virgem preservada da culpa original, e isenta de todo o pecado.

Explicação: A bendita Alma de Maria, unindo-se ao seu Corpo, foi, pela virtude da Graça Santificante em que foi criada, preservada da culpa original. Quem teria ousado duvidar, que este belo privilégio fosse concedido a Maria? Não era ele devido à Filha de Deus Pai, à Mãe do Filho, à Esposa do Espírito Santo? Não deviam as relações íntimas, imediatas de Maria com a Santíssima Trindade, elevá-La acima da condição dos pecadores? Não convinha, com efeito, que uma Virgem destinada a ser a Mãe d’Aquele que por Sua morte havia de destruir o império do pecado, fosse isenta do pecado? Podia Aquela que havia de dar à luz o Vencedor da morte, ser sujeita ao império da morte? Era possível, finalmente, imaginar a menor mácula n’Aquela que havia de conceber e dar à luz o Santo dos Santos? “Não, não era possível, que a Mãe de Deus, fosse um só instante maculada e inimiga de Deus”.


É a crença da Imaculada Conceição um Dogma?


Sim; a crença da Imaculada Conceição da Mãe de Deus é, hoje, um Dogma.

Explicação: Desde há longo tempo, desejava o mundo católico ver no número dos Dogmas da sua fé, a crença da Imaculada Conceição da Mãe de Deus. A Igreja não ignorava os votos dos seus filhos; mas o Espírito Santo, que a dirigia, fazia-lhe diferir o cumprimento deles até o dia marcado nos eternos decretos. Este dia, para sempre, bendito e memorável chegou finalmente. A 8 de Dezembro de 1854, na presença de 200 Bispos, que acudiram de todas as partes do mundo, proclamou o Sumo Pontífice Pio IX solenemente na Basílica de São Pedro, o Dogma da Imaculada Conceição de Maria. Recebendo esta notícia, todos os fiéis cristãos exultaram e por toda a parte se felicitou Maria deste nobre privilégio, cuja certeza e revelação acabavam de ser autenticamente reconhecidas e proclamadas.


Que devemos fazer para celebrar dignamente a festa da Imaculada Conceição?


Devemos louvar a Maria, excitar em nós uma grande confiança nesta Virgem Santíssima, e imitar, quanto possível, as suas virtudes.

Explicação: 1º) Nós devemos louvar a Maria, depositando todos os dias sobre o seu altar, o tributo da nossa ternura filial, quer por meio de algumas mortificações, quer de algumas breves, mas fervorosas orações. 2º) Devemos excitar em nós, uma grande confiança nesta Virgem Santíssima: Ela é Mãe de Deus; é também nossa Mãe, nossa Advogada. 3º) Devemos imitar, quanto possível, as suas virtudes, porque é o melhor modo de A honrar e de Lhe agradar. “Quereis agradar a Maria, diz São Bernardo, imitai-A”.3



Indulgência com que a Igreja enriqueceu,

a Devoção à Imaculada Conceição.


Por um rescrito de 21 de Novembro de 1793, Pio VI, desejando afervorar os fiéis na veneração do grande Mistério da Imaculada Conceição de Maria Santíssima, concedeu 100 dias de indulgência por cada vez, que, com o coração contrito, recitarem devotamente um ou outra das seguintes jaculatórias:

Bendita seja, a Santa e Imaculada Conceição, da Bem-aventurada Virgem Maria.

Ou esta:

Foste, ó Virgem Maria, Imaculada na vossa Conceição, rogai por nós ao Pai, cujo Filho Jesus, concebido do Espírito Santo, destes à luz.

Por um Breve de 22 de junho de 1855, dignou-se sua Santidade Pio IX conceder a todos os fiéis, que, com o coração ao menos contrito, recitarem a seguinte coroinha, 300 dias de indulgência; e a quem por espaço de um mês a tiver recitado todos os dias, concedeu indulgência plenária no dia que escolher, se nele, confessando-se e comungando, orar segundo a intenção de sua Santidade.



Coroinha

em Honra da Imaculada

Conceição de Maria Santíssima4


Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.


Primeira Parte: Seja bendita, a Santa e Imaculada Conceição, da Beatíssima Virgem Maria. Recite-se 1 Pai Nosso, 4 Ave Marias e um Glória ao Pai.

Segunda Parte: Seja bendita… Recite-se 1 Pai Nosso, 4 Ave Marias e um Glória ao Pai.

Terceira Parte: Seja bendita… Recite-se 1 Pai Nosso, 4 Ave Marias e um Glória ao Pai.



EU SOU A IMACULADA CONCEIÇÃO5


Apareceu no Céu um grande sinal: Uma mulher vestida de sol, com a lua aos pés, e uma coroa de doze estrelas na cabeça”.6


A VIRGEM MARIA, por privilégio único, em atenção à sua missão divina, foi concebida sem pecado. O Demônio nunca teve poder algum sobre Ela, por ter sido isenta da mancha original. Devemos honrar de modo especial esta prerrogativa da Mãe de Deus, por ser o fundamento da sua glória. Alegremo-nos com Ela pela ventura, que teve, de ser isenta do pecado de Adão e de receber mais graças, nesse feliz momento da sua Conceição, do que os homens e os Anjos em conjunto jamais receberam.

Meditação sobre a Imaculada Conceição

1. Maria foi concebida sem pecado; foi uma graça que Deus, pode conceder-lhe, porque nada é impossível à Sua Onipotência. Rainha dos Anjos, Mãe do Salvador, encho-me de alegria, quando penso que o pecado nunca Vos entrou na Alma, e que, no momento da vossa Conceição, fostes cheia de graça. Creio, Virgem Santa, e por toda a parte defenderei, a honra da vossa Conceição Imaculada.

2. Deus devia, por uma certa conveniência, preservar Maria do Pecado Original. Eterno Pai, poderíeis permitir que a vossa Filha tão amável, a Mãe de vosso Filho, fosse, por um só momento sequer, escrava do Demônio? Poderíeis, Espírito Divino, permitir que o vosso Inimigo entrasse no Coração de vossa Esposa tão amada? E Vós, Verbo Eterno, consentiríeis em deixar profanar este Templo, em que um dia havíeis de habitar? Ó não, seria fazer injúria ao vosso amor filial só pensar nisso! Cremos, pois, com a Igreja Católica, que a Bem-aventurada Virgem Maria, por um privilégio singular de Deus, foi inteiramente preservada da mancha original, desde o primeiro instante da sua Conceição. – Atas de Pio IX.

3. Quando, depois de ter contemplado a Virgem Imaculada, olhamos para nós, quão diferentes nos encontramos de nossa Mãe! Nascemos pecadores, vivemos no crime, e estamos expostos a morrer em pecado! Mas, ó Virgem Santíssima, vinde em nosso auxílio; não haveis de querer a perda dos vossos filhos. “Quem recorre a Maria, não pode perecer; é Ela o fundamento de toda a esperança”. (São Bernardo).

Oração

Ó Deus que, pela Imaculada Conceição da Virgem, preparastes um Santuário condigno a vosso Filho, dignai-Vos, depois de A ter preservado de toda a mancha, na previsão da morte desse mesmo Filho, conceder-nos, por Sua intercessão, a graça de chegarmos até Vós, purificados de toda a culpa. Pelo mesmo Jesus Cristo vosso Filho e Senhor Nosso. Amém.


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1.  “Catecismo – Explicação Histórica, Dogmática, Moral, Litúrgica e Canônica – com a resposta às objeções extraídas das Ciências contra a Religião”, Tomo IV, Lição XXXVII, pp. 352-356; traduzida da 12ª edição de Paris por Rev. Pe. Francisco Luiz de Seabra, 3ª edição portuguesa, Livraria Chardron de Lello & Irmãos editores, Porto, 1903.

2.  Bula de 1 de Março de 1476.

3.  Si vultis et placere, aemulamini. (São Bernardo).

4.  “Manual das Missões e Devocionário Popular”, por um Presbítero da Congregação da Missão, Orações e Meditações, p. 382. 1908.

5.  “Vida dos Santos – com uma Meditação para cada dia do Ano”, pelo Pe. João Estevam Grossez, S.J., Segunda Parte, 8 de Dezembro, pp. 339-340. Edição Portuguesa. “União Gráfica”. Lisboa. 1928.

6.  Apoc. XII, 1.


quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

UMA CEGUINHA MÁRTIR, DA FÉ E DA PUREZA.


No tempo das ferozes perseguições romanas contra os cristãos, a modéstia nos vestidos e nas modas, traía as jovens cristãs, que eram levadas perante os tribunais, onde além do cândido lírio da virtude se pretendia roubar-lhes o precioso tesouro da fé.

Havia no tempo de Galérico, uma pobre donzela ceguinha, mas distinta pela caridade e mansidão. Enquanto todos lhe lamentassem a cegueira, ela agradecia a Deus essa doença, porque dizia, via com uma luz mais clara e brilhante do que o sol. Trajava humildemente, e o vestido remendado de mendiga era-lhe apenas a guarda do pudor. Presa por suspeita de ser cristã, foi a pobrezinha levada à presença do prefeito Têntulo, que em vão se esforçou por fazê-la apostatar e sacrificar às divindades. Como nada conseguisse, mandou Têntulo ao verdugo, que deitasse a virgem sobre um cavalo de madeira, em que se torturavam os condenados, e lhe estendesse os braços por cima da cabeça. Ouviu-se o ranger dos ossos da criança. Era a tortura que começava. Cobriu-se-lhe o rosto de palidez mortal; moveu os lábios, mas não se lhe ouviu queixa nem gemido. Todos os rostos refletiam a compaixão pela menina, mas por medo do prefeito ninguém protestava.

Então, já sabes o que é dor?

interrogou Têntulo. Adora os deuses e não sofrerás mais.

Agradeço-Vos, meu Deus, respondeu a menina, por me permitirdes sofrer por vossa fé. Amo-Vos, amo-Vos, cada vez mais, ó Esposo de minha alma; e neste leito de dor são para Vós todos os meus pensamentos e afetos.

Irritado, gritou o prefeito: “Verdugo, queima-lhe as costas”.

Era este um suplício muito em voga naquele tempo. Uma onda de sangue tingiu as faces da virgem ao lembrar-se que iam despi-la publicamente. Cheia de angústia e santo pudor exclamou:

– “Meu Deus, esposo de minha alma, sofrerei por Vós todas as dores, todos os martírios; mas poupa-me a vergonha de ser despida publicamente.

Aproximou-se o verdugo de tocha acesa para cumprir as ordens recebidas e viu que a menina não fazia o mínimo movimento. Morrera de vergonha, desta vergonha cristã que é um dos mais belos encantos da alma feminina. Morrera daquela vergonha, hoje tão rara em nossas donzelas e até senhoras, mães de família, infelizes escravas da moda, cujas imodéstias são a perda de tantas almas. – M. S. – Agosto de 1950.


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Fonte: Rev. Pe. Geraldo Vasconcellos, Lições Edificantes”, Coleções de Trechos escolhidos de Revistas, Livros e Jornais, Cap. VII – Pela Modéstia Cristã, p. 371-372. Gráfica Cerbino, Niterói/RJ, 1951.


terça-feira, 6 de dezembro de 2022

MATER PURÍSSIMA.


Oração1


Ó Maria Imaculada, Soberana Rainha das virgens, eis que me ponho sob a vossa maternal proteção e me consagro neste dia totalmente a Vós.

Consagro-Vos o meu corpo com todos os seus sentidos, o meu coração com todos os seus afetos, a minha alma com todas as suas potências, a minha vida inteira, para que todos os meus movimentos sejam um contínuo ato de amor.

Coloco também, ó minha Mãe, sob a vossa salvaguarda as minhas penas e consolações, as minhas misérias passadas, presentes e futuras, sobretudo, os meus últimos momentos, suplicando-Vos que, assim como entrastes no mundo isenta de pecado, me obtenhais de Jesus, vosso Divino Filho, a graça de sair deste exílio sem pecado.

Finalmente, Mãe Santíssima, ensinai-me a amar a Jesus, para que comece já aqui na terra a viver, a vida que viverei por toda a eternidade, entoando o cântico de amor na vossa companhia e na de todos os Anjos e Santos por todos os séculos dos séculos. Assim seja.



Aos Pés de Maria

I

MÃE PURÍSSIMA. A Virgem Maria, porque nasceu já Imaculada, Imaculada viveu e Imaculada morreu. Sem a mais leve mancha do Pecado Original, a sua Alma nunca foi contaminada pela sombra sequer de pecado algum atual. Prodígio único de pureza de alma no mundo sensível das puras criaturas.

Entre Deus e o pecado, incompatibilidade absoluta, infinita. Impossível, portanto, a alma aproximar-se de Deus, senão na medida em que se afasta do pecado. E vice-versa, tanto mais se afastará do pecado, quanto mais se aproximar do Santo dos santos. E o Santo dos santos é o superlativo infinito e personificado da santidade, a própria santidade personificada.

E quem pode sequer imaginar criatura, que com o Deus de toda a santidade, tivesse sido unida por laços de maior intimidade do que Sua Mãe? E quem poderá , então, conceber criatura que pudesse ter atingido a pureza de alma, que atingiu a Mãe Puríssima?

Não é caso, portanto, de dar a Maria o primeiro lugar simplesmente na Hierarquia dos Santos. A pureza da sua Alma transcende todas as categorias de almas puras. Entre os Santos todos Ela sobressai como o lírio entre os espinhos.

A verdadeira pureza de alma exclui, não só o pecado, mas ainda todo o afeto e inclinação a ele e a tudo o que constitui perigo, não só próximo, mas remoto também de ofender a Deus. É a isenção do mal, de complacências e contemporizações com o mal, de tudo o que de algum modo conduz ao mal.

Essa pureza de coração, assim como é condição essencial da visão divina, assim também será a medida dela, pois na casa do Pai celeste há muitas moradas, e nem todas as estrelas brilham com a mesma claridade. Não são os que na terra tiverem tido da Divindade as ideias mais exatas, mais sublimes, mais teologicamente sutis; são os que tiverem tido o coração mais puros, que mais plenamente gozarão da vista de Deus.

Tal é o prêmio e a Bem-aventurança dos limpos de coração: verão a Deus. E, vendo a Deus, verão toda a verdade, toda a beleza, toda a bondade, toda a perfeição, a fonte, enfim, de todo o bem.

II

Mãe puríssima! É puríssima, e é mãe. E nada mais anti-natural do que não se parecerem os filhos com sua mãe. Espúrios, é o nome que lhes compete. E para o não serem, têm de conservar pura, como Ela, a sua alma. E para isso é necessário mantê-la num prudente isolamento, que a preserve de todo o contágio do pecado.

Para proteger as cidades contra o assalto dos inimigos, levantaram-se muralhas e ante-muralhas, que eram os seus baluartes de defesa. O mesmo tem de fazer a alma que verdadeiramente deseja manter-se ilibada. Esses baluartes são os sentidos externos, é a imaginação, são as potências da alma. O recato, a modéstia, a mortificação de uns e de outros constituem o isolamento moral do coração puro.

A vontade é o último reduto da cidadela da alma e o seu principal núcleo de resistência. Livre e reguladora de todas as energias da natureza, a ela pertence fazer-se obedecer das potências inferiores. Mas, ai dela e ai da alma, se, acovardada diante da insolência das paixões e cúmplice delas, a vontade capitula e deixa arrebatar o seu cetro de rainha. Passará a ser escrava. Não será só cúmplice de paixões degradantes; será também sua prisioneira. E, em vez de mandar, obedecerá servilmente a todas as suas exigências. Rendida a vontade, está rendida a praça, está escravizada a alma.

Diversões e espetáculos libertinos, modas imodestas, seduções despudoradas, cinemas, teatros, bailes impudentes, jornais e ilustrações pornográficas, novelas e romances libertinos, conversas licenciosas, músicas e canções provocadoras, praias de escandalosa desenvoltura, promiscuidades de educação selvagem, ensino de habilidades fraudulentas, sugestões de enriquecimento fácil, eis as principais forças e armas de guerra, que os exércitos sitiantes assentam contra a praça sitiada (contra o coração, a vontade, a alma).

É, pois, uma questão de vida ou de morte, que a vontade se mantenha no seu posto de honra (na cadeia de comando).

III

Mas não atinge a vontade, o que não passou primeiro pelo pensamento. Não se pode desejar o que não se conhece. É, pois, o pensamento que deve resguardar quem verdadeiramente quer defender a fortaleza da vontade. O pensamento é a sua grande muralha defensiva. Mas o pensamento, antes de ser ato espiritual da inteligência, foi imagem material da fantasia, dessa veloz vagabunda, que das suas excursões aventureiras traz imagens, lembranças, impressões, cujo efeito é perturbar a alma, fasciná-la, solicitá-la ao mal. Na defesa da alma a imaginação é um reduto intermediário entre a muralha espiritual do pensamento e a ante-muralha dos sentidos. Defenda-se esse reduto, vigiem-se e refreiem-se as suas extravagâncias. Esse papel pertence à vontade, a principal interessada, visada como é pelos golpes do inimigo.

Mas só penetra na imaginação e no pensamento, o que primeiro invadiu as portas dos sentidos exteriores, que são a ante-muralha e o primeiro baluarte do coração puro. À vontade cabe ainda a responsabilidade dos seus desmandos. A lei que rege a vida destas faculdades é a da modéstia, do recato, da temperança. E, sendo elas as últimas, ou as primeiras portas, que nos põem em contato com o mundo exterior, abrir-lhe essas portas é facilitar-lhe a investida da alma. Quem vê e ouve o que não devia ver nem ouvir, que muito é que passe a imaginar, a pensar, a desejar e a tragar, por fim, o veneno mortífero da alma?

Eis os meios de preservar a alma de toda a impureza, meios que a Mãe Puríssima nos ensinou com os exemplos da Sua vida puríssima.

Mas ao coração, que não soube preservar-se, veio Ela também ensinar em Fátima , os meios de se purificar das manchas já contraídas, de se reabilitar, de se regenerar e de se preservar de novas quedas. É a oração e a penitência. É, sobretudo, o grande Sacramento da regeneração espiritual instituído por Seu Filho; é a absolvição sacramental (ou seja, a Confissão).

Eis a grande lição de Fátima, com os seus inumeráveis confessionários semeados em todos os cantos do Santuário e funcionando dia e noite nas suas grandes peregrinações. Fátima, tornou-se o grande Confessionário do mundo, aonde acodem de todas as partes os grandes resistentes do Sacramento, para dizerem aos seus Ministros armados do poder de purificar as almas, que há 20, 30, 40 e mais anos, não voltaram a ajoelhar-se no tribunal da Penitência e para ouvirem de seus lábios onipotentes a alvissareira nova: “Eu te absolvo dos teus pecados”. Vai em paz e não voltes a pecar.

A tua alma está purificada, é o desfecho do grande drama da alma, de tantas almas que só ali, acharam a coragem que nunca tiveram de confessar o seu “mea culpa”.

Tal é ainda a lição que a mesma Virgem de Fátima nos está dando pelo mundo das Suas peregrinações, atraindo aos confessionários desertos os seus inúmeros desertores.



Exemplo


Antes sofrer que ofender-Vos”


D. Glória Ferreira da Rocha Malheiro, de Paredes, Diocese do Porto, sofria há três anos e meio de gravíssima periviscerite abdominal direita, comprovada não só pelas radiografias, mas também pela intervenção cirúrgica. Recebe os últimos Sacramentos, inclusive a Extrema-Unção, porque a doença, agravada dia a dia, tornara-se humanamente incurável. Mais para obedecer ao Confessor, do que pelo desejo de curar, vai a Fátima pedir à Saúde dos enfermos, o que a ciência não lhe podia dar.

Acompanhada do marido e das filhas, partiu no dia 11 de Maio (1937) de automóvel transformado em cama. O marido julgando que a doente ia determinada a não implorar a cura, limitou-se a pedir ao médico assistente um atestado que apenas lhe desse direito a ser recebida no hospital.

Em Fátima, pouco antes de ser transportada para a Missa dos Doentes, bebeu um copo de água do Santuário e dirigiu a Nossa Senhora a seguinte prece: “Ó minha Mãe do Céu, mandaram-me pedir-Vos a minha cura; e por obediência peço. Se for da vossa vontade curar-me, para manifestardes a vossa glória, curai. Mas, minha Mãe querida, eu de muito boa vontade cedo a minha cura em favor de qualquer destes doentinhos. E vou muito contente assim para minha casa, continuar a sofrer, até Vos ir ver ao Céu”.

Podemos crer que estas palavras foram as que mais fundo penetraram no Coração da Mãe de Deus.

Já no pavilhão dos doentes, ao passar por eles a Imagem de Nossa Senhora, ergue-se, senta-se na maca e de mãos postas e olhos fixos na Senhora, diz-Lhe: “Ó minha Mãe do Céu, tomai conta das minhas filhinhas”.

Sentiu-se logo perfeitamente curada. “Foi como se estivesse toda presa por cordas, que naquele momento fossem cortadas”, é a expressão com que ela traduz o que sentiu.

Ainda tentou com a mão qualquer pressão, qualquer contato para verificar se as dores habituais permaneciam. Nem vestígios.

E ela que tanto amava o sofrimento, volta-se ainda para Nossa Senhora, e Lhe diz baixinho, mas com toda a alma e por três vezes: “Ó minha Mãe do Céu, eu antes quero sofrer no meu quarto do que ofender-Vos. Eu sozinha nada posso”.

E ficou depois alheia a tudo, absorta só em Nossa Senhora, sem mesmo saber onde estava a Sua querida Imagem, só voltando a si a certa altura da Missa.

O milagre tinha-se operado sem deixar vestígios da doença. Entretanto, permanecia silenciosa, sem nada dizer da transformação que em si sentia, não fosse caso que estivesse iludida.

Só no hospital, é que diz à filha mais nova: “Eu creio que já podia ir a pé para o carro, mas cala-te”.

Entretanto, o marido ia dando fé da transformação nela operada, das suas novas disposições, da facilidade dos seus movimentos, do insólito apetite com que começava a alimentar-se, mas sem se persuadir que tivesse sido miraculada. “Não, pensava ele, se Nossa Senhora a tivesse curado, já ela mo teria dito”.

Só no dia 15, de manhã, dois dias depois da cura, é que ela acabou de se convencer, que não era vítima de ilusão. Estava curada e bem curada. E só, então, deu a conhecer à família o milagre de Nossa Senhora.

Milagre, sim, pois sabido é, como a 29 de Junho de 1941, Pio XII conferia a esta cura foros de autêntico milagre.



Oração pelos Sacerdotes


Jacinta, a angelical vidente de Fátima, chorou de pena ao saber um dia, que um Sacerdote fora proibido de celebrar. E no seu leito de morte recomendou insistentemente, que se rezasse pelos Sacerdotes.

Rezem pelos Sacerdotes, foi o testamento da inocente menina, ditado sem dúvida, pela Mãe de Deus, que tão bondosamente lhe aparecia durante a doença.

Este rasgo tão comovente da sua vida reparadora, levou-nos a acrescentar… esta curta oração pelos Sacerdotes:2

Ó Jesus, Verbo Eterno do Pai, Fogo abrasador, abrasai as almas dos vossos Sacerdotes no fogo do amor divino, que devora o vosso Coração, para que eles ardam no zelo das almas e as salvem, e, salvando-as, se salvem com elas. Amém.


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Fonte: Rev. Pe. José de Oliveira Dias, S.J., “Florilégio Ilustrado da Fátima – Novo Mês de Maria”, Dia 4 de Maio, pp. 59-65/15 e 22. 3ª Edição, Edição da Sociedade Brasileira de Educação, Braga/Portugal, 1952.

1.  Indulgenciada por Sua Eminência o Sr. Cardeal Patriarca de Lisboa.

2.  Indulgenciada pelo Eminentíssimo Cardeal Patriarca de Lisboa.


segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

A PUREZA DE MARIA, A MÃE DE JESUS.


Anjos do Senhor, emprestai-me os vossos acentos para que possa louvar dignamente a pureza de Maria. Que boca há aí tão casta que possa falar de sua castidade? Que coração há tão puro que possa conceber a que ponto se elevava a pureza da Virgem Santa? Brilhou desde o berço Nela esta virtude, acompanhou-A fielmente no decurso da vida, e a adornou depois no Céu. Mulher nenhuma foi pura como Maria, e por isso, mereceu ser Mãe do Deus de toda pureza. Só os seus castos seios eram dignos de criar o Salvador do mundo, e seus lábios virginais eram os únicos que podiam pousar-se na frente d’Aquele, onde morava tanta grandeza e inocência. Que encantadora pintura se nos abre no pensamento quando contemplamos Aquela Mãe extremosa, amando-O como a Filho, e adorando-O como a deus! Maria que nunca sentira outro amor, senão o Divino; que nunca divulgara os segredos de seu Coração senão a Deus, receia em sua ternura revelá-los, de sua própria felicidade se envergonha, e afaga o Divino Infante com um gracioso pudor.

É a pureza, como as demais virtudes, um dom de Deus, porém, é esta virtude tão melindrosa que o menor sopro a faz perder o brilho. Emprega Maria para a conservar em seu lustre os meios que a põem em segurança; quais são: o retiro, a oração e a humildade.

Depois de haver sido educada no templo, busca Maria o retiro, escondendo-se do mundo, e quando porventura algum dever religioso, ou algum ato de caridade a obrigavam a aparecer diante da gente, apresentava-se com tão extremada modéstia, com uma circunspecção acompanhada de tanta doçura que arrebatava quantos a viam, e o próprio vício, assombrado de tamanha perfeição, não podia deixar de render homenagem à virtude.

Esta homenagem era, porém, bem diferente dessa, que com tanto ardor cobiça a mulher nova e envaidecida. Procura esta justamente aqueles louvores de que devia fugir, e escuta-os sem corar; em vez de abaixar os olhos, quando se acha numa sociedade, os leva em redor para se inteirar do abalo que produziu nos circunstantes a sua presença, e abre um sorriso de satisfação, se porventura eles têm nela pregados os seus. Imprudente, que ignora que o desejo de agradar, que em seu rosto se pinta, desterra dele o pudor, a mais amável das graças; que pode sim excitar nos homens viciosos ideias torpes, desejos vergonhosos, admiração, não que é esta quase sempre a conquista da virtude; que aqueles que se dizem seus adoradores também assim o entendem, e se não lhe dizem-no, é porque esperam havê-la a troco de algumas lisonjas.

Diferente coisa é ser modesta, ou ser insociável. A modéstia é acompanhada de boas maneiras; seu riso não é acompanhado dessas gargalhadas que podem fazer suspeitar no coração pouca cautela; alegra-se com a amizade que inspira; aceita com gratidão a aprovação de suas virtudes, e toma por insulto ou por gracejo os elogios endereçados à sua beleza, e outros dotes da natureza. A modéstia é inimiga das modas indecentes, abaixa tristemente os olhos se são tais, que as pessoas assim trajadas se acham descompostas, e tem por grande pecado ter o menor desejo de galas que são reprovadas por todas as pessoas de vergonha e que deveriam ser desterradas da boa sociedade. Como pode uma mulher que anda trajada com indecência lembrar-se sem estremecer, de que Deus a está vendo? Talvez que nem em Deus pense! Mas nesse caso que há de vir a ser dela?… Ela não pode ser serva de Maria, o espelho de toda a modéstia e de todo o pudor. Quem intercederá, pois, por ela? Será, porventura, o seu Anjo custódio? Ela nem dele se lembra; e o fiel companheiro de sua peregrinação desvia os olhos daquela que perdeu a castidade em ação de se remontar aos Céus, vergonhoso por amor daquela que nenhuma vergonha tem. Infeliz criatura! Deus, e outros Santos protetores te hão desamparado, porque te tens deixado guiar pelas sugestões do Demônio, pai da soberba e da impureza.

Qual é o homem melindroso em pontos de honra que, se queira vincular com uma mulher que o não é? Que coração puro há de querer unir-se com um coração que aloja um amor impuro, amor que há de ser a causa de sua desonra e de seu tormento? A mulher imodesta e leviana acha-se só no meio de sua família: ninguém a ama, por isso, que ela só a si mesma ama: o dissabor com que vive no interior de sua casa, está delatando que, o que ela deseja é um teatro mais vasto, onde possa conquistar aplausos, e após eles, uma mau nome. Mas como é que esta mulher veio a dissipar-se a este ponto? Instruiram-na superficialmente na religião: a educação, estudos, e leituras despertaram a sua vaidade, e fizeram-lhe contrair primeiro o hábito, e depois o gosto de uma vida inteiramente sensual. Por isso, é que ela, que diante dos altares, parece que não sente nada, se inflama no teatro, ama, como uma louca, a música, ou gasta quanta sensibilidade tem em apiedar-se das desgraças fantásticas de que as novelas lhe fazem a pintura. Esfria-se-lhe o coração à proporção que se lhe exalta a imaginação, e esta mulher de tanta sensibilidade nas palavras nada mais é. Que um cadáver privado da vida espiritual. Anda num perpétuo movimento, e mostrando-se em todas as sociedades, acredita que enche nelas o primeiro lugar: deixemo-la passar, não curemos de atalhar-lhe os passos, de avisá-la… Que nada mais é que uma sombra, e como já dissemos, está morta.

Arredemos os olhos de tão medonho espetáculo, e contemplemos A mais pura das virgens. Como não havia Ela de fugir do bulício do mundo, se a presença de um Anjo a intimidava?

Maria, como todas as mulheres virtuosas, que se aplicam aos deveres domésticos, tinha todas as virtudes de uma mãe de família; que perfeita união reinava entre Ela e São José! Que extremoso amor que tinha a seu Filho! Que abnegação de Si mesma! O pudor que A obrigara a esconder debaixo do véu da humildade o sublime destino a que era chamada, fez também com que mais tarde ocultasse as suas dores incompreensíveis, porque se envergonhava de ser objeto das conversações da gente. Só Deus pode ler naquele Coração virginal, e o mundo das virtudes de Maria só conheceu aquelas que Ela não podia esconder.

Prática

Fujamos cuidadosamente da sociedade das pessoas mundanas, cuja conversação demasiadamente livre, ofende o pudor. O antigo provérbio, os maus discursos arruínam os costumes, é uma verdade de que não se pode duvidar. Os livros licenciosos, e as novelas, devem ser proscritas por isso, que elas pervertem o espírito e corrompem o coração. Empreguemos, enfim, todos os nossos pensamentos nas coisas santas e úteis, aliás, o Inimigo que nos anda vigiando, se dará pressa em oferecer-nos coisas que encantam, e matam. Digamos com Jó: Fiz um pacto com os meus olhos, de nunca se porem em objetos perigosos, e meus ouvidos estão fechados às palavras de uma voluptuosidade impudica.

1 Pai Nosso, 1 Ave Maria, e 1 Glória ao Pai.


_______________________

Fonte: Mês de Maria ou Nova Imitação da Santíssima Virgem”, por Madame Tarbé des Sablons, 7º Dia. pp. 155-162. Traduzido do Francês por Caetano Lopes de Moura e dedicado à Ilustríssima e Excelentíssima Senhora Marquesa de Ponta Delgada. Publicado por J. P. Aillaud, Editor, Paris, 1845.


domingo, 4 de dezembro de 2022

HINO ACATISTO.

(Akathistos)1


Ave, Tu pela qual a alegria resplandecerá!

Ave, Tu por quem cessará toda maldição!

Ave, Reerguimento do Adão decaído!

Ave, Estancadora das lágrimas de Eva!

Ave, Mistério inacessível à cogitação humana!

Ave, Abismo imperscrutável mesmo aos olhares dos Anjos!

Ave, porque é o Trono do Grande Rei!

Ave, porque governas quem governa todas as coisas!

Ave, Estrela anunciadora do Sol!

Ave, Seio da Divina Encarnação!

Ave, Tu por quem se renova a Criação!

Ave, Tu em quem e por quem o Criador se fez Menino!

Ave, Esposa Inviolada.


Ave, Mistério de uma vontade inefável!

Ave, Fé de eventos amadurecidos no silêncio!

Ave, Prelúdio das maravilhas de Cristo!

Ave, Sumário de seus dogmas sagrados!

Ave, Suprema Escada pela qual Deus veio a nós!

Ave, Ponte que da terra conduz aos Céus!

Ave, dos Anjos, gloriosa Maravilha!

Ave, dos Demônios, Derrota contundente!

Ave, Tu que por Mistério inefável geraste a Luz!

Ave, Tu que a ninguém ensinaste o “Como”!

Ave, Tu que transcendes a sabedoria dos sábios!

Ave, Tu que iluminas os corações dos crentes!

Ave, Esposa Inviolada!


Ave, Ramo de planta incorruptível!

Ave, Colheita do Fruto imortal!

Ave, Cultivadora do Benfeitor dos homens!

Ave, Mãe do Criador de nossa vida!

Ave, Campo produtor de abundância de frutos!

Ave, Mesa carregada de abundância de perdões!

Ave, T que fazes reflorir os prados do Paraíso!

Ave, Tu que preparas um porto para nossas almas!

Ave, Incenso que faz aceitas nossas súplicas!

Ave, Purificação do Universo!

Ave, Benevolência de Deus para com os mortais!

Ave, Audácia dos mortais diante de Deus!

Ave, Esposa Inviolada!


Ave, Mãe do Cordeiro e do Pastor!

Ave, Aprisco das ovelhas espirituais!

Ave, Preservativo de inimigos invisíveis!

Ave, Chaves das portas do Paraíso!

Ave, Tu por quem as criaturas celestes se congratulam com a terra!

Ave, Tu por quem a terra canta em unissonância com os Céus!

Ave, dos Apóstolos Boca jamais silenciosa!

Ave, invencível Coragem dos Mártires!

Ave, inabalável Baluarte da fé!

Ave, brilhante Estandarte da graça!

Ave, Tu por quem foi despojado o Inferno!

Ave, Tu por quem fomos revestidos da glória!

Ave, Esposa Inviolada!


Ave, Mãe da Estrela sem ocaso!

Ave, Aurora do dia misterioso!

Ave, Tu que extinguiste a forja do engano!

Ave, Iluminadora dos Mistérios da Trindade!

Ave, Tu que derrubas do trono o tirano inimigo dos homens!

Ave, Tu que mostraste o Cristo Senhor, Amigo dos homens!

Ave, Tu que resgatas da selvagem idolatria!

Ave, Tu que libertas dos ataques infernais!

Ave, Tu que destruíste a adoração do fogo!

Ave, Tu que aplacas o fogo das paixões!

Ave, Educadora da castidade para os crentes!

Ave, Alegria de todas as gerações humanas!

Ave, Esposa Inviolada!


Ave, Reerguimento da Humanidade!

Ave, Ruína dos Demônios!

Ave, Tu que esmagaste a potência sedutora!

Ave, Tu que desmascaraste o engano dos ídolos!

Ave, Mar que submergiste o Faraó espiritual!

Ave, Rochedo que saciaste as almas sedentas de vida!

Ave, Coluna de fogo a guiar os que caminham nas trevas!

Ave, Abrigo do Universo, mais dilatado que a nuvem!

Ave, Alimento que substitui o celeste maná!

Ave, Tu que nos serves as delícias sagradas!

Ave, Terra da Promissão!

Ave, Fonte da qual promana leite e mel!

Ave, Esposa Inviolada!


Ave, Flor da virgindade!

Ave, Coroa da castidade!

Ave, Tu que fazes fulgir o símbolo da Ressurreição!

Ave, Reveladora da vida angelical!

Ave, Árvore de admiráveis frutos, alimento dos fiéis!

Ave, Planta de benéfica folhagem sob a qual muitos se abrigam!

Ave, Tu cujas entranhas carregam o Guia dos errantes!

Ave, Tu que geraste o Libertador dos cativos!

Ave, Tu que alcanças misericórdia do Justo Juiz!

Ave, Remissão de quem caiu e se arrependeu!

Ave, Indumentária de coragem para os que estão desesperados!

Ave, Amor que satisfazes todos os desejos!

Ave, Esposa Inviolada!


Ave, Tabernáculo do Deus incomensurável!

Ave, Porta do Augusto Mistério!

Ave, Mensagem que perturba os infiéis!

Ave, Alegria segura dos crentes!

Ave, Veículo santíssimo de quem assenta acima dos Querubins!

Ave, Mansão gloriosa d’Aquele que está acima dos Serafins!

Ave, tu que reúnes a virgindade à maternidade!

Ave, Tu que consorcias os contrários para o mesmo fim!

Ave, pois por Ti foi dissolvido o pecado de Adão!

Ave, pois que por Ti foi reaberto o Paraíso!

Ave, Chave do Reino de Cristo!

Ave, Esperança dos bens eternos!

Ave, Esposa Inviolada!


Ave, Tabernáculo da sabedoria de Deus!

Ave, Tesouro da Providência!

Ave, Tu que fazes parecer ignorância a sapiência dos sábios!

Ave, Reveladora da estultice dos eloquentes!

Ave, Tu que convences de insensatez a astúcia das palavras!

Ave, porque tornas inanes os criadores dos mitos!

Ave, Tu que desfizeste os sofismas dos atenienses!

Ave, Tu que encheste as redes dos pescadores!

Ave, Tu que nos retiras do abismo da ignorância!

Ave, Tu que iluminas tantas inteligências!

Ave, Barca para quantos querem se salvar!

Ave, Porto dos navegantes desta vida!

Ave, Esposa Inviolada!


Ave, Coluna da virgindade!

Ave, Porta da salvação!

Ave, Mestra da edificação espiritual!

Ave, Dispensadora da graça divina!

Ave, Tu que deste vida nova aos concebidos na vergonha!

Ave, Tu que instruíste aqueles cujo espírito estava desgarrado!

Ave, tu que expulsas os corruptores da mente!

Ave, Mãe do Semeador da castidade!

Ave, Tálamo de imaculados esponsais!

Ave, Tu que reconcilias os crentes com o Senhor!

Ave, suave Educadora das virgens!

Ave, Tu que adornas com a veste nupcial das almas santas!

Ave, Esposa Inviolada!


Ave, Raio do Sol espiritual!

Ave, Astro da Luz que jamais se põe!

Ave, Relâmpago que ilumina as almas!

Ave, Trovão que terrifica os inimigos!

Ave, porque fazes cintilar radioso esplendor!

Ave, porque fazes transbordar o Rio com infinitos afluentes!

Ave, vivente Imagem da água do Batismo!

Ave, Tu que purificas a mancha do pecado!

Ave, Lavacro purificador da consciência!

Ave, Taça cheia da alegria!

Ave, Recendência dos perfumes de Cristo!

Ave, Vida do místico festim!

Ave, Esposa Inviolada!


Ave, Casa de Deus e do Verbo!

Ave, Santa mais santa que os Santos!

Ave, Arca dourada pelo Espírito!

Ave, inesgotável Tesouro de vida!

Ave, precioso Diadema dos reis piedosos!

Ave, Louvor glorioso dos Sacerdotes devotos!

Ave, inabalável Torre da Igreja!

Ave, indestrutível Baluarte do império!

Ave, Tu pela qual se levantam os troféus!

Ave, Tu pela qual tombam os inimigos!

Ave, Medicina do meu corpo!

Ave, Salvação de minha alma!

Ave, Esposa Inviolada!


___________________________

Fonte: Frei Battistini, “Maria, Nosso Sim a Deus”, pp. 25,64,94,133,34,108,72,102,87,52,124,159. Magé. Editora Vozes Ltda, Petrópolis/RJ, 1984.

1.  Acatisto (Akathisto) significa: “não sentado”. Isto é, devia ser cantado em pé. É um hino da Igreja Bizantina, de autor desconhecido, escrito entre o século VI e VII (reportamos à Revista Mariana “Nova Aurora”, nº 1 de 1980).


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