Blog Católico, para os Católicos

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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

domingo, 6 de dezembro de 2020

O PODER DA NOSSA ORAÇÃO UNIDA À DE JESUS, NO SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA.

 


Na Santa Missa,

Jesus Cristo Renova a Sua Oração.


Temos por Advogado, junto ao Pai,

Jesus Cristo que é Justo e Santo;

porque é a Vítima de propiciação

por nossos pecados”.1


De certo uma consoladora segurança para nossa salvação, termos por Advogado o próprio Filho de Deus, o Juiz dos vivos e dos mortos! Mas onde e quando Jesus Cristo desempenhou este ofício?

A Igreja ensina que é nosso Advogado não somente no Céu, mas também na terra.

Eis a doutrina de Suarez: “Cada vez que o Santo Sacrifício da Missa é oferecido, Jesus Cristo intercede por quem O oferece e também pelas pessoas em cuja intenção é oferecido”.2

São Lourenço Justiniano descreve assim a maneira de orar de Nosso Senhor: “Enquanto o Cristo é imolado sobre o altar, clama a seu Pai e mostra-Lhe suas Chagas para preservar os homens da condenação eterna”.3

Este zelo do Sagrado Coração pela nossa salvação já foi indicado por São Lucas: “Jesus subiu ao monte para fazer oração, onde passou a noite, orando a Deus”.4

E em outro lugar: “De dia ensinava no templo e de noite retirava-se à montanha, chamada das oliveiras”.5 Ou então: “Ele se foi, segundo seu costume, ao monte das oliveiras, para nele orar”.6

Isto diz claramente que Jesus tinha o costume de passar a noite em oração. Durante sua peregrinação, cada uma de suas ações era acompanhada da oração; no término desta Santa vida, o adeus a seus discípulos, foi a oração suprema do Sumo Sacerdote por excelência; suspenso na Cruz, orava por seus inimigos e, quando chegou o momento de voltar a seu Pai celeste, levantou a mão sobre seus discípulos em uma última bênção, e subiu ao Céu, onde seu Coração continua a interceder pelo gênero humano.



Ora, na Santa Missa, Jesus dirige a seu Pai todas estas orações reunidas: mostra-Lhe as lágrimas, os gemidos que as acompanharam; enumera as noites passadas em jejum e oração; oferece todos esses méritos pela salvação do mundo, particularmente por cada um dos que assistem à Missa. Ó Deus, que eficaz oração! Como o perfume do incenso, ela se eleva para o Pai celeste, para o trono da Santíssima Trindade! Jesus Cristo não ora somente, imola-se também pela salvação do mundo.

Santa Gertrudes explica este Mistério do modo seguinte: “Vi, na elevação, Nosso Senhor erguer, com as próprias mãos e sob a forma de um cálice, seu dulcíssimo Coração que apresentou a seu Pai. Imolou-se então em favor de sua Igreja, de uma maneira incompreensível à criatura”. Jesus confirmou isto quando disse a Santa Matilde: “Eu somente sei e compreendo perfeitamente como Me ofereço cada dia a meu Pai pela salvação dos fiéis; nem os Querubins nem os Serafins nem as Potestades podem concebê-lo inteiramente”.

Notai que Nosso Senhor não se oferece na Santa Missa com a Majestade que tem no Céu, porém, em uma incomparável humilhação. Do abismo de sua humildade, sua voz eleva-se tão poderosa para o Céu que traspassa as nuvens e atinge o trono da misericórdia.

Quando o rei de Nínive teve conhecimento dos castigos que ameaçavam a cidade no prazo de quarenta dias, levantou-se do trono, despiu as vestes reais, cobriu-se de roupas de luto, deitou cinza sobre a cabeça e pediu a todo o povo que implorasse a misericórdia divina.

Por causa desta humildade e dessa penitência, o rei pagão obteve perdão para si e para a cidade culpada.

Que não obterá Jesus Cristo, que se humilha muito mais na Santa Missa, na qual, deixando o trono de sua glória, reveste as pobres aparências do pão e do vinho e clama ao Deus de misericórdia: “Graça e perdão para meu povo! Meu Pai, considera minha abjeção; eis-me aqui diante de Vós, não como um homem, mas semelhante a um verme da terra; os pecadores levantam-se contra Vós, cheios de orgulho; eu me humilho em vossa presença; eles Vos irritam, eu, por meu aniquilamento, quero aplacar-Vos; eles chamam sobre si vossa justa vingança, eu quero desviá-la por minhas instantes súplicas.

Tende piedade deles por amor de mim, meu Pai, e não os castigueis à medida de suas iniquidades. Não os entregueis a Satanás, porque são meus, resgatei-os com o preço de meu Sangue. E, Pai Santíssimo, imploro sobretudo a vossa misericórdia em favor dos pecadores aqui presentes, pelos quais renovo, durante esta Missa, minha vida e minha morte. Dignai-Vos, em virtude de meu Sangue e de minha morte, preservá-los da morte eterna”.

Oh, Jesus, até onde Vos arrasta o amor para conosco e por que meio poderíamos melhor correspondê-lo senão assistindo, cheios de piedade, à Santa Missa?

Quando o divino Salvador se achava suspenso na Cruz, recomendou a seu Pai os fiéis que estavam ao pé da árvore da salvação e lhes aplicou, mui especialmente, os preciosos frutos. Do mesmo modo ora pelos assistentes, principalmente pelos que recorrem à sua mediação. Ora por eles tão ardentemente como O fez no momento de sua morte, pelos seus inimigos.



Oh, poderosa oração! Quanto não fortifica nossa esperança da vida eterna, já que vemos o mesmo Filho de Deus tomar em suas mãos os interesses de nossa salvação!

Se a Santíssima Virgem te aparecesse e dissesse: “Não temas, meu filho, prometo-Te encarregar-Me de teus interesses; pedirei instantemente a meu Filho, Jesus Cristo, e não cessarei de pedir até que Ele me assegure tua felicidade eterna”, tua alma não seria transportada de júbilo e não exclamaria: “Agora estou consolado, não tenho que duvidar, minha salvação está segura?”

Se temos, pois, uma tão grande confiança na intercessão de Maria Santíssima, porque esta confiança não será absoluta, quando se trata da intercessão de seu divino Filho, que não promete somente seu socorro, mas ora por nós em cada Missa que ouvimos, e faz, por assim dizer, violência à Justiça de Deus, para nos poupar o castigo merecido?

E Ele não ora só. Com Ele intercedem, como outras tantas vezes, suas lágrimas, suas Chagas, seu Sangue, todos os seus suspiros de amor. Quem poderá medir o efeito dessas súplicas sobre o coração do Pai celeste?

Muitas vezes te lastimas da falta de fervor em tuas orações. Na Santa Missa, Jesus Cristo orará contigo e suprirá a imperfeição de tua oração. Escuta como convida a todos afetuosamente:

Vinde a mim vós todos que sofreis e que vos achais em tribulações”;7 isto é: Vós todos que não podeis orar com ardor, vinde a mim e orarei por vós. Por que, alma aflita e atribulada, não te rendes a este tão terno convite? Por que não corres à Santa Missa?

Em tuas tribulações recorres a amigos para pedir-lhes uma oração. Que é, todavia, a oração dos homens comparada com a oração e intercessão de Jesus Cristo? Tua miséria é extrema, o perigo de tua condenação eminente. Dize, pois, a Jesus: “Senhor, quem poderá salvar-se?”, e responder-te-á: “O que é impossível aos homens é fácil a Deus”.8

Recorre, pois, a este Deus Salvador, que bem quer te assegurar uma morada na casa de seu Pai.

Como? Me dirás, um pobre indigente como eu, reclamar as orações do Filho de Deus? Sou indigno disso e não o ousarei. – Oh, não fales deste modo! Convence-te antes que um só de teus suspiros te dá todo poder sobre seu Coração. São Paulo o afirma: “O Pontífice que temos, não é tal que não possa compadecer-se de nossas fraquezas, porque todo pontífice é tomado dentre os homens, e é estabelecido para os homens, no que diz respeito ao culto de Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados”.9

Jesus Cristo é Pontífice, exerce seu Sacerdócio na Santa Missa, sua missão é, portanto, orar pelo povo e oferecer o Sacrifício por ele; e não se desobriga desta missão por todos em geral, mas por cada um em particular; assim como sofreu por todos e por cada um, assim se interessa por cada alma de tal sorte, como se fosse a única a salvar.



Eis o zelo, o poder da oração de Jesus no Santo Altar. Juntemos-lhe nossas pobres súplicas e se tornarão excelentes. “As orações feitas em união com o Santo Sacrifício da Missa, disse o Bispo Fornero de Hebron, são mais poderosas que todas as outras, mesmo as que duram longas horas, e até as orações extáticas, por causa da Paixão e Morte do Senhor, que manifestam sua eficácia na Santa Missa, por uma admirável efusão de graças. Porque, como a cabeça ultrapassa em dignidade todas as outras partes do corpo, assim a oração de Jesus Cristo, que é nossa Cabeça, ultrapassa as orações de todos os cristãos que são os membros de seu Corpo Místico”.10

Uma moeda de cobre torna-se preciosa se é lançada no ouro em efusão; a pobre oração do homem, unida à de seu Salvador, adquire um caráter de alta nobreza e pode ser ofertada como um dom agradável à divina Majestade. Deste modo, uma oração menos fervorosa, oferecida na Missa, vale mais que uma oração fervorosa feita em casa.

Muito se prejudicam os que, podendo assistir à Santa Missa e durante esta ocupar-se com os exercícios de piedade que costumam fazer em casa, se afastam do Santo Sacrifício. Porque, se fizessem as suas orações durante a Santa Missa com a intenção de assisti-la e somente durante os momentos da Consagração interrompessem as suas orações, a fim de adorar o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor, ganhariam graças e méritos muito maiores do que se rezassem em seu oratório particular.


_____________________

Fonte: “Explicação da Santa Missa”, pelo Venerável Martinho de Cochem, O.F.M.Cap., Cap. VII, pp. 106-114. 2ª Edição, Typ. de S. Francisco, Bahia, 1914.

1.  I Jo. 2, 1.

2.  Tom. 3, disp. 79. sect. 21.

3.  Serm. De Corp. Christi.

4.  Luc. 6, 12.

5.  Luc. 21, 37.

6.  Luc. 22, 39.

7.  Mat., 11, 28.

8.  Marc., 10, 26-27.

9.  Heb., 5, 1.

10.  In Miser. Conc. 83, n. 10.


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