Blog Católico, para os Católicos

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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

domingo, 13 de dezembro de 2020

EIS A MISSA SOLENE CELEBRADA POR JESUS CRISTO SOBRE A TERRA!

 


Na Santa Missa,

Jesus Cristo Renova Sua Vida.


Entre as coisas que encantam os sentidos, o teatro deve ser colocado em primeiro lugar.

Os homens acham-lhe tal prazer que gastam, para assistir às representações teatrais, muito tempo e muito dinheiro.

Se quiséssemos considerar atentamente os grandes Mistérios da Missa e persuadir-nos que Jesus Cristo se aproxima do altar como que ornado de seus vestidos de festa, para aí reproduzir, à nossa vista, as cenas de Sua vida maravilhosa, correríamos para a Igreja ao primeiro toque do sino.

Mas, oh, loucura do mundo, quantos preferem jogar os bens aos comediantes a assistir à Santa Missa, onde riquíssima recompensa é concedida a todo e qualquer espectador piedoso!

Responder-me-ás, talvez, caro leitor: “Não é de admirar que as pessoas frívolas prefiram assistir à comédia; querem distrair-se, e, na Santa Missa, nada lhes encanta os olhos e os ouvidos”.

Oh, triste cegueira! Se essas pessoas superficiais tivessem os olhos da fé, gozariam da Santa Missa profundamente, porque é o resumo da vida do Salvador e a reprodução de todos os seus Mistérios. Não é somente uma representação poética de fatos passados, como seria um drama; é uma repetição verídica do que Jesus Cristo fez e sofreu sobre a terra.

Com efeito, na Santa Missa, temos diante de nós o divino Menino, envolto em panos, que acharam os pastores, que os Magos vieram adorar, e que Maria Santíssima colocou nos braços do velho Simeão. O mesmo divino Infante repousa sobre o altar e espera nossas homenagens e nosso amor. Ao Evangelho, esse mesmo Jesus nos repete Sua doutrina pela boca do Sacerdote, com o mesmo proveito para a alma crente como se lhe viesse dos próprios lábios.

Vemo-lO fazer um milagre maior que o de Caná, porque é mais admirável mudar o vinho em sangue, do que a água em vinho. É a renovação da última Ceia e de Sua Morte na Cruz. As mãos dos algozes já não O atingem, porém, as do Sacerdote oferecem-nO como Vítima expiatória ao Eterno Pai.

Aquele que sabe tirar proveito da Santa Missa, pode receber aí o perdão de seus pecados e a abundância das graças celestes.

Toda a vida de Cristo”, diz São Dionísio, o Cartuxo, “não foi mais que uma Missa solene, na qual foi Ele mesmo o Templo, o Altar, o Sacerdote e a Vítima”.1

Na verdade, Jesus Cristo revestiu-se das vestes sacerdotais no Santuário do seio materno, onde tomou a nossa carne e com ela a vestimenta da nossa mortalidade. Saiu desse Santuário na noite sagrada do Natal e começou o Introito, entrando no mundo. Entoou o Kyrie eleison, lançando os primeiros vagidos no presépio; o Gloria in excelsis foi entoado pelos Anjos, quando apareceram aos pastores, e, convidando-os a misturar seus louvores aos deles, os conduziram ao berço do recém-nascido.

Jesus disse a Colecta em Suas vigílias noturnas, onde implorava a misericórdia divina para nós. Leu a Epístola, quando explicava Moisés e os Profetas, demonstrando que os tempos eram findos. Anunciou o Evangelho, quando percorria a Judeia a pregar a boa nova. Fez o Ofertório, quando, no Mistério da Apresentação, ofereceu-se a Seu Pai pela salvação do mundo. Cantou o Prefácio, louvando por nós a Deus sem cessar e agradecendo-lhe os benefícios.

O Sanctus foi entoado pelos hebreus, no dia de Ramos, quando, na entrada de Jesus em Jerusalém, clamavam: “Bendito seja Aquele que vem em Nome do Senhor! Hosana ao Filho de Davi!”

A Consagração, o Salvador efetuou-a na Última Ceia, pela transformação do pão e do vinho em Seu Corpo e em Seu Sangue. A Elevação realizou-se, quando foi pregado na Cruz, elevado nos ares e exposto em espetáculo aos olhos do mundo. O Pai Nosso, Jesus disse-o na Cruz, pronunciando as Sete Palavras. A Fração da Hóstia cumpriu-se, quando Sua Alma Santíssima separou-se de Seu Corpo adorável. O Cordeiro de Deus, o centurião disse-o no momento em que exclamou: “Verdadeiramente este homem é o Filho de Deus!” A Santa Comunhão foi o embalsamamento e a sepultura. A Bênção no fim, Jesus deu-a no Monte das Oliveiras, ostentando as mãos sobre os Discípulos na ocasião da Ascensão.

Eis a Missa Solene celebrada por Jesus Cristo sobre a terra!

Ordenou que Seus Apóstolos e, depois deles, todos os Sacerdotes, dissessem esta Missa, cada dia, bem que mais resumida.

Somos, pois, tão favorecidos, e talvez mais do que aqueles que viveram no tempo de Jesus. Eles ouviram uma única Missa, cujas partes foram celebradas em longos intervalos, enquanto podemos, cada dia, assistir a muitas e recolher, em pouco tempo, os frutos de toda a vida do Salvador.



Para tornar ainda mais clara esta verdade, referimos um notável exemplo narrado pelo Bispo Thomas de Cantimpré, assim como por todos os historiadores eclesiásticos de sua época.


Em 1267, no tempo pascal, aconteceu, na igreja de Santo Amato, em Douai, que um Sacerdote, distribuindo a Santa Comunhão, avistou uma Hóstia no chão. Atemorizado, não sabendo como se dera o acidente, ajoelhou-se para recolher a Sagrada Partícula. Mas, eis que Ela, escapando-lhe, eleva-se da terra e paira nos ares. Não tendo outro Corporal senão aquele sobre o qual está colocada a Âmbula, o Sacerdote toma o Sanguíneo e estende-O abaixo da Santa Hóstia, conduzindo-A para o Altar e pedindo perdão por tal irreverência.

Enquanto seus olhos estavam piedosamente fixos na Santa Eucaristia, viu que Ela se transformava em gracioso menino. Vivamente comovido pôs-se a soluçar. Os Cônegos presentes apressaram-se a socorrê-lo e também puderam ver o belo menino, cuja presença cumulou-os de celestes delícias. O povo aproximou-se por sua vez para contemplar tão grande maravilha e convencer-se da Presença Real do Senhor. Oh, prodígio novo! Ali, onde os Sacerdotes viam um menino, os fiéis viram Jesus Cristo sob a forma de um homem cheio de majestade divina, durando a aparição uma hora inteira.

Quem poderia descrever os afetos que lhes enchiam os corações durante este tempo. No fim de uma hora, Jesus Cristo voltou à forma da Hóstia; o Sacerdote encerrou-se no Tabernáculo e cada qual foi publicar o milagre.

A notícia chegou aos ouvidos do Bispo de Cambrai, que dirigiu-se logo àquela cidade e perguntou ao Deão da igreja, se a aparição realmente se havia dado. O Cônego respondeu-lhe: ‘Não é somente verdade que Jesus Cristo foi visto, por grande número de pessoas, sob a forma humana, como também que se faz ainda ver’.

Então tive’, diz o Bispo, ‘um ardente desejo de contemplar a Santa Humanidade do divino Salvador e pedi ao Sacerdote que me mostrasse a Santa Hóstia. Conduziu-me à igreja para onde uma multidão de povo nos seguiu, na esperança de ver outra vez seu Mestre.

Não sem temor, o Deão abriu o Sacrário, retirou o Santíssimo Sacramento e deu a bênção. Logo o povo rompeu em soluços e exclamou: ‘Oh, Jesus, oh, Jesus!’ ‘Porque estes gritos e estas lágrimas?’ Perguntei-lhes. ‘Estamos vendo nosso bom Salvador’, foi a resposta. Quanto a mim, apenas via a Santa Hóstia, o que me afligia muito, pois receava ter-me tornado, por meus pecados, indigno da vista do Senhor. Fiz um minucioso exame de consciência e, não achando nada de particular, supliquei com lágrimas a Jesus que me mostrasse Sua Santa Face.

Depois de ardentes orações, meu voto foi ouvido, e vi com meus indignos olhos, não como os outros a forma de um belo menino, mas a de um homem feito. O Senhor achava-se muito perto de mim. Seus olhos eram mui claros e agradáveis, seu nariz elegante, Suas sobrancelhas bem arqueadas; Sua cabeleira ondeava sobre os ombros; Sua barba bastante longa emoldurava o queixo; Sua fronte era igual e larga; Suas faces um pouco emagrecidas e pálidas; Seu pescoço longo; Sua Cabeça inclinada. Sob esta admirável forma considerei o Senhor por muito tempo, desfalecendo-me o coração em doçura e amor.

Subitamente a fisionomia do Cristo mudou e tomou a expressão que tinha durante a Paixão. Vi-O coroado de espinhos, inundado de Sangue. Seu estado arrancava-me lágrimas amargas, morria de compaixão; parecia-me sentir em minha cabeça o contragolpe dos espinhos que rasgavam a Sua. O povo gritava, e todos exprimiam a sua admiração vendo cada qual espetáculo diferente: estes, um menino encantador, aqueles, um adolescente, outros, um adulto, outros enfim, Jesus moribundo. Imagine-se a emoção desses felizes espectadores, pois sou incapaz de descrevê-la”.2

Caro leitor, repassa muitas vezes em teu espírito a utilidade do Santo Sacrifício da Missa, onde Jesus Cristo te faz participar dos méritos infinitos de Sua santíssima Vida e de Sua Paixão. Se fosse tão fácil adquirir bens temporais, não perderíamos um instante e não pouparíamos nenhum trabalho. Como, pois, somos tão pouco diligentes, quando se trata das riquezas eternas e dos tesouros que nem a ferrugem nem os ladrões podem nos arrebatar?


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Fonte: “Explicação da Santa Missa”, pelo Venerável Martinho de Cochem, O.F.M.Cap., Cap. VI, pp. 99-105. 2ª Edição, Typ. de S. Francisco, Bahia, 1914.

1.  Vita sacerdotum, Antwerpiae, Vostermann, 1751.

2.  Lib. Apum, c. 40, p. 2.


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