Blog Católico, para os Católicos

BLOG CATÓLICO, PARA OS CATÓLICOS.

"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Nas Atuais Circunstâncias o Melhor a Fazer é irmos à São José.





Oração a São José[1]

Formulada pelo Santo Padre Leão XIII
na Encíclica QUAMQUAM PLURIES[2],
de 15 de Agosto de 1889,
sobre a Devoção a São José.


Oremus:

Ad te, beate Joseph, in tribulatione nostra confugimus atque implorato Sponsae tuae sanctissimae auxilio, patrocinium quoque tuum fidenter exposcimus.

Per eam, quae sumus, quae te cum immaculata Virgine Dei Genitrice conjunxit caritatem, perque paternum, quo Puerum Jesum amplexus es, amorem, supplices deprecamur, ut ad hereditatem quam Jesus Christus acquisivit sanguine suo, benignus respicias, ac necessitatibus nostris tua virtute et ope succurras.

Tuere, o custos providentissime divinae Familiae, Jesus Christi sobolem electam; prohibe a nobis, amantissime Pater, omnem errorum ac corruptelarum luem; propitius nobis, sospitator noster fortissime, in hoc cum potestate tenebrarum certamine a coelo adesto; et sicut olim Puerum Jesum e summo eripuisti vitae discrimine, ita nunc Ecclesiam sanctam Dei ab hostilibus insidiis atque ab omni adversitate defende: nosque singulos perpetuo tege patrocinio, ut ad tui exemplar et ope tua suffulti, sancte vivere, pie emori, sempiternamque in coelis beatitudinem assequi possimus. Amen.[3]

Oremos:

Ó Bem-aventurado São José, a Vós recorremos na nossa tribulação, e implorando o socorro de vossa Santíssima Esposa, pedimo-vos também com toda a confiança o vosso patrocínio.

Por aquele afeto que vos uniu com a Imaculada Virgem, Mãe de Deus, e pelo paternal amor com que abraçastes a Jesus Menino, nós vos rogamos e vos suplicamos submissamente que olheis compadecido para a herança que Jesus Cristo adquiriu com seu Sangue e que nos assistais nas nossas necessidades com o vosso poder e auxílio.

Ó providentíssimo guarda da divina Família, amparai os filhos escolhidos de Jesus Cristos; afastai de nós, ó Pai amorosíssimo, todo o contágio de doutrinas errôneas e de corrupção; ó nosso poderosíssimo protetor, assisti-nos lá do Céu neste combate com o poder das trevas; e assim como livrastes outrora o Menino Jesus de um grande perigo de vida, assim agora defendei a Santa Igreja de Deus das insídias dos seus inimigos e de todas as adversidades e a cada um de nós protegei perpetuamente com o vosso patrocínio, para que, fortalecidos com a vossa assistência possamos viver santamente, morrer piedosamente e alcançar a bem-aventurança eterna no Céu. Assim seja.


Versão atualmente conhecida:

A Vós, São José, recorremos em nossas tribulações e (depois de ter invocado o auxílio de Vossa Santíssima Esposa), cheios de confiança solicitamos o vosso patrocínio. Por esse laço sagrado de Caridade, que vos uniu à Virgem Imaculada, Mãe de Deus, e pelo amor paternal que tivestes ao Menino Jesus, ardentemente vos suplicamos que lanceis um olhar benigno para a herança que Jesus Cristo conquistou com Seu Sangue e nos socorrais em nossas necessidades com o vosso auxílio e poder. Protegei, ó guarda providente da divina Família, a raça eleita de Jesus Cristo, afastai para longe de nós, ó pai amantíssimo, a peste do erro e do vício; assisti-nos do alto do Céu, ó nosso fortíssimo sustentáculo, na luta contra o poder das trevas; e assim como outrora salvastes da morte a vida ameaçada do Menino Jesus, assim também defendei agora a Santa Igreja de Deus contra as ciladas dos seus inimigos e contra toda adversidade. Amparai a cada um de nós com o vosso constante patrocínio, a fim de que, a vosso exemplo e sustentados com o vosso auxílio, possamos viver virtuosamente, morrer piedosamente e obter no Céu a eterna bem-aventurança. Assim seja.[4]



[1]   Joia da Alma Piedosa, pp. 145-148; com aprovação do Arcebispo Primaz de Braga, D. Antônio José de Freitas Honorato; Editores-Tipógrafos da Santa Sé Apostólica Benziger & Co., em Einsiedeln, Suíça, 1892.
[3]   Ganham-se 7 anos e 7 quarentenas por cada vez que devotamente se rezar. (Nota: era até então)
[4]   Versão utilizada em toda a Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, Campos, RJ.


Artigo do Pe. Paulo Ricardo sobre a Renúncia de Bento XVI.



Non prævalebunt!


Na manhã deste dia 11 de fevereiro, memória de Nossa Senhora de Lourdes, fomos colhidos pela notícia espantosa de que o Santo Padre, o Papa Bento XVI, renunciou ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro.

Em discurso ao Consistório dos Cardeais reunidos diante dele, o Papa declarou que o faz "bem consciente da gravidade deste ato" e "com plena liberdade".

É evidente que a renúncia de um Papa é algo inaudito nos tempos modernos. A última renúncia foi de Gregório XII em 1415. A notícia nos deixa a todos perplexos e com um grande sentimento de perda. Mas este sentimento é um bom sinal. É sinal de que amamos o Papa, e, porque o amamos, estamos chocados com a sua decisão.

Diante da novidade do gesto, no entanto, já começam a surgir teorias fabulosas de que o Papa estaria renunciando por causa das dificuldades de seu pontificado ou que até mesmo estaria sofrendo pressões não se sabe de que espécie.

O fato, porém, é que, conhecendo a personalidade e o pensamento de Bento XVI, nada nos autoriza a arriscar esta hipótese. No seu livro Luz do mundo (p. 48-49), o Santo Padre já previa esta possibilidade da renúncia. Durante a entrevista, o Santo Padre falava com o jornalista Peter Seewald a respeito dos escândalos de pedofilia e as pressões:
Pergunta: Pensou, alguma vez, em pedir demissão?
Resposta: Quando o perigo é grande, não é possível escapar. Eis porque este, certamente, não é o momento de demitir-se. Precisamente em momentos como estes é que se faz necessário resistir e superar as situações difíceis. Este é o meu pensamento. É possível demitir-se em um momento de serenidade, ou quando simplesmente já não se aguenta. Não é possível, porém, fugir justamente no momento do perigo e dizer: "Que outro cuide disso!"
Pergunta: Por conseguinte, é imaginável uma situação na qual o senhor considere oportuno que o Papa se demita?
Resposta: Sim. Quando um Papa chega à clara consciência de já não se encontrar em condições físicas, mentais e espirituais de exercer o encargo que lhe foi confiado, então tem o direito – e, em algumas circunstâncias, também o dever – de pedir demissão.

Ou seja, o próprio Papa reconhece que a renúncia diante de crises e pressões seria uma imoralidade. Seria a fuga do pastor e o abandono das ovelhas, como ele sabiamente nos exortava em sua homilia de início de ministério: "Rezai por mim, para que eu não fuja, por receio, diante dos lobos" (24/04/2005).

Se hoje o Papa renuncia, podemos deduzir destas suas palavras programáticas, é porque vê que seja um momento de serenidade, em que os vagalhões das grandes crises parecem ter dado uma trégua, ao menos temporária, à barca de Pedro.

Podemos também deduzir que o Santo Padre escolheu o timing mais oportuno para sua renúncia, considerando dois aspectos:

1. Ele está plenamente lúcido. Seria realmente bastante inquietante que a notícia da renúncia viesse num momento em que, por razões de senilidade ou por alguma outra circunstância, pudéssemos legitimamente duvidar que o Santo Padre não estivesse compos sui (dono de si).

2. Estamos no início da quaresma. Com a quaresma a Igreja entra num grande retiro espiritual e não há momento mais oportuno para prepararmos um conclave através de nossas orações e sacrifícios espirituais. O novo Pontífice irá inaugurar seu ministério na proximidade da Páscoa do Senhor.

Por isto, apesar do grande sentimento de vazio e de perplexidade deste momento solene de nossa história, nada nos autoriza moralmente a duvidar do gesto do Santo Padre e nem deixar de depositar em Deus nossa confiança.

Peçamos com a Virgem de Lourdes que o Senhor, mais uma vez, derrame o dom do Espírito Santo sobre a sua Igreja e que o Colégio dos Cardeais escolha com sabedoria um novo Vigário de Cristo.

Nosso coração, cheio de gratidão pelo ministério de Bento XVI, gostaria que esta notícia não fosse verdade. Mas, se confiamos no Papa até aqui, porque agora negar-lhe a nossa confiança? Como filhos, nos vem a vontade de dizer: "não se vá, não nos deixe, não nos abandone!"

Mas não estamos sendo abandonados. A Igreja de Cristo permanecerá eternamente. O que o gesto do Papa então pede de nós, é mais do que confiança. Ele nos pede a fé! Talvez seja este um dos maiores atos de fé aos quais seremos chamados, num ano que, providencialmente, foi dedicado pelo próprio Bento XVI à Fé.

Fé naquelas palavras ditas por Nosso Senhor a São Pedro e a seus sucessores: "As portas do inferno não prevalecerão!" (Mt 16, 18).

Estas palavras permanecem inabaláveis através dos séculos!

Autor: Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior
11/02/2013 13:01


 

HINO À CARIDADE.

São Paulo, Apóstolo.


“Aemulamini autem charismata meliora.
Et adhuc excellentiorem viam vobis demonstro”
(Iª Epistola ad Corinthios, Cap. XII, 31).[1]

“Aspirai, pois, aos dons melhores.
E eu vou mostrar-vos um caminho ainda mais excelente”
(1ª Epístola aos Coríntios, Cap. 12, 31).[2]


A Superioridade da Caridade

“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos Anjos, se não tiver Caridade, sou como um bronze que soa, ou como um címbalo que tine. E, ainda que eu tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e tivesse toda a Fé, até ao ponto de transportar montes, se não tiver Caridade, não sou nada. E, ainda que distribuísse todos os meus bens no sustento dos pobres, e entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver Caridade, nada (disto) me aproveita” (vv. 1-3).

As Obras da Caridade

“A Caridade é paciente, é benigna; a Caridade não é invejosa, não é temerária; não se ensoberbece, não é ambiciosa, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal, não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo sofre” (vv. 4-7).



Perenidade da Caridade

“A Caridade nunca há de acabar (nem mesmo no Céu); mas as profecias passarão, e as línguas cessarão, e a ciência será abolida. Porque imperfeitamente conhecemos, e imperfeitamente profetizamos. Mas, quando vier o que é perfeito, será abolido o que é imperfeito.

Quando eu era menino, falava como menino, apreciava (as coisas) como menino, discorria como menino. Mas, quando me tornei homem feito, dei de mão às coisas que eram de menino. Nós agora vemos (a Deus) como por um espelho, em enigma; mas então (O veremos) face a face. Agora conheço-O em parte; mas então hei de conhecê-lO como eu mesmo sou (dEle) conhecido.

Agora, pois, permanecem (como necessários para todos) estas três coisas: a Fé, a Esperança, a Caridade; porém, a maior delas é a Caridade” (vv. 8-13).

Reflexões

1 – Não passaria de um bronze que soa”. O mais eloquente pregador sem a Caridade que deve animar sua voz e inspirar sua eloquência, não é mais que um bronze que soa ou um sino que tange. Pode agradar por sua eloquência, como os instrumentos por seu timbre e som, mas não pode tirar utilidade alguma para si mesmo. Sem a Caridade, pode-se anunciar a Palavra de Deus, como os trabalhadores que semeiam o grão, ou que cultivam a vinha, mas que não tem parte na vindima, nem na colheita. A Caridade é paciente, é cheia de bondade. Em dois traços delineou o Apóstolo o mais perfeito retrato e o mais acabado da Caridade. A paciência faz que sofram sem dificuldade os defeitos de nossos irmãos, e a bondade até previne suas necessidades, isto é, o substancial, o que faz toda a doçura, todo o exercício e o próprio caráter da Caridade. “A Caridade não é invejosa”. A quantos pois não falta a Caridade, e por isso, estão apenas possuídos de um falso zelo! Onde se encontra a inveja, não está a Caridade. “Não obra mal”. A Caridade é o único laço que une a prudência e a sabedoria com o ardor e a vivacidade. Qualquer outro amor é cego, quando é ardente; e o capricho, a indiscrição, a temeridade, algumas vezes a loucura, e sempre alguma paixão, é o que o guia. “A Caridade não é ambiciosa”. Um ambicioso não ama a ninguém cristãmente: despreza os inferiores, não cede aos superiores, senão por interesse: crê ter pelo menos os mesmos, e às vezes mais, merecimentos do que eles para ocupar o posto que eles ocupam: se seus iguais podem pretender as mesmas posições do que ele, desconfia e trata de os enganar. Mas se ele não ama ninguém, será porventura amado de alguém? “Não busca seus próprios interesses”. Se não há amor sincero que não seja desinteressado, a honra de formar verdadeiros amigos está reservada à Caridade Cristã. Que é de fato, a amizade profana, senão um comércio em que o amor próprio traz no intento algum interesse? Pode asseverar-se que a amizade está desterrada do que se apelida mundo; cada um busca-se a si mesmo na amizade: se é amigo, enquanto o amigo pode ser útil. É desgraçado? Caiu em pobreza? Pois veja agora onde estão os amigos.

“A Caridade não pensa mal de ninguém”. Esses censores malignos que têem sempre os olhos abertos sobre os defeitos de seus irmãos e os que julgando dos outros por suas próprias disposições, suspeitam mal pelas mais ligeiras aparências, terão grande Caridade para com aqueles, cujas menores faltas ponderam? Que não se enfeita com o nome especioso de zelo: todo o zelo sem caridade não passa de orgulho mascarado, uma maligna paixão disfarçada: A Caridade cobre a multidão dos pecados. Enfim, a Caridade, segundo o Apóstolo, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A amizade aligeira os trabalhos, a Caridade chega a volvê-los amáveis: que humilde e submissa faz a Caridade a Fé do entendimento, submetido o coração à lei! Que ardor e vivacidade dá a Esperança! Porque amo a Deus, suspiro pela dita de O possuir e espero-o confiadamente.[3]

2 – “… A Caridade faz-nos professar, para com o próximo, o mesmo amor que tributamos a Deus, amá-lo em Deus, como a um filho, amigo e esposo de Deus; une-nos a ele por um laço tão íntimo, tão forte, tão doce e tão santo, que a natureza não poderia conhecer nem suspeitar igual...

Uma vez mais agradeçamos a Deus sua graça que produz semelhantes frutos de doçura e santidade. O melhor modo de o fazer será considerar este amor, não como um jugo pesado, imposto pela lei, mas como das mais gloriosas coroas que nos pode preparar sua infinita bondade. Prefiramo-la aos bens materiais e ainda a todas as graças e virtudes sobrenaturais, como no-lo ensina o Apóstolo quando diz: Embora falasse as línguas dos Anjos e dos homens, se me faltasse a Caridade, não passaria de um bronze que soa ou um címbalo que tine. Ainda quando tivesse o dom das profecias, e conhecesse todos os segredos e todas as ciências, e minha Fé pudesse transportar os montes, sem a Caridade, eu nada seria. E se repartisse todos os meus bens para alimentar os pobres, e entregasse meu corpo às chamas, não tendo eu a Caridade, tudo isto de nada me serviria.[4]

Por esta Caridade possuímos tudo; se a perdemos, tudo estará perdido. Quando está presente, também o estão todas as outras virtudes sobrenaturais; quando se ausenta, perdem as outras sua vida e força, incapazes de levar-nos à vida eterna.[5] Embora não baste qualquer pecado mortal, para fazer-nos perder a Fé e a Esperança, é ele contudo suficiente para fazer-nos perder a Caridade e com ela a Graça Santificante, sem a qual a Fé e a Esperança são mortas, e mal merecem o nome de virtude, porquanto não nos habilitam para merecermos o Céu, nem para vivermos a vida dos filhos de Deus.[6] Somente a Caridade, diz S. Agostinho, distingue os filhos de Deus dos filhos do Demônio.[7] Importa-nos, portanto, adquiri-la e conservá-la neste mundo, a qualquer preço, ainda a custo da própria vida. Assim poderemos gozar, um dia, de suas delícias, no seio do Pai celeste, por toda a eternidade”.[8]

3 – “A oração do justo penetra o Céu, e as suas obras sobem, como o fumo do incenso, até o trono do Senhor, para aplacar sua ira. Ah! Que seria dos pecadores sem a proteção dos justos? Quantas vezes teria acabado o Senhor com o ingrato Israel, se o justo Moisés não se tivesse prostrado na Sua presença, intercedendo por ele? Porém, que digo! O mundo inteiro não subsiste senão em atenção aos justos, e acabados estes acabar-se-ia o mundo. É admirável a passagem que acerca deste ponto nos referem os livros santos[9]...

Nesta memorável passagem, vemos que dez justos teriam sido suficientes para salvar uma cidade tão populosa e criminosa como Sodoma, e se Abraão  tivesse descido a cinco, talvez teríamos visto que bastavam cinco justos para salvá-la. Ó cristãos! Quanto pode na estimação de Deus a presença dos justos! Quanto interessa aos homens, aos povos e aos reinos o abrigarem justos no seu seio! Quanto deveríamos todos desejar que se aumentassem este precioso número! E quanto não deveríamos trabalhar cada um de nós por pertencermos a ele! Os justos cobrem, como escudo, os pecadores e os povos em que habitam; suspendem os raios da Divina Justiça que os seus delitos provocam, e isto quer dizer que as obras dos justos, ou dos que estavam na graça de Deus, são propiciatórias e pertencem à Comunhão dos Santos”.[10]

4 – “Para o conhecimento sobrenatural de Deus deparamos duas etapas: a Fé e a Eterna Visão. Não assim para o amor: a Caridade, levando em seu dinamismo interno, em seu mais profundo movimento, todo nosso ser para Deus em Sua plena Realidade divina, é sempre a mesma, quer permaneça Deus oculto e somente aceito pela Fé, quer se manifeste pela visão. Esteja o Amado na obscuridade ou na luz, o amor autêntico vai a Ele num movimento direto que não se desvia e O atinge em cheio. Quer seja Deus para nós obscuridade ou Luz, a maneira de conhecê-lO muda, mas não assim a maneira de nos darmos a Ele. A Caridade não tem, pois, a imperfeição da Fé: é perfeita desde esta vida. A Fé cessará para dar lugar à visão, a Esperança cessará para dar lugar à plena posse, a Caridade não cessará e durará eternamente, jorrando da Visão como jorra hoje da Fé.[11]  A Caridade estabelece portanto continuidade entre a vida da Graça neste mundo e a vida da Eterna Glória: por ela o Céu, que é Deus possuído e possuindo-nos, já está em nós. Vale aqui a citada palavra de Santo Agostinho: 'Se bem que sobre a terra, estás no Céu se amas a Deus'”.[12] Esse amor que jorra da Graça é a Caridade.

“O preço da Graça (mesmo mínima) – diz S. Tomás – de um só justo,
por exemplo, de uma criança apenas batizada,
é maior do que todos os dons naturais do mundo inteiro”.[13]

“A Graça outra coisa não é
senão o começo da Glória em nós”.[14]


______________________________

[1]   Biblia Sacra – Juxta Vulgatam Clementinam – Divisionibus, Summariis et Concordantiis Ornata, Typis Societatis S. Joannis Evang.; Desclée et Socii Edit. Pont.; Romae – Tornaci – Parisiis, 1927.

[2]  Bíblia Sagrada, traduzida da Vulgata e anotada pelo Pe. Matos Soares; 10ª Edição; Edições Paulinas, 1955. 
   
[3]  Pe. Croiset, S.J., “Ano Cristão”, traduzido do Francês e adaptado às últimas reformas litúrgicas pelo Pe. Matos Soares, professor do Seminário do Porto, Vol. XIII – Próprio do Tempo, pp. 125-126; Seminário do Porto, Porto, 1923.

[4]   1 Cor. 13, 1 ss.

[5]   S. Th. II-II, q. 23.

[6]   Concílio de Trento, VI, c. 15; S. Theol., II-II, q. 24, a. 11 e 12.

[7]   Ad Bonif. 2, 3, 5. MPL 34, 591; Sermo 115, n. 7; De Trinit., 1. 15, c. 18, n. 32. MPL 42, 1082.

[8]   M. J. Scheeben, “As Maravilhas da Graça Divina”, Liv. III, Cap. VI – A Caridade Divina, pp. 214-216; 2ª Edição; Editora Vozes Ltda, Rio de Janeiro, 1956.

[9]   Gên. 18, 1-33.

[10] D. Santiago José Garcia Mazo, “O Catecismo da Doutrina Cristã Explicado, ou, Explicações do Catecismo de Astete, as quais convém igualmente ao de Ripalda”, 1ª Parte, Cap. LXXIV – Da Comunhão dos Santos, pp. 74-76; 6ª Edição; Livraria Chardron de Lello & Irmão – Editores, Porto, 1905.

[11] I Cor. 13, 8-13.

[12] Jean Daujat, “A Graça e Nós Cristão”, Cap. I, p. 75; Livraria e Editora Flamboyant, São Paulo, 1960.

[13] Summa Theol., 1ª, 2.ae, 113, art. 9, ad 2.; cfr. Pe. Mário Corti, S.J., “Viver em Graça”, p. 133; 2ª Edição; Ed. Paulinas, 1961.

[14] S. Tomás, Suma Teológ., IIa IIae, q. 24 a. 3 ad 2m.; cfr. Jean Daujat, ob. cit., p. 73.


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