Blog Católico, para os Católicos

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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

domingo, 17 de janeiro de 2016

1585 Anos da proclamação do Dogma da Maternidade Divina de Maria.

 

O ano de 2016 será de 
grandes celebrações marianas pelo mundo inteiro.

Talvez passe despercebido, mas 2016 será de grandes celebrações marianas pelo mundo inteiro. Começamos a elencar com os 1585 anos da proclamação do Dogma da Maternidade divina de Maria.

Foi exatamente durante o ano de 431, no Concílio Ecumênico de Éfeso, que se chegou a definição dogmática que em Jesus Cristo não existe uma só natureza na sua concepção no ventre da Virgem Maria. No seu seio, se uniu a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, isto é o Filho de Deus que é divino, com a humanidade, dando “origem” a uma só pessoa. Em Jesus Cristo não existe divisão ou diminuição das naturezas humano e divina, Ele é único. Tudo acontece com a colaboração de Maria de Nazaré, a Cheia de Graça que se torna, Serva e Mãe por toda a vida.

O Concilio de Éfeso, sob a orientação de Cirilo de Alexandria, no ano de 431, se reúne com os padres conciliares para defender a fé católica contra as opiniões deformadas de Nestório. Este afirmava que Maria não devia ser chamada Mãe de Cristo homem e não deveria ser chamada de Mãe de Deus. Para ele, Jesus como ser humano na concepção no seu nascimento, adolescência se tornou Deus depois do seu batismo. Tal tese fragilizava toda a fé cristã transmitida pelas Escrituras e pela Tradição. O vínculo humano de Jesus Cristo é indissolúvel com a Virgem nazarena. Com ela, por ela toda a humanidade é resgatada, concedendo a Maria o título de Nova Eva.

Junta-se a tão alta comemoração os seguintes eventos marianos:

140 Anos das aparições de Pellevoisin;
140 Anos da aprovação do «Ofício da Imaculada Conceição» pelo Papa Pio IX;
145 Anos das aparições de Pontmain;
170 Anos das aparições de Nosso Senhor a Ir. Justina, irmã de Caridade de S. Vicente de Paulo, ao qual promove o «Escapulário da Paixão»;
170 Anos das aparições de La Salette;
300 Anos da morte de São Luís de Monfort, grande apóstolo mariano;
485 Anos das aparições de Guadalupe;
785 Anos do nascimento de Santo Antônio de Pádua, grande defensor da «Assunção de Maria»;
890 Anos da morte do monge beneditino, Eadmero de Cantuária, autor do primeiro «Tratado sobre a Imaculada Conceição».

Outrora existia a festa da maternidade divina de Maria, a 11 de Outubro, instituída pelo Papa Pio XI e que foi supressa com a reforma litúrgica do Concilio Vaticano II, ficando tal festividade no dia 19 de Janeiro. Mas a festa de 19 de Janeiro é antiquíssima onde, já no século VI se fazia a comemoração deste privilégio mariano.

Que este ano de 2016, proclamado como ano extraordinário da Misericórdia, possamos ver o quanto Deus operou em Maria e que, por consequência ainda opera em nós. Que os filhos e filhas da Igreja ajam com mais misericórdia e perdão ao filhos e filhas, dentro e fora dela tão necessitados. A esmola externa não supre a esmola que devemos sempre dar no interno da Igreja, pois a esmola externa pode ser um paliativo, uma mascara, enquanto a verdadeira misericórdia está dentro dos claustros da Igreja.

Dom Rafael Maria, osb é Doutor em “Mariologia” pela Pontifícia Faculdade Teológica Marianum-Roma e Postulação para Causa dos Santos, pela Congregação da Causa dos Santos – Cidade do Vaticano. Leciona um «Curso de Mariologia» via internet, cf. www.cursoscatolicos.com.br


Por Dom Rafael Maria, osb.
 
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Da Obediência do Súdito Humilde, a Exemplo de Jesus Cristo.

Beato Tomás de Kempis

1 – Senhor. Filho, o que procura afastar-se da obediência, afasta-se também da graça; e o que deseja ter coisas próprias, perde as comuns.

O que não se sujeita de boa vontade ao seu superior mostra que a sua carne ainda não lhe obedece perfeitamente, mas muitas vezes resiste e murmura.

Aprende, pois a sujeitar-te sem demora ao teu superior, se desejas sujeitar a tua carne, porque mais depressa se vencerá o inimigo exterior, se o homem interior não estiver desordenado.

Não há mais danoso nem pior inimigo para tua alma que tu mesmo, senão estás conforme com o espírito.

É necessário que te armes com o verdadeiro desprezo de ti mesmo, se queres ter vitória contra a carne e o sangue.

Mas porque ainda te armas desordenadamente, por isso, receias sujeitar-te de todo à vontade dos outros.

2 – Ora, que muito é que tu – que és pó e nada – te sujeites ao homem por amor de Deus, quando Eu, Onipotente e Altíssimo, que criei do nada todas as coisas, me sujeitei humildemente ao homem por teu amor?

Fiz-me o mais humilde e o mais abatido, para vencer a tua soberba com a minha humildade.

Aprende a obedecer, tu que és pó: aprende a humilhar-te, terra e barro, e até a prostrar-te aos pés de todos.

Aprende a vencer a tua vontade e render-te a toda sujeição.

3 – Abrasa-te em ira contra ti mesmo, nem consintas que exista em ti vaidade alguma; mas mostra-te tão sujeito e apoucado, que todos possam andar sobre a tua cabeça e pisar-te como lama da rua.

Ó homem vão, de que te queixas?

Pecador miserável, em que podes contradizer os que te injuriam, tu que tantas vezes ofendeste a Deus e mereceste o Inferno?

Mas perdoei-te, porque é preciosa tua alma a meus olhos, para que conhecesses o meu amor e fosses sempre agradecido pelos Meus benefícios, e para que continuamente tratasses da verdadeira sujeição e humildade, e levasses com paciência o teu próprio desprezo.

1ª Reflexão1

Não custa muito ser obediente, quando se é humilde; a grande dificuldade está em chegar a ser verdadeiramente humilde. Que fez a Serpente no Paraíso, para levar nossos primeiros pais à desobediência? Tentou-os pela soberba, dizendo-lhes: abrir-se-ão os vossos olhos e ficareis como deuses, a conhecer o bem e o mal.

Da humildade à obediência vai a mesma distância que da soberba à desobediência. Para um espírito orgulhoso o jugo da obediência é um suplício. Por isso, Jesus Cristo, o novo Adão, começou e consumou a obra da Redenção, fazendo exatamente o contrário do que os nossos primeiros pais haviam feito: eles quiseram fazer-se deuses, o Verbo eterno faz-se homem; eles pecaram pela soberba, pela desobediência e pela sensualidade; Jesus Cristo prega a humildade, a obediência e a mortificação. A cada ferida aplica o seu remédio, de maneira que onde abundaram os estragos do mal superabundassem os benefícios da medicina.

É da Ordem Natural das coisas que os inferiores obedeçam aos superiores: os soldados ao seu general, a nau ao seu piloto, a nação ao seu imperante, a comunidade ao seu superior, a família ao seu chefe. Quando se quebra o vínculo da obediência, aparece a desordem. Se queres aprender a virtude da perfeita obediência, dispõe-te a estudá-la na escola de Jesus Cristo e começa por te exercitar na verdadeira humildade. Na Sagrada Escritura, Jesus é muitas vezes chamado Messias, que quer dizer enviado, mandado; porque Ele veio resgatar os homens pela obediência, cumpriu as ordens do eterno Pai. Pois, assim como pela desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores, assim também, pela obediência de um só muitos se tornarão justos.2 Jesus Cristo humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte, e morte de Cruz.3

2ª Reflexão4

Não existe senão uma só vontade que tenha direito essencial e absoluto a ser obedecida, a vontade do Ente Supremo, que criou tudo com seu poder infinito e tudo conserva com a sua Providência Sapientíssima; daí vem a admirável oração do real Profeta; “Ensinai-me, Senhor, a fazer vossa vontade, porque Vós sois o meu Deus”.5

Esta vontade soberana tem Ministros para fazer lembrar seus Mandamentos e manter sua execução na família, no Estado, na Igreja; e a obediência lhes é devida, porque eles representam a Deus, cada um na sua ordem, segundo os graus de uma sublime hierarquia, que sobe do pai ao rei, do rei ao Pontífice, do Pontífice a Jesus Cristo, de Jesus àquele que O enviou, e de quem toda a paternidade, no Céu e na terra, tira seu nome”, isto é, sua autoridade.6

Assim que, o dever não é outra coisa senão o Preceito divino, e a virtude não é mais que a obediência a este Preceito. Todo pecado, pelo contrário, não é, como o primeiro, senão uma desobediência, uma rebelião, porque o homem foi concebido no pecado; donde vem aquela profunda expressão do Salmista: “O pecador é rebelde desde o seio de sua mãe, e entregue ao mal em suas entranhas”.7

Por isso, o sacrifício que expiou o pecado e reparou a natureza humana consistiu essencialmente, segundo a doutrina do grande Apóstolo, numa obediência infinita: “Cristo fez-se obediente até a morte, e morte de Cruz”. E nós, miseráveis criaturas, remidas com esta prodigiosa obediência recusaríamos obedecer! Oporíamos nossa vontade a vontade do Onipotente, por essa tremenda soberba gerada no Inferno, onde, nas trevas, no suplício, na raiva e desesperação, no opróbrio da escravidão a mais abjeta e hedionda, o Anjo prevaricador e seus cúmplices de contínuo repetem e repetirão eternamente: “Não obedecerei, Non serviam!”8

3ª Reflexão9

O grande Apóstolo São Paulo, querendo nos dar a conhecer de algum modo o amor que Nosso Senhor tem a esta virtude, diz que Ele se humilhou até a morte e a morte de Cruz: Humiliavit semetipsum usque ad mortem, mortem autem crucis;10 querendo dizer: Meu Senhor e meu Mestre não somente se humilhou por um tempo ou por alguma ação particular, mas até a morte, isto é, desde o instante de sua Conceição até o último momento de sua vida; e para nos mostrar a grandeza desta humildade de Nosso Senhor, disse: Ele se humilhou até a morte e morte de Cruz, que era a mais ignominiosa, a mais infame e cheia de abjeção que se podia achar, sobre qualquer outro gênero de morte. Nisto aprendemos que não devemos contentar-nos com praticar a humildade em algumas ações particulares e por um tempo só, mas sempre, e em todas as ocasiões, e não só até a morte, mas até a morte de Cruz, isto é, até a completa mortificação de nós mesmos, humilhando o amor de nossa própria estima, e a estima de nosso próprio amor; pois é necessário não nos entretermos com a prática de uma certa aparência de humildade, de gesto e de palavras, que consiste em dizer que nada mais somos do que a própria imperfeição, e em fazer muitas reverências e humilhações exteriores, e coisas semelhantes que nada tem da humildade verdadeira, pois esta faz que nos reconheçamos e nos consideremos como verdadeiros nadas, que não merecemos viver, e nos torna flexíveis, dóceis e submissos a um qualquer.11

Oração

Ó meu Deus, preservai-me de uma soberba tão insensata, tão criminosa! Ensinai-me vossa graça a submeter-me a Vós e a todos os que me destes por superiores! “Estrangeiro sou sobre a terra; não me escondais vossos Mandamentos. Minha alma, a cada hora, se recorda de vossa lei. Ensinai-me, Senhor, a fazer vossa vontade, porque sois meu Deus!”12

Ó meu divino Salvador, que em vossos sofrimentos me deixastes o exemplo perfeito da mais profunda obediência, concedei-me a graça da paz interior, de me aquietar em todos os sucessos contrários e penosos; de os olhar todos por mandamentos do Céu e por ministros da divina ordenação; dai-me, Senhor, que a tudo viva submisso como vos submetestes à vontade de Vosso eterno Pai, e possa dizer com alma sincera e humilhada: “Faça-se em tudo a vontade de Deus!”13

Senhor… eu vos dou infinitas graças e louvores… suplicando-vos… um verdadeiro desprezo de mim mesmo e das honras do mundo, e uma obediência cega aos meus superiores, por amor de Vós, em tudo o que não Vos ofender.14


1Mons. Manuel Marinho, “Imitação de Cristo”, Liv. III, Cap. XIII, pp. 164-167; Editora Viúva de José Frutuoso da Fonseca, Porto, 1925.
2Romanos 5, 19.
3Filipenses 2, 8.
4Presbítero J.I. Rouquette, “Imitação de Cristo”, Liv. III, Cap. XIII, pp. 199-203; Editora Aillaud & Cia., Paris/Lisboa.
5Salmo 142, 10.
6Efésios 3, 15.
7Salmo 50, 7.
8Filipenses 2, 8; Jeremias 2, 20.
9“Imitação de Cristo”, por um Padre da Missão, Liv. III, Cap. XIII, p. 172-174; Imprenta Desclée, Lefebvre y Cia, Tornai/Bélgica, 1904.
10Filipenses 2, 8.
11São Francisco de Sales, “Sermão para o dia da Purificação iv.”.
12Salmo 117, 19-20.
13Presbítero J.I. Rouquette, ob. cit.
14São Francisco de Sales, “Opusc. iii.”

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