Blog Católico, para os Católicos

BLOG CATÓLICO, PARA OS CATÓLICOS.

"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

domingo, 30 de abril de 2023

SANTA CATARINA DE SENA, VIRGEM.


Célebre pelas grandes graças de que Deus a cumulou, quase desde o berço, Santa Catarina era filha de um tintureiro de Sena, na Toscana, chamado Tiago Benincasa. Nasceu no ano de 1347. Sua mãe Lapa, que não pudera resolver-se a alimentar nenhum dos outros filhos que tinha tido, quis amamentar, levada por um sentimento de predileção, esta menina, a mais nova.

Catarina, a quem a sua alegria natural e bom humor fizeram dar o sobrenome de Eufrosina, manifestou desde os seus primeiros anos tanto pendor para a virtude, que desde a idade de cinco anos era conhecida pelo nome de pequena santa. Pode dizer-se que a sua piedade preveniu a sua razão. Apenas aprendeu a Saudação Angélica, muitas vezes se punha de joelhos para a recitar. Dir-se-ia que tinha nascido com a devoção mais terna pela Mãe de Deus. E Jesus Cristo inspirou-lhe desde a infância um desejo tão ardente de se consagrar logo aos oito anos.

As graças foram desde logo mais abundantes, e viram-na fazer em cada dia novos progressos na virtude. Uma visão, que se crê que tivera de Jesus Cristo, abrasou-a de tal sorte no amor divino, que desde esse dia se transformou em vítima Sua. A sua predileção era pela solidão e pela oração; a abstinência, o jejum e outras mortificações que escondia das vistas de seus pais, tornaram-se-lhe familiares; todo o seu empenho consistia em agradar cada vez mais ao seu Divino Esposo.

Uma ligeira complacência custou-lhe caro. Sua mãe, vendo que de todas as suas filhas, nenhuma possuía qualidades que prometessem mais vantajoso enlace do que Catarina, obrigou-a a vestir com menos negligência, e a cultivar com cuidado as graças naturais que recebera de Deus. Uma de suas irmãs casada não lhe dava descanso; e foi para se eximir a esta vexação doméstica, que consentiu em frisar os cabelos; mas, tendo conhecido na oração quanto esta condescendência tinha desagradado a Deus, tão vivo arrependimento concebeu por isso, que daí em diante nunca deixou de se acusar desse pequeno delito com abundância de lágrimas, como do maior pecado de toda a sua vida.

No entanto, esta grande inclinação que tinha pelo retiro desagradou a seus pais. Pensavam em casá-la; um jovem, encantado com sua virtude e com suas belas qualidades, desejava-a para esposa. Toda a sua família aplaudia este partido; mas, instada importunamente para dar o seu consentimento, a nossa Santa cortou os cabelos, e para fazer saber a todos que não queria outro esposo além de Jesus cristo, pôs um véu sobre a cabeça. Este procedimento melindrou seus pais; resolveram fazer-lhe perder todos os pensamentos de devoção; e para o conseguir sobrecarregaram-na, sozinha, com todo o serviço da casa.

Posto que esta laboriosa humilhação a indenizasse em parte do que perdia em orar a Deus, ainda assim, foi-lhe muito sensível a perda do seu doce retiro. Queixando-se um dia disso ao Salvador, uma voz interior lhe ensinou o segredo de encontrar o recolhimento entre o cansaço do trabalho doméstico.

Desde então, não mais perdeu a Deus de vista. A multiplicidade de suas numerosas ocupações não pode interromper a sua oração; estava tranquila; a sua perseverança desarmou seus pais. Seu pai, vendo a firmeza da sua virtude, não mais duvidou de que fosse deus o Autor de seus desígnios. Sua mãe, encantada com a sua paciência e doçura, resolveu não mais se opor às vistas de Deus; e um e outro lhe deixaram liberdade para seguir os movimentos da graça.

Catarina aproveitou-se desta indulgência para se ensaiar nos prelúdios da vida austera, que se propunha encetar na Congregação das Irmãs da Penitência. Absteve-se absolutamente de vinho e carne, alimentando-se somente de ervas cruas com pão. Duas tábuas sem palha nem colchões, serviam-lhe de leito e de mesa.

Uma cadeia de ferro armada de pontas, que nunca largou senão por obediência, poucas horas antes de sua morte, fazia as vezes de um rude cilício; também se impôs a proibição do uso de linho na idade de dezoito anos, e desde então a sua vida não foi mais que um jejum contínuo e um prodígio de penitência. Apenas dormia uma hora durante a noite; todo o resto do tempo era empregado na oração.

Confessou ao seu Diretor, que nada lhe tinha custado tanto a combater, como a necessidade de dormir. Tomava três vezes ao dia a disciplina com uma inocente crueldade. Custa a compreender, como uma donzela de dezoito anos, de uma saúde delicada, de uma compleição fraca, pudesse sustentar tão espantosas austeridades. Toda a tarefa do seu Diretor, era moderar o ardor extremou que a impelia a macerar o corpo.

Caiu doente. Sua mãe que tão fortemente a provara, mas que a amava mais do que as suas irmãs, ficou consternada. Catarina declarou-lhe que sua saúde dependia da sua entrada na Ordem Terceira de São Domingos, o que obrigou a mãe, embora contrária a esta resolução, a solicitar das irmãs o hábito para sua filha.

Recebeu-o com efeito, e com esta preciosa libré de Jesus Cristo, recebeu essa abundância extraordinária de Dons Sobrenaturais, que dela fizeram uma das maiores Santas dos últimos séculos. Livre já dos obstáculos, que até então tinham impedido o seu fervor e as suas devoções, prescreveu-se um silêncio de três anos, durante os quais não falava senão ao seu Confessor, e não saía de sua cela senão para ir à igreja. Uma outra lei se impôs bem árdua: a de passar em oração todo o tempo da noite, em que os religiosos não estivessem no coro. O pouco repouso que tomava em seguida sobre as tábuas ou na terra nua, dificilmente impedia a sua oração.

Invisível ao resto das criaturas, esta santa donzela gozava à vontade essas doçuras espirituais, que são uma prelibação das alegrias do Céu, quando o Inferno, cioso e irritado de sua inocência, excitou em sua alma uma horrível tempestade. Esta alma pura foi atacada por mil fantasmas abomináveis e por imundas representações, e no coração por tentações as mais vergonhosas e humilhantes.

Tanto mais se alarmou com isso, quanto a sua pureza era mais delicada e mais perfeita. Pouco importou que redobrasse de austeridade e de súplicas, que fizesse esforços heroicos para extinguir estes fogos com suas lágrimas; Deus quis provar a sua virtude por esta humilhante tribulação, fazer-lhe sentir a força e a necessidade da graça e prepará-la para os favores mais extraordinários, por estas aflitivas humilhações.

Uma aparição da Santíssima Virgem e do Salvador, veio anunciar-lhe a vitória e trouxe a calma. Daí em diante, os êxtases foram contínuos, frequentes as revelações; viram-na dias inteiros em êxtases numa íntima comunicação com Deus. Eram ordinários os colóquios com os Santos; mas nada mais admirável, do que a sua familiaridade com a Santíssima Virgem, a quem chamava sua mãe e com Jesus cristo, seu celestial Esposo.

O Padre Raimundo de Cápua, Geral dos Dominicanos, seu Confessor, que escreveu a vida desta Santa, assegura que, redobrando as suas orações e penitências nos últimos dias de carnaval, se sentiu impelida no fervor da oração a pedir instantemente a jesus Cristo uma fé tão viva, que nunca pudesse enfraquecer, e uma fidelidade a toda a prova para ser uma esposa eternamente agradável a Seus divinos olhos.

O divino Salvador, acrescenta este historiador, apareceu-lhe com a Santíssima Virgem, São João e São Domingos e outros Santos, declarou-lhe que tinha atendido a sua súplica, que lhe concedia o que Lhe pedira, que se dignava considerá-la como esposa; como sinal sensível desta graça traria no resto dos seus dias um anel no dedo. Durante esta visão, Deus derramou graças abundantes em sua alma; pareceu-lhe que Jesus cristo lhe dava um rico anel, e assegurou muitas vezes a seu Confessor, que este anel miraculoso, invisível a qualquer pessoa, ela o tinha continuamente no dedo.

Até aqui, sepultada em seu retiro, esta santa donzela não aparecia senão junto dos altares.

Depois deste insigne favor, Deus fez-lhe conhecer que os exercícios de caridade reclamavam que ela se mostrasse um pouco mais no mundo. Começou por servir duas pobres mulheres enfermas. Uma delas chamada Teca, estava por tal forma tocada de lepra, que ninguém ousava aproximar-se dela, e já se tratava de a por fora da cidade. A Santa, vendo-a abandonada de todos, quis tomar cuidado dela por si própria. Ia visitá-la todos os dias duas vezes, para lhe fazer todo o serviço. Esta mulher em vez de lhe ser grata, não a recebia senão com desgosto, não lhe dizia senão injúrias; parecia que a Santa era sua escrava. Uma conduta tão selvagem, aumentou-lhe a caridade; serviu-a até à morte com um zelo e uma assiduidade espantosa. Tratou de outra mulher, chamada Andria, que sofria de um cancro no peito, não podendo ninguém suportar-lhe o mau cheiro.

Nos primeiros dias parecia tocada, e mesmo confundida de ver a caridade da Santa; mas, acostumando-se insensivelmente ao seu trato, chegou ao ponto de denegrir a reputação da sua benfeitora com atrozes calúnias, publicando que tinha seus amores, e que empregava neles todo o tempo que fingia em segredo dar à oração.

Uma outra caluniadora, chamada Palmerina, se lhe agregou, e soube dar tais cores aos seus embustes, que os fez acreditar não só dos libertinos, mas de muitas pessoas de bem. Por muito sensível que fosse a Santa a uma calúnia tão infamante, nunca disse uma palavra para se justificar; redobrou as suas visitas à doente e a sua caridade. Sentindo um dia repugnância em servi-la, colou a boca em sua chaga horrível, para se vencer, e só repelia tão atrozes calúnias por novos benefícios. Estas infelizes reconheceram a sua falta, publicaram a inocência e a santidade de Catarina, que tinha sofrido menos com suas calúnias, do que sofria agora com suas retratações.

A sua caridade para com os pobres teria esgotado todo o patrimônio que encontrara em sua família, se Deus não tivesse suprido por milagres. O próprio Jesus cristo, disfarçado em trajes de pobre, pareceu querer impelir ao extremo a sua paciência e as suas liberalidades.

Depois de lhe ter dado tudo o que tinha podido mendigar, rogou-lhe que aceitasse ainda o que era para seu sustento. Na noite seguinte o Salvador apareceu-lhe e fez-lhe conhecer de uma maneira bem consoladora, que fora a Ele próprio que ela tinha dado a esmola no dia anterior.

A sua caridade era imensa, e o seu zelo pela salvação das almas excessivo, poucos infelizes havia, a quem não assistisse e não convertesse. A vida desta grande Santa não é mais do que uma cadeia de maravilhas, toda ela é um prodígio. Perdeu o gosto e o uso dos alimentos; só vivia da Eucaristia; este Pão dos Anjos foi o seu único alimento; não podia suportar os outros; passou desde o princípio da Quaresma até ao dia da Ascensão sem tomar coisa alguma.

A Comunhão diária alimentava-a. Disse um dia ao seu Confessor, que o seu divino Esposo lhe tinha tirado o seu coração para pôr o d’Ele no lugar do dela, e que por um favor singular, o Senhor lhe tinha imprimido os Estigmas de Suas Chagas, cuja dor sentia continuamente, mas que obtivera de Jesus Cristo que nada aparecesse aos olhos do mundo.

A todas estas graças extraordinárias, deus acrescentara o Dom da Inteligência e da Sabedoria, que a fez considerar como o Oráculo do seu século. Diversas obras que possuímos com o seu nome, e singularmente muitas cartas que escreveu ao Papa, aos Cardeais e aos Príncipes, são excelentes provas da sublimidade do seu engenho.

Tendo-a obrigado o bem público da Igreja a sair do seu retiro, mostrou bem que a santidade não é ociosa e que os Santos sabem deixar as doçuras tranquilas da solidão, quando a Deus apraz servir-se deles.

Tendo-se levantado os florentinos contra a Igreja Romana, e tendo sido excomungados pelo Papa Gregório XI, reconheceram que ninguém seria mais próprio para negociar a sua reconciliação do que Catarina.

Foi ter com o Papa, que estava então em Avinhão. Foi recebida pelo Santo Padre e pelos Cardeais com todo o respeito que merecia a sua virtude. Não teve dificuldade em abrandar o espírito do Papa, que teve tanta deferência para com ela, que quis que fosse o árbitro da paz, que devia conceder aos florentinos. Ela, porém, não tinha menos a peito um outro negócio ainda mais importante: era o da volta dos Papas para Roma, donde estavam ausentes havia setenta anos. O Papa Gregório, repreendendo um dia um Bispo, porque não residia na sua Diocese, ouviu esta resposta: “É a exemplo dos Papas, que há setenta anos estão ausentes de Roma”.

Posto que esta resposta fosse menos respeitosa, não deixou de surtir efeito; o Soberano Pontífice fez voto imediatamente de restabelecer a Santa Sé em Roma. Tendo pedido o parecer à nossa Santa: Ah, Santo padre, respondeu, para que consultar sobre o que Vossa Santidade já prometeu a Deus?” O Papa, surpreendido com este conhecimento que só Deus lhe podia ter dado, não hesitou um momento. Partiu de Avinhão a 13 de Setembro de 1375, e fez a sua entrada em Roma a 17 de Janeiro do ano seguinte.

Não tardou em chamar para ali a Santa; aproveitou-se dos seus conselhos, e muito confiou na eficácia das suas orações.

À morte do Papa, que sucedeu dois anos depois, seguiu-se um funesto cisma. Urbano VI, sucessor de Gregório, não honrou menos Santa Catarina de que seu predecessor. A Santa, convencida de que era este o legítimo Pastor da Igreja, trabalhou com todas as forças para que todos o reconhecessem por tal.

O Papa estava resolvido a enviá-la à Rainha de Nápoles e da Sicília; Catarina por sua fé, caridade, zelo e valor, prestava-se a desempenhar essa missão para maior glória de Deus, quando se sentiu acometida de grande enfermidade. Durante quatro meses padeceu dores tão vivas e tão extraordinárias, que ninguém duvidou de que semelhante enfermidade não fosse sobrenatural. Mostrou no meio dos seus padecimentos uma virtude heroica.

Foi a sua preciosa morte em tudo conforme com sua santa vida; suspiros, êxtases, incêndios do divino amor, foram toda a sua agonia. Gasta pelo rigor de suas incompreensíveis penitências, consumida de trabalhos, cumulada de graças e merecimentos, expirou em Roma no dia 20 de Abril de 1380, aos 33 anos de idade, deixando não só às suas irmãs, de quem fora Superiora, mas a todos os fiéis, admiráveis exemplos de todas as virtudes.

Esteve por alguns dias exposto o sagrado corpo à veneração pública, e depois foi enterrado solenemente na igreja de Minerva, onde não tardou que o Senhor confirmasse com novos milagres a opinião de santidade, que em vida alcançara. No ano de 1461, foi canonizada pelo Papa Pio II com toda a solenidade e pompa, que mostrava a singular veneração e confiança que sempre têm colocado os povos e nações nesta insigne Santa.

Venera-se em Sena o seu crânio e no Convento dos Dominicanos de São Sisto de Roma uma das mãos inteira, como também um pé inteiro em Veneza, no Convento das Monjas Dominicanas.

É certo que muito tempo antes de Santa Catarina de Sena, florescia já em todo o Orbe Cristão a Terceira Ordem da Penitência do Patriarca São Domingos, pela vida exemplar de inumeráveis pessoas piedosas que, sem deixarem o mundo, nem se encerrarem em clausura, mostravam evidentemente que se podia viver no século, e viver praticando os primores da perfeição cristã pela observância da regra que deixou o Santo Patriarca.

Mas não sofre dúvida, que a eminente reputação de Santa Catarina acrescentou um grande e brilhante esplendor a esta Congregação, a qual continua a edificar o mundo com as grandes virtudes que praticam os que têm a dita de se alistarem nela. Por decreto de 13 de Abril de 1866, Pio IX declarou Santa Catarina de Sena, a segunda Padroeira de Roma.


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Fonte: Pe. Croiset, S.J., Ano Cristão”, Vol. IV, pp. 414-421, 30 de Abril, Festa de Santa Catarina de Sena, Virgem; Tradução do Francês pelo Pe. Matos Soares, Porto, 1923.


quinta-feira, 27 de abril de 2023

OU A SANTIDADE, OU O DIABOLISMO.


"O MUNDO PEDE SANTOS. 

SE OS CATÓLICOS NÃO LHE DÃO O QUE PEDEM, 

TANTO PIOR PARA ELES E PARA TODOS; 

O MUNDO VINGAR-SE-Á, 

E PROCURARÁ A SUA CONSOLAÇÃO 

NO DIABO"


(Jacques Maritain, "Primauté du spirituel" 

- Prioridade do Espiritual, Capítulo Terceiro, 1927).


MATER BONI CONSILII.

MÃE DO BOM CONSELHO1


Oração para Antes da Meditação.2


Ó Maria Imaculada, Soberana Rainha das virgens, eis que me ponho sob a vossa maternal proteção e me consagro neste dia totalmente a Vós.

Consagro-Vos o meu corpo com todos os seus sentidos, o meu coração com todos os seus afetos, a minha alma com todas as suas potências, a minha vida inteira, para que todos os meus movimentos sejam um contínuo ato de amor.

Coloco também, ó minha Mãe, sob a vossa salvaguarda as minhas penas e consolações, as minhas misérias passadas, presentes e futuras, sobretudo, os meus últimos momentos, suplicando-Vos que, assim como entrastes no mundo isenta de pecado, me obtenhais de Jesus, vosso Divino Filho, a graça de sair deste exílio sem pecado.

Finalmente, Mãe Santíssima, ensinai-me a amar a Jesus, para que comece já aqui na terra a viver, a vida que viverei por toda a eternidade, entoando o cântico de amor na vossa companhia e na de todos os Anjos e Santos por todos os séculos dos séculos. Assim seja.



Meditando aos Pés de Maria

I – O Conselho, é um Dom do Espírito Santo, que em circunstâncias obscuras ou complicadas, nos ilumina e mostra como devemos agir, de que processos nos devemos valer, para não nos afastarmos da Vontade Divina.

Antes de executarmos, ensina-nos a refletir, a ponderar os prós e os contras, a consultar, a julgar e por fim, a decidir. Desse modo, o Dom do Conselho, é um auxiliar da virtude da Prudência e o seu complemento sobrenatural.

O Dom do Conselho não exclui o recurso a conselheiros humanos, que nos podem emprestar alguma coisa das suas luzes e experiências. Pelo contrário, a sábia economia da Providência Divina, ensina-nos a não recorrer a meios extraordinários quando temos à mão os ordinários.

Mas consultados os companheiros e as luzes alheias, o Dom do Conselho ensina-nos a ponderar, a tomar o peso aos conselhos recebidos, a avaliar sugestões adventícias, a fim de não darmos um passo em falso. Ensina-nos também, por uma sábia previdência a prevenir as faltas dos nossos subordinados, para não termos de as remediar por meios mais dolorosos. Ensina-nos, enfim, os caminhos da retidão de consciência; e, em circunstâncias excepcionalmente delicadas, ensina-nos a não confiarmos demasiado em nós mesmos, nas nossas luzes e perspicácia, numa palavra, a não nos julgarmos infalíveis.

Quem possui o Dom do Conselho, é oportuno nas medidas que toma, não é precipitado nas suas resoluções, não sacrifica o bom certo ao ótimo incerto, não joga levianamente com a sua autoridade, expondo-a a enxovalhos ou a descréditos, não se aventura a empreendimentos, de que depois haja de se arrepender.

II. Não há dúvida que os encômios tributados pela Sagrada Escritura à Sabedoria, visam diretamente o Verbo de Deus, Segunda Pessoa da Augustíssima Trindade, que é a Sabedoria Eterna. Mas depois que essa Sabedoria encarnou, Maria ficou sendo o Seu Santuário Augusto, o Seu Templo vivo, e por conseguinte, o trono da Sabedoria Divina, Sedes Sapientiae, que é um dos títulos com que a Igreja desde séculos A invoca.

Ora, se a Sabedoria habita n’Ela como no Seu Santuário de predileção, não é estranho que Ela ficasse sendo guarda e depositária dos Seus tesouros, que deles seja feita participante na plena medida da Sua capacidade, e que, portanto, a Igreja Lhe aplique complacente os encomiásticos predicados que os Livros Santos tributam à Sabedoria Incriada, a começar pelo de Mãe do Bom Conselho, uma vez que ao Filho é dado o nome de Conselheiro, “Consiliarius”.

Efetivamente, qual a criatura humana que jamais recebeu tão rica efusão dessa ciência dos Santos, que ilumina o espírito e o habilita a iluminar os outros com o fulgor e prestígio do seu conselho esclarecido?

O recolhimento de Maria, menina ainda, no recinto do Templo, a Sua comunicação contínua com o Pai das Luzes, as Suas palavras ao Anjo no Mistério da Anunciação, a Sua vida em Nazaré escondida em Deus, revelam-nos bem eloquentemente, quanto a Sua Alma privilegiada se encontrava adornada desses dons preciosos que bastavam para fazer d’Ela a Mãe do Bom Conselho.

E em que outra criatura brilhou algum dia, como em Maria no Calvário, esse Dom da Fortaleza, que A fez triunfar das mais rudes provas? Onde se viu brilhar, como na Virgem prudentíssima, o Dom do Conselho, que nas circunstâncias mais delicadas nos encaminha e leva a decisões seguras, evitando escolhos traiçoeiros, o Dom da Inteligência que penetra nas regiões mais elevadas da graça? Quem como Ela possuiu em tão alto grau o Dom da Sabedoria, coroa de todos os outros, que consiste em bem conhecer o princípio e o fim de todas as coisas e os caminhos que a esse fim nos conduzem?

Ah, que Ela nos obtenha de Deus o espírito de docilidade filial, para sermos fiéis aos Seus conselhos maternais: “Filii, audite me: Beati qui custodiunt vias meas – Agora, pois, filhos, ouvi-me: Bem-aventurados os que guardam os meus caminhos”.3

III. Virgem prudentíssima, trono da Sabedoria, que mais Lhe falta para saudarmos n’Ela a Mãe do Bom Conselho? Porventura, segundo o princípio acima justificado, não se pode aplicar a Ela o que o Livro Sagrado faz dizer à Sabedoria Incriada: “Eu sou a Sabedoria, eu presido aos pensamentos dos sábios…, meu é o conselho, minha é a prudência?”4

E, se o conselho é atributo e apanágio Seu, Ela é a Mãe do Bom Conselho, e, como tal, Ela cumprirá fielmente as promessas que na Sagrada Escritura nos são formuladas pela própria Sabedoria. Quem madruga para me buscar, encontrar-me-á.5 E quem me encontrar, encontrará a vida e receberá do Senhor a salvação.6

Encontrar a vida, é realizar todas as nossas aspirações. O primeiro preceito da vida, é fugir do mal. Ora, quem encontra Maria, a prudência o guardará para o livrar de maus caminhos e de más companhias.7 Nas nossas dúvidas, hesitações e perplexidades Ela nos inspira as prudentes resoluções que devemos tomar, porque Ela dirige as sábias deliberações.8

Que ilimitada confiança não devemos então depositar na Mãe do Bom Conselho, tão rica em tesouros de prudência e de sabedoria!

É insensatez, diz São João Clímaco, não tomar o homem conselho senão consigo mesmo, pois, constituir-se o homem mestre de si mesmo é fazer-se discípulo de um louco. Não devemos, pois, ser desses insensatos que cegamente confiam nas próprias luzes, quando o Espírito Santo nos manda em todas as nossas dúvidas tomar conselhos com um homem prudente.9 São Paulo, destinado a ser o grande luzeiro da Igreja, é mandado pelo Salvador aconselhar-se com Ananias, para saber o que devia fazer.10

Os Santos ensinam-nos como devemos implorar as luzes do Céu pela oração. Em suas dúvidas, perante gravíssimas resoluções que deviam tomar, quando as mais opostas sugestões solicitavam a sua adesão, era das próprias inclinações que primeiro se acautelavam, premunindo-se contra caprichos e preconceitos e deixando passar a hora das paixões e exaltações de espírito, para serenamente invocarem as luzes do Céu e deliberarem.

Santo Inácio de Loiola ensina que em hora de trevas e de agitações do espírito não se tome resolução alguma. E, diante de qualquer decisão grave que se haja de tomar, recomenda que se pergunte a si mesmo: “Que resolução tomaria eu se estivesse para morrer? E, na hora da morte, que desejarei eu ter feito nesta hora?”

Fiéis às solicitações maternais da Igreja, que invoca a Mãe da Sabedoria encarnada com o nome de Mãe do Bom Conselho, tomemo-La como nossa Conselheira. Já para os serventes do banquete de Caná, foi Ela a Mãe do Bom Conselho, exortando-os a fazerem tudo o que Seu Filho lhes mandasse. E bem conhecidos são os maravilhosos frutos desse conselho.

Mãe do Bom Conselho será também para nós, em momentos de dúvida e de desorientação, a Virgem de Fátima, e para aqueles, sobretudo, que desempenham cargos públicos de responsabilidade. Que bem aconselhadas se nos manifestam desde o princípio as almas que possuem o genuíno espírito de Fátima! Que acertadas e prudentes as respostas, as declarações, todas as atitudes, enfim, dos videntes de 1917! Que prudência bem superior à da sua idade!

E que senso de oportunidade não nos revela a autoridade eclesiástica diocesana, desde a primeira hora, sabendo esperar, consultar as luzes do alto, evitando precipitações e reações menos ponderadas, e só definindo na medida e na hora em que era necessário definir.

Bem se viu que tinham a Nossa Senhora como Conselheira. Não queiramos outra para nós. O seu conselho será o farol bendito que há de iluminar o nosso roteiro e guiar os nossos passos até aos umbrais da eternidade.



Exemplo


Aqui a trago e nunca mais a largarei.


Era em 1926. Em S. Gião, conselho de Oliveira do Hospital, os dois irmãos Agostinho e Alfredo Elvas Ferreira resolveram proceder à abertura de uma mina para exploração de águas na sua propriedade, contratando para essa empresa um minador experimentado.

Quando a mina ia já a certa altura, deu em rocha firme, tornando-se necessário rompê-la a fogo.

Tendo o minador carregado um tiro na rocha com dinamite, depois de pegar fogo ao rastilho, retirou-se imediatamente com o seu ajudante para fora da mina, até que se desse a explosão. Tardando, porém, a descarga mais que de costume, diz o ajudante para o minador: o rastilho com certeza apagou-se e o melhor será ir lá chegar-lhe novamente o fogo. Concordou o minador, persuadido também de que o rastilho se teria apagado. E confiadamente penetra dentro da mina, avança e, estando a um escasso meio metro do tiro, dá-se a tremenda explosão da dinamite.

Ao ouvi-la fora, o ajudante solta desvairado um grito de pavor, julgando o seu companheiro feito em pedaços. Entra imediatamente pela mina dentro, fantasiando já na imaginação o quadro horroroso com que iria topar.

A certa altura, porém, ouve a voz do companheiro a gritar-lhe: “sai lá para fora, que quero tomar. Não há nada!”

E de fato não houve nada, quando era para ficar feito em estilhaços dos pés até a cabeça. Nem sequer a lanterna de vidro que levava na mão sofrera a mais leve fratura. Parecia um sonho! O minador quase não acreditava na própria existência; como explicar tão inesperada preservação? Antes de o minador iniciar os trabalhos de escavação, uma piedosa senhora, irmã dos dois proprietários, colocara-lhe ao peito uma medalha de Nossa Senhora de Fátima, com esta textual recomendação: “Traga sempre esta medalhinha, para Nossa Senhora o livrar dos perigos”.

Era a Mãe do Bom Conselho que pelos lábios dessa piedosa senhora aconselhava o feliz minador, o qual não ocultou a sua satisfação e prometeu nunca esquecer a recomendação. Conhecedor desse interessante pormenor disse-lhe o Sr. Agostinho Elvas Ferreira: “Sabe a quem deve a sua vida? É a Nossa Senhora de Fátima”. Ao que responde o simpático minador, abrindo desembaraçadamente o peito: “Senhor, aqui a trago e nunca mais a largarei”

O bom conselho lhe salvara a vida.


São Luís Orione


Oração pelos Sacerdotes

Jacinta, a angelical vidente de Fátima, chorou de pena ao saber um dia, que um Sacerdote fora proibido de celebrar. E no seu leito de morte recomendou insistentemente, que se rezasse pelos Sacerdotes.

Rezem pelos Sacerdotes, foi o testamento da inocente menina, ditado sem dúvida, pela Mãe de Deus, que tão bondosamente lhe aparecia durante a doença.

Este rasgo tão comovente da sua vida reparadora, levou-nos a acrescentar… esta curta oração pelos Sacerdotes:11

Ó Jesus, Verbo Eterno do Pai, Fogo abrasador, abrasai as almas dos vossos Sacerdotes no fogo do amor divino, que devora o vosso Coração, para que eles ardam no zelo das almas e as salvem, e, salvando-as, se salvem com elas. Amém.


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1.  Rev. Pe. José de Oliveira Dias, S.J., “Florilégio Ilustrado da Fátima – Novo Mês de Maria”, Dia 8 de Maio, pp. 103-109. 3ª Edição, Edição da Sociedade Brasileira de Educação, Braga/Portugal, 1952.

2.  Indulgenciada por Sua Eminência o Cardeal Patriarca de Lisboa.

3.  Prov. VIII, 32.

4.  Prov. VIII, 12.14.

5.  Prov. VIII, 17.

6.  Prov. VIII, 35.

7.  Prov. II, 11-13.

8.  Prov. II, 12.

9.  Tob. IV, 19.

10.  At. IX, 6-7.

11.  Indulgenciada pelo Eminentíssimo Cardeal Patriarca de Lisboa.


terça-feira, 25 de abril de 2023

QUANDO DEUS PERDOA, ELE REALMENTE SE ESQUECE DOS NOSSOS PECADOS?


SENTENÇA AFIRMADA POR DEUS


Sim! Pois Ele já deixou afirmado esta sentença, quando, falando da salvação gratuita de Israel e sobre a Nova Aliança, determina:

Tu, Jacó, não me invocaste, nem tu, Israel, fizeste caso de mim… Antes me tornaste como que um escravo com os teus pecados, e me causaste pena com as tuas iniquidades. (Apesar disso) sou eu, sou eu mesmo que apago as tuas iniquidades por amor de mim, e não me lembrarei mais dos teus pecados”.1 E em outro lugar:

E ninguém ensinará mais ao seu próximo, nem ao seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; porque todos me conhecerão, desde o mais pequeno até ao maior, diz o Senhor; porque perdoarei a sua maldade, e não me lembrarei mais do seu pecado”.2

E isto faz lembrar, também, daquela messiânica afirmação Divina pelo Profeta Ezequiel, quando diz:

E derramarei sobre vós uma água pura, e vós sereis purificados de todas as vossas imundícies, e eu vos purificarei de todos os vossos ídolos. E dar-vos-ei um coração novo, e porei um novo espírito no meio de vós; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e dar-vos-ei um coração de carne. E porei o meu Espírito no meio de vós, e farei que andeis nos meus Preceitos, e que guardeis as minhas Leis, e que as pratiqueis. E habitareis na terra que eu dei a vossos pais; e vós sereis o meu povo, e eu serei o vosso Deus”.3

Na Nova Aliança, o conhecimento de Deus será mais perfeito e mais íntimo,4 por isso, São Paulo volta a reafirmar esta mesma sentença Divina, quando diz aos Hebreus:5

Porque, depois de ter dito: Esta (é) a Aliança que eu farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis nos seus corações, e as escreverei nos seus espíritos; e jamais me lembrarei dos seus pecados e das suas iniquidades. Ora, onde há remissão desses (pecados), não é necessária a oblação pelo pecado”.

Então, diante destas sentenças consoladoras que o nosso Bom Deus nos revelou, devemos com o coração cheio de alegria e confiança, cantar os louvores do Profeta-Rei, quando com o coração despedaçado, pelo reconhecimento do seu pecado se expressou assim:

Tende piedade de mim, ó Deus, segundo a tua misericórdia; segundo a multidão das tuas clemências, apaga a minha iniquidade.

Lava-me inteiramente da minha culpa, e purifica-me do meu pecado…

Asperge-me com o hissope, e serei purificado; lavar-me-ás, e me tornarei mais branco que a neve… Aparta o teu rosto dos meus pecados, e apaga todas as minhas culpas…”.6

Com essas piedosas e verdadeiras leituras, afirmamos que, sim, quando Deus perdoa os nossos pecados, as nossas iniquidades, os nossos crimes, sim, Ele não se lembra mais deles.

A Verdade Eterna se encarnou e tomou a nossa natureza humana, e pela Sua sagrada boca proferiu esta espantosa sentença, que só o verdadeiro e único Deus poderia afirmar:

Não julgueis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim (para os) destruir, mas sim (para os) cumprir. Porque em verdade vos digo que, enquanto não passar o céu e a terra, não desaparecerá da lei um só jota ou um só ápice, sem que tudo seja cumprido”.7 

E com mais ênfase, ainda, afirma:

Na verdade vos digo que, não passará esta geração, sem que se cumpram todas estas coisas. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão”.

E as palavras de Cristo são estas, referindo-se ao procedimento de Deus com a alma arrependida de seus pecados:

“… E, levantando-se, foi para seu pai. E, quando ele estava ainda longe, seu pai viu-o, e (esquecendo-se dos seus erros) ficou movido de compaixão, e, correndo, lançou-lhe os braços ao pescoço (do filho pródigo), e beijou-o… E o pai (esquecendo de toda a ingratidão de seu filho) disse aos seus servos: Tirai depressa o vestido mais precioso, e vesti-lhe, e metei-lhe um anel no dedo e os sapatos nos pés; trazei também um vitelo gordo, e matai-o, e comamos e banqueteemo-nos, porque este meu filho estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi encontrado… era, porém, justo que houvesse banquete e festa, porque este teu irmão estava morto (pelo pecado), e reviveu (pelo arrependimento sincero e pela força da graça divina), tinha-se perdido (pela tentação da ilusão dos prazeres do mundo) e foi encontrado (pela infinita misericórdia de Deus).8



Talvez, para nós, seja um pouco difícil de entender o incompreensível amor de Deus por nós, mas, como Ele disse ao Profeta Samuel: “não julgo o homem pelo que aparece à vista; porque o homem vê o que está patente, mas o Senhor olha para o coração”.9 E externando ainda mais a sua bondade, afirma: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos; nem os vossos caminhos são os meus caminhos, diz o Senhor. Porque, quanto os céus estão elevados acima da terra, assim se acham elevados os meus caminhos acima dos vossos caminhos, e os meus pensamentos acima dos vossos pensamentos”.10 Sois Vós “que julgas segundo a equidade, e que sondas os afetos e os corações”, porque se “o Inferno e a perdição estão (patentes) diante do Senhor; quanto mais o estarão os corações dos filhos dos homens!” Eis aí a incompreensibilidade do Amor de Deus, que esquece inteiramente de todos os pecados que, arrependidos, são lançados na infinita fornalha da Misericórdia divina, que se acha escancarada no Sacramento da Penitência. Arrependidos, peçamos perdão a Deus, que de Sua parte esquecerá definitivamente os nossos numerosos pecados.

Mas, agora, falando do Sacramento da Penitência, ensina o Reverendíssimo Padre Fr. Frutuoso Hockenmaier, O.F.M.:11 “suponhamos, caro amigo, que tenhais gravemente ofendido a Deus e que, por causa dos vossos pecados, Deus vos deixe a escolha: ou fazerdes a mais rigorosa penitência durante toda a vida ou serdes entregue aos tormentos eternos do Inferno. Dizei-me qual seria a vossa escolha? Se refletirdes bem, mais suportáveis sempre vos parecerão os rigores da penitência do que o Inferno; pois, antes sofrer por algum tempo que penar por toda a eternidade!

Ora, a infinita misericórdia de Deus não exige tanto de vós. Por causa dos merecimentos de Cristo, Ele se contenta com pequenos sacrifícios. Não requer de vós senão a Confissão contrita e sincera de vossos pecados, feita a um Sacerdote obrigado ao mais absoluto sigilo, para purificar-vos da alma todas as suas máculas.

Mal havia o filho pródigo começado a humilde confissão de seus erros, e já o pai não se lembra mais da sua ingratidão. Abraça-o e lhe dá o ósculo da paz12Assim procede Deus também convosco, quando vos aproximais arrependido do Tribunal da Penitência.

Adota-vos de novo, dá-vos o vestido nupcial da graça santificante, restituindo-vos o direito ao Céu. Não se lembra mais das vossas culpas. Todos os vossos pecados mortais são perdoados, e outrossim os veniais, se deles vos arrependeis. Deus os apaga do Livro das Dívidas; estão para Ele como que sepultados para sempre no esquecimento: “Se o ímpio se converter de todos os pecados que cometeu… certamente viverá, não morrerá. De todas as transgressões que cometeu, não haverá lembrança contra ele”.13

Mas é preciso também lembrar que, “Separando-vos de Deus,14 embora por um só pecado mortal, perdeis todas as boas obras e todos os merecimentos adquiridos até então. Talvez tenhais servido a Deus fielmente por muitos anos, ajuntando assim um riquíssimo tesouro de méritos para o Céu; se, porém, cairdes num pecado mortal e, permanecendo neste estado de desgraça, sairdes desta vida, Deus não se lembrará de todas as vossas boas obras: uma vida sem alegria e consolo, uma vida cheia de tormentos inauditos, a morte eterna, serão vosso quinhão”.

Essa realidade, do perdão definitivo de Deus, é crido e obedecido tanto no Céu, como na terra e mesmo no Inferno. Esses pecados remidos na Confissão sacramental, não serão levados em conta no Juízo Particular e nem no Juízo Final, porque são extintos definitivamente por Deus. Depois de perdoados, nem o Demônio pode usá-los como matéria de acusação, como veremos no exemplo à seguir.

E para ilustrar essas linhas, vai aqui narrado um horroroso caso, mas que, muito instrutivo e edificante, para finalizarmos com chave de ouro este brevíssimo ensinamento.



Exemplo15

Vicêncio, Bispo belovacense, refere o seguinte caso, cuja admiração parece dificultar, de algum modo, a sua veracidade.

Em Roma – diz – viviam debaixo do santo jugo do Matrimônio duas pessoas principais e de virtude afamada, as quais, havendo alcançado de Deus, por orações, um filho, se afastaram com mútuo consentimento. O marido se retirou a fazer vida monástica. Ficou a mulher criando o filho, e com tão demasiado mimo, que não ousava afastá-lo de seus peitos. Como cresceu, degenerou ou torceu o amor natural em carnal. Foge a consideração de deter-se neste passo. Enfim, aquela matrona, tida geralmente por exemplar de virtudes, pariu um neto. E, por tapar um crime com outro, o sepultou em um lugar imundo de sua casa. E logo, por não perder o crédito que imaginava ter para o seu Confessor, foi continuando como antes com ele, cometendo outros tantos sacrilégios quantos Sacramentos recebia.

Naquele tempo, apareceu em Roma um clérigo, que se deu a conhecer nela brevemente por homem insigne em todas as ciências. Era oráculo continuamente consultado em questões árduas, especialmente para descobrir furtos, levantar figuras, prognosticar futuros e outras coisas semelhantes. Estando um dia em presença do imperador e outros muitos príncipes, e ocorrendo na prática louvar-se a vida exemplar daquela senhora, começou ele a gracejar, e logo a escurecer, e, finalmente, declarou o engano em que estavam, contando o sucesso de que ela presumia não serem sabedores, mais que Deus e a própria consciência.

Todos se admiraram, muitos não creram, outros se escandalizaram. Então ele, com segurança e ousadia, disse: “Acenda-se na praça uma fogueira. Venha essa mulher à minha presença. Se a convencer do seu crime, arda ela na fogueira; senão, arda eu”.

Pareceu importante ao bem público e crédito da virtude, aceitar esta proposta. Chamada a matrona, veio. E, como ouviu em presença de tantos a enormidade do seu pecado, o coração e os olhos se cobriam a si mesmos, estes de lágrimas, aquele de pavor e confusão. Porém, mandada satisfazer e falar em sua defesa, respondeu brevemente que, em caso tão grave, devendo com razão faltar-lhe o espírito e se atar-lhe a língua, pedia prazo, para desafogar com Deus a sua dor e constituí-Lo protetor da sua inocência; e, acabado o prazo, responderia.

Foi a desculpa não só aceita, mas louvada. E a matrona, aproveitando-se da dilação em que a sua causa estava posta, correu à oração e alcançou uma inspiração que, a ensinou e conduziu a escolher por meio de encobrir a Roma o que estava público, e revelar ao Confessor o que tinha encoberto. Luciano, Sacerdote de letras e virtude, a ouviu, quase não ouvindo, pois mais chorava e soluçava. Tão profunda contrição alcançou, que a penitência sacramental foi um Pai Nosso, e a repreensão consistiu em lhe aconselhar que recorresse ao amparo da Mãe de Deus.

Os dias que restaram para o cumprimento do fatal prazo, gastou em bater às portas da divina clemência, por meio de Maria Santíssima, com quanta força pode. E lhe alcançou, para isso, esta mesma Senhora, que não está na Sua mão, não condoer-Se dos aflitos, não agraciar aos atribulados.

Chegou o tempo. Ajuntou-se o consistório. Saiu a matrona em público. O temor lhe derrubava os olhos em terra, a fé lhe levantava o coração ao Céu. Estava presente o acusador e, mandado propor de novo o seu libelo, saiu dizendo que não estava ali o réu. E, mostrando-lhe a mulher, olhou uma e outra vez e afirmou que não era aquela, antes começou a dar-lhe muitos elogios, abonando sua virtude. Logo, como desesperado e confuso, espumava pela boca, torcia os olhos e fazia outros medonhos gestos.

Os circunstantes, não só pasmados, senão também amedrontados, se benzeram. E, neste momento, o acusador, soltando um ar de cheiro pestilencial, conheceram todos que era o Demônio, adversário comum e acusador de nossas almas. Que assombro ficou em todas as almas, que alegria e agradecimento no coração da matrona, que honra para Deus, que crédito para a virtude, deixa-se à consideração dos que lerem.



Notas Explicativas

do referido caso.16

I – Quando estes dois consortes pediam a Deus com lágrimas o bem da fecundidade, longe estavam de considerar que a esterilidade era para eles maior bem. Não olharam os lavradores tanto para as mudanças do céu e influências das estrelas, se viram que a terra, em lugar de frutos, lhes produzia espinhos. Pedir a Deus filhos – arriscada petição que no seu despacho pode ter o seu castigo: quem sabe se serão frutos que deleitam, se espinhos que magoam? Muitos Santos têm a Igreja por filhos que foram filhos da oração. Porém, nem sempre desta nascem Batistas e Samuéis. Importa pedirmos em nome de Cristo, conforme Ele mesmo nos ensinou. E, sendo o Seu nome Jesus ou Salvador, não pede em nome do Salvador quem não pede coisa ordenada para a salvação. Que importava que estes casados carecessem de fruto? Eram nobres e ricos? Fizeram-se pais dos pobres e titulares na casa de Deus. Deixaram por herdeira a piedade, como fizeram também, em Roma, João, patrício romano, e sua mulher, fundando a igreja de Santa Maria Maior.

II – Então, desembaraçados do peso dos bens da fortuna, e livres ainda do novo vínculo da natureza, podiam ambos caminhar mais depressa ao retiro para servirem a Deus. Depois escassamente o pode fazer um só: o outro fica no século, entre poucos anos e perigos muitos. Não sei se acho que louvar neste afastamento, tanto que não foi de ambas as partes. Doutro modo, o que fica, mais parece que pretende a liberdade própria do que a perfeição alheia. Os sagrados Cânones não permitem voar um dos casados à religião e ficar outro no século, salvo se se atar ao voto de castidade, ou a mulher passar de cinquenta anos e o varão de sessenta, sem suspeita de incontinência. Mas não seria a religião o deserto para onde este homem fugiu, senão outro qualquer retiro voluntário, que não é por isso nem o mais seguro, nem o mais meritório.

III – Tratava a mãe a este filho com demasiada carícia e neste descuido o foi levando da idade da inocência à da razão, e desta à da malícia. Não se acautelava como aquele monge que, estranhado de outra pessoa pelo desvio que mostrava a sua própria mãe, respondeu perguntando-lhe que estudava. Disse ele que Lógica. E o monge continuou: “Pois sabe que o Demônio também é lógico e, como lógico, ensina a fazer esta precisão: ‘mulher e não mãe’. Ainda mal que outras vezes a tem já ensinado”.

Santo Albano, Mártir, foi havido de um rei das partes setentrionais em uma filha do mesmo rei, ficando, com perversa monstruosidade, ele avô de seu filho, e ela mãe de seu irmão. Mandemos ao fogo que reconheça diferença de pólvora prendendo nesta e naquela outra não, quando ambas estão próximas. Nos pais de famílias e nos superiores já nenhuma malícia é mal fundada, sendo em ordem à cautela. A lei de Deus proíbe-lhes o juízo temerário, mas a obrigação do ofício lhes impõe a vigia cuidadosa. Do amor lascivo mais dista o amor espiritual do que o natural, e, contudo, quantos corações que, se pegava o fogo do espírito e caridade, vieram depois a pegar-se o fogo infernal da concupiscência?

IV – Sepultou o filho incestuoso em um lugar imundo… e o segredo também, porque o sepultou em seu coração. Fiou-se do Demônio para o pecado, não se fia de Deus para o perdão. O incesto tapou com o parricídio, o parricídio com o sacrilégio, muitas vezes repetido. Isto é o que, na exposição de São Gregório, disse Isaías: que um vício chamaria por outro vício (pilosus clamabit alter ad alterum). Oh, cega, buscas escuridade onde tuas fealdades não apareçam? Esconde-as no peito de um Confessor e fecha-as com o selo inviolável de um Sacramento: Pro anima tua ne confundaris dicere uerum: est enim confusio adducens peccatum, et est confusio adducens gloriam et gratiam. Quando o negócio não topa em menos que na salvação da tua alma, porque te hás de envergonhar de descobrir a verdade nos ouvidos de um Confessor? Adverte que, assim como o pecado cometido causa vergonha, assim a vergonhar de confessar o pecado causa outro pecado. Logo, se por causa da vergonha não te confessas, e não te confessando incorres em maior pecado e, por conseguinte, maior vergonha, por amor da mesma vergonha devias confessar-te. E esta mesma confusão que, vencendo-te, causa em ti novos pecados e maior Inferno, vencendo-a tu, causará graça e glória maior: graça como fruto do Sacramento, glória como fruto da graça (est confusio adducens gloriam et gratiam).

V – Quem duvida que estas e outras muitas razões proporia o Anjo para render aquele coração? Mas estava nele empolgada a mão de um forte inimigo e a opinião boa em que se considerava no conceito dos Confessores. Que dirão de mim? Em que conta ficarei com eles? Que razão tão grosseira e por desbastar! Que haviam de dizer os Confessores? Que não era mais valente que Sansão, nem mais sábia que Salomão, nem mais justa que Davi, nem mais amante de Cristo que Pedro. E todos estes caíram miseravelmente. Que haviam de dizer? Que a estátua da sua virtude se arruinou, porque, enfim, tinha os pés de barro; porém, que de novo podia levantar-se e crescer mediante a virtude de Cristo, não em forma de estátua fantástica, senão de monte firme e assentado. Diriam que a sua natureza era frágil, pois caíra; porém, que a sua contrição era sólida, pois se levantava. Diriam que buscava a virtude verdadeira e não a suposta, pois, a troco de parecer bem a Deus, não reparava em parecer mal aos homens. E, dado que a prudência lhes faltasse para o julgar assim, mais barato lhe saía o Céu comprado por afrontas, do que a honra pelo Inferno. Mas o mesmo pecado gera trevas que escurecem a razão.

VI – Pro esta e outras muitas causas importa que os Confessores não mostrem fazer conceito da virtude dos seus penitentes, principalmente mulheres, nem estranhem as suas faltas ordinárias, nem lhes demandem maior perfeição do que o Espírito Santo lhes comunica… Que os frutos de uma alma boa são como os de uma árvore, que, não se maduram a puro amassar com os dedos, senão com os raios do sol, lenta e eficazmente.

VII – Estando, pois, esta mulher enferma e inchada de hipocrisia, como outros o estão de hidropisia, e não lhe aproveitando os remédios mais brandos, ordenou o Médico celestial outro remédio mais forte: mandou que o abrissem para vazar o humor corrupto, isto é, permitiu ao Demônio que descobrisse o seu pecado.

VIII – Apareceu este em figura de eclesiástico para fundar melhor a opinião de douto e verdadeiro. Ostentava-se universal nas ciências, porque, havendo perdido todos os dons da graça, que pertencem a fazer a vontade reta, lhe ficaram somente os da natureza, que pertencem ao entendimento sutil. E, pelo apetite natural que o homem tem de saber, engana o inimigo por esta via a grande parte do mundo, desde que, no princípio dele, lhe saiu bem aquela tentação: Eritis sicut Dii scientes bonum et malum. Mas, com toda a sua ciência, ignorou um ponto que a mais vil criatura lhe pode ensinar, como lhe lançou em rosto São Miguel: Quis sicut Deus (quem pode comparar-se a Deus).

IX – Descobriu-lhe os pecados publicamente. Justa pena, que a confusão que recusou padecer para com um Sacerdote que se havia de calar, por meio de outro fingido Sacerdote a padeça em presença de tantas pessoas. O que o inimigo pretendia com isto era infamar a virtude e desesperar a pecadora e abreviar-lhe a vida, temendo da sua emenda. Por isso, apressa tanto a acusação e logo a sentença, e esta de fogo, para que aquela alma passe de um incêndio temporal a outro eterno.

X – Sujeita-se ao talião, se não provar o delito. Mas não era o partido igual, porque o espírito réprobo já não podia deixar de arder para sempre. E esta pecadora, com um pêsame de coração e um Pai Nosso de penitência, certamente se livra da culpa e facilmente se podia livrar da pena.

XI – Prudentíssima eleição foi a de tomar tempo para resolver-se. O mesmo Deus, para fazer todas as coisas, fez primeiro o tempo; e, quando houver de castigar o mundo sem misericórdia, jurará um Anjo em Seu nome de não haver mais tempo (quia tempus non erit ultra).

Perguntemos aos moradores do Céu e aos encarcerados do Inferno, quanto vale o tempo. E todos responderão, que tanto como a eternidade. Quantas almas, por um instante mais ou menos de vida, vêm ou não vêm a Deus, enquanto for Deus!

XII – Recorre à Virgem Mãe? Grande sinal de salvação!…, porque esta Senhora é sinal grande que não aparece no Céu, senão para nos guiar para o Céu (signum magnum apparuit in Caelo, mulier amicta sole). Se não houvesse criminosos, inútil era haver cidade de refúgio.

Mais fácil parece ao pecador desconfiar de Deus do que de Maria Santíssima, porque, suposto que das enchentes de misericórdia, esta é somente o cano e Deus a Fonte, todavia, em deus consideramos mão direita e mão esquerda, mansidão de cordeiro e sanha de leão. A Maria está cometido só o reino da clemência. In manibus eius – diz São Pedro Damião – sunt thesauri miserationum Domini. Todos cabem debaixo do Seu manto, desde que coube o imenso Deus. E quem não terá confiança com a Pomba, se a pomba não tem fel, e até no bico, porque não se presuma ser arma, traz um ramo de oliveira – anúncio da paz, símbolo da misericórdia? Ó Senhor, se a devoção com vossa Mãe Santíssima é sinal de salvação, dai-me este sinal, fazendo-me filho da que se nomeou por vossa Escrava, e escravo da que nomeastes por vossa Mãe! Dai-me este sinal para o bem da minha alma e confusão dos inimigos que me aborrecem! Saluum fac filium ancillae tuae. Fac mecum signum in bonum ut uideant qui oderunt me et confundantur.

XIII – Para encobrir esta mulher seus pecados ao mundo, os descobriu ao Sacerdote. Mal os poderia desmentir em público, se não os confessasse em segredo, porque as Chaves da Igreja, abrindo a boca do réu, fecham as do acusador; e o mesmo Cristo que recebe a Confissão de Madalena, reprime a murmuração dos Fariseus.

XIV – Tanto que mudou de consciência, mudou também de rosto. Desconhece o mesmo lince, porque já não era filha sua. Caiu-lhe a lepra, porque se mostrou ao Sacerdote: era monstro, já é formosíssima. E qual foi a causa da mudança? Confessionem et decorem induisti. Despindo as culpas pela Confissão delas, vestiu-a Cristo, e logrou efetuada aquela promessa divina: Si fuerint peccata uestra ut coccinum quasi nix dealbabuntur. Para haver formosura diante de Deus, diante do mesmo Deus há de haver primeiro Confissão: Confessio et pulchritudo in conspectu eius. Ama confessionem – diz São Bernardo sobre estas palavras – si affectas decorem. Re uera ubi confessio, ibi pulchritudo, ibi decor. Se desejas, alma – diz o Santo –, parecer formosa aos olhos de Deus, não receies parecer feia aos olhos do Confessor: não há formosura, não há graça onde não há Confissão.

XV – É verdade que cada mudança da mulher foi espiritual, e mais da consciência que do rosto. Mas, ainda falando da mudança exterior, alguma sai ao rosto participada do espírito.

Recusava um penitente fazer Confissão Geral com meu pai São Filipe Néri, e, por orações suas, e ilustrado, se moveu a fazê-la com outro Sacerdote. Vindo logo à presença do Santo, que não o sabia, este lhe disse: “Filho, tu estás mudado de cara”.

É o rosto espelho da alma, e a alma o é de Deus. E assim, da luz de Deus reverberam alguns reflexos na alma, e da alma no rosto. E os varões ilustrados têm aguçada a vista para perceber mudanças a nós outros insensíveis.

XVI – Os avisos principais que este caso nos ensina, são os seguintes:

Primeiro, que peçamos a Deus com resignação, se for para honra Sua e salvação nossa.

Segundo, que nas matérias de castidade tenhamos suma cautela.

Terceiro, que nos envergonhemos dos pecados da Confissão e não da Confissão dos pecados.

Quarto, que, no patrocínio da Virgem, cresça em nós a confiança, quanto crescer a tribulação.


_______________________

1.  Is. 43, 22-25.

2.  Jer. 31, 34.

3.  Ez. 36, 25-29.

4.  Comentário feito pelo Pe. Matos Soares em nota de rodapé, ao versículo 34 de Jeremias 31.

5.  Hb. 10, 15-18

6.  Salm. 50, 3-21.

7.  Mat. 5, 17-18.

8.  Luc. 15, 11-32.

9.  I Sam. 16, 7.

10.  Is. 55, 8-9. Cfr. Jó 10, 4.

11.  O Cristão Prático – ou Exposição Prática da Moral Cristã, Notas Preliminares, pp. 15-17. Tipografia de São Francisco, Bahia, 1925.

12.  Luc. 15, 11.

13.  Ez. 15, 21.23.

14.  Ez. 18, 24.

15.  “Leituras Piedosas e Prodigiosas” (textos escolhidos), do Pe. Manuel Bernardes, Oratoriano, 4ª Parte, Exemplos Vários, Exemplo VII, pp. 333-342. Seleção, introdução, cronologia, bibliografia e notas por Antônio Coimbra Martins; Livraria Bertrand, Lisboa.

16.  “Leituras Piedosas e Prodigiosas”, ob. cit.


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