Blog Católico, para os Católicos

BLOG CATÓLICO, PARA OS CATÓLICOS.

"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

A MEDALHA MILAGROSA.


No anverso da Medalha vemos a Imagem da Virgem Imaculada, toda bela e bondosa, com as mãos cheias de raios luminosos a simbolizar as graças que derrama sobre as pessoas que lhas pedem, ensinando-nos como devemos pedi-las, pela oração gravada na Medalha; a Virgem calca aos pés a Serpente para nos lembrar a sua Conceição Imaculada, portanto a queda original, o Salvador prometido, etc. (ver Gênese 3, 15).

No reverso vemos a Cruz, símbolo da Redenção e Maria associada a essa obra divina, Mediadora junto de Jesus; os dois Corações falam-nos de caridade, penitência, mortificação e amor; as doze estrelas lembram o zelo do apostolado, os doze principais privilégios de Maria, a coroa de glória que lhe nimba a cabeça, a nossa glorificação no Céu... (ver Apocalipse 12, 1).

A Santa Medalha é como o Evangelho de Maria, a miniatura do Livro que resume todos os seus privilégios e maravilhas. Não admira, pois, que a Igreja nos diga no Intróito da Missa da mesma Medalha: "Será ela como um prodígio na tua mão e como lembrança diante dos teus olhos, para que a Lei do Senhor esteja sempre na tua boca". Sim, ornamento sobre o nosso peito, retrato da nossa Mãe do Céu, penhor de proteção, instrumento das misericórdias e do amor de Maria Imaculada, meio eficaz e poderoso de apostolado, bem merece ser de todos conhecida, amada e trazida com respeito e devoção.

sábado, 25 de novembro de 2023

SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA, VIRGEM E MÁRTIR.


Foi Santa Catarina natural da cidade de Alexandria. Empregou os primeiros anos no estudo das letras sagradas e profanas, e como possuía um excelente engenho, chegou a ser um prodígio de sabedoria.

Sucedeu que Maximiano II, sobrinho de Maximiano Galério, genro de Diocleciano, entrou nas partilhas do império com Licínio e Constantino Magno; e como o Egito estava debaixo de sua jurisdição, era sua ordinária residência a de Alexandria, capital daquela província. Era Maximiano príncipe cruel, não menos herdeiro de Diocleciano e de Galério no ódio implacável contra os cristãos, do que na coroa imperial.

Publicou um edito, concebido nestes termos: “A todos os que vivem sob o nosso império, saúde. Tendo recebido da clemência dos deuses um assinalado benefício, resolvemos oferecer-lhes sacrifícios para lhes manifestar o nosso reconhecimento. Portanto, exortamo-vos a que todos vos acerqueis da nossa pessoa, para da vossa parte mostrardes o zelo que tendes por nossos deuses adoráveis. Quanto ao mais, se alguém desprezar este edito, ou seguir outra religião, além de irritar contra si a cólera dos deuses, será rigorosamente castigado”. Acudiram de toda a parte para agradarem ao imperador. Mas enquanto se ofereciam sacrifícios aos Demônios, procurava Catarina sustentar a fé dos cristãos, demonstrando-lhes que aqueles simulacros eram puras ilusões, que os chamados deuses haviam sido homens mortais, famosos por seus excessos; enfim, que ninguém podia obedecer ao edito do imperador sem se tornar réu das penas eternas, com que os castigaria Deus, Criador do Céu e da terra, único Senhor digno de adoração. Depois de ter confirmado assim os cristãos, resolveu apresentar-se ao mesmo imperador para lhe tornar visível a impiedade, escolhendo para isso a própria ocasião, em que oferecesse os sacrifícios.

Pediu pois, que lhe permitissem falar-lhe; como era de presença majestosa e de rosto formoso, sem dificuldade foi admitida à audiência. Disse pois ao imperador com uma resolução, que só a fé podia inspirar e sustentar, que por si mesmo deveria já ter reconhecido, que aquela multidão de deuses que adorava era uma multidão de abusões que seguia, pois a mesma razão natural estava demonstrando que não podia haver mais que um Soberano Ser, Único e Primeiro Princípio de todas as coisas.

Mas já que a sua mesma razão não lhe descobria uma verdade tão manifesta, devia pelo menos render-se ao testemunho dos mais sábios doutores, os quais claramente ensinavam que não havia nem podia haver mais que Um só Deus, revelando eles a origem da multidão de seus deuses. Citou-lhe Diodoro Sículo, Plutarco e outros; acrescentando que lhe parecia estranho que um imperador, que por seu caráter e autoridade devia retirar os povos do supersticioso culto de fementidas divindades, os provocasse a isso com o seu exemplo. E portanto, rogava-lhe que pusesse fim a esta desordem, rendendo ao verdadeiro Deus o culto de adoração que Lhe é devido, se não queria que, cansado de aturar tanto sacrilégio, lhe fizesse por fim conhecer que era o Soberano Senhor do universo, tirando-lhe a vida com o império. Não é fácil explicar a surpresa do imperador diante deste inesperado discurso; mas, para dar a entender que não lhe fizera impressão, somente lhe respondeu que não interromperia o sacrifício e que, depois de o ter acabado, a ouviria quanto quisesse. Logo que voltou ao paço, mandou chamar Catarina, perguntou-lhe quem era, e quem lhe dera autorização para lhe falar com tanta liberdade em um concurso público, tão majestoso e respeitável.

Quem sou, respondeu a Santa, é bem sabido em toda a cidade de Alexandria; chamo-me Catarina, e minha casa é das mais ilustres do país. Tenho passado toda a minha vida no conhecimento da verdade; quanto mais nisso pensava, mais descobria a vaidade dos ídolos que adoras. A minha glória e as minhas riquezas cifram-se em minha qualidade de esposa de Jesus Cristo. Todo o meu desejo é que tu e o teu império O conheçam, renunciando às superstições, em que haveis sido educados; isto me deu ânimo para me apresentar no templo”. Não se reputando o imperador suficientemente habilitado para refutar a donzela filósofa, mandou chamar cinquenta filósofos dos de mais nomeada com ordem de serem hospedados no paço, onde os trataram com todas as atenções, como a mestres do mundo. Ainda não tinham chegado os enviados do imperador aonde se achava a Santa para a conduzirem ao teatro da discussão, quando lhe apareceu um Anjo e lhe disse, que não temesse, assegurando-lhe que o Senhor lhe comunicaria tanta abundância de luz, que havia de converter os cinquenta filósofos e a muitos dos circunstantes, fazendo-lhes conhecer a Jesus Cristo, e que por final de seu glorioso triunfo receberia a palma do martírio. Dito isto, desapareceu o Anjo, e ela entrou no salão do paço com porte majestoso, mas com tão suave modéstia e compostura, que pondo nela os olhos uma imensa multidão de pessoas, ela não levantou os seus para ver ninguém. Deram-lhe assento no meio dos filósofos com bastante aproximação do trono do imperador, que não queria perder uma só palavra. Um dos filósofos empenhou-se desde logo em a persuadir a que devia tributar reverentes cultos ao sol, debaixo do nome de Apolo, esforçando-se em provar que só por sua formosura merecia ser adorado, ainda quando por outra parte não produzisse no mundo tão benéficos resultados; porque ele regula as estações do ano; fertiliza os campos com as messes; produz os metais nas entranhas da terra; pinta as flores com variedade tão formosa de matizes; comunica-lhes aquela suavíssima fragrância de odores esquisitos; enfim, com seu calor e influxo infunde espírito vital em tudo quanto o possui, donde concluiu que não se lhe podia deixar de tributar as honras divinas, pois que por sua virtude sustentava toda a natureza. Pareceu a Maximiano tão concludente este argumento, que deu a Catarina por plenamente derrotada; mas, ficou estranhamente surpreendido, quando ouviu a prodigiosa facilidade, com que se desembaraçou de tudo. Demonstrou que se o sol é o mais formoso de todos os astros, toda a luz, com que brilha, se deve à magnificência de Deus, provando que está sujeito ao Seu divino poder, pois que quando Jesus expirou numa Cruz para a salvação dos homens, o sol, para assim dizer, viu-se obrigado a mostrar o seu sentimento, mudando de cor, e em pleno meio-dia, cobrindo de trevas a terra inteira. Enfim, tais coisas disse, tão concludentes e tão claras, que o filósofo ficou completamente convencido, indicou o imperador aos outros que entrassem em discussão; mas todos se escusaram, dizendo que todos se davam por vencidos na pessoa Daquele que reconheciam por seu Chefe e Mestre.1

Confessaram que não havia mais que um só Deus verdadeiro, e que todos estavam prontos a selar com o seu sangue esta verdade, acrescentando o título de Mártires à profissão de cristão. Ó prodigioso triunfo da graça, quanto é verdade que Deus escolheu as coisas mais fracas, para confundir as mais fortes! Chamou Maximiano, em sua cólera e furor, por auxiliares para defenderem a causa de seus deuses e defendeu-a, condenando à morte aqueles que a tinham abandonado; recurso que foi causa do mais glorioso triunfo. Passando aqueles sábios de filósofos a cristãos, sofreram o Martírio com invencível constância.

Converteu depois o imperador toda a sua raiva contra Catarina, e mandou atormentá-la cruelmente em rodas com navalhas; mas tudo sofreu com invicta fortaleza a generosa amante de Jesus Cristo, conquistando-Lhe muitas almas dentro dos ferros do mesmo cárcere. A imperatriz Fausta, Porfírio, Tribuno da primeira legião, e duzentos soldados confessaram a Jesus Cristo, e selaram com o seu sangue esta gloriosa confissão.

Catarina foi condenada por Maximiano (Açoitada com azoragues de pontas de de chumbo, ficou 11 dias semimorta); a espada homicida abateu aquela virginal cabeça que havia recusado a coroa do império romano. Pelo ano 302 d.c. (O seu corpo foi levado pelos Anjos para o cume do Monte Sinal). É um dos Catorze Santos Auxiliares.



MEDITAÇÃO2


Dar-Vos-ei uma boca e uma sabedoria à qual

os vossos inimigos não poderão resistir ou contradizer”.3


I. Santa Catarina consagrou a virgindade a Jesus Cristo, desde a mais tenra infância; preferiu conservar essa virtude, sofrendo o Martírio, a deixá-la perder, subindo a um trono. Virtude amável, que torna os homens amigos de Jesus Cristo, filho s de Maria, semelhantes aos Anjos, dando-lhes na terra um antegozo da felicidade que faz as delícias dos Santos no Céu.

II. Santa Catarina recebeu a coroa dos Doutores com as das Virgens, porque pregou a fé, confundiu os filósofos e converteu numerosos pagãos. Aprendamos daí a reconhecer que é Deus o Autor de toda a ciência; foi Ele que ensinou Santa Catarina. Passamos o tempo sobre os livros, de dia e de noite: vamos à Fonte de todas as ciências, peçamos a Deus a sabedoria, e Ele no-la dará; mas aproveitemos as luzes naturais para nos santificarmos e para converter os outros. Fazemos isso?

III. A estas duas primeiras coroas juntou ela a do Martírio. Podia ser feliz segundo o mundo; era bela, nobre, rica, cheia de espírito, podia até vir a ser esposa de um imperador. Renunciou a todas essas vantagens e morreu por Jesus Cristo. Que teríamos feito no lugar dela? Que fazemos nós todos os dias? Por um mesquinho interesse abandonamos o Senhor! Queremos ter parte na coroa do Martírio? Mortifiquemos a carne, combatamos a voluptuosidade e a avareza, desprezemos o mundo. “Afligir a carne, vencer as paixões, resistir à avareza, triunfar do mundo, é quase ser Mártir” – Santo Agostinho.



Oração


Ó Deus, que a Moisés destes a Lei no alto do Sinai, e nele fizeste sepultar pelo Ministério dos Anjos, o corpo da vossa Virgem e Mártir Santa Catarina, concedei-nos a graça de, pelos seus méritos e intercessão, chegarmos à montanha santa, que é Jesus Cristo. O qual Convosco vive e reina, pelos séculos dos séculos. Amém.


____________________________

1.  Pe. Croiset, S.J., “Ano Cristão”, Vol. XI, pp. 271--273, 25 de Novembro, Festa de Santa Catarina de Alexandria; Tradução do Francês pelo Pe. Matos Soares, Porto, 1923.

2.  “Vida dos Santos – com uma Meditação para cada dia do Ano”, pelo Pe. João Estevam Grossez, S.J., Segunda Parte, 25 de Novembro, pp. 311-312. Edição Portuguesa, “União Gráfica”. Lisboa. 1928.

3.  Luc. 21, 15.


sábado, 18 de novembro de 2023

NOVENA A NOSSA SENHORA, MÃE DA DIVINA PROVIDÊNCIA. 9º DIA.


NOVENA


V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.

R. Apressai-Vos, Senhor, em me socorrer.

V. Glória ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo.

R. Assim como era no princípio, agora e sempre e por todos os séculos dos séculos. Amém.

V. Mãe da Divina Providência.

R. Rogai por nós.


Oração a Nossa Senhora da Divina Providência1


IMPRIMATUR:

In Curia Archiep., Mediolani, die 17 Junii 1910.

Can. Joannes Rossi, Vic. Gen.


Oremos:2 Ó Maria, Virgem Imaculada, Mãe da Divina Providência, sustentai a minha alma com a plenitude da vossa graça, governai a minha vida e dirigi-me nas veredas das virtudes até o cumprimento perfeito da Divina Vontade. Alcançai-me o perdão de minhas culpas; sede o meu refúgio, a minha proteção, defesa e guia na peregrinação deste mundo; consolai-me na minha aflição, sustentai-me no perigo, sede-me seguro asilo nas tormentas da adversidade. Alcançai-me, ó Maria, a renovação interna do coração, para que se torne morada santa do vosso Divino Filho, Jesus; afastai de mim, sempre fraco e mísero, todo o pecado, toda a negligência, languidez, pusilanimidade e respeito humano; tirai inteiramente do meu coração o orgulho, a vanglória, o amor-próprio e todas as afeições terrenas que forem obstáculo à eficácia da vossa proteção. Ó dulcíssima Mãe da Providência, lançai um olhar materno sobre mim e se, por fraqueza ou por malícia atraí sobre mim as ameaças do Eterno Juiz ou contristei o Coração Sagrado do meu amável Jesus, cobri-me com o manto da vossa proteção e serei salvo. Vós sois a Mãe da prudência, a Virgem do perdão; Vós sois a minha esperança sobre esta terra; fazei que possa saudar-Vos no Céu como Mãe da glória. Assim seja. (3 Ave Marias)



9º Dia


Todas as riquezas da graça são fruto da pureza

de coração e do perfeito abandono”.3


Portanto, quem deseja gozar a abundância de todos os bens, só tem uma coisa a fazer: purificar o coração, desapegar-se das criaturas e abandonar-se inteiramente a Deus. Nessa pureza e abandono, tudo encontrará. Que os outros vos peçam, ó Senhor, toda espécie de dons, multipliquem suas palavras e orações; quanto a mim, meu Deus, só Vos peço um dom, e só tenho a fazer-Vos esta prece: Dai-me um coração puro! Ó Coração puro! Como sois feliz! É nele mesmo que vedes a todo momento, operando interior e exteriormente. Sois em tudo o objeto e instrumento. Ele vos conduz em tudo e a tudo. Na maioria das vezes não pensais, mas Ele pensa por vós. O que vos acontece e deve acontecer por Sua ordem, basta que o desejeis; compreende a vossa preparação. Em vossa salutar cegueira, procurais discernir em vós mesmo tal desejo, e não o vedes. Oh! Quanto a ele, bem o vê! Mas como sois simples! Ignorais, portanto, o que é um coração bem disposto? É tão somente um coração em que Deus está presente. Vendo nesse coração as suas próprias inclinações. Deus sabe perfeitamente que permanecerá sempre submisso às sua ordens. Sabe também que não sabeis o que vos convém; por isso encarrega-se de vo-lo dar. Pouco Lhe importa contrariar-Vos; pensáveis em ir ao oriente, Ele vos conduz ao ocidente. Ireis certamente esbarrar em um escolho; Ele gira o leme e vos conduz ao porto. Sem mapa, sem roteiro, sem vento, sem maré, fazeis apenas viagens felizes. Se os piratas cruzam contra vós um inesperado golpe de vento vos subtrai imediatamente ao seu alcance.

Ó boa vontade! Ó coração puro! Como Jesus soube colocar-vos no devido lugar, ao classificar-vos entre as Bem-aventuranças! Haverá maior felicidade do que possuir a Deus, enquanto Ele vos possui reciprocamente? Estado delicioso e cheio de encanto! Dorme-se placidamente no seio da Providência; brinca-se inocentemente com a divina Sabedoria, sem inquietação a respeito do trajeto que não sofre interrupção alguma e que, através dos obstáculos e piratas e por entre as contínuas tempestades, sempre se faz com a maior felicidade do mundo!

Ó coração puro! Ó boa vontade! Sois o fundamento único de todos os estados espirituais! A vós são concedidos e por vós se aproveitam os dons de pura fé, de pura esperança, de pura confiança e de puro amor. Em vosso tronco se enxertam as flores do deserto; isto é, as graças preciosas que só resplandecem nas almas inteiramente desapegadas em que Deus, como em mansão desabitada, estabelece a sua moradia, à exclusão de tudo o mais. Sois a fonte fecunda donde partem todos os regatos que vêm regar o canteiro do esposo e o jardim da esposa. Tendes, na verdade, o direito de dizer a todas as almas: “Contemplai-me, sou que produzo o belo amor, este amor que discerne o que há de melhor para fixar-se; eu que dou origem a esse temor suave e eficaz que comunica o horror do mal e ensina a evitá-lo sem perturbação; faço germinar os belos conhecimentos que nos descobrem as grandezas de Deus e o preço da virtude que Lhe dá honra; de mim, finalmente, elevam-se os ardentes desejos, sempre animados por uma esperança toda santa; ensino a praticar constantemente o bem na expectativa do divino objeto, cujo gozo fará um dia, como agora, mas com muito maiores delícias, a felicidade das almas fiéis”.

Podeis convidá-las todas, a se chegaram junto a vós para se enriquecerem com vossos inesgotáveis tesouros. A vós remontam todos os estados e todos os caminhos espirituais. Em vós haurem o que possuem de belo, de atraente, de encantador; de vosso íntimo o retiram. Esses maravilhosos frutos de graças e virtudes de toda espécie, que se veem surgir por todos os lados, servindo de alimento, são apenas produtos de vossos rebentos. Em vossas terras correm ondas de mel; vossos peitos destilam o leite; em vosso seio se colhe o ramalhete de mirra e em vossos dedos se vê escorrer, em toda a pureza, o licor que se costuma extrair, comprimindo-o.

Vamos pois, caras almas, corramos, voemos a esse mar de amor que nos chama. Que esperamos nós? Marchemos imediatamente; vamos perder-nos em Deus, em seu próprio Coração, para inebriar-nos de sua caridade. E nesse Coração, encontraremos a chave dos tesouros celestes. Em seguida, tomemos o caminho para o Céu. Não há recanto tão secreto que não possamos penetrar. Nada nos estará fechado, nem o jardim, nem o celeiro, nem a vinda. Se quisermos respirar o ar do campo, bastará dirigir para ali os nossos passos; enfim, iremos e viremos, entraremos e sairemos a nosso bel prazer, com essa chave de Davi, chave de ciência, chave do abismo onde se acham encerrados os tesouros ocultos e profundos da divina Sabedoria. É ainda com essa divina chave que se abrem as portas da morte mística e de suas sagradas trevas. É por meio dela que se desce aos lagos profundos e à caverna dos leões. É ela que impele as almas a esses cárceres obscuros para retirá-las sãs e salvas. É ela que nos introduz na feliz mansão, onde habitam a inteligência e a luz, onde o Esposo repousa à sombra pelo meio-dia e revela às fiéis esposas os segredos de Seu amor. Ó divinos segredos, que não é permitido revelar e que nenhuma boca mortal pode exprimir!

Amemos pois, caras almas! Todos os bens, para enriquecer-nos, esperam somente o amor. Este dá a santidade, dá tudo quanto a acompanha: esta se encontra à esquerda, à sua direita para que ele a faça correr de todos os lados sobre os corações, com todas as efusões divinas. Ó divina semente da eternidade! Jamais se poderá fazer suficientemente o vosso elogio! Mas, por que falar tanto de vós? Melhor é possuir-vos no silêncio que louvar-nos na medida em que se é possuído por vós. Pois, desde o momento em que possuis um coração, ler, escrever, falar, agir ou não agir, tudo lhe é o mesmo. Nada se finge, nada se evita; ser solitário ou apóstolo, são ou doente, simples ou eloquente; enfim, tudo quanto quiserdes. O que ditais ao coração, este, como eco fiel, repete às outras faculdades. No conjunto material e espiritual que vos dignais considerar vosso reino, é o coração que reina como senhor sob o vosso patrocínio; não havendo outros instintos além dos que lhe inspirais, todo abjeto lhe agrada nas condições que ofereceis. Os apresentados pela natureza e pelo Demônio para substituí-los, apenas o desgostam, causando-lhe horror. Se algumas vezes permitis que se deixe surpreender, é somente para torná-lo mais sábio e mais humilde. Mas, apenas reconhece sua ilusão, volta-se para vós com maior amor e a vós se afeiçoa com maior fidelidade.



1ª Oração4


Nós merecemos com justiça o nome de pecadores, mas Vós, ó Virgem Maria, mereceis o glorioso título de Refúgio dos pecadores, dado pela Igreja. Sendo Mãe de Nosso Divino Salvador, Vos tornastes, ao mesmo tempo, Mãe de misericórdia e Rainha poderosa do Céu e da terra, com desejo e poder de socorrer a todos os que a Vós recorrem.

Nós Vos rogamos, ó Mãe bondosíssima, vinde em nosso auxílio; reconhecemo-nos, pois, pecadores, na amargura do nosso coração. Obtende-nos a dor e o perdão dos nossos pecados pelos quais Deus nos castiga justamente, assim como a graça de chorá-los sempre e de nunca mais cometê-los. Assim seja.

Ave Maria…

V. Refúgio dos pecadores.

R. Rogai por nós.



2ª Oração


Quem, senão Vós, poderá jamais na tristeza consolar-nos, ó Virgem amantíssima, proclamada Consoladora dos aflitos pela Igreja? Consolou os nossos primeiros pais a promessa do vosso nascimento; consolastes ao mundo dando-lhe o grande Reparador de nossos males e fostes, em todo o tempo, a Consoladora daqueles que, com fé, recorreram a Vós.

Sede também nossa consoladora, ó poderosíssima Advogada; nós vô-lo rogamos. Gemendo sob o peso de nossas aflições, por Vós suspiramos; obtende-nos do Pai das misericórdias e Deus de toda consolação o socorro necessário em todas as nossas misérias e tribulações. Assim seja.

Ave Maria…

V. Consoladora dos aflitos.

R. Rogai por nós.



3ª Oração


Ó Virgem Imaculada, destinada por Deus para serdes o socorro do povo cristão em suas necessidades, a Vós recorrem os doentes em suas enfermidades, os pobres em suas indigências, os aflitos em suas adversidades, os marinheiros nas tempestades, os soldados nas batalhas, os agonizantes no momento da morte, e todos obtém de vosso Coração materno auxílio e conforto!

Também nós colocamo-nos sob a vossa proteção, ó Mãe da Divina Providência, e cheios de confiança em vossa inefável bondade suplicamo-Vos queirais atender às orações que Vos dirigimos. Livrai-nos de todos os perigos e males, obtende-nos as graças de que precisamos e conduzi-nos felizmente ao porto desejado da eterna salvação. Assim seja.

Ave Maria…

R. Socorro dos cristãos.

R. Rogai por nós.



LEMBRAI-VOS

a Nossa Senhora da Providência


IMPRIMATUR:

Tornaci, 31 Julii 1939.

J. Lecouvet, Vic. Gen.


Lembrai-Vos, ó boa e piedosa Virgem Maria, que nos fostes dada para ser nosso amparo e providência. Cheios de confiança em vossa bondade, chamamo-Vos em nosso auxílio, vinde assistir-nos. Confiamo-Vos nossas tribulações e necessidades, vinde aliviá-las; nossos projetos e trabalhos, vinde abençoá-los. Vós, que podeis tudo obter, Ó Nossa Senhora da Providência, socorrei-nos, protegei a Santa Igreja, a Pátria, todos os que em Vós confiam, aqueles mesmos que não sabem mais Vos implorar. Abri-nos o vosso Coração, este Coração tão bondoso, confidente de tantas dores; e, porque Vós sois Mãe, ó Nossa Senhora da Providência, dignai-Vos ouvir nossas preces e atendê-las. Amém.

Ave Maria...



Ladainha

de Nossa Senhora

da Divina Providência.5


(Estas Ladainhas foram compostas em 1871

por uma Religiosa do Convento de Roule, em Paris,

e aprovadas pelo Cardeal Arcebispo Guibert).


Eterno Pai, que sois nosso Pai, tende compaixão de nós.

Jesus, Salvador das almas, tende compaixão de nós.

Espírito Santo Consolador, tende compaixão de nós.

Santíssima Trindade, Providência divina, tende compaixão de nós.


Nossa Senhora da Providência, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, Mãe da graça e da misericórdia, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, Mãe incomparavelmente amável, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, Mãe admirável, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, Estrela do mar, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, Torre de Davi, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, Consoladora dos aflitos, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, Saúde dos enfermos, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, Salvação dos pecadores, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, Porta do Céu, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, nosso Refúgio, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, nossa Força, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, nossa Esperança, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, nossa Mãe, rogai por nós.


Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Senhor.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.


V. Rogai por nós, ó doce Mãe da Divina Providência.

R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.


Oremos: Nós Vos suplicamos, Senhor, pela intercessão da Bem-aventurada e sempre Virgem Maria, que defendais de todo o mal esta família que se prostra diante de Vós e, pela vossa misericórdia, livrai-a dos seus inimigos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

Oremos: Ó Deus, cuja Providência não se engana na ordem de seus desígnios, suplicamo-Vos, por intercessão da Bem-aventurada e sempre Virgem Maria, Mãe de vosso Filho, que afasteis de nós tudo o que nos for nocivo, concedendo-nos ao mesmo tempo tudo quanto nos possa ser proveitoso. Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.


*Ou reza-se a Ladainha Lauretana.



Ladainha de Nossa Senhora

(Atualizada)


Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, tende piedade de nós.

Senhor, tende piedade de nós.


Jesus Cristo, ouvi-nos.

Jesus Cristo, atendei-nos.


Pai celeste que sois Deus, tende piedade de nós.

Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.

Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.

Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.


Santa Maria, rogai por nós.

Santa Mãe de Deus, rogai por nós.

Santa Virgem das Virgens, rogai por nós.

Mãe de Jesus Cristo, rogai por nós.

Mãe da Igreja,*6 rogai por nós.

Mãe de misericórdia,*7 rogai por nós.

Mãe da divina graça, rogai por nós.

Mãe da esperança,* rogai por nós.

Mãe puríssima, rogai por nós.

Mãe castíssima, rogai por nós.

Mãe imaculada, rogai por nós.

Mãe intacta, rogai por nós.

Mãe amável, rogai por nós.

Mãe admirável, rogai por nós.

Mãe do bom conselho, rogai por nós.

Mãe do Criador, rogai por nós.

Mãe do Salvador, rogai por nós.

Virgem prudentíssima, rogai por nós.

Virgem venerável, rogai por nós.

Virgem louvável, rogai por nós.

Virgem poderosa, rogai por nós.

Virgem clemente, rogai por nós.

Virgem fiel, rogai por nós.

Espelho de justiça, rogai por nós.

Sede de sabedoria, rogai por nós.

Causa da nossa alegria, rogai por nós.

Vaso espiritual, rogai por nós.

Vaso honorífico, rogai por nós.

Vaso insigne de devoção, rogai por nós.

Rosa mística, rogai por nós.

Torre de Davi, rogai por nós.

Torre de marfim, rogai por nós.

Casa de ouro, rogai por nós.

Arca da aliança, rogai por nós.

Porta do céu, rogai por nós.

Estrela da manhã, rogai por nós.

Saúde dos enfermos, rogai por nós.

Refúgio dos pecadores, rogai por nós.

Conforto dos migrantes,* rogai por nós.

Consoladora dos aflitos, rogai por nós.

Auxílio dos cristãos, rogai por nós.

Rainha dos anjos, rogai por nós.

Rainha dos patriarcas, rogai por nós.

Rainha dos profetas, rogai por nós.

Rainha dos apóstolos, rogai por nós.

Rainha dos mártires, rogai por nós.

Rainha dos confessores, rogai por nós.

Rainha das virgens, rogai por nós.

Rainha de todos os santos, rogai por nós.

Rainha concebida sem pecado original, rogai por nós.

Rainha elevada ao céu, rogai por nós.

Rainha do sacratíssimo rosário, rogai por nós.

Rainha da família,*8 rogai por nós.

Rainha da paz, rogai por nós.


Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos Senhor.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos Senhor.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.


V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.

R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.


Oremos: Senhor Deus, nós Vos suplicamos que concedais aos vossos servos perpétua saúde de alma e de corpo; e que, pela gloriosa intercessão da Bem-aventurada sempre Virgem Maria, sejamos livres da presente tristeza e gozemos da eterna alegria. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.



MATER DIVINAE PROVIDENTIAE,

ORA PRO NOBIS.


_______________________________

1.  Oração indulgenciada. Leão XIII, 27 de Fevereiro de 1886.

2.  Arquiconfraria de Nossa Senhora Mãe da Divina Providência, ob. cit. pp. 49-50.

3.  Rev. Pe. De Caussade, S.J., “O Abandono à Providência Divina”, Cap. IX, pp. 40-45. Edições Paulinas, São Paulo/SP, 1956.

4.  Arquiconfraria de Nossa Senhora Mãe da Divina Providência – Estatutos e Orações, Novena, p. 51. Ereta na Igreja de Nossa Senhora da Divina Providência, dos Padres Barnabitas, Catete, Rio de Janeiro/RJ, 1957.

5.  Arquiconfraria de Nossa Senhora Mãe da Divina Providência, ob. cit. pp. 57-59.


sexta-feira, 17 de novembro de 2023

NOVENA A NOSSA SENHORA, MÃE DA DIVINA PROVIDÊNCIA. 8º DIA.


NOVENA


V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.

R. Apressai-Vos, Senhor, em me socorrer.

V. Glória ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo.

R. Assim como era no princípio, agora e sempre e por todos os séculos dos séculos. Amém.

V. Mãe da Divina Providência.

R. Rogai por nós.



Oração a Nossa Senhora da Divina Providência1


IMPRIMATUR:

In Curia Archiep., Mediolani, die 17 Junii 1910.

Can. Joannes Rossi, Vic. Gen.


Oremos:2 Ó Maria, Virgem Imaculada, Mãe da Divina Providência, sustentai a minha alma com a plenitude da vossa graça, governai a minha vida e dirigi-me nas veredas das virtudes até o cumprimento perfeito da Divina Vontade. Alcançai-me o perdão de minhas culpas; sede o meu refúgio, a minha proteção, defesa e guia na peregrinação deste mundo; consolai-me na minha aflição, sustentai-me no perigo, sede-me seguro asilo nas tormentas da adversidade. Alcançai-me, ó Maria, a renovação interna do coração, para que se torne morada santa do vosso Divino Filho, Jesus; afastai de mim, sempre fraco e mísero, todo o pecado, toda a negligência, languidez, pusilanimidade e respeito humano; tirai inteiramente do meu coração o orgulho, a vanglória, o amor-próprio e todas as afeições terrenas que forem obstáculo à eficácia da vossa proteção. Ó dulcíssima Mãe da Providência, lançai um olhar materno sobre mim e se, por fraqueza ou por malícia atraí sobre mim as ameaças do Eterno Juiz ou contristei o Coração Sagrado do meu amável Jesus, cobri-me com o manto da vossa proteção e serei salvo. Vós sois a Mãe da prudência, a Virgem do perdão; Vós sois a minha esperança sobre esta terra; fazei que possa saudar-Vos no Céu como Mãe da glória. Assim seja. (3 Ave Marias)



8º Dia


A perfeição das almas e a excelência dos diversos

estados, medem-se pela fidelidade à ordem de Deus”.3


A ordem de Deus comunica a todas as coisas, para a alma que se lhes conforma, um preço sobrenatural e divino; tudo quanto impõe, tudo quanto encerra, e todos os objetos sobre os quais se derrama, tornam-se santidade e perfeição; pois Sua virtude não tem limites; diviniza a tudo quanto toca.

Mas, a fim de não se desviar nem para a direita nem para a esquerda, é preciso que a alma não siga inspiração alguma que julgue recebida de Deus, antes da certeza de que tal inspiração não se afasta dos deveres de seu estado. Esses deveres são a manifestação mais certa da ordem de Deus, e nada deve ser preferido a eles: neles, não há nada a temer, nada a excluir, nem a distinguir. Os momentos empregados no cumprimento dos deveres são para a alma os mais preciosos e salutares, pela própria razão de lhe darem a certeza indubitável de realizar o beneplácito de seu Deus.

Toda a virtude de quem se chama santo, está nessa ordem de Deus. Assim, é preciso não rejeitar coisa alguma, sem averiguar, mas tudo receber de Sua parte, e nada sem Ele. Os livros, os conselhos dos sábios, as preces vocais, as afeições interiores, se ordenados pela ordem de Deus, tudo isso instrui, dirige, unifica. O quietismo está em erro ao desprezar esses meios e tudo quanto é sensível: pois há almas que Deus quer dirigir sempre por este caminho; e seus estados e atrativos o assinalam bem claramente. Em vão se imaginam maneiras de abandono, das quais seja excluída toda atividade própria; quando a ordem divina faz agir, a santidade se encontra na atividade.

Além dos deveres impostos a cada um pelo próprio estado, Deus pode exigir ainda certas ações, não incluídas nesses deveres, embora não lhes sejam opostas. O atrativo e a inspiração são nesse caso o sinal da ordem divina; e o mais perfeito para as almas assim conduzidas por Deus é acrescentar, às coisas ordenadas, as inspiradas, mas com as precauções que a inspiração exige para não prejudicar os deveres de estado, nem os fatos de pura Providência.

Deus forma os Santos como Lhe apraz; é a Sua ordem que faz a todos e todos estarão sujeitos a essa ordem: tal submissão é o verdadeiro abandono, é o mais perfeito.

O cumprimento dos deveres de estado e a aceitação das disposições da Providência, eis a parte comum a todos os Santos. Vivem ocultos na obscuridade, pois o mundo é tão funesto que lhes evitam os obstáculos; mas não é nisto que fazem consistir a sua santidade: esta consiste inteiramente na submissão à ordem de Deus. Quanto mais absoluta esta submissão, mais se santificam. Não se deve julgar que os Santos, nos quais Deus faz resplandecer as virtudes por ações singulares e extraordinárias, por atrativos e inspirações indubitáveis, por tal motivo sigam menos o caminho do abandono. Desde que a ordem de Deus lhes impõe como dever essas obras brilhantes, não estariam abandonados a Deus e à Sua vontade, esta não seria senhora de todos os seus momentos nem seriam todos os seus momentos vontade de Deus, se se contentassem com os deveres de estado e com os fatos de pura Providência. É preciso que eles se estendam e se meçam segundo a extensão dos desígnios de Deus, no caminho que lhes é imposto pelo atrativo. É preciso que a inspiração lhes seja um dever, e que sejam fiéis a esse dever. E, como há almas para as quais todo dever é assinalado por uma lei exterior a que se devem limitar, porque assim o determina a ordem de Deus, há outras para as quais é necessário, além do dever exterior, sejam também fiéis à lei interior que o Espírito Santo lhes grava no coração.

Mas, quais os mais santos? É vã e pura curiosidade procurar sabê-lo. Cada um deve seguir o caminho que lhe está traçado. A perfeição consiste em submeter-se plenamente à ordem de Deus e em não deixar fugir nada do que se lhe acha de mais perfeito. A comparação dos diversos estados considerados em si mesmos nada nos adianta, pois não é na quantidade ou na qualidade das coisas ordenadas que se deve procurar a santidade. Se é o amor-próprio, o princípio que nos faz agir, ou se não é corrigido ao se perceberem suas indagações, sempre se será pobre na abundância, não cumulada pela ordem de Deus. Entretanto, para decidir, de certo modo, a questão, julgo que a santidade corresponde ao amor pelo beneplácito de Deus e que, quanto mais amada essa vontade e essa ordem, seja qual for a natureza do material que ordenam, mais santidade existe também. Isso se verifica em Jesus, Maria e José; pois, em sua vida particular, há mais amor que grandeza, e mais forma que matéria. E não se escreve que pessoas tão santas tenham procurado a santidade das coisas, mas somente a santidade nas coisas.

Devemos pois concluir que, não há caminho particular que seja o mais perfeito, mas que, o mais perfeito, em geral, é a submissão à ordem de Deus, seja no cumprimento dos deveres exteriores, seja em nossas disposições interiores.

Creio que, se as almas seriamente tendentes à santidade fossem instruídas a respeito desse proceder tão necessário, poupariam muitas fadigas. O mesmo digo das pessoas do século e das almas de Providência. Se as primeiras soubessem o mérito oculto no que possuem a cada instante, isto é, nos deveres cotidianos e nas ações ordinárias de seu estado; se as outras pudessem persuadir-se de que o fundamento da santidade consiste em objetos a que não dão importância alguma, considerando-os até estranhos; se compreendessem todas que, para elevar-se ao mais alto grau de perfeição, abrem-lhes caminho muito mais curto e mais seguro as cruzes da Providência, fornecidas a cada momento por seu estado, que os estados e obras extraordinárias; que a verdadeira pedra filosofal é a submissão à ordem de Deus, transformando em ouro divino todas as suas ocupações, desgostos e sofrimentos, como seriam felizes! Quanta consolação e coragem não haveriam de haurir no pensamento de que, para conquistar a amizade de Deus e todas as glórias do Céu, não é preciso fazer mais do que fazem, nem sofrer mais do que sofrem; para adquirir uma santidade eminente, bastaria aquilo que deixam perder, julgando-o sem nenhum valor!

Ó meu Deus, como desejaria ser o Missionário desta santa vontade e ensinar a todos que nada há de tão fácil, tão comum e tão atual nas mãos de todos, quanto a santidade! Como desejaria fazer que compreendessem perfeitamente, que, assim como o bom e o mau ladrão não tinham de agir e sofrer de maneiras diversas para serem santos, também suas almas, uma mundana, outra toda interior e espiritual, não têm mais a agir e sofrer uma que outra. A que se santifica adquire a eterna felicidade, fazendo pela submissão à vontade o que faz por fantasia a que se condena. E esta, condena-se, sofrendo de mau grado e com murmuração o que sofre com resignação a que se salva! Portanto, só o coração é diferente.

Ó caras almas que ledes estas linhas, isso nada mais vos custará. Fazei o que fazeis, sofrei o que sofreis. Basta mudar o vosso coração. O que se entende por coração, é a vontade. A mudança consiste pois em querer o que nos acontece por ordem de Deus. Sim, a santidade do coração é um simples fiat, uma simples disposição de vontade conforme a de Deus; haverá algo mais fácil? Pois, quem não pode amar uma vontade tão amável e tão boa? Amemo-la portanto, e, somente pelo amor, tudo em nós se tornará divino.



1ª Oração4


Nós merecemos com justiça o nome de pecadores, mas Vós, ó Virgem Maria, mereceis o glorioso título de Refúgio dos pecadores, dado pela Igreja. Sendo Mãe de Nosso Divino Salvador, Vos tornastes, ao mesmo tempo, Mãe de misericórdia e Rainha poderosa do Céu e da terra, com desejo e poder de socorrer a todos os que a Vós recorrem.

Nós Vos rogamos, ó Mãe bondosíssima, vinde em nosso auxílio; reconhecemo-nos, pois, pecadores, na amargura do nosso coração. Obtende-nos a dor e o perdão dos nossos pecados pelos quais Deus nos castiga justamente, assim como a graça de chorá-los sempre e de nunca mais cometê-los. Assim seja.

Ave Maria…

V. Refúgio dos pecadores.

R. Rogai por nós.



2ª Oração


Quem, senão Vós, poderá jamais na tristeza consolar-nos, ó Virgem amantíssima, proclamada Consoladora dos aflitos pela Igreja? Consolou os nossos primeiros pais a promessa do vosso nascimento; consolastes ao mundo dando-lhe o grande Reparador de nossos males e fostes, em todo o tempo, a Consoladora daqueles que, com fé, recorreram a Vós.

Sede também nossa consoladora, ó poderosíssima Advogada; nós vô-lo rogamos. Gemendo sob o peso de nossas aflições, por Vós suspiramos; obtende-nos do Pai das misericórdias e Deus de toda consolação o socorro necessário em todas as nossas misérias e tribulações. Assim seja.

Ave Maria…

V. Consoladora dos aflitos.

R. Rogai por nós.



3ª Oração


Ó Virgem Imaculada, destinada por Deus para serdes o socorro do povo cristão em suas necessidades, a Vós recorrem os doentes em suas enfermidades, os pobres em suas indigências, os aflitos em suas adversidades, os marinheiros nas tempestades, os soldados nas batalhas, os agonizantes no momento da morte, e todos obtém de vosso Coração materno auxílio e conforto!

Também nós colocamo-nos sob a vossa proteção, ó Mãe da Divina Providência, e cheios de confiança em vossa inefável bondade suplicamo-Vos queirais atender às orações que Vos dirigimos. Livrai-nos de todos os perigos e males, obtende-nos as graças de que precisamos e conduzi-nos felizmente ao porto desejado da eterna salvação. Assim seja.

Ave Maria…

R. Socorro dos cristãos.

R. Rogai por nós.



LEMBRAI-VOS

a Nossa Senhora da Providência


IMPRIMATUR:

Tornaci, 31 Julii 1939.

J. Lecouvet, Vic. Gen.


Lembrai-Vos, ó boa e piedosa Virgem Maria, que nos fostes dada para ser nosso amparo e providência. Cheios de confiança em vossa bondade, chamamo-Vos em nosso auxílio, vinde assistir-nos. Confiamo-Vos nossas tribulações e necessidades, vinde aliviá-las; nossos projetos e trabalhos, vinde abençoá-los. Vós, que podeis tudo obter, Ó Nossa Senhora da Providência, socorrei-nos, protegei a Santa Igreja, a Pátria, todos os que em Vós confiam, aqueles mesmos que não sabem mais Vos implorar. Abri-nos o vosso Coração, este Coração tão bondoso, confidente de tantas dores; e, porque Vós sois Mãe, ó Nossa Senhora da Providência, dignai-Vos ouvir nossas preces e atendê-las. Amém.

Ave Maria...



Ladainha

de Nossa Senhora

da Divina Providência.5


(Estas Ladainhas foram compostas em 1871

por uma Religiosa do Convento de Roule, em Paris,

e aprovadas pelo Cardeal Arcebispo Guibert).


Eterno Pai, que sois nosso Pai, tende compaixão de nós.

Jesus, Salvador das almas, tende compaixão de nós.

Espírito Santo Consolador, tende compaixão de nós.

Santíssima Trindade, Providência divina, tende compaixão de nós.


Nossa Senhora da Providência, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, Mãe da graça e da misericórdia, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, Mãe incomparavelmente amável, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, Mãe admirável, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, Estrela do mar, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, Torre de Davi, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, Consoladora dos aflitos, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, Saúde dos enfermos, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, Salvação dos pecadores, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, Porta do Céu, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, nosso Refúgio, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, nossa Força, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, nossa Esperança, rogai por nós.

Nossa Senhora da Providência, nossa Mãe, rogai por nós.


Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Senhor.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.


V. Rogai por nós, ó doce Mãe da Divina Providência.

R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.


Oremos: Nós Vos suplicamos, Senhor, pela intercessão da Bem-aventurada e sempre Virgem Maria, que defendais de todo o mal esta família que se prostra diante de Vós e, pela vossa misericórdia, livrai-a dos seus inimigos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

Oremos: Ó Deus, cuja Providência não se engana na ordem de seus desígnios, suplicamo-Vos, por intercessão da Bem-aventurada e sempre Virgem Maria, Mãe de vosso Filho, que afasteis de nós tudo o que nos for nocivo, concedendo-nos ao mesmo tempo tudo quanto nos possa ser proveitoso. Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.


*Ou reza-se a Ladainha Lauretana.



Ladainha de Nossa Senhora

(Atualizada)


Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, tende piedade de nós.

Senhor, tende piedade de nós.


Jesus Cristo, ouvi-nos.

Jesus Cristo, atendei-nos.


Pai celeste que sois Deus, tende piedade de nós.

Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.

Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.

Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.


Santa Maria, rogai por nós.

Santa Mãe de Deus, rogai por nós.

Santa Virgem das Virgens, rogai por nós.

Mãe de Jesus Cristo, rogai por nós.

Mãe da Igreja,*6 rogai por nós.

Mãe de misericórdia,*7 rogai por nós.

Mãe da divina graça, rogai por nós.

Mãe da esperança,* rogai por nós.

Mãe puríssima, rogai por nós.

Mãe castíssima, rogai por nós.

Mãe imaculada, rogai por nós.

Mãe intacta, rogai por nós.

Mãe amável, rogai por nós.

Mãe admirável, rogai por nós.

Mãe do bom conselho, rogai por nós.

Mãe do Criador, rogai por nós.

Mãe do Salvador, rogai por nós.

Virgem prudentíssima, rogai por nós.

Virgem venerável, rogai por nós.

Virgem louvável, rogai por nós.

Virgem poderosa, rogai por nós.

Virgem clemente, rogai por nós.

Virgem fiel, rogai por nós.

Espelho de justiça, rogai por nós.

Sede de sabedoria, rogai por nós.

Causa da nossa alegria, rogai por nós.

Vaso espiritual, rogai por nós.

Vaso honorífico, rogai por nós.

Vaso insigne de devoção, rogai por nós.

Rosa mística, rogai por nós.

Torre de Davi, rogai por nós.

Torre de marfim, rogai por nós.

Casa de ouro, rogai por nós.

Arca da aliança, rogai por nós.

Porta do céu, rogai por nós.

Estrela da manhã, rogai por nós.

Saúde dos enfermos, rogai por nós.

Refúgio dos pecadores, rogai por nós.

Conforto dos migrantes,* rogai por nós.

Consoladora dos aflitos, rogai por nós.

Auxílio dos cristãos, rogai por nós.

Rainha dos anjos, rogai por nós.

Rainha dos patriarcas, rogai por nós.

Rainha dos profetas, rogai por nós.

Rainha dos apóstolos, rogai por nós.

Rainha dos mártires, rogai por nós.

Rainha dos confessores, rogai por nós.

Rainha das virgens, rogai por nós.

Rainha de todos os santos, rogai por nós.

Rainha concebida sem pecado original, rogai por nós.

Rainha elevada ao céu, rogai por nós.

Rainha do sacratíssimo rosário, rogai por nós.

Rainha da família,*8 rogai por nós.

Rainha da paz, rogai por nós.


Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos Senhor.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos Senhor.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.


V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.

R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.


Oremos: Senhor Deus, nós Vos suplicamos que concedais aos vossos servos perpétua saúde de alma e de corpo; e que, pela gloriosa intercessão da Bem-aventurada sempre Virgem Maria, sejamos livres da presente tristeza e gozemos da eterna alegria. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.



MATER DIVINAE PROVIDENTIAE,

ORA PRO NOBIS.


_________________________________

1.  Oração indulgenciada. Leão XIII, 27 de Fevereiro de 1886.

2.  Arquiconfraria de Nossa Senhora Mãe da Divina Providência, ob. cit. pp. 49-50.

3.  Rev. Pe. De Caussade, S.J., “O Abandono à Providência Divina”, Cap. VIII, pp. 33-40. Edições Paulinas, São Paulo/SP, 1956.

4.  Arquiconfraria de Nossa Senhora Mãe da Divina Providência – Estatutos e Orações, Novena, p. 51. Ereta na Igreja de Nossa Senhora da Divina Providência, dos Padres Barnabitas, Catete, Rio de Janeiro/RJ, 1957.

5.  Arquiconfraria de Nossa Senhora Mãe da Divina Providência, ob. cit. pp. 57-59.


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