Blog Católico, para os Católicos

BLOG CATÓLICO, PARA OS CATÓLICOS.

"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

sábado, 18 de dezembro de 2021

NOVENA DE NATAL. 4º DIA.


Orações e Meditações Extraídas dos Escritos

de Santo Afonso Maria de Ligório,

pelo Pe. Saint-Omer, CSSR.


V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.

R. Apressai-Vos, Senhor, em me socorrer.

V. Glória ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo.

R. Assim como era no princípio, agora e sempre e por todos os séculos dos séculos. Amém.



Oração a Jesus fugindo para o Egito1


Herodes é a figura dos desgraçados pecadores que, vendo a Jesus apenas entrado nos seus corações pela graça, se põem a persegui-Lo, para O matarem pelas quedas no pecado.


Meu Dulcíssimo Jesus, sois o Rei do Céu, e Vos vejo, sob a forma de um menino, peregrino na terra; dizei-me: a quem buscais? Tenho de Vós compaixão, vendo-Vos tão pobre e humilhado; mas, o que muito mais me aflige ainda, é ver-Vos tratado com tanta ingratidão pelos mesmos homens a quem viestes salvar. Chorais, e eu também choro, pensando que sou do número daqueles que tanto Vos desprezaram e perseguiram; mas sabei que agora prefiro a vossa graça a todos os reinos do mundo. Perdoai-me, meu Jesus, todos os meus pecados, e como vossa Mãe Vos levou nos braços quando Vos foi preciso fugir para o Egito, permiti-me Vos traga também sem cessar bem dentro do meu coração, na minha viagem desta vida para a eternidade. Amadíssimo Redentor meu, muitas vezes Vos expulsei da minha alma; mas alenta-me a confiança de que neste momento tomastes posse dela: atai-me, por piedade, estreitamente a Vós com as doces cadeias do vosso amor; estou decidido a não me separar mais de Vós. Amo-Vos, ó Bondade infinita, e repetir quero sempre: Amo-Vos, amo-Vos, amo-Vos. Ó meu Jesus, sois tão bom e tão digno de amor! Fazei-Vos então amar; fazei-Vos amar de tantos pecadores que Vos perseguem: esclarecei-os, e dai-lhes a conhecer o amor que Lhes tendes e o que deles mereceis, Vós, que, pobre menino, fugitivo, chorando, tremendo de frio, errais sobre a terra a procura de almas que Vos desejem amar. Ó Maria, que tomastes tanta parte em todos os sofrimentos de Jesus, vosso divino Filho, ajudai-me a trazê-Lo e conservá-Lo sempre no meu coração.2 Amém.



4º Dia3


Vamos ao Egito:

aí acharemos o Coração de Jesus,

carregado dos pecados do mundo.


A maior pena de um exilado, é ser considerado como criminoso e indigno de morar entre seus concidadãos. Pois bem! O Coração de Jesus quis submeter-se a esta humilhação. Tomando sobre Si nossas iniquidades, que nos tinham feito excluir da Pátria celeste, não devia Ele sofrer a pena do banimento pronunciada contra nós? Na Antiga Lei, fazia-se cada ano a cerimônia do bode emissário, que o sumo sacerdote carregava de todos os pecados do povo; depois disto, enxotavam-no para o deserto, como objeto da ira de Deus. Este bode representava nosso Redentor, que se dignou tomar sobre Si todas as maldições que merecemos por nossas faltas e tornar-Se a maldição mesma,4 segundo a expressão de São Paulo, a fim de nos obter a bênção divina.

Considerai então o Verbo divino fugindo para o Egito, e perseguido, antes, pela ira de Seu Pai, que pela espada de Herodes. É, que Ele quis, não somente tomar a forma de pecador, mas ainda carregar-Se de todos os pecados dos homens,5 diz Isaías, a fim de sofrer a pena deles, como se os pecados fossem Seus próprios. Pensemos aqui, que opressão e agonias sofreu o Coração de Jesus Menino, quando assim, carregado de todas as iniquidades do mundo, viu que a justiça divina Lhe exigia plena satisfação.

O Salvador via claramente a malícia de cada pecado, pois que, pela luz de Sua divindade, conhecia, infinitamente melhor do que todos os homens e Anjos, a bondade infinita de Seu Pai e o direito infinito que Ele tem de ser amado e respeitado; e via-Se carregado da multidão inumerável dos pecados que tinham cometido e cometeriam ainda os homens, pelos quais Ele devia sofrer e morrer. O Senhor revelou um dia a Santa Catarina de Gênova a fealdade de um só Pecado Venial, e esta vista causou-lhe tanto espanto e dor, que caiu sem sentidos. Qual, então, deveu ser a pena do Coração de Jesus Menino, quando, apenas nascido, viu-Se na dura necessidade de tomar o caminho do exílio, como outrora o bode emissário, carregado de todas as nossas iniquidades! Jesus, perseguido por Herodes e pela ira de Seu Pai, naturalmente nos faz pensar no pecador assaltado de temores, pungido de remorsos e perseguido pela ira de Deus e por sua consciência criminosa.

O pecador traz consigo o temor da vingança divina. Quando alguém tem como inimigo um homem poderoso, não pode comer nem dormir em paz. Que será ter por inimigo o Onipotente? Aquele que está em pecado, ó, como se espanta quando a terra treme, quando o trovão ribomba! Uma folha que cai basta para o espantar. Ele foge continuamente sem que ninguém o persiga: engano-me, é perseguido por seu pecado mesmo. Depois de ter matado seu irmão Abel, Caim julgava que todos tinham as mãos erguidas contra ele, para lhe arrancar a vida; e embora o Senhor lhe tivesse dado a certeza de que nenhum mal lhe seria feito, ele não cessou, desgraçado, de fugir de um lugar para outro, como a Escritura nos ensina. Quem, então, perseguia Caim? O seu pecado.

Além disto, o pecado faz nascer o remorso, este verme terrível, que não cessa de roer a consciência criminosa. O pecador vai ao espetáculo, ao baile, a um banquete, e por toda parte a consciência lhe brada: “Desgraçado! Tu estás na inimizade de Deus; se te acontece de morrer agora, para onde irás?” Esta repreensão interior é um tormento tão grande ainda nesta vida mesma, que, para se livrar dela, já se tem visto criminosos suicidarem-se. Um deles foi Judas, que, como se sabe, enforcou-se de desespero.

Oh! Que reconhecimento os pecadores devem ao Coração de Jesus! Porque, conservando-Se puro da mancha do pecado, Ele quis todavia tomar sobre Si todas as misérias que a natureza humana tinha atraído para si em punição do pecado! Sim, para nos salvar, Jesus ofereceu-Se voluntariamente a Seu Pai em expiação de nossas faltas, e “Deus Pai O carregou de todas as nossas iniquidades”.6

Prática: Para não sucumbir nas tentações, considerarei, de um lado o pecador perseguido pelos temores e remorsos, e de outro, o Coração de Jesus temendo mais as perseguições do pecador que as de Herodes.

Afetos e Súplicas: Amadíssimo Redentor meu, eu sou um desses ingratos que pagaram vosso amor imenso, vossas dores e vossa morte, por ofensas e desprezos. Como pois, prevendo minhas ingratidões, haveis podido amar-me tão ternamente, e resolver-Vos a suportar por mim tantas humilhações e padecimentos? Ai! O mal está feito; mas não quero desesperar. Senhor, dai-me agora a contrição que merecestes por vossas lágrimas; meu desejo é que meu arrependimento iguale minhas iniquidades. Ó Coração cheio de ternura de meu Salvador, Coração outrora tão afligido e amargurado para minha salvação, e agora ainda todo inflamado de amor para comigo, eu Vos rogo, mudai meu coração, dai-me um coração capaz de reparar os desgostos que Vos causei, e amor tão grande como foi minha ingratidão. Mas sinto já, vivo desejo de Vos amar; isto Vos agradeço, meu Jesus; vejo assim que tivestes a bondade de enternecer meu coração. Detesto e aborreço de todo meu coração os pecados que cometi; quem me dera apagá-los com meu sangue! Agora prefiro vossa amizade a todas as riquezas e a todas as honras. Desejo agradar-Vos quanto me for possível. Amo-Vos, ó amabilidade infinita; mas vejo que meu amor é muito fraco; aumentai-lhe a chama, dai-lhe mais ardor: ah! Devo corresponder a vosso amor por um amor muito mais ardente, pois tanto Vos ofendi, e, em vez de castigos, recebi de Vós tantos e tão insignes favores. Ó Bem Supremo, não permitais que eu continue a viver na ingratidão, após tantas graças que me tendes feito. Dir-Vos-ei com São Francisco: “Morra eu, por amor de vosso amor, ó Vós, que Vos dignastes morrer por amor de meu amor!” Maria, minha esperança, ajudai-me; recomendai-me ao Coração de Jesus. Amém.

Oração Jaculatória: Divino Menino Jesus, tende compaixão de nós e nascei em nossos corações. 1 Pai Nosso, 1 Ave Maria e 1 Glória ao Pai.



Exemplo

O Bem-aventurado Geraldo Magela, grande taumaturgo do século décimo oitavo e digno discípulo de Santo Afonso de Ligório, a cuja sociedade pertencia na qualidade de Irmão leigo, tinha recebido do misericordioso Coração de Jesus o dom de converter os maiores pecadores. Pode-se dizer que ele tinha maior conhecimento da consciência dos outros que da sua própria. Este Irmão encontrou certo dia um pecador recidivo a quem o respeito humano encadeava ao Inferno, e que não pensava de modo nenhum em mudar de vida. Geraldo o conduziu a seu quarto, e aí, descobrindo-lhe a negrura de sua consciência diante de um crucifixo, disse-lhe: “Que! Tens ânimo de ofender teu Deus deste modo!” Depois, mostrando-lhe a imagem do Salvador pregado na Cruz, disse-lhe: “Quem fez estas Chagas, senão tu por teus pecados? E quem, senão tu, Lhe tirou o Sangue das veias?” Neste instante viu-se o Sangue correr das Chagas das mãos, dos pés e do Coração de Jesus. O miserável, compungido, foi logo lançar-se aos pés do Padre Petrella, referindo-lhe o fato com todos os sinais do mais vivo arrependimento, e permitindo-lhe que o tornasse público. – O amor terno e imenso que Geraldo consagrava a Jesus na Eucaristia, fez-lhe tomar as mais rudes penitências em expiação dos sacrilégios. Ele usava continuamente do dom de ler nos corações, para ajudar as almas a declararem os pecados que mal entendida vergonha fazia ocultar ao Confessor. – Um dia, Geraldo disse a um gentil-homem: “Meu filho, viveis no crime, quereis então morrer como réprobo? Ide confessar tal pecado que há tanto tempo escondeis”. – Noutro dia, disse a certa mulher: Minha irmã, como podeis dormir em paz, vivendo na inimizade de Deus? Por que não confessais tal pecado que ocultais há tantos anos?” – Outra vez ainda, disse a uma donzela: “Minha filha, há tantos anos que fazeis confissões e comunhões sacrílegas, e quereis passar por santa! Ide, confessai-vos como se deve, se quereis evitar o Inferno”. – Nos dias de Confissão e Comunhão, Geraldo circulava continuamente na igreja, para desviar do sacrilégio aqueles que se achavam em estado de pecado mortal. Os Padres diziam que este Irmão convertia tantas almas como dez missionários. Ele se oferecia sem cessar a Deus como vítima pelos pecados do mundo. Quando Magela viu que seu fim se aproximava, pediu como graça ao Senhor padecer as penas que Jesus agonizante sofreu na Cruz, em Seu Corpo e no Seu Coração. Deus concedeu-lhe o que pedia. Pelo que ouviam-no gemer e clamar: “Sofro o martírio!… Rogai por mim, dizia ele a um Padre que viera visitá-lo; rogai por mim, porque sofro muito. Eu estou nas Chagas de Jesus Cristo, e Elas em mim: sinto todas as penas interiores e exteriores que Jesus Cristo sofreu na Sua Paixão”. Este Santo Redentorista morreu em 1753 na idade de 29 anos.



Louvores ao Menino Jesus7


Vinde já, meu Deus-Menino,

Nascei no meu coração,

Tomai dele inteira posse,

Tomai-o da vossa mão.


Vinde, meu rico Infante,

Vinde, não Vos detenhais,

A minha alma Vos espera,

Já não pode esperar mais.


Do Varão nasceu a vara,

Da vara nasceu a flor,

Da flor nasceu Maria,

De Maria o Redentor.


Os Anjos primeiro pegam

No Menino-Deus nascido,

Não O deixam cair no chão,

Em seus braços é detido.


A Virgem então O adora,

Nos seus braços O recebe,

Como Mãe lhe beija a face,

Mais alva que a pura neve.


Foi nascer a uma gruta

O Grande Rei das Nações,

Para render a frieza

De nossos corações.


Pastorinhos do deserto,

Correi todos, ide ver

A pobreza da lapinha

Onde Cristo quis nascer.


Pastorinhos do deserto,

Correi todos a Belém,

Adorar o Deus-Menino,

Nos braços da Virgem-Mãe.


Nos braços da Virgem-Mãe,

Chora o vosso coração,

Por saber que há de passar

Tão dolorosa Paixão.



Ladainha em Honra do

Divino Menino Jesus8


Senhor, tende compaixão de nós.

Jesus Cristo, tende compaixão de nós.

Senhor, tende compaixão de nós.


Senhor, ouvi-nos.

Divino Menino Jesus, escutai-nos.


Pai celeste, que sois Deus, tende compaixão de nós.

Filho Redentor do mundo, que sois Deus, tende compaixão de nós.

Espírito Santo, que sois Deus, tende compaixão de nós.

Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende compaixão de nós.


Jesus, Filho do Deus Vivo, tende compaixão de nós.

Jesus, num estábulo nascido de Maria Virgem, tende compaixão de nós.

Jesus, adorado pelos pastores e pelos Sábios do Oriente, tende compaixão de nós.

Jesus, circuncidado ao oitavo dia e chamado Jesus, tende compaixão de nós.

Jesus, oferecido no Templo a vosso Divino Pai, tende compaixão de nós.

Jesus, fugindo para o Egito com Maria e José, tende compaixão de nós.

Jesus, que voltastes do Egito com Maria e José, tende compaixão de nós.

Jesus, na idade de 12 anos levado ao Templo por vossos pais, tende compaixão de nós.

Jesus, perdido de vossos pais e por eles procurado com ânsia durante três dias, tende compaixão de nós.

Jesus, encontrado com alegria no Templo, tende compaixão de nós.

Jesus, submisso e obediente aos vossos pais, tende compaixão de nós.


Sede-nos propício, tende compaixão de nós, Menino Jesus.

Sede-nos misericordioso, escutai-nos, Menino Jesus.


Dos desvarios da nossa juventude, livrai-nos, Menino Jesus.

Do número dos filhos de Satanás, que perdem as almas dos inocentes, livrai-nos, Menino Jesus.

Dos criminosos desejos da nossa idade, livrai-nos, Menino Jesus.

Dos perigos de pecar, livrai-nos, Menino Jesus.

Da perda da santa pureza, livrai-nos, Menino Jesus.

Pelo vosso misterioso Nascimento, livrai-nos, Menino Jesus.

Pelas vossas lágrimas e gemidos, livrai-nos, Menino Jesus.

Pelo vosso santo porte com vossos pais, livrai-nos, Menino Jesus.

Pela vossa Apresentação no Templo, livrai-nos, Menino Jesus.


Nós que fomos filhos da ira, Vos rogamos nos escuteis.

Para que nos dias da nossa juventude nos lembremos do nosso Salvador, Vos rogamos nos escuteis.

Para que acostumemos desde a juventude nossos corações à virtude e ao bem, Vos rogamos nos escuteis.

Para que em todas as nossas ações demos bom exemplo ao próximo, Vos rogamos nos escuteis.

Para que não abandonemos na velhice o caminho da virtude que tomamos na juventude, Vos rogamos nos escuteis.

Para que sejamos recebidos um dia no número dos filhos de Deus, Vos rogamos nos escuteis.


Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Menino Jesus.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Menino Jesus.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós, Menino Jesus.


Menino Jesus, ouvi-nos.

Menino Jesus, escutai-nos.


Pai Nosso, que estais nos Céus…


V. O Verbo se fez carne. Aleluia.

R. E habitou entre nós. Aleluia.


Oremos: Amado Salvador, Jesus Cristo, que, por amor dos homens e de mim, encarnastes e Vos fizestes um fraco e pobre menino, adoro-Vos e amo-Vos. Concedei-me que ponha sempre em Vós a minha alegria; que Vos siga sempre; que eu seja bom, piedoso, obediente, zeloso, e Vos imite em tudo, a Vós que viveis e reinais com Deus Pai, e o Espírito Santo por toda a eternidade. Amém.


_________________________

1.  “As Mais Belas Orações de Santo Afonso de Ligório”, pelo Pe. Saint-Omer, CSSR, 4ª Parte, Art. 2, § 1, pp. 487-488. Imprimé par les Etablissements Casterman, S.A. Tournai/Belgium, 1921.

2.  Obras Ascéticas, Iv. 8 Jan.

3.  “O Sagrado Coração de Jesus”, segundo Santo Afonso de Ligório, pelo Pe. Saint-Omer, CSSR, 1ª Parte, 7º Dia, pp. 48-54. 5ª Edição, Typographia de Frederico Pustet, Impressor da Santa Sé, Ratisbona/Alemanha, 1926.

4.  Gál. 3, 13.

5.  Is. 53, 11.

6.  Is. 53, 6.

7.  “Cartilha ou Compêndio da Doutrina Cristã, Ordenada por Perguntas e Respostas”, pelo Pe. Antônio José de Mesquita Pimentel, Cap. “Devoção”, pp. 228-229. 18ª Edição, Livraria Chardron, de Lello & Irmão, Ltda, Porto, 1872.

8.  “Livro de Missa para a Juventude”, compilado por um Padre do Espírito Santo, pp. 114-118. 6ª Edição, Casa Cruz, Rio de Janeiro, 1898.


NOVENA DE NATAL. 3º DIA.


Orações e Meditações Extraídas dos Escritos

de Santo Afonso Maria de Ligório,

pelo Pe. Saint-Omer, CSSR.


V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.

R. Apressai-Vos, Senhor, em me socorrer.

V. Glória ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo.

R. Assim como era no princípio, agora e sempre e por todos os séculos dos séculos. Amém.



Oração a Jesus em Vésperas de Nascer1

Unamo-nos a Maria e José, e acompanhemos com eles o Rei do Céu, que vai nascer numa gruta, e fazer a sua primeira aparição no mundo como um menino, e tão pobre e desamparado como nenhum outro nasceu entre os homens.


Querido Redentor meu, os Anjos do Céu em multidão Vos acompanham nesta viagem, bem o sei: mas, entre os habitantes da terra, quais são os que Vos seguem? Convosco vejo só José e Maria. Permiti, meu Jesus, que me una a eles para Vos seguir. Ah! Muito ingrato tenho sido contra Vós. Agora compreendo a grandeza da minha falta: do Céu Vós descestes para fazer-me companhia na terra, e eu tantas vezes levei a ingratidão até o ponto de Vos deixar e ofender. Ó meu divino Senhor, quando penso que, para seguir as minhas más inclinações, afastei-me de Vós, renunciei muitas vezes a vossa amizade, gostaria de morrer de dor. Mas, viestes para me perdoar; perdoai-me, pois, agora que me arrependo de toda a minha alma de Vos ter desprezado e abandonado; resolvido estou e espero, com a vossa graça, não me alongar nem arredar-me de Vós, ó meu único amor! Sim, a minha alma está cativa de amor por Vós, ó amável Deus-Menino.

Amo-Vos, meu doce Salvador, e pois viestes a terra para me salvar e comunicar as vossas graças, eis a única que Vos imploro: fazei que eu não me separe mais de Vós; cativai-me, ligando-me estreitamente a Vós pelas suaves cadeias do vosso santo amor. Ah! Meu Redentor e meu Deus, quem poderia ainda Vos deixar e viver sem Vós, privado da vossa graça? Ó Maria, venho fazer-Vos companhia na vossa viagem a Belém; do vosso lado, ó minha Mãe, não cesseis de me ajudar na viagem que faço para a eternidade; assisti-me sempre, mas sobretudo, no fim da minha vida, quando chegar àquele último instante que há de decidir se serei, ou sempre conVosco para amar a Jesus no Céu, ou sempre longe de Vós para odiar a Jesus no Inferno. Ó minha Rainha, salvai-me pela vossa intercessão. Vós sois a minha esperança; de Vós espero tudo.2 Amém.



3º Dia3


Vamos a Belém:

aí acharemos o Coração de Jesus,

que merece todo o nosso amor.


Platão dizia, que um coração atrai outro coração, e o amor provoca amor.

Nada é mais verdadeiro, porque para obter o afeto de uma pessoa, não há meio mais eficaz que amá-la. Dando-lhe nosso coração é que merecemos o seu. Pois bem! Isto fez Jesus: querendo que O amemos, nos amou primeiro; querendo obter nosso coração, veio nos dar o Seu. E que coração! Um Coração divino, criado de propósito para nos amar.

Ele nos manifestou Seu amor fazendo-se homem e menino. Para compreender a imensidade deste amor, ser-vos-á necessário ter ideia da grandeza de Deus. Mas, quem pode conceber a grandeza infinita? Dizer de Deus que Ele é maior que os Céus, os reis, os Santos, os Anjos, é fazer-Lhe injúria, como seria injuriar um príncipe, dizer que ele é maior do que um mosquito. Pois bem! Este Deus tão grande quis fazer-se homem, para nos salvar, para ganhar nosso amor. Tendo Alexandre Magno conquistado a Pérsia, adotou o modo de vestir dos povos submetidos a seu império, a fim de lhes ganhar a afeição. Parece que nosso Deus quis fazer a mesma coisa para ganhar o coração dos homens, tomando a forma humana e parecendo exteriormente puro homem.4 Para falarmos a nosso modo, parece ter Ele dito consigo: o homem não me tem amor, porque não me vê; pois bem! Irei mostrar-me a ele, conversar com ele, e assim obrigá-lo-ei a amar-me. Uma vez, ao cantar-se na terceira Missa do Natal o Evangelho de São João: “In principio erat Verbum, etc., São Pedro de Alcântara, que presente estava, se pôs a contemplar este inefável Mistério, e tanto se inflamou de amor seu coração, que, arrebatado em êxtase, foi transportado através dos ares, por uma longa distância, até junto do Santíssimo Sacramento.

Este Deus tão grande não se contentou de fazer-se homem, fez-se tenro menino: e para que? “Para melhor se insinuar em nossos corações, diz São Pedro Crisólogo, porque neste estado Ele nos parece mais meigo e amável”. Ele podia ter aparecido na terra em estado de homem perfeito, como Adão; mas não, o Filho de Deus quis mostrar-se sobre a terra sob a forma de um gracioso menino, a fim de ganhar mais depressa e fortemente nosso coração. Os meninos, só pelo serem, desafiam amor, inspiram sentimentos de afeição a quem quer que os olhem.

Mas ao menos Jesus vai nascer no meio de pompa real, num palácio, deitado num berço reluzente de ouro, cercado de uma corte principesca? Não: desta sorte teria nascido, diz São Pedro Crisólogo, se quisesse fazer-se temido dos homens; mas como só buscava ganhar nossos corações, quis aparecer entre nós como o mais pobre e humilde menino. Ele nasce então numa fria caverna, entre dois animais, e é deposto na palha, num presépio, sem fogo e sem a roupa necessária. Ah! Quem então pode fazer descer de seu trono o Rei do Céu, para nascer num presépio? É o amor que Ele tem aos homens. Quem O atraiu da direita do Pai eterno a uma manjedoura? Quem, de Seu reino elevado sobre os astros, reduziu-O a ser deitado sobre palha? Quem, do meio dos Anjos enviou-O a residir no meio dos animais? É O AMOR. Ele abrasa os Serafins, e ei-Lo aqui a tremer de frio; Ele sustenta o universo, e ei-Lo carregado nos braços de outros; Ele alimenta tudo o que existe, e tem necessidade de um pouco de leite para sustentar-se; Ele é a felicidade dos Santos, e chora, geme: quem então O reduziu a tal miséria? Ah! É O AMOR, É SEU CORAÇÃO.

Amai, então, ó almas cristãs, exclama São Bernardo, amai este Menino que é tão amável. Sim, este Deus foi e será sempre digno de todo louvor e respeito por Sua grandeza, como diz o Santo Rei Davi: “Magnus Dominus et laudabilis nimis”.5 Mas hoje que O vemos feito menino, tendo necessidade de leite, não podendo mover-se, tremendo de frio, gemendo, chorando, pedindo que O tomem, que O aqueçam, que O consolem: oh, quão amável, quão caro aos nossos corações! Parvus Dominus et amabilis valde. Digamos então com o seráfico São Francisco: Amemos o Menino de Belém! Amemos o Menino de Belém! Sim, amemos a Jesus Cristo, que sobre Si tomou tantas penas para obter os afetos de nossos corações.

Prática: Esforçar-me-ei por adquirir o hábito das orações jaculatórias: um instante basta para fazer um ato de amor perfeito; direi, portanto, muitas vezes durante este dia: Doce Coração de Jesus, sede meu amor.

Afetos e Súplicas: Ó Divino Coração de meu Jesus, Coração cheio de amor para com os homens, Coração criado de propósito para amar os homens, como é possível que eles Vos desprezem assim? Ai! Eu tenho sido um destes ingratos, pois tenho vivido tantos anos sem Vos amar. Perdoai-me, meu Jesus, perdoai-me esta grande falta, de não Vos ter amado, a Vós que sois tão amável e me haveis amado tanto, e tanto haveis feito para me obrigar a Vos amar. Mereceria ser condenado a não poder mais Vos amar, por ter desprezado por tão longo tempo vosso amor; mas eu Vos conjuro, ó meu Jesus, enviai-me todos os castigos que quiserdes, exceto este; concedei-me a graça de Vos amar, e depois fazei de mim o que Vos agradar. Mas como posso temer tal castigo, se continuais a me intimar o doce preceito de Vos amar? “Amarás, dizeis Vós, o Senhor teu Deus de todo o teu coração”. Ah, meu único desejo é amar-Vos de toda a minha alma. Ó Coração abrasado de meu Jesus, acendei no meu coração a feliz chama que trouxestes do Céu para abrasar a terra; destruí todas as afeições impuras que em mim existem e me impedem de ser todo para Vós. Por piedade, amadíssimo Senhor meu, não recuseis o amor de um coração que tanto Vos tem afligido, e não permitais que no futuro eu viva, um instante sequer, privado de vosso amor, pois que tanto me haveis amado. Ó amável Jesus, sois o meu amor: espero Vos amar sempre, correspondendo ao amor que nunca cessareis de ter para comigo; sim, espero que este amor entre vosso Coração e o meu subsista eternamente. Ó Mãe do belo amor, terna Maria, que desejais tão ardentemente que amemos vosso divino Filho, prendei-me a este Coração, e fazei-O tão estreitamente, que eu seja todo d’Ele, como é seu desejo.  Amém.

Oração Jaculatória: Divino Menino Jesus, tende compaixão de nós e nascei em nossos corações. 1 Pai Nosso, 1 Ave Maria e 1 Glória ao Pai.



Exemplo

Santa Isabel da Hungria, perguntou um dia a seu pai espiritual, se ela podia amar a Deus tanto quanto era d’Ele amada. “Sim, respondeu-lhe este, podeis amá-Lo assim, mas não com o vosso próprio coração; este é muito pequeno”. – E como poderei então amá-Lo, se O não amo com o meu coração? Replicou a Santa. – “Podeis amá-Lo, tornou o religioso, com o mesmo coração que Ele Vos dá, com Seu Coração; e como este Coração é infinito em amor, Vós O amareis tanto como Ele Vos ama, e ama Sua divina Pessoa”. – “Bom seria, diz Santa Isabel, se fosse verdade, que o Coração de Jesus fosse meu pelos laços de um amor recíproco, e Seu divino amor com o Espírito Santo fosse verdadeiramente minha possessão, quando amo a Deus; mas, o meio de me convencer de tão grande felicidade! Antes creria que essa árvore plantada do lado de lá do ribeiro,6 passe para o lado de cá, do que crer que Deus queira fazer esta troca admirável de me dar Seu Coração pelo meu…”. Ó milagre da bondade divina! Apenas ela pronunciou estas palavras, a árvore, com todas as suas raízes, foi arrancada por mão invisível, transportada, e depois transplantada do lado em que estava esta Santa Princesa, para lhe dar prova sensível e manifesta desta grande verdade! Que movimentos de amor se apoderaram então do seu coração? Ela ficou como em êxtase, sem palavra, e razão havia para se temer que morresse de alegria e de reconhecimento.7



Louvores ao Menino Jesus8


Vinde já, meu Deus-Menino,

Nascei no meu coração,

Tomai dele inteira posse,

Tomai-o da vossa mão.


Vinde, meu rico Infante,

Vinde, não Vos detenhais,

A minha alma Vos espera,

Já não pode esperar mais.


Do Varão nasceu a vara,

Da vara nasceu a flor,

Da flor nasceu Maria,

De Maria o Redentor.


Os Anjos primeiro pegam

No Menino-Deus nascido,

Não O deixam cair no chão,

Em seus braços é detido.


A Virgem então O adora,

Nos seus braços O recebe,

Como Mãe lhe beija a face,

Mais alva que a pura neve.


Foi nascer a uma gruta

O Grande Rei das Nações,

Para render a frieza

De nossos corações.


Pastorinhos do deserto,

Correi todos, ide ver

A pobreza da lapinha

Onde Cristo quis nascer.


Pastorinhos do deserto,

Correi todos a Belém,

Adorar o Deus-Menino,

Nos braços da Virgem-Mãe.


Nos braços da Virgem-Mãe,

Chora o vosso coração,

Por saber que há de passar

Tão dolorosa Paixão.



Ladainha em Honra do

Divino Menino Jesus9


Senhor, tende compaixão de nós.

Jesus Cristo, tende compaixão de nós.

Senhor, tende compaixão de nós.


Senhor, ouvi-nos.

Divino Menino Jesus, escutai-nos.


Pai celeste, que sois Deus, tende compaixão de nós.

Filho Redentor do mundo, que sois Deus, tende compaixão de nós.

Espírito Santo, que sois Deus, tende compaixão de nós.

Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende compaixão de nós.


Jesus, Filho do Deus Vivo, tende compaixão de nós.

Jesus, num estábulo nascido de Maria Virgem, tende compaixão de nós.

Jesus, adorado pelos pastores e pelos Sábios do Oriente, tende compaixão de nós.

Jesus, circuncidado ao oitavo dia e chamado Jesus, tende compaixão de nós.

Jesus, oferecido no Templo a vosso Divino Pai, tende compaixão de nós.

Jesus, fugindo para o Egito com Maria e José, tende compaixão de nós.

Jesus, que voltastes do Egito com Maria e José, tende compaixão de nós.

Jesus, na idade de 12 anos levado ao Templo por vossos pais, tende compaixão de nós.

Jesus, perdido de vossos pais e por eles procurado com ânsia durante três dias, tende compaixão de nós.

Jesus, encontrado com alegria no Templo, tende compaixão de nós.

Jesus, submisso e obediente aos vossos pais, tende compaixão de nós.


Sede-nos propício, tende compaixão de nós, Menino Jesus.

Sede-nos misericordioso, escutai-nos, Menino Jesus.


Dos desvarios da nossa juventude, livrai-nos, Menino Jesus.

Do número dos filhos de Satanás, que perdem as almas dos inocentes, livrai-nos, Menino Jesus.

Dos criminosos desejos da nossa idade, livrai-nos, Menino Jesus.

Dos perigos de pecar, livrai-nos, Menino Jesus.

Da perda da santa pureza, livrai-nos, Menino Jesus.

Pelo vosso misterioso Nascimento, livrai-nos, Menino Jesus.

Pelas vossas lágrimas e gemidos, livrai-nos, Menino Jesus.

Pelo vosso santo porte com vossos pais, livrai-nos, Menino Jesus.

Pela vossa Apresentação no Templo, livrai-nos, Menino Jesus.


Nós que fomos filhos da ira, Vos rogamos nos escuteis.

Para que nos dias da nossa juventude nos lembremos do nosso Salvador, Vos rogamos nos escuteis.

Para que acostumemos desde a juventude nossos corações à virtude e ao bem, Vos rogamos nos escuteis.

Para que em todas as nossas ações demos bom exemplo ao próximo, Vos rogamos nos escuteis.

Para que não abandonemos na velhice o caminho da virtude que tomamos na juventude, Vos rogamos nos escuteis.

Para que sejamos recebidos um dia no número dos filhos de Deus, Vos rogamos nos escuteis.


Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Menino Jesus.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Menino Jesus.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós, Menino Jesus.


Menino Jesus, ouvi-nos.

Menino Jesus, escutai-nos.


Pai Nosso, que estais nos Céus…


V. O Verbo se fez carne. Aleluia.

R. E habitou entre nós. Aleluia.


Oremos: Amado Salvador, Jesus Cristo, que, por amor dos homens e de mim, encarnastes e Vos fizestes um fraco e pobre menino, adoro-Vos e amo-Vos. Concedei-me que ponha sempre em Vós a minha alegria; que Vos siga sempre; que eu seja bom, piedoso, obediente, zeloso, e Vos imite em tudo, a Vós que viveis e reinais com Deus Pai, e o Espírito Santo por toda a eternidade. Amém.


______________________

1.  “As Mais Belas Orações de Santo Afonso de Ligório”, pelo Pe. Saint-Omer, CSSR, 4ª Parte, Art. 2, § 1, pp. 473-474. Imprimé par les Etablissements Casterman, S.A. Tournai/Belgium, 1921.

2.  Obras Ascéticas, Iv. 24 Dez.

3.  “O Sagrado Coração de Jesus”, segundo Santo Afonso de Ligório, pelo Pe. Saint-Omer, CSSR, 1ª Parte, 6º Dia, pp. 42-48. 5ª Edição, Typographia de Frederico Pustet, Impressor da Santa Sé, Ratisbona/Alemanha, 1926.

4.  Filip. 2, 7.

5.  Ps. 144, 3.

6.  Porque eles se entretinham então à margem de um regato.

7.  O Pe. d’Argentan.

8.  “Cartilha ou Compêndio da Doutrina Cristã, Ordenada por Perguntas e Respostas”, pelo Pe. Antônio José de Mesquita Pimentel, Cap. “Devoção”, pp. 228-229. 18ª Edição, Livraria Chardron, de Lello & Irmão, Ltda, Porto, 1872.

9.  “Livro de Missa para a Juventude”, compilado por um Padre do Espírito Santo, pp. 114-118. 6ª Edição, Casa Cruz, Rio de Janeiro, 1898.


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