Blog Católico, para os Católicos

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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

terça-feira, 10 de março de 2020

CÂNTICO DAS EXCELÊNCIAS DO ESPOSO VIRGEM, DA VIRGEM MÃE DE DEUS.



Ó José,

Varão justíssimo, perfeitíssimo, e felicíssimo. 
A celebrar vossas prerrogativas, e excelências, 
como alcançarão nossas línguas impuras, 
não alcançando nem as dos mesmos Anjos?1

Contudo, nossa devoção e piedade, 
deseja derramar-se em vossos louvores; 
e nossos corações recrear-se 
com a suave memória de vossa grandeza.




A vós,
 
fidelíssimo Ecônomo do Eterno Pai.




A vós,
 
cuidadoso Aio do Eterno Filho.




A vós,

digníssimo Substituto do Espírito Santo, 
que à sua Esposa fizestes também sombra castíssima.




A vós,
 
Escolhido da Beatíssima TRINDADE, 
para tesoureiro fiel de seu Sacrário.




A vós,
 
Esposo nobilíssimo da Virgem Mãe do Criador, 
louvamos, celebramos e engrandecemos; 
senão conforme a sublimidade de vossos merecimentos, 
ao menos segundo a possibilidade de nossos cabedais.

Aspire com seu favor Aquela, 
que neste mundo mais vos estimou, 
e sobre todas as puras criaturas amou, 
MARIA Santíssima Senhora Nossa.




Bem-aventurado vós,

que no ventre de vossa mãe fostes (como piamente se crê) 
santificado, e desatado da Culpa Original, 
e ornado com a Divina graça, e nela confirmado 
antes de ver a luz deste século.2




Bem-aventurado vós,
 
que conservastes fresca e intacta, 
a açucena candidíssima da castidade, 
sendo perpetuamente virgem, 
e não tocando jamais na vossa imaginação pintura, 
ou espécie de coisa menos honesta.3




Bem-aventurado vós,
 
que nascido neste mundo, mar de perigos, reino do pecado, 
nunca manchastes a pureza de vossa alma com mortal culpa.




Bem-aventurado vós,
 
que fostes o primeiro Santo canonizado 
por Justo no Evangelho.




Bem-aventurado vós,
 
que por especial favor do Céu, tivestes, 
ou extinto, ou ligado, o comum incentivo do pecar.4



Bem-aventurado vós,

de quem se pode sentir com fundamento, 
que vistes nesta vida claramente o rosto da Divina Essência.5




Bem-aventurado vós,
 
que com a própria Mãe de Deus contraístes Matrimônio rato6
e verdadeiro, porém não consumado.




Bem-aventurado vós,

que com tanta constância observastes o voto de castidade, 
que em vossos desposórios, é de crer que fizestes 
em honra de vossa Esposa diletíssima.




Bem-aventurado vós,

que juntamente, com a pureza da virgindade, 
gozastes de todos os bens do matrimônio, produzindo-se, 
por obra do Espírito Santo, um admirável Filho, 
fonte de todos os bens e graças.



Bem-aventurado vós,7 

que tão alta dignidade alcançastes; 
que assim como todas as grandezas de MARIA 
se encerram em dizer, que é Mãe de Deus;8 
assim, todas as vossas excelências se cifram 
em dizer, que sois Esposo de MARIA.



Bem-aventurado vós,9 

que sendo testemunha da inteireza virginal de vossa Esposa, 
juntamente fostes testemunha da Divindade de seu Filho, 
JESUS CRISTO.



Bem-aventurado vós,10 

que sois mais que Apóstolo; 
porque a Ordem da União hipostática, 
em que tocou o vosso Ministério, 
é mais alta, que a da Graça Evangélica, 
em que os Apóstolos ministraram.



Bem-aventurado vós,11 

que vinte e sete anos (como se crê) tratastes, 
e conversastes com a Mãe de Deus, 
seguindo o seu Espírito; 
o qual quanto mais comunicáveis, 
tanto mais aproveitáveis em virtude e pureza.




Bem-aventurado vós,

que fostes Aio, Tutor e Pai putativo de Cristo; 
e com tanta perfeição exercestes este Ofício e Dignidade, 
que aos mesmos Anjos fizestes vantagem.




Bem-aventurado vós,

que não tendo Cristo Anjo Custódio, 
vos quis ter por seu Custódio, e quase por seu Anjo;12 
e ministrando no Céu a este Senhor milhares de milhares de Anjos; 
quis que valêsseis vós só por todos, ministrando-lhe na terra.




Bem-aventurado vós,

que assim como São João Batista 
serviu ao Verbo de voz, para O publicar; 
assim vós lhe servistes de silêncio, para O encobrir; 
porque não menos importava estar primeiro encoberto, 
do que depois revelado.




Bem-aventurado vós,

que servistes, guardastes e regalastes a JESUS CRISTO, 
e sendo Menino, tantas vezes O vestistes e despistes, 
destes de comer e beber, e O levastes com inefável gozo em vossos braços, 
pendurando Ele os seus (braços) do vosso pescoço com grande alegria.




Bem-aventurado vós,

que quando o Menino Deus13 tinha as mãozinhas frias, 
as lhes sopráveis; e quando O trazíeis ao colo, 
lembrando-vos de sua Paixão futura, 
derramáveis muitas lágrimas sobre as suas mantilhas.



Bem-aventurado vós,

que da boca do mesmo Filho do Altíssimo, 
merecestes ouvir muitas vezes, que vos chamava de Pai, 
e só o Eterno Pai, e vós podem dizer de Cristo: Este é meu Filho.




Bem-aventurado vós,
 
que por muito justo título vos quadra o de Salvador do mundo; 
pois, guardastes nele, melhor pão para seu remédio, 
do que o antigo José guardou no Egito.14




Bem-aventurado vós,

que fostes melhor Noé, 
regendo a melhor Arca, da Humanidade de Cristo, 
em que o mundo se salvou do dilúvio do pecado.




Bem-aventurado vós,

que tivestes domínio sobre a fonte da vida, que é CRISTO JESUS; 
pois, nasceu milagrosamente das entranhas da Virgem, 
terra e jardim vosso, por direito de Matrimônio.




Bem-aventurado vós,

a quem se deve também a Redenção do mundo, 
pois, criastes ao Criador, e do vosso trabalho e suor 
mantivestes a vida, e aumentastes o Sangue, 
que foram preço do mesmo mundo.




Bem-aventurado vós,
 
que da Divina Sião15, Cristo Cidade da nossa fortaleza, 
se a Virgem Mãe foi o muro, vós fostes o antemuro.




Bem-aventurado vós,

a quem os títulos de Consolador, Hóspede, Caridade, Fogo, 
e outros muitos, próprios do Espírito Santo, 
vos convém e quadram com notável correspondência.



Bem-aventurado vós,16 

que fostes vara, em que se empou, 
ou amparou a melhor vide,17 
que produziu o melhor cacho, 
cujo licor gera virgens, 
e embriaga de amor casto.




Bem-aventurado vós,18 

que tantos anos fostes constituído Senhor de melhor Casa, 
e Príncipe de melhor herança, que o antigo José.




Bem-aventurado vós,

a cujo cuidado foram entregues outras melhores chaves do Céu, 
do que a São Pedro, a saber, CRISTO e MARIA, que nos abrem o Céu; 
um, de seus merecimentos com o valor; 
outra, de seus rogos com a valia.




Bem-aventurado vós,19 

que, juntamente, com vossa Soberana Esposa, 
fostes os lírios e as açucenas, 
entre os quais se apascentou o Cordeiro de Deus.




Bem-aventurado vós,20 

que, juntamente, com vossa Soberana Esposa, 
fostes os dois Querubins do Propiciatório, 
que com as asas de vossa proteção e sombra, 
cobristes a verdadeira Arca do Testamento.




Bem-aventurado vós,21 

que nesta santa companhia vivestes, 
até que chegando aos sessenta anos de vossa idade, 
e ao cúmulo de merecimentos que não podem numerar-se, 
gozastes de morte preciosíssima diante do Senhor.




Bem-aventurado vós,

a quem ajudaram a bem morrer, 
o mesmo Deus e a Mãe de Deus, 
presentes à vossa cabeceira.




Bem-aventurado vós,22 

que espirastes à doce violência do amor Divino, 
suspendendo Deus o concurso, com que até então, 
milagrosamente sustentava vossas forças.




Bem-aventurado vós,23 

a cujo enterro assistiram CRISTO e MARIA Santíssima, 
luzes grandes que serviram às honras de vosso sagrado corpo.




Bem-aventurado vós,

que evangelizastes no Limbo as alegres e desejadas novas 
da propínqua Redenção do mundo, e liberdade dos Santos Padres, 
que ali esperavam, sendo para este efeito destinado 
por Precursor de Cristo.




Bem-aventurado vós,

que (como pia e racionalmente se crê) 
ressuscitastes com Cristo, e em sua companhia 
subistes ao Empíreo em corpo e alma.24




Bem-aventurado vós,

que sois um dos Santos, 
que gozão o mais eminente grau de Glória, 
abaixo de vossa Esposa Santíssima.




Vós tendes no Empíreo, 
título de mandar com vossa poderosa intercessão, 
a Mãe, de que fostes verdadeiro Esposo, 
e o Filho, de que fostes putativo Pai. 
E assim como para remédio dos homens 
Cristo mostra ao Eterno Pai suas Chagas 
e MARIA mostra a Cristo seus peitos; 
assim vós podeis mostrar a Cristo e a MARIA 
os dedos que calejastes no trabalhar para seu sustento.




Vós tendes no Celestial Reino 
o título de Padroeiro da Igreja25 Católica; 
e lograis tanta autoridade, 
que todas as vezes que na terra se pronuncia vosso Nome, 
vos reverenciam os Santos, 
dando-vos os parabéns de vossa glória e dignidade.




Vós sois advogado das Virgens, 
porque fostes puríssimo Virgem; 
advogado dos casados, 
porque fostes verdadeiro casado; 
advogado dos meninos e órfãos, 
porque defendestes e sustentastes a JESUS e a MARIA; 
sois advogado dos caminhantes e peregrinos, 
como quem tantas jornadas e peregrinações fez, 
por guardar nosso remédio.




Vós especialíssimamente sois advogado 
dos que se dão aos Santos exercícios 
da Oração, Meditação e Contemplação; 
pois, vossa casa foi verdadeiro Oratório 
e Templo de Deus vivo, 
onde exalava continuamente o perfume 
deste Timiama suavíssimo.




Rogai por nós todos, gloriosíssimo Esposo da Virgem, 
para que sejamos dignos das promessas de Cristo.




Ó José Santíssimo,

grande em virtudes, dons e merecimentos, 
e entre todos os nascidos, felicíssimo: 
prostrado a vossos pés, vos peço humildemente, 
me recebais por vosso escravo; 
que por tal, ainda que indigno me ofereço, 
renunciando em vossas mãos toda a minha liberdade, 
porque já não quero ser meu, senão todo vosso, 
como o sou de JESUS e MARIA; 
para que assim tenha sempre 
a todos três em meu coração como Trindade da terra, 
e por vossa intercessão alcance 
ver e louvar eternamente a TRINDADE do Céu, 
Pai, Filho e Espírito Santo, 
que vive e reina pelos séculos dos séculos. 
Amém.


____________________________

Fonte: “Luz e Calor” - Obra Espiritual para os que Tratam do Exercício de Virtudes e Caminho de Perfeição, pelo Rev. Pe. Manoel Bernardez, 1ª Parte, Opúsculo IV, Solilóquio XXIII, pp. 455-459. Nova Edição, Lisboa, 1871.

1.  É tirado de um livrinho pio intitulado “Farol de Devoção”, com algumas mudanças e acréscimos.

2.  Vide Carthagen. Lib. 18, homil. 15, § 1. 1. Reg. 7, 1.

3.  Eleasarum autem… sanctificaverunt, ut custodiret Arcam Domini.

4.  Luc. 1. Joseph autem vir ejus, cum esset justus.

5.  Vide De Nueros in Lapidicina sacr. tract. 1. sect. 26. n. 313. Mystica Ciudad de Dios 2. p. n. 875.

6.  Confirmado, reconhecido.

7.  Eccles. 26, 1. Mulieri bonae beatus vir [Ditoso o homem que tem uma virtuosa mulher].

8.  Sap. 7, 11. Venerunt autem mihi omnia bona pariter cum [Todos os bens me vieram, juntamente, com ela].

9.  Albert Magn. super Missus c. 38.

10.  Suar. to. in. 3. p. disp. 8. sect. 1.

11.  Mystica Ciudad de Dios 2. p. n. 886.

12.  De Nueros sup. sect. 20. n. 261.

13.  D. Marina de Escobar, lib. 4. c. 9. to. 1.

14.  Gên. 41, 45. Vocavit eum língua AEgyptiaca Salvatorem mundi [E mudou-lhe o nome, e chamou-o na língua egípcia, Salvador do Mundo].

15.  Isai. 26, 1. Urbs fortitudinis nostrae Sion Salvator: ponetur in ea murus, et antemurale [Sião é a cidade da nossa fortaleza, o Salvador será para ela o muro e o antemuro].

16.  Eccles. 24, 23. Ego quasi vitis fructificavit [Como a vide lancei flores de um agradável cheiro; e as minhas flores dão frutos de honra e de honestidade].

17.  Zach. 9, 17. Vinum germinans virgines [Porque, qual é o bem (vindo) dele, e qual a sua formosura, senão o pão dos escolhidos e o vinho que gera virgens?].

18.  Psalm. 104, 21. Constituit eum Dominum domus suae et Principem omnis possessionis suae [Constituiu-o senhor da sua casa, e soberano de todas as suas possessões].

19.  Cânt. 2, 16. Quae pascitur inter lilia [Apascenta (o seu rebanho) entre os lírios].

20.  Êxod. 25, 19-20. Cherub. Unus sit in latere uno, et alter in altere. Utrumq latus Propitiatorij tegant, expandentes alas, et operientes oraculum [Um Querubim esteja de um lado, o outro do outro. E cubram ambos os lados do propiciatório, estendendo as asas e cobrindo o oráculo].

21.  Psalm. 115, 15. Pretiosa in conspectu Domini mors [É preciosa aos olhos do Senhor a morte dos seus Santos].

22.  Mystica Ciudad de Dios, p. 2, n. 878.

23.  Barrad. apud De Nueros sup. sect. 27, n. 379.

24.  Gabriel Honao Empyreolog. Lib. 6, exercitatione 22, sect. 2, n. 43.

25.  IsoIanus, p. 4, c. 8.

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