Blog Católico, para os Católicos

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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

domingo, 8 de janeiro de 2023

COMO SE HÁ DE EVITAR A EXCESSIVA FAMILIARIDADE.

(De cavenda nimia familiaritate)1


1. Não abras o teu coração a qualquer pessoa2, mas trata das tuas coisas com homem sábio e temente a Deus. Com os moços e pessoas de fora conversa pouco.

Não bajules os ricos nem gostes de aparecer na presença dos poderosos.

Procura a companhia dos humildes e simples, dos piedosos e de bons costumes e com eles entretêm-te de coisas edificantes.

Não tenhas familiaridade com mulher alguma, mas, em geral, encomenda a Deus todas as mulheres de virtude.

Intimidade deseja somente com Deus e os Anjos; e evita ser conhecido dos homens.

2. Caridade, com todos; mas, familiaridade, não convém.

Acontece, não raro, que uma pessoa, de longe, brilhe com o esplendor da fama, mas de perto desmerece aos olhos dos que a veem.

Cuidamos às vezes de agradar aos outros com a nossa assiduidade, mas, com isto, lhes desagradamos pelos defeitos, que em nós vão descobrindo.

1ª Reflexão3

Um homem que se põe a caminho para fazer uma viagem, não perde jamais de vista o rumo para onde se dirige; assim deve fazer o cristão na viagem do tempo para a eternidade; deve usar das criaturas somente na medida em que elas o conduzam para Deus. Muitas vezes se começa bem e se acaba mal; pelo uso, chega-se ao abuso. Relações inocentes, começadas com boa intenção, mas continuadas e mantidas com pouca prudência, terminam em quedas miseráveis.

São muito raros os verdadeiros amigos: um amigo fiel é uma proteção forte; quem chega a encontrá-lo, encontra um tesouro.4

Vivemos em sociedade, forçoso é que tratemos uns com os outros, mas entre pessoas de sexo diferente importa que haja sempre a máxima cautela. Afasta os teus olhos da mulher enfeitada, e não te detenhas a examinar a beleza alheia; por causa da beleza da mulher muitos têm perecido; e dela se inflama a concupiscência, à maneira de um incêndio.5 Quem ama conscientemente a ocasião de pecar, ama o mesmo pecado. Quem ama o perigo perecerá nele.6 Importa evitar as más companhias: afastai-vos de mim todos vós, que praticais a iniquidade.7

Lembra-te que Nosso Senhor te deu os olhos só para veres o que é lícito ver-se, e não para que O ofendas. Quando abusas dos olhos, dos ouvidos, da língua, dos sentidos do corpo, dos afetos do coração e das potências da alma para ofenderes a Deus, és um ingrato, que voltas contra o teu Senhor os mesmos dons com que devias glorificá-Lo.

2ª Reflexão8

Havemos de prestar-nos aos homens, e só nos darmos a Deus.

Se no mundo a familiaridade é coisa de menos preço, nas coisas de Deus o demasiado trato com a criatura divide a alma e a enfraquece.

Não foi ela criada para a terra, senão para viver em mais alta morada. Nossa conversação é no Céu,9 diz São Paulo.

Enquanto, porém, vivemos com os homens, o melhor é ter geral afabilidade para com todos, e com nenhum particular familiaridade.

3ª Reflexão10

Eu falarei pouco e reto, a fim de que, a companhia antes volte com desejo de estar conosco, do que com tédio… Minha conversação será com poucos, bons e estimáveis, porquanto, é difícil ser bem sucedido com muitos, não aprender a corromper-se com os maus, e ser honrado com pessoas não estimáveis; especialmente guardarei este preceito: amigo de todos e familiar de poucos…

Todavia, há de se usar de franqueza mais ou menos, segundo forem as companhias… Aos superiores ou em idade, ou em profissão, ou em autoridade, deve-se fazer aparecer só o que é ótimo; aos semelhantes o que é bom; aos inferiores o que é indiferente… Pode-se, conversando com os superiores, os iguais e os inferiores, temperar por vezes a conversa com o que é ótimo, bom e indiferente, contanto que tudo se faça discretamente… Com os grandes deve-se estar como diante do fogo, isto é, convém muito às vezes chegar-se a eles, mas não muito perto demais.11

*Esta passagem é extraída das resoluções que São Francisco de Sales tomou para o tempo de seus estudos.

Oração

Meu Senhor Jesus Cristo, que permitistes ser três vezes negado em casa de Caifás pelo Príncipe dos Apóstolos, preservai-me das más companhias, a fim de que, o pecado nunca me separe de Vós. Amém.12

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1.  Imitação de Cristo, nova tradução portuguesa pelo Pe. Leonel Franca, S.J., Livro I, Cap. VIII, p. 19. 4ª Edição, Livraria José Olympio Editora, Rio de Janeiro/São Paulo, 1948.

2.  Eclo. VIII, 22.

3.  Imitação de Cristo, novíssima edição, confrontada com o texto latino e anotada por Monsenhor Manuel Marinho, Livro I, Cap. VIII, pp. 18-19. Editora Viúva de José Frutuoso da Fonseca, Porto, 1925.

4.  Eclo. VI, 14.

5.  Eclo. IX, 8-9.

6.  Eclo. III, 27.

7.  Salm. VI, 9.

8.  Imitação de Cristo, Presbítero J. I. Roquette, Livro I, Cap. VIII, p. 22. Editora Aillaud & Cia., Paris/Lisboa.

9.  Filip. III, 20.

10.  Imitação de Cristo, versão portuguesa por um Padre da Missão, Livro I, Cap. VIII, p. 19. Imprenta Desclée, Lefebvre y Cia., Tornai/Bélgica, 1904.

11.  São Francisco de Sales, Opusc. III.

12.  São Francisco de Sales, Opuscul. III.


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