Blog Católico, para os Católicos

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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

quarta-feira, 24 de março de 2021

JESUS NO BANQUETE DE BETÂNIA.

 


1ª Meditação

Quer Jesus que no histórico de sua Paixão se inclua a narração do que a Madalena fez para honrá-Lo, no banquete de Betânia, seis dias antes de Sua morte.1

Madalena que de pecadora tornara-se penitente, atinge agora o cume mais elevado da perfeição,2 ao derramar sobre a Cabeça e os pés do Salvador um vaso preciosíssimo.3 Na Cabeça divina reconhece a Divindade; nos pés contempla a humanidade;4 na unção da Cabeça vê o amor de Deus, na dos pés enxerga o amor do próximo,5 e com esta sublime manifestação de fé, Madalena nos ensina em que consiste toda a perfeição cristã.6

Madalena foi a primeira que se antecipou nas honras fúnebres que deviam-se prestar a Jesus por ocasião de Sua morte ignominiosa e fê-Lo ungindo antes de todos o Corpo virginal do Divino Mestre como se embalsamam os grandes personagens, antes de serem entregues à sepultura.7

Mas vejamos o que se segue ao ato corajoso de Madalena. Alguns, ao contemplarem esta cena levantam a voz censurando-a como de pouco juízo em desperdiçar essência tão preciosa!8

Madalena, porém, diante destas repreensões não esmorece; com generosa intrepidez deixa passar a onda de recriminações que acaba de atingi-la e segue seu caminho.

Pouco se lhe dá das línguas afiadas e dos juízos apaixonados, bastando-lhe a satisfação de saber que o que faz é agradável a Jesus.

Daí Jesus a querer e dispor que em todo o universo lhe fossem tributadas merecidas honras.9

Eu muito preciso tomar a Madalena como mestra e advogada. A nossa Santa julga-se feliz pela boa sorte que teve de ungir à Jesus, mas quem me impede a mim de prestar a mesma homenagem ao Senhor, a meu bel prazer?

Unge-se a Cabeça do Divino Mestre fazendo atos de caridade, para com o nosso próximo.10 Ora, porque não me exercito em tais atos?

Meu Deus, sei o que devo fazer; poderia e quereria fazê-lo, mas permaneço na indolência.

Na oração proponho muitas vezes entregar-me todo ao vosso santo amor, envidando todos os meus esforços para acudir ao meu próximo em suas necessidades; mas nas ocasiões, oh! como sou fraco e covarde! O respeito humano de mãos dadas com o amor-próprio escraviza-me e por qualquer nonada, recuo no caminho da virtude, muitas vezes deixando de agradar a Vós para não desagradar ao mundo.

Meu Jesus, que ungistes o coração da corajosa Madalena antes que ela ungisse o vosso Corpo, ungi também, enrijai com a mesma forte e suave graça o meu fraco coração.

Santa Madalena, infundi-me um pouco de vossa destemida coragem em calcar aos pés o vil respeito humano.

Viva Jesus e viva a virtude! Digam embora o que queiram os mundanos. Deus será minha fortaleza.11

Propósito

Não respondeu Madalena a quem dela zombara; por isso, Jesus tomou-a sob Sua defesa.12 Assim, Nosso Senhor terá cuidado de mim, se souber ter paciência e humildade com os maldizentes.



2ª Meditação

Um dos murmuradores que criticam o ato de Madalena, é Judas, o qual tendo à seu cargo guardar as esmolas que ofertavam para o sustento da família apostólica, tinha por costume subtrair migalhas e pequenas quantias das quais apoderava-se indevidamente.13 Por isso, morde-se de raiva por não lhe terem caridosamente confiado o bálsamo de cuja venda esperava usufruir;14 e para compensar-se do prejuízo sofrido concebe a ideia atroz de vender a Nosso Senhor Jesus Cristo.15

Pondere-se como aquele bálsamo que é para Madalena aroma de santidade, torna-se para Judas uma fonte de iniquidade, servindo-lhe de condenação o que para outra é ocasião de salvação.16 E nem se julgue ser este o primeiro passo que o infeliz Apóstolo dá na procura do abismo, e porquanto sendo ele useiro e vezeiro nos furtos, adquiriu o mau hábito de ganância e sede de dinheiro, ao ponto de não sentir horror diante da ideia infame de entregar o seu Divino Mestre.17

Pondere-se ainda, como Jesus que sabe tudo e conhece toda a íntima malícia de Judas, nem por isso o enxota do Colégio Apostólico, nem aborrece sua companhia, mas, o aguenta e sofre com muita paciência.18 Que aprenderemos do exemplo de Judas? Que aprenderemos do exemplo de Nosso Senhor Jesus Cristo?

De quantas coisas eu me sirvo para ofender a Deus e que me foram dadas como meios para servi-Lo e honrá-Lo?

Que uso tenho do corpo, e da alma?

Quantos abusos, meu Deus! Todo meu ser devia rescender dos perfumes suaves de todas as virtudes; devia exalar o aroma do bom exemplo, e edificar meu próximo: no entanto, de todas as dobras de minha alma só saem exalações viciadas e repugnantes.

Meus Jesus, se não mereço a graça de amar-Vos como a Madalena, concedei-me a graça de conhecer a paixão que predomina em mim para que a mortifique e não se torne instrumento de minha perdição. Espero em Vós, certo de que não serei iludido em minhas esperanças.19

Considerando, em seguida, ó meu Salvador, que entre os vossos Apóstolos, quisestes ter um, o qual causando-Vos inúmeros desgostos, Vos oferecia ocasião de exercitardes a paciência,20 sinto-me acabrunhado em ver que, diante de tão luminoso exemplo eu não sou capaz de suportar alguns com quem convivo, os quais por serem defeituosos tornam-se-me antipáticos e pesados.21

Meu Jesus, entre Vós e eu, que distância incomensurável! Vós, que sois puríssima santidade, suportais Judas que é um homem diabólico:22 e eu, pelos meus inúmeros defeitos, preciso tanto da compaixão e caridade de todos, não sei por minha vez, suportar alguém que não combine com o meu gênio.

Alimento antipatias, ciúmes, zelos indiscretos e por qualquer inépcia me escandalizo e perturbo. Eu gostaria que os outros se adaptassem ao meu humor sem, de minha parte, querer amoldar-me ao alheio. Que espírito é o meu, tão orgulhoso e esperto? Jesus dulcíssimo, ensinai-me a compaixão para com o meu próximo,23 não permitindo que eu simule ou dissimule por motivos humanos, mas com paciência cristã e por vosso amor.24

Propósito

Considerarei mais valioso e mais aceito a Deus, tratar amavelmente a quem me é antipático, do que usar do cilício e tomar a disciplina.

Grandes méritos ajunta para a eternidade, quem sabe ter paciência para conservar a caridade entre irmãos.


____________________________

Fonte: Pe. Caetano Maria de Bergamo, O.F.M.Cap., “Pensamentos e Afetos sobre a Paixão de Jesus Cristo para cada dia do ano – Extraídos da Sagrada Escritura e dos Santos Padres”, Vol. 1, Caps. VIII-IX, pp. 19-24; Tradução de Frei Marcellino de Milão, O.F.M.Cap.; Escola Typographica Salesiana, Bahia, 1933.

1.  Matth. 26, 13.

2.  Beda in Jo. 12.

3.  Jo. 12, 3.

4.  Beda in Jo. 12.

5.  Beda, loc. cit.

6.  Coloss. 2, 14.

7.  Euseb. Emiss., hom, in Jo. 12.

8.  Teoph., in Marc. Ibd.

9.  D. Chrysost., hom. 81 in Matth.

10.  Matth. 25, 40.

11.  Heb. 12, 5.

12.  Matth. 26, 10.

13.  Jo. 12, 4.

14.  Teoph. In Marc. 14.

15.  D. Hieron. In Matth. 26.

16.  Jo. 12, 23; D. Aug., tr. 50 in Jo.; D. Hieron. In Marc. 14.

17.  D. Aug., tract. 50 in Jo.

18.  D. Aug., loc. cit.

19.  Is. 50, 7.

20.  D. Aug. In psalm. 54.

21.  D. Aug. Tract. 50 in Jo.

22.  Jo. 6, 71.

23.  D. Aug. Tract., 50 in Jo.

24.  Psalm. 61, 6; Psalm. 70, 5.


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