Blog Católico, para os Católicos

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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

domingo, 21 de maio de 2023

A ASCENSÃO DE JESUS CRISTO AO CÉU.


Tinha Jesus concluído a Sua missão na terra. Tendo descido do Céu para pregar o Reino de Deus, resgatar a humanidade decaída e fundar a nova Sociedade do filhos de Deus, não Lhe restava mais que transformar os continuadores da Sua obra noutros tantos Cristos, dotando-os com aquele Espírito divino que falava por Sua boca e operava por Suas mãos. Mas, como anunciara muitas vezes, não havia de enviar-lhes o Espírito Santo senão depois de voltar para junto do Seu Pai e após a Sua glorificação nos Céus.

Depois de um mês passado com os Seus Apóstolos em celestiais conversas, mandou-lhes Jesus que voltassem para Jerusalém e que O esperassem no Cenáculo, onde iria juntar-se-Lhes. Puseram-se a caminho, alegres, com as caravanas que se dirigiam já para a cidade santa para se preparar para a festa de Pentecostes. Ia com eles Maria, a Mãe de Jesus, rodeada de santas mulheres que não faltavam nunca em acompanhá-La e de um certo número de discípulos privilegiados. Bem receosos estavam ainda das cóleras e vexações dos fariseus deicidas, mas o Divino Ressuscitado estaria com eles e saberia defendê-los contra os seus inimigos. Se os convocava em Jerusalém, era sem dúvida para os fazerem testemunhas de algum novo triunfo; quem sabe? Diziam eles, irá, enfim, restaurar o reino de Israel? Apesar de todas as instruções do Seu Mestre sobre o Reino de Deus, permanecia-lhes arraigado no espírito o preconceito nacional acerca do reino temporal do Messias.

Aos quarenta dias depois da Ressurreição, estavam reunidos no Cenáculo, quando Jesus apareceu no meio deles e sentou-se familiarmente à mesa com a assembleia. Falou, como sempre, do Reino de Deus que os Apóstolos iam estabelecer na terra. Durante os três anos que passara com eles, tinha-lhes revelado o Seu Evangelho, confiado os Seus divinos Sacramentos e designado o Chefe soberano que devia dirigi-los; a eles pertencia agora pregar a todos a Ressurreição do Mestre, como prova da Sua Divindade e da Religião Santa que o Pai intimava por Seu Filho a todos os habitantes da terra.

A empresa seria rude; tanto mais que os poderes deste mundo não poupariam aos discípulos mais do que pouparam ao Mestre; mas Jesus não abandonaria os Seus enviados. Enviar-Lhes-ia o Espírito do Alto que os encheria de luz e penetraria com a Sua força. Mandou-lhes pois que não saíssem de Jerusalém, mas que ali esperassem Aquele Espírito que os revestiria com a divina armadura. Começaria nesse momento a missão deles – a pregação da penitência para remissão dos pecados –; e em Jerusalém onde iam receber o Batismo de Fogo é que deviam inaugurar o seu Ministério.

Animados com estas recomendações e promessas, imaginaram os apóstolos, que com a vinda do Espírito Santo ia começar o reino visível do Messias. “Senhor, perguntaram-Lhe, ides agora restaurar o reino de Israel?” Não respondeu Jesus a esta pergunta e deixou ao Espírito Santo o cuidado de espiritualizar aquelas almas terrenas; mas repetiu-Lhes o que já Lhes dissera sobre o Seu Reino definitivo. “Não vos pertence a vós conhecer os tempos e momentos que o Pai determinou em virtude do Seu poder soberano”. E, com respeito à missão deles, acrescentou: “Vai descer sobre as vossas almas o Espírito Santo; e então sereis minhas testemunhas em Jerusalém e depois em toda a Judeia e na Samaria e até aos confins da terra”.

Depois da refeição, levou-os o Senhor Jesus para fora da cidade, para os lados de Betânia. Cento e vinte pessoas acompanhavam o Divino triunfador. O cortejo seguiu pelo Vale de Josafá. Jesus avançava majestosamente no meio dos Seus. Os Apóstolos, os Discípulos e as santas mulheres em grupo com a Divina Mãe, seguiam-No com santa alegria e, contudo, com os olhos rasos de lágrimas, ao pensar que o Bom Mestre os ia deixar. Atravessou Jesus a torrente do Cedron, onde os seus inimigos Lhe haviam dado a beber água lodosa; depois deixando à esquerda o Horto de Getsêmani, teatro da Sua mortal agonia, subiu pelo Monte das Oliveiras. Tendo chegado ao cimo, lançou um derradeiro olhar àquela pátria terrestre onde tinha passado trinta e três anos, desde o Seu Nascimento no estábulo de Belém até à Sua morte sobre a Cruz do Gólgota. Tendo vindo ao meio dos Seus, os Seus não O tinham recebido; mas aproximava-se a hora em que a raça humana, vivificada pelo Seu Sangue, ia adorá-Lo como a Seu Pai e a Seu Deus. Para além do Mar Grande, o seu olhar abraçava aquele Ocidente, aonde os Seus Apóstolos levariam em breve o Seu Nome bendito, e arvorariam, até no alto do Capitólio romano, a Cruz do Calvário. E para aquelas longínquas plagas é que um frágil barco, conduzido pelos Anjos, levaria os Seus amigos de Betânia: Lázaro o ressuscitado, a fiel Marta e Maria a penitente. Ali é que milhões de corações, durante o decorrer dos séculos, baterão por Ele com um amor que excede todos os amores. E antes de deixar a terra, abençoou todos aqueles povos que deviam compor o Seu Reino.

Todos os olhos, n’Ele cravados, contemplavam a Sua Face radiante, a Sua fisionomia toda celestial e o Seu olhar cheio de bondade e ternura que passeava pelo auditório como para dirigir a cada um o derradeiro adeus. Depois levantou as mãos para dar a todos uma bênção suprema e enquanto os abençoava, prostrados a Seus pés, eis que de repente o Seu Corpo glorioso, posto em movimento por um ato do Seu divino poder, se elevou acima da terra e tomou majestosamente o voou para os Céus. Mudos de surpresa e admiração, os Apóstolos e Discípulos seguiram-no longo tempo com a vista, até que por fim uma nuvem O envolveu e subtraiu aos seus olhos. E como não cessassem de fixar o ponto onde o tinham visto desaparecer, apresentaram-se a eles dois Anjos vestidos de branco. “Homens da Galileia, disseram, porque permaneceis assim com os olhos pregados no Céu? Este Jesus que acaba de vos deixar para subir aos Céus, deles descerá um dia como O vistes subir”. Tendo descido do Céu sob a forma de escravo, para salvar os homens, segunda vez de lá descerá com a Majestade do Rei dos reis, para os julgar.

E Jesus continuava a subir para o trono do Seu Pai. Para logo se viu rodeado de inumeráveis legiões de almas que retidas no Limbo desde longos séculos, estavam esperando que o Novo Adão lhes abrisse as portas do Céu. À frente daqueles fiéis da Antiga Aliança marchavam os dois exilados do Éden que não tinham cessado de esperar a salvação pelo Redentor prometido à sua raça; os Patriarcas, Abraão, Isaac e Jacó; Moisés e os Profetas. A seguir, iam as gerações santas, de alma reta, e que de coração tinham esperado Aquele que devia de vir.

Davi com sua maravilhosa linguagem pintou a chegada do triunfador ao alto dos Céus. Assim como à porta do Éden vigiavam dois Arcanjos para impedir que nossos primeiros pais nele entrassem, assim também às portas do Paraíso estavam os Anjos de vigia para as abrir ao Novo Adão. De repente ouviram eles o canto triunfal do Exército dos Santos que rodeavam a Jesus: “Príncipes, diziam eles, abri as vossas portas; abri-vos, ó portas eternas, e entrará o Rei da glória. – Quem é esse rei da glória? Perguntaram os Anjos. – É o Senhor, responderam os Santos, é o Deus forte e poderoso, é o Deus invencível nas batalhas. Abri-vos, portas eternas, é Ele, é o Deus das virtudes”.

E as portas abriram-se e Jesus atravessou as fileiras dos Exércitos celestiais que, por sua vez, O aclamaram como a um Chefe desde longo tempo esperado. Pelo Cristo, com efeito, é que as suas adorações e louvores devem subir para o Eterno, mais dignas da Sua Majestade Santa; por Ele também é que se encherão as lacunas abertas em suas fileiras com a queda dos maus Anjos. Jesus entrou pois no Céu, tanto como Rei dos Anjos, quanto como Rei dos Homens.

Davi conta também como Cristo, seu filho segundo a carne, mas Senhor seu, pela geração eterna, foi recebido por Seu Pai celeste, quando se lhe apresentou diante do trono. “Javé disse ao meu Senhor: Senta-te à minha direita”.1 E o Pai lembrou-Lhe que Ele tinha direito a esta honra, primeiro por ser Seu Filho, igual em tudo a Ele mesmo: “Eu te gerei antes da aurora”;2 e depois como filho do homem, vencedor do mundo e do Inferno, Rei da Humanidade resgatada: “Senta-te à minha direita e os teus inimigos sejam o escabelo dos teus pés”.3

Em virtude da Sua Realeza, foi Cristo investido de um tríplice poder: primeiro, de estabelecer o Seu Reino sobre todos os povos, mau grado da oposição dos Seus inimigos: “Terás na mão o cetro do poder e estabelecerás o teu Império sobre Sião”; e depois sobre toda a terra: “Tu serás combatido pelo príncipe do mundo e pelos seus sequazes, mas Tu hás de dominar como Soberano sobre os teus inimigos”.

Em virtude da Sua Realeza, foi Cristo logo investido no Pontificado Eterno: “Tu és Sacerdote para sempre segundo a Ordem de Melquisedec”.4 O Pai celeste rejeitou os sacrifícios e as vítimas da Lei figurativa. Não há mais que um sacrificador e que uma Vítima que Lhe agradam: o Sacrificador é o Rei Jesus, e a Vítima é também Ele próprio. No Céu e na terra, fica Ele sendo o Cordeiro imolado pela salvação do mundo, e sempre vivo para Se oferecer a Seu Pai e interceder por aqueles a quem remiu.

Enfim, o Pai conferiu ao Filho a Suprema Judicatura. “No dia da Sua cólera, esmagarás reis e povos. Julgará as nações, reduzirá a pó os Seus adversários e encherá o mundo de ruínas. Pois bebeu da torrente no dia das Suas humilhações e dores, justo é que levante a cabeça e confunda os Seus inimigos”.5 Sendo Filho de Deus, fez-Se homem e escravo e tornou-Se semelhante ao bichinho da terra que se pisa com os pés; e por isso, é que “Deus o exaltou e Lhe deu um Nome Superior a todo o nome, para que ao Nome de Jesus todos dobrem o joelho no Céu, na terra e nos Infernos”.6

E este mesmo Jesus, que está sentado à direita do Altíssimo, é Aquele a quem os Apóstolos devem glorificar na terra; e o Seu Reino é que eles vão estabelecer no mundo todo. Os Judeus, os Romanos e os apóstatas far-Lhe-ão uma guerra sem tréguas; mas quem poderá vencê-los, se com eles está Jesus? “Conspiram contra o Senhor e contra o Seu Cristo, exclama Davi; Deus porém ri-Se das suas vãs conspirações. Eu dei-Te em herança as nações todas da terra, disse Ele a Seu Filho; Eu estenderei o Teu império até aos confins do mundo; e aos Teus inimigos parti-los-ei como quem quebra um vaso de barro. Compreendei, ó reis; e vós, ó povos da terra, aprendei!”7

E desde a Ascensão até ao Juízo Final, a história dos séculos não será mais que a representação dramática desta profecia. A Igreja, o Reino de Jesus, não cessará de se dilatar e enviar eleitos para o Céu, ao passo que os anticristos irão uns após outros juntar-se com o seu despótico amo no profundo dos Infernos.


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Fonte: Rev. Pe. Berthe, CSS.R., “Jesus Cristo – Sua Vida, Sua Paixão, Seu Triunfo”, Livro 8º, Cap. IV, pp. 427-432. Tradução do Francês. Estabelecimentos Benzinger & Co. S.A., Einsiedeln/Suíça, 1925.

1.  Salm. 109, 1.

2.  Salm. 109, 3.

3.  Salm. 109, 1.

4.  Salm. 109, 4.

5.  Salm. 109, 5-7.

6.  Filip. 2, 9-11.

7.  Salm. 2, 1-12.


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