Blog Católico, para os Católicos

BLOG CATÓLICO, PARA OS CATÓLICOS.

"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

quinta-feira, 15 de abril de 2021

A CONVERSÃO DE CLEMENTE BRENTANO.


Quando o poeta alemão Clemente Wenzeslaus Brentano de La Roche (1778-1842), depois de ter passado muito tempo nas loucuras mundanas, chegou ao conhecimento de sua miséria, com pessoas bem intencionadas e de sua confiança lastimava-se muitas vezes dos erros de sua vida, esperando assim achar algum alívio e consolo. Porém, essas queixas não lhe restituíram a paz do coração. Um descontentamento geral e profundo apoderou-se-lhe da alma, e pesaroso olhava para sua vida passada. Nesta triste disposição de ânimo, encontrou-se um dia (era ao fim do ano de 1816) com uma piedosa senhora protestante, a poetisa Luíza Hensel, a qual lhe conquistou em breve a confiança pela sua inocência e candidez, de modo que Brentano lhe abriu todo o seu coração. Esta, porém, lhe respondeu gravemente: “De que lhe serve manifestar isso a uma jovem? O senhor é católico; tem a felicidade de ter a Confissão. Exponha seus vexames ao seu Confessor”. A estas palavras Brentano começou a chorar, e disse, de modo que os que estavam presentes na sala o podiam ouvir: “Pois, me diz isso, a filha de um pastor protestante!”

Foi uma humilhação para Brentano ouvir da boca de uma senhora, que não era a uma jovem, nem num salão e sim ao Sacerdote e na igreja, que devia fazer a confissão de suas misérias, mas foi uma humilhação para o seu bem! Lutou para achar a paz e achou-a.

Vá confessar-se”, era a resposta que a amiga, ao encontrar-se com ele e ouvindo-lhe as queixas, sempre lhe repetia; conformando-se ao conselho dela, tomou a resolução de fazer uma Confissão Geral. Foi ter com o Cônego Tauber, bom e zeloso Sacerdote pedindo-lhe ouvisse-o em Confissão, logo que para isso estivesse preparado. Já nesta ocasião, em que expôs ao Padre o triste estado de sua alma em geral, e dele recebeu palavras de animação e conforto, começou a fundir-se-lhe o gelo do coração como que às brisas primaveris da graça. Após uma longa preparação por entre os combates mais veementes, Brentano fez, por fim, sua confissão (a primeira depois de 10 anos).

No dia seguinte recebeu também a Santa Comunhão. Era sobremodo feliz por ter-se reconciliado com a Santa Igreja, por ter achado a paz com Deus e consigo.

O senhor é católico; tem a felicidade de gozar do benefício da Confissão; vá confessar-se!” Que preciosa verdade encerram estas palavras! Sim, assim é. Felizes somos nós católicos por termos a Confissão. Quantas graças não devemos a Deus por ter instituído para nossa salvação o Santo Sacramento da Penitência, no qual o Sacerdote, autorizado para isso, perdoa em nome de Deus os pecados, se o pecador arrependido os confessa sinceramente e tem a vontade de cumprir a penitência imposta.

Nós católicos somos felizes por termos a Confissão. Ela é para nós o meio mais fácil e mais simples para nos reconciliarmos com Deus; é uma fonte de paz e consolo para nosso coração atribulado. Por uma boa e digna confissão fechamos as portas do Inferno e abrem-se-nos as do Céu.

A Confissão, porém, não é somente para nós uma felicidade inestimável, mas também um dever rigoroso. O divino Salvador disse aos seus discípulos: “Em verdade vos digo, que tudo o que ligardes sobre a terra, será ligado também no Céu; e tudo o que desatardes sobre a terra, será também desatado no Céu”.1 E pouco antes da sua Ascensão conferiu solenemente aos Apóstolos o poder de perdoar os pecados, dizendo-lhes: “Assim como o Pai me enviou, assim eu vos envio… Recebei o Espírito Santo; àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados, e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos”.2

Que se segue daí? Sem dúvida, que é obrigatório ao pecador o reconciliar-se com Deus pelo Sacramento da Penitência e que não lhe é facultado fazê-lo de outra maneira; pois, se pudéssemos, sem o Sacramento da Penitência e sem o Padre, obter o perdão dos nossos pecados, Cristo em vão teria dado tal poder somente aos Apóstolos e seus Sucessores. Este seu poder seria vão e inútil, se não pudessem exercê-lo: não seria nenhum poder.

Bem exprimiu este pensamento Santo Agostinho († 480): “Fazei penitência como se faz na Igreja, a fim de que a Igreja ore por vós. Ninguém diga consigo: ‘Eu faço penitência perante Deus, às ocultas. Deus que me perdoe, sabe que estou arrependido no coração’. – Pois desta forma seria dito em vão: ‘Tudo o que desatardes sobre a terra, será desatado também no Céu’; em vão a Igreja teria recebido o Poder das Chaves. Acaso nos é lícito frustrar o Evangelho e as palavras de Cristo?” Em outras palavras: Cristo nos remete para os Apóstolos e seus Sucessores, os Bispos e Sacerdotes, se desejamos obter o perdão dos pecados.

Para todos os fiéis, portanto, que, depois do Batismo, cometeram um pecado mortal, torna-se necessária a recepção do Sacramento da Penitência, ou, sendo esta impossível, ao menos o desejo de recebê-lo…

Felizes somos nós católicos por termos este grande Sacramento, que não só nos purifica do pecado, mas também nos protege poderosamente contra ele, ajudando-nos eficazmente a alcançar a perfeição cristã.

É verdade: como todas as coisas boas são combatidas, e até convém que o sejam, para poderem mostrar sua força e vigor, assim também a instituição da Confissão. Poucas instituições da Santa Igreja são tanto impugnadas pelo poder das trevas quanto a Confissão. Que pretextos e razões fúteis inventam os homens para difamarem na opinião de outros o Sacramento da Penitência ou ao menos para se eximirem a si mesmos da obrigação de recebê-lo! Até bons cristãos sofrem às vezes estas tentações.


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Fonte: Pe. Fr. Frutuoso Hockenmaier, O.F.M., “O Cristão Prático – Exposição Prática da Moral Cristã”, Notas Preliminares, pp. 9-13. Editora Mensageiro da Fé, Bahia, 1925.

1.  Mat. 18, 18.

2.  Jo. 20, 21-23.


A Morte da Reformadora do Carmelo.


A 2 de Outubro, a Madre anunciou a Ana de São Bartolomeu que estava próxima a sua morte. Pediu o Santíssimo Sacramento. O Rev. Pe. Vigário Provincial, Antônio de Jesus, ouviu-lhe a confissão ajoelhado junto do leito. No fim suplicou-lhe:

Madre, pedi ao Senhor que não vos leve. Não nos deixeis tão depressa…

Ouviram-na responder:

Calai-vos, Padre! Sois vós que me falais dessa maneira? Já não sou necessária neste mundo.1

Agora que a sua obra estava terminada, deixava-se aniquilar pelo amor de Deus e pelo desejo que tinha de se encontrar com Ele.



As recomendações às suas filhas foram breves:


Minhas filhas e minhas senhoras, peço-vos pelo amor de Deus, que observeis bem a Regra e as Constituições: se as guardardes pontualmente não precisareis de mais nenhum milagre para serdes canonizadas. Não imiteis os maus exemplos que vos deu esta má Religiosa, e perdoai-me”.2

Não se reuniam aqui as suas virtudes preferidas: o amor, a humildade, a obediência, o trabalho?

Repetiu muitas vezes, com nitidez e majestade: “Senhor, sou filha da Igreja”.3

Estava tão mal que eram precisas duas Religiosas para a moverem na cama. Mas, quando viu entrar o Santíssimo Sacramento, ergueu-se dum salto e pôs-se de joelhos: o rosto inflamou-se-lhe de amor e alegria.

A última comunhão fez-lhe brotar dos lábios as derradeiras exclamações: “Meu Esposo e Senhor! Chegou a hora desejada. É hora de nos vermos, meu Amado, meu Senhor. É tempo de me pôr a caminho. Partamos, é a hora…”.4

Quando o Pe. Antônio de Jesus lhe perguntou se queria que lhe levassem o corpo para Ávila, esboçou um sorriso naqueles lábios que tanto haviam louvado a alegria como pregado a renúncia:



Jesus! Isso é coisa que se pergunte, meu Pai? Eu tenho alguma coisa que me pertença? Não me farão a esmola de me dar aqui um pouco de terra?.5

Toda a noite passou em beatitude extática, repetindo o versículo dum Salmo; ela, porém, que tantas vezes declarava não querer freiras latinistas, pronunciou-o na sua língua castelhana: “Um ânimo aflito é um sacrifício agradável ao Senhor… Meu Deus! Vós não desprezais um coração arrependido!”6

Voltava muitas vezes às palavras “coração arrependido” e parecia sentir prazer em as acentuar.

Na madrugada do dia seguinte, festa de São Francisco, deitou-se de lado, “na posição em que é representada Maria Madalena”; as Irmãs puderam-na contemplar: as rugas cavadas pela idade e pela doença haviam desaparecido; o rosto, transfigurado, estava tão calmo e luminoso “que parecia uma lua cheia”.7

As que a tinham visto em êxtase, afirmavam que estava na presença de Deus.

Só uma vez o seu se voltou para o mundo: o Pe. Antônio de Jesus acabava de ordenar a Ana de São Bartolomeu que fosse comer alguma coisa – havia vários dias que a pobre Religiosa não provava nem sono nem alimento. A Madre abriu os olhos inquietos e esforçou-se por voltar a cabeça como a procurar alguém. Teresita compreendeu e correu a chamar a Irmã de véu branco. Ao vê-la entrar, a Madre sossegou, pegou-lhe nas mãos e, com um sorriso que não mais se apagou, deitou a cabeça nos seus braços.



Foi assim, amparada por uma camponesa castelhana, que ela esperou o momento de ser arrebatada para além das Sétimas Moradas, pela “águia impetuosa da Majestade de Deus”.8 Emanava dela admirável perfume.

Expirou com três gemidos muito fracos, muito doces. O rosto de Teresa de Jesus conservou-se tão belo, na morte, tão resplandecente, “que se diria um sol deslumbrante”.9

A duquesa de Alba mandou cobrir com um pano dourado o corpo daquela que havia preferido viver vestida de burel.



Fonte: Marcelle Auclair, “Santa Teresa de Ávila – A Dama Errante de Deus”, V Parte, Cap. VI, pp. 451-453. Livraria Apostolado da Imprensa, Porto, 1959.


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1.  MF (Maria de S. Francisco) ct (citado por) SEC (S. Teresa, edição crítica das suas obras, pelo P. Silvério de Santa Teresa) t. (Tomo) II p. (página) 242.

2.  MF ct SEC t. II p. 242

3.  Idem.

4.  Idem.

5.  Idem.

6.  Idem.

7.  Idem.

8.  SEC E (Exclamaciones) XIV.

9.  MF ct SEC t. I p. 243.


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