Blog Católico, para os Católicos

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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

sábado, 2 de novembro de 2019

A Oração Pelos Mortos.



Saudade e Oração

Não julguemos que lembrar nossos mortos é ter apenas deles uma saudade que aos poucos vai decrescendo em intensidade, à medida que passam os anos. Chorar nossos mortos e perpetuar-lhes a lembrança no mármore, na tela, no livro é permitido, sim. Porém, não fiquemos só nisto. Juntemos à saudade a oração. Não basta chorar, precisamos orar. E nunca se precisa tanto de oração como depois da morte. No Purgatório as pobres almas estão como o paralítico da piscina que dizia a Jesus: Hominem non habeo! Senhor, eu não tenho um homem que me lance na piscina para ser curado.

Dependem aquelas almas santas de nossos sufrágios, de nossas orações e sacrifícios. Deus as entregou à nossa caridade. Sempre é eficaz a nossa oração pelas almas.

É infinitamente mais útil e eficaz a oração pela libertação dos defuntos que padecem no Purgatório, que a oração pelos pecadores da terra, cuja perversidade e más disposições paralisam os esforços para os salvar. As santas almas não põem obstáculos algum à eficácia das orações que por elas fazemos”. Tal é a opinião do piedoso oratoriano Pe. Faber.

Juntemos à nossa imensa saudade dos mortos nossos queridos, a oração e sempre a oração.

Escreveu o Pe. Sertillanges: “A lembrança dos mortos sem a oração, é uma lembrança fria, um triste pensamento. É uma exploração do nada. Porém, com a oração, é um vento que sopra em direção a Deus, é uma ascensão nas asas da esperança”.1

Oremos pelas almas benditas que padecem no Purgatório! Demos-lhe a esmola de nossas preces fervorosas e da riqueza das indulgências do tesouro da Igreja.

Dizia São Francisco de Sales: “Vós que chorais inconsoláveis a perda de vossos entes queridos, eu não vos proíbo de chorar, não! Chorai, mas procurai adoçar vossas lágrimas com o suave bálsamo da oração que muito mais do que todas as demonstrações exteriores de pesar, pode concorrer para aliviar as almas que a morte vos arrebatou”.

Esta é também a linguagem da Igreja, nossa Mãe. Não proíbe nossas lágrimas. É tão humano chorar! Todavia não fiquemos tão só num pranto nossas orações. Saudade e oração. Choremos nossos mortos como cristãos verdadeiros.

Meio Fácil

Sim, é o mais fácil dos meios de socorrer os mortos, a oração. Alguns podem achar difícil o jejum, ou a mortificação, podem se queixar da pobreza que não lhes permite dar esmolas, mas quem pode se escusar e desculpar-se de não poder orar?

A mais curta oração feita com as devidas disposições é um alívio para os fiéis defuntos. Quem não pode bradar: dai-lhes, Senhor, o descanso eterno!

Fez Nosso Senhor tantas promessas à oração! “Pedi e receberei, batei e se vos há de abrir. É preciso sempre orar”. A oração de Marta e Maria leva Jesus a ressuscitar Lázaro. Nossas preces pelos defuntos hão de tirar as pobres almas daquele estado de morte em que se encontram.

As lágrimas, as flores, os mausoléus pomposos nada aproveitam aos mortos. É melhor rezar por eles. “Poupai vossas lágrimas, dizia São João Crisóstomo, pelos defuntos e dai-lhes mais orações”. Escreve Santo Ambrósio numa das suas cartas a Faustino, que acabava de perder a irmã: “É preciso assistí-la com orações mais do que chorá-la, e convém recomendar a sua alma muito a Deus na oração. Chora menos e reza mais”.

Repitamos também esta recomendação a tantos que choram seus mortos sem se lembrarem de uma prece, de uma Santa Missa, de uma obra de caridade para sufragar-lhes as pobres almas. Quantas orações tão belas e eficazes e poderosas para o sufrágio dos nossos mortos! O Padre Nosso, a Ave Maria, o De Profundis, o Ofício dos mortos. A Igreja, nossa Mãe, nos dá exemplo de oração pelos defuntos. Termina muitas vezes as suas preces litúrgicas como as Horas canônicas pela súplica tocante: “Fidelium animae per misericordiam Dei requiescant in pace”. E as almas dos fiéis pela misericórdia de Deus descansem em paz! Desde os tempos primitivos, e já nas catacumbas, a prece pelos defuntos era conhecida e praticada na Igreja. Encontram-se nas pedras inscrições como estas: Vitório, que Deus refrigere o teu espírito! Antônia, doce alma, que Deus te dê o refrigério! Que Cristo te ponha na paz! Que tua alma repouse em Deus! Sempre as súplicas a Deus pedindo refrigério, luz e paz para os mortos. É muito agradável a Deus a oração pelos mortos.

Um dia, Santa Gertrudes rezava com fervor pelos defuntos, quando Nosso Senhor lhe fez ouvir estas palavras: “Eu sinto um prazer todo especial pela oração que Me fazem pelos fiéis defuntos, principalmente quando vejo que à compaixão natural se junta a boa vontade de a tornar mais meritória. A oração dos fiéis desce a todo instante sobre as almas do Purgatório como um orvalho refrigerante e benéfico, como um bálsamo salutar que adoça e acalma suas dores e ainda as livra das suas prisões mais ou menos rapidamente, conforme o fervor da devoção com que é feita”. Noutra ocasião, disse Nosso Senhor a sua serva querida: “Muitíssimo grata Me é a oração pelas almas do Purgatório, porque por ela tenho ocasião de libertá-las das suas penas e introduzi-las na glória eterna”.


Oremos pelos fiéis defuntos!

Sim, já que a oração é tão poderosa para socorrer os mortos, aliviar as penas das pobres almas, vamos em socorro do Purgatório! “A oração da alma fervorosa, diz São Bernardo, sobe até o Céu e de lá não desce sem ser ouvida. Se pede amor de Deus, vem dele cheia; se pede humildade, esta logo a vem adornar; se pede a libertação das almas do Purgatório, tem igualmente todo poder para alcançá-la”.

São João Damasceno escreve: “Não vos poderia narrar tantos testemunhos encontrados na vida dos Santos pelos quais se provam claramente as vantagens da oração que se fazem pelos defuntos! Não é em vão que se reza pelos mortos”.

Todas as orações são úteis para as almas, mas algumas mais do que outras. Por exemplo, as orações canônicas do Breviário ou Divino Ofício são muito mais valiosas e eficazes. Que valor não terá uma prece oficial da Igreja pelos mortos! Depois, aproveitemos o tesouro da Via Sacra, acompanhando os Mistérios Dolorosos da Paixão do Salvador e oferecendo o Preciosíssimo Sangue para refrigério do Purgatório. Que dizer do Rosário? Que tesouro da Igreja padecente!

Apliquemos todas as indulgências do Rosário pelas almas. Uma jovem libertada do Purgatório pelo Rosário de São Domingos, apareceu a este servo da Virgem e lhe disse: “Em nome das almas do Purgatório eu vos conjuro, pregai por toda parte e fazei conhecer a toda gente a devoção do Rosário. Que os fiéis apliquem às pobres almas as indulgências e os outros favores espirituais desta devoção tão santa. A Santíssima Virgem e os Anjos e Santos se alegram com o Rosário, e as almas libertadas por ele rezam no Céu pelos seus libertadores”.

Façamos Novenas e orações em comum pelos mortos, principalmente logo depois que deixarem eles este mundo. Há o piedoso costume de se fazer uma Novena pelo falecido, começando logo no dia seguinte ao da morte ou do enterro. Durante nove dias se reúne a família em torno de um altarzinho para implorar a misericórdia do Senhor pelo defunto. Multipliquemos fervorosas preces pelos nossos mortos queridos e pelas almas mais abandonadas. “Minha filha, dizia certa vez Nosso Senhor a Santa Lutgarda, não posso resistir às tuas súplicas. A alma pela qual pedes logo estará livre dos seus sofrimentos”. Ó, não será esta a resposta que nos dará Nosso Senhor também, se orarmos com todo fervor de nossa alma, com toda caridade pelos defuntos?

Um santo Bispo, conta Rossingnolli em suas Maravilhas do Purgatório, um santo Bispo teve um sonho. Viu uma criança que com um anzol de ouro e uma linha de prata retirava uma mulher de um profundo poço. Acordou, abriu a janela e viu no cemitério, que lhe estava no fundo da casa e vizinho, um menino tal como o que viu em sonho, ajoelhado junto a um túmulo, em oração.

Que faz aí, menino? Perguntou-lhe o Bispo.

Eu rezo um Padre Nosso e um De Profundis pela alma de minha mãe, que aqui está sepultada.

Entendeu logo o santo Prelado que a oração singela do pequenino era o anzol de ouro e o Padre Nosso e o De Profundis o fio misterioso que vira em sonho. Tal é a nossa oração pelos mortos.


EXEMPLO

Santa Margarida de Cortona
e as Almas do Purgatório

A grande pecadora que foi Margarida de Cortona e que convertida veio a ser a Madalena dos últimos tempos, pela admirável penitência e a grande santidade a que chegou, era uma grande devota das santas almas do Purgatório. Desde que se converteu dedicou-se, cheia de caridade, a socorrer as almas sofredoras. Nosso Senhor lhe permitiu ver muitas vezes a triste condição destas almas para lhe excitar a compaixão e interceder por elas. Dois negociantes foram assassinados, e por misericórdia de Maria Santíssima, da qual eram fervorosos devotos, alcançaram uma contrição perfeita na hora derradeira e se salvaram. Apareceram à Santa e lhe disseram:

– “Escapamos da eterna condenação pela especial proteção de Maria Santíssima. Mas teremos que padecer um horrível Purgatório para expiar nossas injustiças e mentiras e pecados. Ó Serva de Deus, nós vos pedimos que mandeis avisar nossos amigos e parentes que façam restituições de nossos maus negócios e deem muitas esmolas aos pobres em paga de nossas injustiças. Ajudai-nos, Margarida, com vossos sufrágios”.

A Santa se empenhou muito com orações e penitências em socorrer estas pobres almas. E assim fazia sempre que Nosso Senhor lhe revelava a necessidade e as aflições de algumas almas do Purgatório. Quando faleceu o pai da Santa penitente, ofereceu ela por aquela alma querida muitas orações e toda sorte de sufrágios, penitências e santas Comunhões.

Deus Nosso Senhor lhe fez conhecer que as suas orações aliviaram as almas do seu pai e da mãe, e que tiveram muito abreviados dias de Purgatório.

Também ao saber da morte de uma criada, Gillia, que durante muito tempo ficou com ela, Margarida não cessou de recomendar esta alma da pobrezinha a Nosso Senhor. Foi-lhe revelado que a criada ficaria no Purgatório apenas até a festa da Purificação de Nossa Senhora e logo seria levada ao Céu pelos Anjos.

Na hora da morte, Santa Margarida de Cortona viu uma multidão de almas com esplendor da glória do Céu que vinham ao encontro da sua benfeitora, cheias de gratidão. Era a recompensa da sua dedicação e devoção às Almas do Purgatório.


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Fonte: Mons. Ascânio Brandão, “Tenhamos Compaixão das Pobres Almas! – 30 Meditações e Exemplos Sobre o Purgatório e as Almas”, 14 de Novembro, pp. 109-115. 2ª Edição, Editora Ave Maria Ltda, São Paulo/SP, 1956.

1.  Le probléme de la prière. Revue de Jeunes – Nov. 1915.


O Justíssimo Juízo Divino X O Imperfeito e Frágil Juízo Humano


O Juízo Divino
X
O Juízo Humano

Hay también outra vista terribilísima al fin de esta vida en el punto que expira el alma, por la cual será a los pecadores muy horrible aquella hora; y es la vista de los pecados, cuya fealdad, gravedad y multitud se verá entonces clara y distintamente, aunque ahora ignoramos muchos y no conocemos la fealdad de ellos. Pero en el punto en que parte uno de esta vida se descubrirán todos con la misma gravedad, horribilidad y número que tienen entre sí. Esto nos significó el profeta Daniel, cuando dijo que el trono del tribunal de Dios era de llamas de fuego. Porque el fuego no sólo quema, sino alumbra; así, en el juicio divino, no sólo se ejercitará el rigor de la divina justicia, sino que se descubrirá la horribilidad de la malicia humana. No sólo estará el Juez severo, sino que se descubrirán nuestros pecados latentes, y su vista bastará para hacernos estremecer de pena y espanto. Porque así como la vista del Juez aterrará a los pecadores, así también la vista de sus pecados les asombrará, principalmente viendo que están claramente manifiestos al mismo que es Juez y parte. Por lo cual se dice en un salmo (89, 7): Desmayamos, Señor, con tu ira, y con tu furor somos conturbados. Y añadiendo luego la razón de tan gran turbación y desmayo, dice: Pusiste nuestras maldades delante de tu acatamiento. Porque al ver la multitud y gravedad de sus culpas hará a los pecadores temblar y causará en ellos ansias infernales.

Ahora está cubierta la fealdad del pecado, y así no nos asombra; pero en aquel punto se descubrirá toda su deformidad, y aterrará con sola su vista. Ahora nos parecen ligeros los pecados, y la multitud de ellos no conocemos; pero a la salida de esta vida nos parecerán tan pesados, que nos serán insoportables. Porque así como una gran viga, mientras está en el agua, un niño la puede mover y traer a una parte y outra, y la mitad de ella está hundida y escondida debajo de las aguas, pero al sacarla del rio se halla tan pesada que muchos hombres no la pueden mover, y se descubre toda entera, así también en las aguas de esta vida, tan deleznable y borrascosa, no nos parecen graves nuestras culpas, y la mitad de ellas se nos esconden; pero al salir de la vida nos parecerán con toda gravedad incomparables y se nos descubrirán del todo.

Sin duda ninguna serán dos espadas agudas que atraviesen la conciencia del pecador, cuando vea delante de los ojos tan innumerable multitud de culpas y la horrible monstruosidad de ellas. Y empezando por la multitud, quedará pasmado cuando eche de ver tantos pecados que él ignoraba; y lo que más es, lo que pensaba estar bien hecho, hallará ser culpa. Muchas acciones que a los ojos humanos parecen virtudes, serán en el acatamiento divinos juicios. Porque si hay tan grande diferencia em los juicios humanos, que lo que muchas veces juzgan los mundanos y mozos por bien hecho, los sabios y ancianos lo juzgan por desacierto y pecado, ¿cuánta diferencia habrá de los juicios divinos a los de los hombres, pues el mismo Espiritu Santo dijo por sus profetas que los juicios de Dios eran un grande abismo (Ps. 35, 7), que distaban sus pensamientos de los pensamientos de los hombres cuanto va del Cielo a la tierra? (Is. 55, 9). Y si los hombres espirituales tienen tan perspicaces ojos, que condenan con verdad lo que los temporales alaban, ¿qué ojos serán los divinos para conocer mancha aun en una pureza que parezca angélica? Y si en los ángeles halló maldad (como dice la Escritura) (Job. 4, 18), en los hombres no se le esconderá vicio. El mismo Señor dice por uno de sus profetas: Escudriñaré a Jerusalén con candelas (Sof. 1, 12). Si tal averiguación se ha de hacer em la ciudad santa de Jerusalén, ¿qué será en Babilonia? Si en los justos ha de haber tal rigor, ¿cómo se disimulará con los enemigos de Dios? Allí han de salir a plaza cuantas obras hicimos y las que dejamos de hacer; y se descubrirá por culpa, no sólo lo malo que hicimos, sino lo bueno que no hicimos debiendo hacerlo; no sólo se nos ha de tomar cuenta de lo malo que obramos, sino también de lo bueno, porque no lo hicimos bién. Todo se ha de desenvolver y remirar y apurar y pasar por muchos ojos.

El demonio, como acusador, revolverá el proceso de la vida, y calumniará cuanto sabe de ti. Y aunque el demonio no lo supiese todo, no por eso se disimulará; porque tu conciencia dará voces y te acusará también. Y porque podrá ser que la conciencia no echase de ver todo su mal, no por eso se pasará entre rengiones; que el mismo ángel de guarda que ahora es nuestro ayo, entonces será también fiscal y acusador contra los pecadores declarando la justicia divina; y lo que la própria alma ignora de sus culpas, él las confesará. Y si los ojos del demonio y la confesión de la própria conciencia, y el testimonio del ángel no lo declararen todo, porque podrían no saberlo, el mismo Juez, que es parte y testigo juntamente, con su infinita sabiduría lo publicará; porque con más que ojos de lince penetrará lo profundo de nuestra voluntad, declarando ser muchas cosas vicios, que se tenían por virtudes. ¡Oh extraña manera de juicio, donde ninguno habrá que niegue, donde todos son acusadores, hasta la misma parte y el mismo Juez! ¡Oh tremendo juicio, donde ningún abogado hay, y habrá cuatro acusadores! El demonio te acusará, el ángel te acusará, tu conciencia te acusará y el mismo Juez te acusará aun de muchas cosas con que por ventura pensabas defenderte.

¡Oh, qué grande confusión será que se cuente por delito lo que pensabas ser servicio! ¿Quién pensara que al llegar Oza a detener el arca del testamento cuando se iba a caer no fuese bien hacho? Pero castigólo el Señor como gran pecado con pena de muerte desastrada (2 Sam., 6, 8), mostrando ser diversos sus juicios divinos de los nuestros humanos. ¿Quién pensara que el querer saber David el número de su pueblo no era prudencia y gobierno? Pero juzgólo Dios por tan mal hecho, que por eso le castigó con una peste nunca vista semejante, que en tan breve tiempo mató a tantos (2 Sam., 24, 15). Saúl, cuando se tardaba Samuel, y sacrificó apretado de los enemigos, pensó que hacía un acto de las mayores virtudes que hay, que es de religión; y Dios lo calificó por tan grave pecado, que por tal le reprobó. ¿Quién juzgara que no fuese acto de gran magnanimidad y clemencia cuando el rey Acab, habiendo vencido a Benadad, rey de Siria, se hubo con él tan humano, que le perdonó la vida y dió lugar en su carroza real? Pues esto, que los hombres alabaron, desagradó tanto a Dios, que le envió un profeta para que dijese al rey Acab cómo él había de ser muerto por ello, y había de llevar la pena él y su pueblo que merecía Siria y su rey (1 Reg., 20, 33-36).


Pues si aun en esta vida se han mostrado tan contrarios los juicios de Dios de los humanos, ¿qué será en aquella hora tremenda que está reservada para que cumpla Dios con su justicia? Allí se descubrirá todo, y cubrirá de confusión el pecador con la multitud de sus pecados. ¿Cómo se correrá de verse delante del Rey del Cielo con vestiduras tan manchadas? Entonces se dice uno que está confuso cuando le salen las cosas contrarias a lo que esperaba, o está con más indignidad de lo que le parecía decente. Pues ¿qué confusión será cuando pensando uno hallar virtudes, tope que son vicios sus obras, y juzgando tener servicios, halle ofensas, y esperando premio, halle castigo?

Además de esto, si uno, cuando ha de ir a hablar a un príncipe, va bien vestido, y se corriera de parecer delante de él medio desnudo y enlodado, ¿cómo se avergonzará el pecador de verse delante del Señor de todo, desnudo de buenas obras y enlodado con tantos males abominables y horrendos? Porque fuera de la multitud de sus culpas, de que hallará llenos los días enteros, se le ha de descubrir su gravedad, y se estremecerá de lo que ahora le parece culpa ligera; porque allí verá toda la horribilidad del pecado, verá la disonancia que hace a la razón, la deformidad que causa en el alma, la grandeza de la ofensa que se hace al Señor del mundo, el desagradecimiento a la sangre de Cristo, el daño que se hizo a sí mismo el pecador, el infierno en que cayó por el pecado y la gloria que perdió.

Cada causa de éstas bastaba para cubrir el corazón de luto y llanto inconsolable; todas juntas, ¿qué pasmo y confusión nos causarán? Y más viendo que, no sólo los pecados mortales causan en el alma una monstruosidad horrenda, pero que los veniales aún la deforman más que cualquiera outra monstruosidad corporal se puede imaginar. Si la vista de sólo un demonio es tan horrible, que dijeron muchos siervos de Dios que escogerían antes padecer todos los tormentos de esta vida que verle por un momento, siendo toda su fealdad sólo la que le pegó un pecado mortal, porque por su naturaleza fueron los demonios muy hermosos, ¿cómo estará allí el pecador, no sólo viendo al demonio con toda su fealdad, que le acusa rabiosamente, pero a sí mismo con igual fealdade, y podrá ser que mayor que la de muchos demonios, con tantas deformidades como pecados tuviere mortales y veniales? Evitelos ahora, porque todos han de salir a plaza, y de todo le han de pedir cuenta hasta el último maravedi.

No ha de ser esta cuenta a bulto, no ha de ser por piezas mayores. Hasta el más mínimo pecado se ha de descubrir y desenvolver, y de él le han de pedir cuenta. ¿Qué señor hay que así tome cuentas a su mayordomo, que le pregunte por un cabo de agujeta, y a su tesorero no le deje pasar una blanca sin que le diga cómo la gastó? El derecho humano dispone que no ha de hacer tribunal el juez de cosas pequeñas; pero en el juicio divino no se ha de pedir menos diligentemente cuenta de lo más pequeño que de lo más grande.

En lo que ha sucedido a muchos siervos de Dios, aun antes de salir de esta vida, se podrá echar de ver el rigor con que se tomará esta cuenta después de la muerte. San Juan Clímaco escribe de un monje que deseó mucho vivir en soledad y quietud; el cual después de haberse ejercitado en los trabajos de la vida monástica muchos años y alcanzado gracia de lágrimas y de ayunos, con outros privilegios de virtudes, edificó una celda a la raiz del monte donde Elías, en los tiempos pasados, vió aquella sagrada visión. Este Padre, de tan tigurosa vida, deseando aún mayor rigor y trabajo de penitencia, pasóse de allí a outro lugar llamado Sides, que era de los monjes anacoretas que viven en la soledad; y después de haber vivido com grandísimo rigor en esta manera de vida (por estar aquel lugar apartado de toda humana consolación y fuera de todo camino y desviado setenta millas de poblado), al fin de la vida vínose de allí, deseando morar en la primera celda de aquel sagrado monte. Tenía él allí dos discipulos muy religiosos de la tierra de Palestina, que tenían en guarda la dicha celda, y después de haber vivido unos pocos días en ella, cayó en una enfermedad de que murió. Un día, pues, antes de su muerte, súbitamente quedó atónito y pasmado, y teniendo los ojos abiertos, miraba a la una parte del lecho y a la outra; y como si estuvieran allí algunos que le pidieran cuenta, respondía él en presencia de todos los que allí estaban, diciendo algunas veces: “Así es cierto; mas por eso ayuné tantos años”. Otras veces decía: “No es así ciertamente; mentís, no hice eso”. Otras decía: “Así es verdad, así es; mas lloré y serví tantas veces a los prójimos”. Y outra vez dijo: “Verdaderamente me acusáis; así es, y no tengo que decir sino que hay en Dios misericordia”. Y era por cierto espectáculo horrible y temeroso ver aquel invisible y riguroso juicio. ¡Miserable de mí! (dice el Santo), ¿qué será de mí?, pues aquel tan gran seguidor de soledad y quietud decía que no tenía qué responder, el cual había cuarenta años que era monje y había alvanzado la gracia de las lágrimas. ¡Ay de mí!, ¡ay de mí!, algunos hubo (añade San Juan Clímaco) que me afirmaron que estando este Padre en el yermo daba de comer a un leopardo por su mano; y siendo tal, partió de esta vida pidiéndosele tan estreche cuenta, dejándonos inciertos cuál fuese su juicio y término, y cual la sentencia y determinación de su causa.

En las Crónicas de los Menores se escribe que estando un novicio de la Orden de San Francisco ya casi fuera de sí peleando con la muerte, dió una terrible voz, diciendo: “¡Ay de mí!” Poco después dijo: “Pesa fielmente”. No tardó mucho que replicó: “Poned algo de los merecimientos de la Pasión de nuestro Señor Jesucristo”. Y luego dijo: “Ahora está bien”. Maravilláronse mucho los religiosos que un mozo tan inocente dijese cosas tan temerosas y con tan extraño sonido. Al cual, volviendo em sí, pidieron que les declarase la significación de aquellas palabras y vocês. Respondióles: “Vi que en el juicio de Dios se tomaba tan estrecha cuenta de las palabras ociosas y de outras cosas pequeñas, y pesábanlas tan sutilmente, que los merecimientos respecto de los males eran casi nada; y por esto di aquella primera y triste voz. Depués vi que los males eran con mucha diligencia pesados, y que hacían poca cuenta de los bienes; por eso dije la segunda palabra. Y viendo que los bienes eran tan pocos, o casi ningunos, para ser justificado, dije la tercera. Y como con los méritos de la Pasión de Cristo pesase más la balanza donde estaban los bienes que yo había hecho, luego fué dada la sentencia en mi favor, por lo cual dije: “Ahora bien está”. Dichas estas palabras, dió su espiritu al Señor.



Fonte: V. P. Juan Eusebio Nieremberg, S.J., “Diferencia Entre Lo Temporal Y Eterno y Crisol De Desengaños”, Libro II, Cap. 4º, Art. II, pp. 155-163. Cuarta Edición, Apostolado de La Prensa, S. A., Madrid, 1949.


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