Blog Católico, para os Católicos

BLOG CATÓLICO, PARA OS CATÓLICOS.

"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Acolhamos o Pedido do Santo Padre.


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PAPA FRANCISCO

ANGELUS 

Praça de São Pedro
Domingo, 1º de Setembro de 2013



Hoje, queridos irmãos e irmãs,

queria fazer-me intérprete do grito que se eleva, com crescente angústia, em todos os cantos da terra, em todos os povos, em cada coração, na única grande família que é a humanidade: o grito da paz! É um grito que diz com força: queremos um mundo de paz, queremos ser homens e mulheres de paz, queremos que nesta nossa sociedade, dilacerada por divisões e conflitos, possa irromper a paz! Nunca mais a guerra! Nunca mais a guerra! A paz é um dom demasiado precioso, que deve ser promovido e tutelado.

Vivo com particular sofrimento e com preocupação as várias situações de conflito que existem na nossa terra; mas, nestes dias, o meu coração ficou profundamente ferido por aquilo que está acontecendo na Síria, e fica angustiado pelos desenvolvimentos dramáticos que se preanunciam. 

Dirijo um forte Apelo pela paz, um Apelo que nasce do íntimo de mim mesmo! Quanto sofrimento, quanta destruição, quanta dor causou e está causando o uso das armas naquele país atormentado, especialmente entre a população civil e indefesa! Pensemos em quantas crianças não poderão ver a luz do futuro! Condeno com uma firmeza particular o uso das armas químicas! Ainda tenho gravadas na mente e no coração as imagens terríveis dos dias passados! Existe um juízo de Deus e também um juízo da história sobre as nossas ações aos quais não se pode escapar! O uso da violência nunca conduz à paz. Guerra chama mais guerra, violência chama mais violência. 

Com todas as minhas forças, peço às partes envolvidas no conflito que escutem a voz da sua consciência, que não se fechem nos próprios interesses, mas que olhem para o outro como um irmão e que assumam com coragem e decisão o caminho do encontro e da negociação, superando o confronto cego. Com a mesma força, exorto também a Comunidade Internacional a fazer todo o esforço para promover, sem mais demora, iniciativas claras a favor da paz naquela nação, baseadas no diálogo e na negociação, para o bem de toda a população síria. 

Que não se poupe nenhum esforço para garantir a ajuda humanitária às vítimas deste terrível conflito, particularmente os deslocados no país e os numerosos refugiados nos países vizinhos. Que os agentes humanitários, dedicados a aliviar os sofrimentos da população, tenham garantida a possibilidade de prestar a ajuda necessária.

O que podemos fazer pela paz no mundo? Como dizia o Papa João XXIII, a todos corresponde a tarefa de estabelecer um novo sistema de relações de convivência baseados na justiça e no amor (cf. Pacem in terris, [11 de abril de 1963]: AAS 55 [1963], 301-302).

Possa uma corrente de compromisso pela paz unir todos os homens e mulheres de boa vontade! Trata-se de um forte e premente convite que dirijo a toda a Igreja Católica, mas que estendo a todos os cristãos de outras confissões, aos homens e mulheres de todas as religiões e também àqueles irmãos e irmãs que não creem: a paz é um bem que supera qualquer barreira, porque é um bem de toda a humanidade. 

Repito em alta voz: não é a cultura do confronto, a cultura do conflito, aquela que constrói a convivência nos povos e entre os povos, mas sim esta: a cultura do encontro, a cultura do diálogo: este é o único caminho para a paz.

Que o grito da paz se erga alto para que chegue até o coração de cada um, e que todos abandonem as armas e se deixem guiar pelo desejo de paz. 

Por isso, irmãos e irmãs, decidi convocar para toda a Igreja, no próximo dia 7 de setembro, véspera da Natividade de Maria, Rainha da Paz, um dia de jejum e de oração pela paz na Síria, no Oriente Médio, e no mundo inteiro, e convido também a unir-se a esta iniciativa, no modo que considerem mais oportuno, os irmãos cristãos não católicos, aqueles que pertencem a outras religiões e os homens de boa vontade.

No dia 7 de setembro, na Praça de São Pedro, aqui, das 19h00min até as 24h00min, nos reuniremos em oração e em espírito de penitência para invocar de Deus este grande dom para a amada nação síria e para todas as situações de conflito e de violência no mundo. A humanidade precisa ver gestos de paz e escutar palavras de esperança e de paz! Peço a todas as Igrejas particulares que, além de viver este dia de jejum, organizem algum ato litúrgico por esta intenção.

Peçamos a Maria que nos ajude a responder à violência, ao conflito e à guerra com a força do diálogo, da reconciliação e do amor. Ela é mãe: que Ela nos ajude a encontrar a paz; todos nós somos seus filhos! Ajudai-nos, Maria, a superar este momento difícil e a nos comprometer a construir, todos os dias e em todo lugar, uma autêntica cultura do encontro e da paz. Maria, Rainha da paz, rogai por nós!


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Profecia e Realização, sobre a Queda e Destruição de Jerusalém, e outras Notícias.

Jerusalém destruída


Revelação Profética de Nosso Senhor Jesus Cristo

“E, tendo saído Jesus do templo, ia-se retirando. E aproximaram-se dele os seus Discípulos, para lhe fazerem notar a fábrica (construção) do templo. Mas Ele, respondendo, disse-lhes: Vedes tudo isso? Em verdade Vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada.

E, estando sentado sobre o Monte das Oliveiras, aproximaram-se dele seus Discípulos à parte, dizendo: Dize-nos, quando sucederão estas coisas? E qual (será) o sinal da Tua vinda e do fim do mundo?”

Sinais da vinda de Jesus: “E respondendo Jesus, disse-lhes: Vede que ninguém vos engane. Porque virão muitos em Meu Nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e seduzirão muitos. Porque ouvireis falar de guerras e de rumores de guerras. Olhai, não vos perturbeis; porque importa que estas coisas aconteçam, mas não é ainda o fim. Porque se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá pestilências, e fomes, e terremotos em diversos lugares. E todas estas coisas são o princípio das dores. Então sereis sujeitos à tribulação, e vos matarão; e sereis odiados por todas as gentes por causa do Meu Nome. E muitos então serão escandalizados, e um entregará o outro, e se odiarão uns aos outros. E levantar-se-ão muitos falsos profetas, e seduzirão muitos. E, por causa de se multiplicar a iniquidade, se resfriará a caridade de muitos. Mas o que perseverar (no bem) até o fim (da sua vida), esse será salvo. E será pregado este Evangelho do Reino por todo o mundo, em testemunho a todas as gentes; e então chegará o fim.”[1]

Jesus profetisa sobre a destruição de Jerusalém
Destruição de Jerusalém: “Quando, pois, virdes a abominação da desolação, que foi predita pelo Profeta Daniel, posta no lugar Santo, – o que lê entenda! – então os que se acham na Judeia, fujam para os montes; e o que se acha sobre o telhado, não desça para tomar coisa alguma de sua casa; e o que está no campo, não volte a tomar a sua túnica. Mas, ai das (mulheres) grávidas e das que tiverem crianças de peito naqueles dias! Rogai, pois, que não seja a vossa fuga no inverno, ou em dia de sábado; porque então será grande a aflição, como nunca foi, desde o Princípio do Mundo até agora, nem jamais será.”[2]

Sinais do Fim do Mundo: “E, se não se abreviassem aqueles dias, não se salvaria pessoa alguma; porém, serão abreviados aqueles dias em atenção aos escolhidos.[3] Então, se alguém vos disser: Eis aqui está o Cristo, ou ei-lo acolá, não deis crédito. Porque se levantarão falsos profetas, e farão grandes milagres e prodígios, de tal modo que (se fosse possível) até os escolhidos se enganariam.[4] Eis que Eu vo-lo predisse. Se, pois, vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais; ei-lo no lugar mais retirado da casa, não deis crédito. Porque, assim como o relâmpago sai do Oriente e se mostra até ao Ocidente, assim será também a vinda do Filho do Homem. Em qualquer lugar, em que estiver o corpo, aí se juntarão também as águias.[5] E, logo depois da tribulação daqueles dias, escurecer-se-á o sol, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do Céu, e as potestades dos Céus serão abaladas.[6] E então aparecerá o sinal do Filho do Homem no Céu;[7] e todas as tribos da terra chorarão, e verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens do Céu com grande poder e majestade. E mandará os seus Anjos com trombetas e com grande voz, e juntarão os seus escolhidos dos quatro ventos, duma extremidade dos Céus, até à outra. Aprendei uma comparação tirada da figueira: Quando os seus frutos estão tenros e as folhas tem brotado, sabeis que está perto o estio; assim também, quando virdes tudo isto, sabei que (o Filho do Homem) está perto, (está) às portas. Na verdade Vos digo que não passará esta geração,[8] sem que se cumpram todas estas coisas. O Céu e a terra passarão, mas as Minhas Palavras não passarão.”

Incerteza da Hora do Juízo e Vigilância: “Mas, quanto àquele dia e àquela hora, ninguém sabe, nem os Anjos do Céu, mas só o Pai. E, assim como (foi) nos dias de Noé, assim será também a (segunda) vinda do Filho de Homem. Porque, assim como nos dias antes do Dilúvio (os homens) estavam comendo e bebendo, casando-se e dando as mulheres em casamento, até ao dia em que Noé entrou na Arca; e não souberam nada até que veio o Dilúvio, e os levou a todos; assim será também na vinda do Filho do Homem.

Então, de dois que estiverem num campo, um será tomado,[9] e o outro será abandonado. De duas mulheres que estiverem moendo com a mó, uma será tomada, e a outra será abandonada. Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora virá o Vosso Senhor. Mas sabei que, se o pai de família soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria sem dúvida, e não deixaria minar a sua casa. Por isso, estais vós também preparados, porque não sabeis a que hora virá o Filho do Homem...”[10]

Sinais Antes da Guerra do Império Romano contra os Judeus Revoltosos

“Justo seria, contudo, salientar traços que demonstram o amor e total bondade da Providência relativamente aos homens. Esperou quarenta anos inteiros, após o audacioso crime contra Cristo para eliminar os réus. Nesse prazo de tempo, a maioria dos Apóstolos e Discípulos e o próprio Tiago, o primeiro Bispo da cidade, denominado irmão do Senhor, ainda viviam e moravam na própria cidade de Jerusalém, fortaleza poderosamente munida.

A supervisão divina havia pacientado até então; eles talvez se arrependessem do que haviam perpetrado e obtivessem perdão e salvação. Além de tão grande longanimidade, houve sinais extraordinários da parte de Deus sobre o que lhes aconteceria se não se arrependessem. Esses fatos foram também tidos por memoráveis pelo supracitado historiador. Nada de melhor do que transcrevê-los para os leitores.

Tomai e lede a exposição do livro sexto das Histórias: 'Impostores, que falsamente invocavam a Deus por testemunha, iludiam este infeliz povo, descuidado e descrente dos sinais precursores que claramente anunciavam a devastação futura; mas como que fulminados por um raio e privados dos olhos e da razão não atendiam às mensagens de Deus.

Em primeiro lugar, um astro em forma de espada pairou acima da cidade e um cometa permaneceu visível no céu durante um ano. Em seguida, antes da revolta e dos movimentos preparatórios para a guerra, quando o povo estava reunido para a festa dos Ázimos, no dia oito do mês de abril, cerca da nona hora da noite, uma luz, intensa como a solar, iluminou o altar e o santuário, durante uma meia hora. Os ignorantes pensaram que era um bom presságio, mas os escribas interpretaram o caso previamente com exatidão.

Durante a festa, uma vaca que o sumo sacerdote conduzia para o sacrifício, pariu um cordeiro, no meio do Templo.

A porta oriental do adro interior era de bronze e tão maciça que, à tarde, vinte homens mal conseguiam fechá-la. Tinha barras de ferro e trincos fincados firmemente no chão e resistentes. À sexta hora da noite, abriu-se automaticamente.

Poucos dias depois da festa, no dia vinte e um do mês de maio, houve uma aparição extraordinária, de tamanho incrível. Portentoso ainda o que vai ser narrado, se não fosse contado por testemunhas oculares, e se as desgraças subsequentes não fossem proporcionais a estes sinais. Efetivamente, antes do pôr-do-sol viram-se em toda a região nos ares, carros de guerra e falanges armadas que se projetavam através das nuvens e cercavam as cidades.

Por ocasião da festa denominada Pentecostes, durante a noite, os sacerdotes, ao entrarem no santuário como de costume para o serviço do culto, disseram ter ouvido antes agitação e alaridos, depois vozes que exclamavam em uníssono: 'Saiamos daqui'.

Mais terrível ainda é o seguinte: Um homem, chamado Jesus, filho de Ananias, homem simples, rude camponês, quatro anos antes da guerra, quando a cidade fruía de paz profunda e prosperidade, veio à festa em que é costume geral levantar tendas em honra de Deus, e de repente começou a clamar no Templo: 'Voz do Oriente, voz do Ocidente, voz dos quatro ventos, voz contra Jerusalém e o Templo; voz contra os esposos e as esposas, voz contra todo o povo'. Dia e noite ele percorria as ruas, repetindo esses gritos.

Alguns cidadãos de destaque indignaram-se com tais maldições, prenderam-no e maltrataram-no com muitos golpes. Mas ele, que não falava por si mesmo, nem em próprio nome, continuava a gritar as mesmas palavras diante dos presentes.

Os chefes pensaram que estava sendo movido, como de fato estava, por um poder sobrenatural. Conduziram-no perante o procurador romano. O flagelo dilacerou-o até os ossos. Não proferiu uma súplica, não derramou uma lágrima, mas quanto podia, com voz lúgubre, a cada golpe repetia: 'Ai de ti, ai de ti, Jerusalém'”.[11]

“... Ora, após a ascensão de Nosso Salvador, os judeus, além do que haviam ousado contra ele, armaram contra os Apóstolos quantas ciladas puderam. Em primeiro lugar, Estêvão foi morto a pedradas;[12] depois dele, Tiago, filho de Zebedeu e irmão de João, foi decapitado[13] e sobretudo Tiago, o primeiro após a ascensão de Nosso Salvador a ocupar a Sé Episcopal de Jerusalém, foi morto do modo acima descrito. Os outros Apóstolos sofreram mil embustes, que visavam a matá-los. Expulsos da Judeia, começaram a se espalhar por todas as nações, no intuito de ensinar-lhes a Mensagem, com a força de Cristo, que lhes dissera: 'Ide e ensinai a todas as nações em Meu Nome'.[14]

Ora, os membros da Igreja de Jerusalém, através de uma profecia proveniente de uma revelação feita aos fiéis mais ilustres da cidade, receberam a ordem de deixar a cidade antes da guerra e transferir-se para uma cidade da Peréia, chamada Pela. Para lá fugiram de Jerusalém os fiéis de Cristo, de sorte que os santos varões abandonaram totalmente a régia capital dos judeus e toda a terra da Judeia. Então a justiça de Deus atingiu os judeus que haviam praticado tais iniquidades contra Cristo e os Apóstolos e esta geração de ímpios desapareceu inteiramente do meio dos homens”.[15]

Realização das Profecias de Nosso Senhor Jesus Cristo

O Cerco à Jerusalém

“Os judeus, obcecados, nada compreenderam daqueles sinais celestes, e correram ao encontro da catástrofe. No ano 66, insurgiram-se contra os Romanos, derrotaram as coortes, acampadas em Jerusalém e deitaram o fogo à torre Antônia que servia de cidadela à guarnição. Tomando coragem com aquele sucesso feliz, não tardaram os patriotas das províncias a levantar-se e declarar-se livres. Isto equivalia a atrair sobre si o raio, e os cristãos não se enganaram. Ao ver que a Judeia entrava em luta com o império, que hordas de fanáticos se instalavam no recinto do Templo e que as orgias e os crimes manchavam a cidade de Deus, recordaram-se dos avisos do Mestre: 'Quando virdes a abominação da desolação no lugar santo, fugi quanto antes'...[16] Assim de Sodoma fugiu Lot e sua família, antes da chuva de fogo que a havia de incendiar.

E era tempo; pois no começo de 67, Vespasiano, à frente das suas legiões vingadoras, apoderou-se das fortalezas da Galileia e passou os revoltosos ao fio da espada. Assenhoreando-se, em alguns meses, de todo o país, foi acampar diante de Jerusalém, onde se tinham concentrado os patriotas que escaparam das províncias: Zelotes, bandidos, e sicários decididos a derramar até a última gota de sangue sobre os átrios do Templo. Mercê das guerras civis em que ardeu o império romano durante dois anos, Vespasiano foi obrigado a adiar o cerco da cidade; mas, em vez de se aproveitar desta dilação, os bandidos que lá dentro mandavam, disputaram à mão armada a supremacia do poder. Como urgissem com Vespasiano para que saísse da inação, respondeu: 'Deixai-os lá que se despedacem entre si. Deus é maior general do que eu: há de no-los entregar sem combate'. Em 70, Vespasiano, proclamado imperador, dirigiu-se para Roma e deixou a seu filho Tito para prosseguir as operações contra Jerusalém.

Tito avança sobre Jerusalém
Aqueles dois anos de calma relativa quase tinham feito esquecer o perigo exterior. Pela Páscoa afluíram os peregrinos à cidade santa, de modo que um milhão e duzentos mil judeus ali se encontravam encerrados, quando, de repente, Tito, instado a que rematasse aquele negócio, apareceu no alto do Monte das Oliveiras com as suas legiões e máquinas de guerra, com os arietes e catapultas. Os cercados defenderam-se como leões, mas não puderam impedir que os romanos penetrassem dentro de Bezeta e Acra e que depois, em três dias, levantassem um muro de circunvalação que os encerrou nos bairros elevados do Templo e do Monte Sião... Frequentes vezes, agarrados pelos Romanos, aqueles pobres esfomeados eram crucificados como espiões, de modo que, à volta de todo o acampamento, se elevava uma como floresta de cruzes que lembravam aos deicidas a Cruz do Filho de Deus...

Tomada de Jerusalém
Contudo, cessou, pela primeira vez, o sacrifício da manhã e da tarde. É que não se encontrava já um cordeiro para sacrificar a Deus. E desaparecendo o holocausto figurativo, já o templo não tinha razão de ser. O exército romano conseguiu penetrar no vasto recinto do edifício sagrado, que os zelotes, encurralados de átrio em átrio, defenderam com a energia de desesperados. Os romanos, furiosos com aquela resistência que lhes custava milhares de homens, avançaram por cima dos cadáveres, resolutos a incendiar o Templo; mas a esse projeto opôs-se Tito, a quem a destruição daquele monumento incomparável parecia um ato de barbárie sacrílega. De repente, apesar das ordens do general, um legionário, de pé sobre os ombros dos camaradas, arremessa um facho inflamado para o interior dos aposentos que rodeavam o santuário. O fogo comunicou-se em breve ao teto de cedro, os judeus arrancam gritos horrorosos, e Tito manda apagar o fogo; os soldados porém já não lhe obedecem. Amontoam, à porta inflamáveis que podem achar à mão. E, enquanto desaba o Templo, degolam eles sem piedade os milhares de judeus refugiados nos átrios.

Jerusalém destruída completamente
Senhoreando-se em breve do Monte Sião, onde se tinham refugiado os últimos rebeldes, mandou Tito arrasar o que restava do Templo e da cidade, exceto as três torres de Herodes, que ficaram de pé, isoladas no meio daquele deserto, como para atestar que houvera ali uma cidade que se chamava Jerusalém. 'Parecia, diz o historiador judeu, Josefo, que aquela terra nunca fora habitada'...”.[17]

A Fome que os Arrasou

“Quantos e quais os males que de toda parte se abateram sobre o povo inteiro; como especialmente aos habitantes da Judeia sobrevieram as maiores desgraças; quantos milhares de jovens, bem como de mulheres e crianças, tombaram pela espada, fome e inúmeros gêneros de morte; quantas e quais as cidades judaicas sitiadas; além disso, quais os males terríveis e mais que terríveis presenciados pelos refugiados, enquanto em metrópole bem fortificada, na própria Jerusalém; o modo como se desenvolveu a guerra e quais os acontecimentos peculiares; de que modo, enfim, a abominação da desolação prenunciada pelos Profetas[18] se instalou no Templo de Deus, outrora célebre e ao qual estava reservada a ruína completa e a destruição final pelo fogo – tudo isso, quem o quiser, encontrará com a maior exatidão na História exarada por Josefo.

No entanto, forçoso é reproduzir, em seus próprios termos, o relato deste historiador sobre a multidão de cerca de três milhões, vinda da Judeia inteira, aglomerada nos dias da festa de Páscoa e encontrada em Jerusalém.

A multidão que estava em Jerusalém
Convinha, de fato, que nos dias em que os judeus haviam infligido a Paixão ao Salvador e Benfeitor de todos, o Cristo de Deus, eles fossem metidos de certo modo numa prisão a fim de sofrerem a ruína originada da Justiça Divina.  

Omitindo, porém, os pormenores dos eventos, e quanto contra eles se empreendeu por meio da espada ou de qualquer outra forma, julgo necessário expor apenas as tribulações ocasionadas pela fome, a fim de que os leitores possam parcialmente saber de que modo sobreveio-lhes sem demora o Castigo divino, por causa do crime cometido contra o Cristo de Deus.

Retomemos agora entre as mãos o quinto livro das Histórias de Josefo e leiamos os trágicos acontecimentos daquela época. Diz o historiador: 'Quanto aos ricos, só o fato de ficarem na cidade acarretava-lhes a morte. Sob pretexto de que pretendiam desertar, eram mortos, na realidade por causa de sua fortuna. Além disso, a loucura das revoltas crescia com a fome e diariamente aumentavam essas duras calamidades.

Em parte alguma, achava-se trigo. Então, as casas eram invadidas e completamente devassadas. Se houvesse trigo, maltratavam-se os moradores por terem negado; se não houvesse, eram torturados sob pretexto de o haverem cuidadosamente escondido. Sinal de terem ou não terem trigo era o corpo desses infelizes. Os que ainda estavam de pé pareciam estar fartos, e os já esgotados, eram deixados sossegados porque não era razoável matar os que já morriam à míngua.

Muitos às ocultas permutavam seus bens por uma medida de trigo se eram ricos, por uma medida de cevada se eram pobres. Depois, trancavam-se no fundo da casa. Alguns, porém, em extrema penúria, comiam o trigo sem preparo, outros faziam o pão conforme permitiam o medo e a necessidade.

Em parte alguma punha-se a mesa. Os alimentos ainda crus eram retirados do fogo e repartidos. Miserável o alimento e era espetáculo de arrancar lágrimas assistir aos mais fortes abocanhar mais que os outros, enquanto os mais fracos gemiam.

A fome supera todas as dores. Elimina sobretudo o senso do pudor, pois torna desprezível o que em outras circunstâncias é digno de respeito. As mulheres arrancavam os alimentos da boca dos maridos, as crianças da boca dos pais, e o que é mais lamentável, as mães da boca das criancinhas. E enquanto definhavam em seus braços os que elas mais amavam, não se coravam de subtrair-lhes o pequeno bocado que as fariam subsistir.

Mesmo os que comiam deste modo, não conseguiam ficar ocultos. De todos os lados apareciam os revoltosos para pilhar essas migalhas. Pois, casa fechada tornava-se sinal de que os moradores estavam prestes a comer. Logo eles arrombavam as portas, irrompiam dentro de casa e quase arrancavam da garganta os pedaços para arrebatá-los.

Eram surrados os velhos que não largavam a comida. Arrancavam-se os cabelos das mulheres que escondiam o que tinham nas mãos. Não se tinha piedade das cãs, nem das criancinhas. Suspendiam-se as crianças que prendiam a comida na boca e eram jogadas no chão. Aqueles que, pressentindo a invasão dos ladrões, engoliam o que lhes seria roubado, eram tratados com crueldade maior, sob pretexto de terem praticado uma injustiça.

Os rebeldes inventavam suplícios terríveis, no intuito de descobrir os alimentos. Obstruíam com ervilhaca o canal da uretra desses infelizes; e com paus pontudos examinavam o reto. Impingiam-se assim tormentos horríveis, que nem se podem dizer, para que confessassem onde havia um só pão, ou denunciassem o esconderijo de um punhado de cevada apenas.

Os algozes, porém, não passavam fome. Teria sido menor a crueldade se provocada pela necessidade; era apenas para exibirem um orgulho louco e reservar provisões para dias melhores.

Iam ao encalço dos que à noite se infiltravam entre os postos avançados dos romanos para colher legumes campestres e ervas. Quando pensavam estes ter escapado aos inimigos, era-lhes arrebatado o que traziam. Muitas vezes eles suplicavam, invocando o terrível Nome de Deus que lhes devolvessem uma parte do que traziam, após terem enfrentado tantos perigos. Nada lhes era devolvido e podiam ainda considerar-se felizes de não serem mortos depois de roubados!'

Mais adiante, Josefo acrescenta: 'Para os judeus, desaparecera qualquer esperança de salvação, com a impossibilidade de sair da cidade e a fome cada vez mais profunda devastava o povo, casa por casa, família por família. Os terraços estavam cobertos de mulheres e criancinhas mortas; as ruas, de cadáveres de velhos.

Meninos e jovens, inchados, vagavam como fantasmas pelas praças e tombavam onde os surpreendiam os padecimentos. Os enfermos não tinham forças para enterrar os parentes e os que as teriam, desistiam diante da quantidade de mortos e da incerteza de sua própria morte. Com efeito, muitos caíam mortos sobre aqueles que iam enterrar e muitos outros iam para os sepulcros antes que deles precisassem.

No meio dessas tribulações, não se ouviam lamentos, nem gemidos; mas a fome lhes tirara a sensibilidade. Os agonizantes olhavam, sem lacrimejar, os que os precediam no repouso. Na cidade reinava profundo silêncio e escuridão mortal.

Mais miseráveis que todos eram os bandidos. Com efeito, eles pilhavam as casas transformadas em sepulcros, despojavam os mortos, saíam com escárnio depois de retirar as mortalhas dos cadáveres, experimentavam nos corpos a ponta das espadas e às vezes transpassavam os abandonados ainda vivos para provar o gume. Destes últimos, alguns pediam a ajuda de suas mãos e de suas espadas, mas eles com desprezo deixavam-nos entregues à fome. Então, cada agonizante voltava o olhar fixo para o Templo, que ainda deixava com vida os revoltosos.

Corpos sendo lançados das muralhas
Os revoltosos, no início, mandavam enterrar os mortos, a expensas do tesouro público, por ser insuportável o mau odor. Mas depois, sem recursos suficientes, do alto das muralharas jogavam-nos pelas escarpas. Percorrendo-as, Tito viu-as repletas de cadáveres e, erguendo as mãos, tomou a Deus por testemunha de que tal calamidade não era obra sua'.

Após ter narrado outros fatos, mais adiante prossegue Josefo: 'Não hesitarei em manifestar o que me ordena o sofrimento. A meu ver, se os romanos tivessem retardado a punição dos criminosos, a cidade teria sido soterrada por um terremoto ou submersa num cataclismo, ou os raios de Sodoma a teriam destruído, pois continha uma geração muito mais ateia do que aquelas que suportaram esses males. O povo todo pereceu com eles, por causa da insensatez que demonstraram'.

No sexto livro, escreve ainda Josefo o seguinte: 'Ilimitado foi o número dos famintos que sucumbiram na cidade; indizíveis eram os sofrimentos. Em cada casa, se em alguma parte se visse uma sombra de alimento, havia verdadeira guerra. Aqueles que mais se amavam pelejavam para arrancarem-se mutuamente os miseráveis meios de subsistência. Mesmo relativamente aos moribundos, não se dava crédito a seu despojamento.

Efetivamente, os salteadores davam buscas até nos que mal respiravam, suspeitando fingirem estar à morte, mas conservarem os alimentos nas dobras do manto. Sob o efeito da fome, muitos cambaleavam, com a boca aberta como cães danados, tropeçavam, esbarravam nas portas como ébrios, e iam duas ou três vezes por hora às mesmas casas. A necessidade forçava-os a comerem de tudo.

Recolhia-se até o que os mais vis dos irracionais não teriam tomado para comer. Não se abstinham dos cintos e das sandálias; enfim, arrancavam o couro dos escudos para roê-los. Até pó de ferro velho era alimento para alguns. Muitos colhiam fibras vegetais e vendiam uma pequena quantidade delas por quatro dracmas.

Mas, por que falar da impudência provocada pela fome, no tocante a seres inanimados? Vou referir um episódio, ocasionado pela fome, de tal espécie que nada de semelhante se conta entre os gregos, nem entre os bárbaros. É horripilante de se narrar, incrível de se ouvir! No que me toca – que não aparente inventar fábulas para os pósteros – teria de bom grado silenciado essa calamidade, se não houvesse entre os contemporâneos inúmeras testemunhas. De resto, prestaria à pátria mísero favor se silenciasse males que ela verdadeiramente suportou.

Havia, entre os habitantes da Transjordânia, uma mulher, chamada Maria, filha de Eleazar, da aldeia de Bathezor (termo que significa: casa do hissopo), distinta por nascimento e riqueza. Refugiara-se em Jerusalém, com o restante da multidão, e lá também suportava o cerco.

Os tiranos haviam lhe arrebatado todos os bens que ela coligira e transportara da Peréia à cidade. Homens armados invadiam-lhe diariamente a casa e apossavam-se do resto de sua fortuna, e dos alimentos que conseguia obter. Uma intensa cólera apoderou-se da mulher, que a todo instante insultava e maldizia os assaltantes, excitando-os contra si.

Como ninguém a matava, nem por cólera, nem por piedade, cansada de obter para outrem alimentos que em parte alguma era possível encontrar, e como a fome também traspassava-lhe as entranhas e a medula dos ossos e o coração ardia-lhe mais que a fome, seguiu a sugestão da ira e da penúria e agiu contra a própria natureza. Tinha um filho, ainda lactente. Ela o tomou e disse:

'Infeliz de ti, criancinha! De que serve conservar-te em vida durante a guerra, a fome, a revolta? Se ainda vivermos sob o domínio dos romanos, será a escravidão; a fome, aliás, antes da escravidão, e os revoltosos são mais terríveis que uma e outra. Vamos! Serás para mim alimento, maldição para os sediciosos, mito para a humanidade, a única desgraça que ainda faltava aos judeus'.

Assim falando, matou o filho, e após cozê-lo, comeu a metade; e guardou escondido o restante. Logo os revoltosos chegaram e percebendo o cheiro desta crueldade ímpia, ameaçaram a mulher de imediatamente estrangulá-la se não apresentasse a comida preparada. Mas ela respondeu que reservara para eles uma boa parte e mostrou-lhes os restos da criança.

Eles ficaram logo assombrados e apavorados, imóveis diante deste espetáculo. Mas ela lhes disse: 'É meu próprio filho. Eu mesma fiz isto. Comei, pois eu também comi. Não sejais mais delicados que uma mulher, nem mais sensíveis que uma mãe. Se sois compassivos e rejeitais meu sacrifício, o que comi foi por vós; o resto fique para mim'.

Então, trêmulos, eles saíram. Por uma vez ao menos tiveram pavor e penalizados deixaram à mãe tal alimento. Mas, pela cidade inteira propagou-se a horrorosa notícia. Cada um, pondo diante dos olhos esse crime como se ele próprio o houvesse perpetrado, estremecia de horror.

Havia entre os famintos uma espécie de anelo pela morte e eram tidos por felizes os que haviam perecido antes de ver e ouvir males tão horrendos”.

Tal foi o castigo sofrido pelos judeus por causa da injustiça e da impiedade relativamente ao Cristo de Deus.

O Que Aconteceu após o Cerco de Jerusalém?

Calculando o número global dos mortos, o historiador anota terem perecido pela fome e pela espada um milhão e cem mil homens;[19] diz que os sediciosos e salteadores sobreviventes denunciaram-se mutuamente após a queda da cidade e foram executados; os jovens das camadas mais elevadas e que se destacavam pela beleza corporal foram reservados para o triunfo. Quanto ao restante da multidão, os maiores de dezessete anos foram algemados e enviados para os trabalhos no Egito; os outros, em maior número, foram distribuídos pelas províncias, a fim de serem mortos nos teatros pelo ferro ou animais ferozes. Os menores de dezessete anos foram levados prisioneiros a fim de serem vendidos. Somente desses últimos, contaram-se mais ou menos noventa mil homens.[20]

Esses acontecimento se deram no segundo ano do império de Vespasiano, e de acordo com os oráculos proféticos de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo que, por virtude divina, previra-os como se fossem já presentes, tinha chorado e soluçado; e segundo os escritos dos Santos Evangelistas, que registraram as próprias palavras do Senhor, proferidas então, como se falasse de algum modo à própria Jerusalém:

Jesus chora sobre Jerusalém
'Se nesse dia ao menos conhecesse a mensagem de paz! Agora, porém, isso está escondido a teus olhos! Pois dias virão sobre ti, e os teus inimigos te cercarão de trincheiras, te rodearão e te apertarão de todos os lados. Deitarão por terra a ti e aos teus filhos'.[21]

Em seguida, a respeito do povo: 'Com efeito, haverá uma grande angústia na terra e cólera sobre este povo. E cairão ao fio da espada, levados cativos por todas as nações, e Jerusalém será pisada por nações, até que se cumpram os tempos das nações'.[22] E ainda: 'Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei que está próxima a sua desolação'.[23]

Quem comparar as palavras de Nosso Salvador com os demais relatos do historiador sobre toda a guerra, como não haverá de se admirar e confessar como divinas, verdadeiras e sobrenaturalmente extraordinárias a presciência e a predição de Nosso Salvador?”.[24]

“Tinham vendido Jesus por trinta dinheiros; os romanos venderam trinta judeus por um dinheiro. Tito escolheu setecentos dos mais jovens e vigorosos, entre os quais João e Simão, chefes da revolta, para lhe ornarem o cortejo na sua entrada triunfal em Roma. Lá os viram, naquele cortejo, levarem numa charola os restos do Templo, a mesa dos pães da proposição, o candelabro de sete braços, o livro da Lei, atrás da estátua da Vitória. Tito subiu ao Capitólio, enquanto os carrascos estrangulavam a João no cárcere Mamertino e crucificavam a Simão depois de o ter açoitado.

O imperador mandou cunhar medalhas comemorativas daquele grande acontecimento. No reverso, vê-se uma mulher desfeita em pranto e com manto de luto, sentada à sombra de uma palmeira com a cabeça apoiada na mão: é a Judeia cativa, diz a inscrição, Judae capta; é a triste Jerusalém, doravante sem rei, sem sacerdote, sem sacrifício, sem altar.

Tal foi a pavorosa sorte da nação deicida. 'Caia o seu Sangue sobre nós e sobre os nossos filhos!'[25] clamavam os judeus da Paixão; Deus ouviu-os e vingou o Sangue do seu Filho. Desde a cena do Calvário, procuravam com ódio implacável exterminar a Igreja; e Jesus, Chefe da Igreja, acabava de os exterminar a eles. Não se enganava Tito, quando, ao oferecerem-lhe as cidades do Oriente coroas de ouro, as recusou, dizendo: 'Não sou eu o vencedor; eu não fiz mais que emprestar o meu braço a Deus que estava irritado contra os judeus'

E para que o mundo inteiro saiba, até ao fim dos séculos, quem venceu os judeus, Jesus conserva a raça maldita e forca-a a andar errante no meio dos povos, levando nas mãos o fatal rotulo, onde todos podem ler o crime e o castigo dos deicidas: 'Depois de sessenta e duas semanas, será morto o Cristo, e o povo que o tiver renegado, já não será seu povo. Virá uma nação com o seu príncipe destruir a cidade e o santuário e sucederá a desolação, desolação sem fim. A abominação da desolação habitará no Templo, faltarão as vítimas, cessará o sacrifício, e a desolação há de durar até a consumação dos séculos'.[26] Os judeus lerão e transmitirão esta profecia de Daniel, e, mais cegos e mais endurecidos que os do Calvário, continuarão a blasfemar contra o Cristo que os venceu, até ao dia em que, por um milagre da graça, se tornarão os instrumentos mais ativos do Seu triunfo”.[27]

Notícias do 4º Século

“No ano de 360, Juliano, o apóstata, primo de Constâncio,[28] foi proclamado Imperador de Roma pelo exército; e, tendo-se Constâncio posto em marcha para combatê-lo, morreu no caminho, o que facilitou a Juliano a vitória definitiva e a sua proclamação como Imperador do Oriente e Ocidente.

Juliano, o apóstata.
A política de Juliano teve três objetivos principais: I – Restaurar o paganismo, convertendo-o de novo em religião oficial do Império, com a ideia de que Roma voltasse ao seu antigo esplendor, eclipsado, segundo ele, pelo Cristianismo. II – Destruir o Cristianismo. III – Restabelecer o Judaísmo nas posições de onde havia sido desalojado por Constantino e seus filhos, até chegar ao extremo de ordenar a reconstrução do Templo de Salomão...

Além disso, fez todos os preparativos necessários para iniciar as obras de reconstrução do Templo de Jerusalém...

Para a reconstrução do Templo de Jerusalém, Juliano nomeou o seu melhor amigo, Alypius de Antioquia, a quem deu instruções de não poupar gasto algum, ordenando aos governantes da Palestina e da Síria que ajudassem Alypius em tudo o que necessitasse...

A reconstrução do templo judeu fracassou, devido, entre outras causas, a que saíam da terra chamas misteriosas que queimavam os trabalhavam nas obras; o caso tem todos os fundamentos de fato histórico comprovado, visto que, por um lado, os historiadores cristãos o confirmam, enquanto que, por outro, historiadores hebreus tão prestigiados como Graetz[29] a aceitam também; só que este, em vez de atribuir o fato a um milagre, como asseguram os católicos, atribuiu-o a causas naturais, explicando que se devem a gases comprimidos, formados em passagens subterrâneas e obstruídas pelo derrubamento, que, ao serem descobertas e tomando contato com o ar, provocaram esses incêndios, que contribuíram, juntamente com outros motivos, a induzir Alypius a suspender a obra”.[30]

Juliano
“Tendo predito Jesus Cristo que não ficaria pedra sobre pedra do Templo de Jerusalém, e tendo os fatos, como vimos, correspondido plenamente às suas palavras, propôs-se Juliano a desmenti-lo reedificando aquele templo célebre; porém, a única coisa que conseguiu foi tirar a última pedra sem poder sequer lançar os alicerces. Logo que começou o edifício, apenas colocadas as primeiras pedras, sobreveio um espantoso terremoto que as vomitou do seio da terra, e as lançou a grande distância contra os operários, especialmente judeus. Eles tinham acorrido com frenético entusiasmo para ver se conseguiam reedificar seu antigo templo; mas muitos ficaram sepultados entre as ruínas, e outros gravemente feridos. Tornou-se a tentar mais de uma vez a temerária empresa, e não se abandonou até que turbilhões de vento espalharam a areia, a cal e os outros materiais. Mas a coisa mais prodigiosa e terrível ao mesmo tempo, é que saíam dentre aquelas ruínas globos de fogo que serpeando com a rapidez do relâmpago, deitavam por terra os trabalhos e os arrastavam consumindo muitos até os ossos, e carbonizando outros. Chegavam até a alcançar a alguns judeus que estavam muito longe e os sufocavam ou consumiam. Em vista de tão extraordinário milagre, não se atrevendo já ninguém a aproximar-se daquele lugar, desistiu-se da ímpia empresa. Ano de 368”.[31]


[1]   Jesus faz um breve resumo das perseguições que a Igreja terá de sofrer através dos séculos, até ao fim do mundo. Serão escandalizados... isto é, por causa das perseguições renegarão a Fé, tornando-se traidores dos seus irmãos. – E então virá o fim. O fim do mundo há de vir somente depois que o Evangelho tiver sido pregado em toda a parte. Não se pode concluir, porém, que virá imediatamente depois. Jesus somente afirmou que o fim não virá antes de o Evangelho ter sido pregado em todo o mundo.
[2]   Nestes versículos encontra-se a resposta direta de Jesus à pergunta dos seus Discípulos: quando seria a destruição de Jerusalém. – O que lê entenda. Por estas palavras Jesus recomenda aos seus Discípulos que prestem toda a atenção ao texto de Daniel (Dan. 9, 26-27).
[3]   Se não se abreviassem... A perseguição do Anticristo será tão grande que, se não for diminuído o número desses dias tão tristes, nenhum mortal poderá conservar a Fé.
[4]   Com o auxílio do Demônio os falsos profetas farão falsos milagres.
[5]   Em qualquer lugar... Esta locução proverbial significa que, assim como as aves de rapina sentem os cadáveres e voam para eles, assim os homens correrão de todos os lados para Cristo no dia do Juízo Final.
[6]   As potestades... isto é, as forças que conservam o equilíbrio entre os corpos celestes.
[7]   O sinal, que é a Cruz, instrumento da Redenção.
[8]   Não passará esta geração, isto é, o povo judeu, que há de existir não só até à destruição de Jerusalém, mas também até ao fim do mundo.
[9]   Um será tomado pelos Anjos e levado ao Céu, outro será abandonado à sua desgraçada sorte.
[10]        S. Mat. 24, 1-51; cfr. Bíblia Sagrada, traduzida da Vulgata e anotada pelo Pe. Matos Soares, pp. 1209-1210, 10ª Edição, Edições Paulinas, 1959.
[11]                                      Eusébio de Cesareia, “História Eclesiástica”.
[12]        At. 7, 58-60.
[13]        At. 12, 2.
[14]        S. Mat. 28, 19.
[15]        Eusébio de Cesareia, idem.
[16]        S. Mat. 24, 15-25.
[17]        Rev. Pe. Berthe, CSsR, “Jesus Cristo – Sua Vida, Sua Paixão, Seu Triunfo”, Liv. VIII, Cap. VI; Estabelecimentos Benziger & Co. S. A., Einsiedeln, Suíça, 1925.
[18]        Dan. 9, 27; 12, 11; cfr. Mat. 24, 15; Marc. 13, 14.
[19] O número é absolutamente inverossímil, embora a cidade no começo do bloqueio tenha sido superpopulosa por causa do grande número de judeus vindos da Diáspora. Não há comparação com a densidade demográfica da época e Tácito, História V, 13 dá o número de 600 mil judeus cercados em Jerusalém. Cfr. F. Josefo, A guerra judaica, VI, 420, 417-418.
[20] “Estes como não fossem vendidos, por não haver compradores para tão grande número de escravos, foram em parte doados e outros mortos, porque não havia quem os quisesse nem gratuitamente” (S. João Bosco, “História Eclesiástica”, 1ª Época, Cap. VI, p. 39; 6ª Edição Brasileira, Livraria Editora Salesiana Ltda, São Paulo, 1960).
[21]        S. Luc. 19, 42-44.
[22]        S. Luc. 21, 23-24.
[23]        S. Luc. 21, 20.
[24]        Eusébio de Cesareia, “História Eclesiástica”, Liv. III, Caps. 5-8; Coleção Patrística, Vol. 15, Ed. Paulus, São Paulo, 2000.
[25]        S. Mat. 27, 25.
[26]        Dan. 9, 26-27.
[27]        Rev. Pe. Berthe, CSsR, “Jesus Cristo – Sua Vida, Sua Paixão, Seu Triunfo”, Liv. VIII, Cap. VI; Estabelecimentos Benziger & Co. S. A., Einsiedeln, Suíça, 1925.
[28]        Era filho de um irmão do Grande Constantino.
[29] “History of the Jesus”, Tom. II, Cap. XXI.
[30] Maurice Pinay, “Complot Contra a Igreja”, 4ª Parte, Cap. VI, pp. 253-255; Tradução do Dr. João Afonso, Editorial J. Castelo Branco, Lisboa, 1970.
[31] S. João Bosco, “História Eclesiástica”, 2ª Época, Cap. IV, p. 98; 6ª Edição Brasileira, Livraria Editora Salesiana LTDA, São Paulo, 1960.


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