Era o instante esperado por Nossa Senhora para fazer florescer, no
alto da ressecada vara, uma flor: São Simão Stock. Esse inglês de
reconhecida virtude havia sido eleito para o cargo de Geral da Ordem.
Todavia, não exercia uma autoridade efetiva sobre os seus súditos, pois
o Carmo não possuía ainda uma estrutura jurídica coesa e uniforme,
capaz de conservar um espírito, promovê-lo e transmiti-lo à posteridade.
A virtude compensava, porém, a falta de autoridade. Rezando a Nossa
Senhora com muito fervor, São Simão implorou-Lhe que não permitisse o
desaparecimento da Ordem Carmelita. Nessa aflitiva situação, a Virgem
Santíssima apareceu ao seu bom servo [em 1251] e entregou-lhe o
Escapulário, para ser usado sobre as vestes.
Naquela época os servos usavam uma túnica como traje civil. Sobre ela
vestiam uma túnica menor, que indicava, pela cor e por características
peculiares, a identidade do seu senhor. O Escapulário do Carmo era
semelhante a essa pequena túnica. Nossa Senhora entregava, portanto, a
S. Simão Stock uma libré própria aos seus servos, para ser usada por
todos os carmelitas, e prometia:
“Recebe, filho diletíssimo, o Escapulário da tua Ordem, sinal de
minha amizade fraterna, privilégio para ti e todos os carmelitas.
Aqueles que morrerem revestidos deste Escapulário não padecerão o fogo
do Inferno. É um sinal de salvação, amparo e proteção nos perigos e
aliança de paz para sempre”.
Esta maravilhosa promessa da Santíssima Virgem não é de pequena monta
para o cristão que realmente deseja salvar a sua alma. Muitos Papas e
teólogos têm explicado que, quem tem devoção ao Escapulário e o use
efetivamente, receberá de Maria Santíssima a graça da Perseverança Final ou a graça da contrição. É uma promessa semelhante à dos cinco
primeiros sábados.
O PRIVILÉGIO SABATINO
Mas, uma segunda promessa de Nossa Senhora do Carmo veio dar um novo
grau de importância à devoção do Escapulário. Numa aparição ao Papa João
XXII, referindo-se aos que trouxerem o Escapulário durante a sua vida, a
Santíssima Virgem diz o seguinte:
“Eu, Mãe de bondade, descerei no primeiro sábado após a sua morte e
quantos achar no purgatório, livrarei e levarei ao monte santo da vida
eterna”.
O próprio Pontífice confirmou esta indulgência plenária na célebre
Bula Sabatina, de 3 de Março de 1322, confirmada posteriormente por
vários Papas como Alexandre V, Clemente VII, Paulo III, S. Pio V e São
Pio X. Em 1950 o Papa Pio XII escreveu sobre o escapulário, exprimindo o
seu desejo de “que seja o símbolo de consagração ao Imaculado Coração
de Maria, do qual estamos muito necessitados nestes tempos tão
perigosos”. O Papa João Paulo II também o tem recomendado
insistentemente.
De início, o Escapulário era de uso exclusivo dos religiosos
carmelitas. Mais tarde, a Igreja, querendo estender os privilégios e
benefícios espirituais desse piedoso hábito a todos os católicos,
simplificou o seu tamanho e autorizou que a sua recepção ficasse ao
alcance de todos.
A partir dessa misericordiosa intervenção da Mãe de Deus, a Ordem
carmelitana refloresceu e conheceu outros períodos de glórias,
acentuando por toda a Igreja Católica a devoção à Santíssima Virgem.
Nesta Ordem, nasceram três sóis, para não citar senão eles, que hão de
reluzir por todo o sempre no firmamento da Igreja: Santa Teresa, a
Grande, São João da Cruz e Santa Teresinha do Menino Jesus.
EXEMPLOS DE CONVERSÃO E MILAGRES
O Escapulário não é somente o sinal da certeza da indulgência no
instante do último suspiro. É um Sacramental que atrai as bênçãos
divinas para quem o usa com piedade e devoção. Inúmeros milagres e
conversões vincaram o seu uso entre os fiéis. Nas Crônicas do Carmelo
temos inúmeros exemplos. Vejamos apenas alguns:
1. No mesmo dia que S. Simão Stock recebeu da Mãe de Deus o
Escapulário e a promessa, foi chamado a assistir um moribundo que estava
desesperado. Quando chegou, pôs sobre o pobre homem o Escapulário que
acabara de receber, pedindo a Nossa Senhora que mantivesse a promessa
que lhe acabara de fazer. Imediatamente o impenitente arrependeu-se,
confessou-se e morreu na graça de Deus.
2. Santo Afonso de Ligório morreu em 1787 com o Escapulário do Carmo.
Quando transcorria o processo de beatificação do santo bispo, ao
abrir-se o seu túmulo, constatou-se que o corpo estava reduzido a cinzas
assim como o seu hábito. Apenas o seu Escapulário estava completamente
intacto. Esta preciosa relíquia conserva-se no Mosteiro de Santo Afonso,
em Roma. O mesmo fenômeno de conservação do escapulário se verificou
quando se abriu o túmulo de São João Bosco, quase um século depois.
3. No Hospital de Belleview, de Nova York, foi internado um ancião. A
enfermeira que o atendeu, vendo sob as suas vestes um Escapulário
castanho escuro, tratou logo de chamar um sacerdote. Enquanto este
recitava a oração dos agonizantes, o doente abriu os olhos e disse:
“Padre, eu não sou católico”. Então, porque usa este Escapulário? –
Prometi a um amigo que o usaria sempre e de rezar todos os dias uma
“Ave-Maria”. Mas, estás à beira da morte. Não quer tornar-se um
católico? – “Sim, Padre, quero. Desejei-o toda a minha vida”. O
sacerdote preparou-o rapidamente, batizou-o e ministrou-lhe os últimos
sacramentos. Pouco tempo depois, o pobre senhor morria docemente. A
Santíssima Virgem havia tomado sob a Sua proteção aquela pobre alma que
se revestira do seu escudo.
CONCLUSÃO
No ápice das aparições em que Nossa Senhora proclama a verdade da sua
realeza, sob a forma do triunfo do Imaculado Coração de Maria, Ela
aparece revestida do traje da sua mais antiga devoção – a do Carmo. E,
desse modo, realiza uma síntese entre o historicamente mais remoto (O
Monte Carmelo), o mais recente (A devoção ao Imaculado Coração de Maria)
e o futuro glorioso, que é a vitória e o reinado desse mesmo Coração.
É sinal inequívoco de que o católico zeloso do cumprimento dos
pedidos da Mãe de Deus encontrará nesta devoção uma fonte abundante de
graças para a sua conversão pessoal e para o seu apostolado,
especialmente nestes dias de profunda descristianização da nossa
sociedade. Este “Vestido de Graça” fortalecerá a sua certeza de que, ao
fechar os olhos para esta vida e ao abri-los para a eternidade,
encontrará o seu fim último, Cristo Jesus, na Glória Eterna.
QUESTÕES PRÁTICAS SOBRE O ESCAPULÁRIO
1 – Goza dos privilégios aquele que se torna membro da família
carmelitana recebendo o Escapulário, que deve ser necessariamente
imposto pelo Sacerdote, segundo o ritual previsto. Em caso de perigo de
morte, sendo impossível buscar um Sacerdote, até mesmo o leigo o pode
impor, recitando uma oração a Nossa Senhora e utilizando um Escapulário
já bento.
2 – Qualquer Sacerdote ou diácono pode efetuar a imposição do
Escapulário. Para isso, deve utilizar uma das fórmulas para a bênção,
prevista no Ritual Romano.
3 – O Escapulário dever ser usado de maneira moralmente contínua
(mesmo durante a noite); permitindo-se em caso de necessidade, como para
lavar-se, retirá-lo, sem perder o benefício da promessa.
4 – O Escapulário é benzido apenas uma vez, na imposição, para toda a
vida. A bênção do primeiro Escapulário é transmitida aos demais.
5 – A medalha escapulária – O Papa S. Pio X concedeu a faculdade de
substituir o Escapulário de tecido por uma medalha, que deve ter numa
das faces o Sagrado Coração de Jesus e, na outra, qualquer imagem de
Nossa Senhora. Pode-se usá-la ininterruptamente (ao pescoço ou de outro
modo) e gozar dos mesmos benefícios. Contudo, a medalha não pode ser
imposta, mas deve apenas ser utilizada como substituição ao de tecido já
recebido. É recomendável que não se deixe completamente de usar o de
tecido (por exemplo, portá-lo durante noite). De qualquer forma, a cerimônia de imposição deve necessariamente ser feita com o Escapulário
de tecido. Quando se troca a medalha, não é necessária outra bênção.
CONDIÇÕES PARA SE BENEFICIAR DAS PROMESSAS
1- Para beneficiar-se da promessa principal, a preservação do Inferno,
não existe qualquer outra condição que o próprio uso do Escapulário,
desde que se tenha recebido com reta intenção, e que o traga
efetivamente na hora da morte. Supõe-se, para este efeito, que a pessoa
continuou a portá-lo, se for privada dele sem o consentir, como no caso
dos doentes nos hospitais.
2 – Para beneficiar do “privilégio sabatino”, faz-se necessário preencher três requisitos.
a) Portar habitualmente o Escapulário (ou a medalha).
b) Conservar a castidade, consoante ao próprio estado (total, para os
célibes [solteiros]); e conjugal para os casados). Note-se que esta é uma obrigação
de todo e qualquer cristão, mas só gozará deste privilégio aqueles que
viverem habitualmente em tal estado.
c) Recitar quotidianamente o pequeno Ofício de Nossa Senhora. Contudo, o Sacerdote, ao fazer a imposição, tem o poder de comutar esta obrigação,
um pouco complicada para o leigo comum. Costuma-se substituí-lo pela
recitação diária do terço. As pessoas não devem recear pedir ao Sacerdote esta comutação.
3 – Aqueles que recebem o Escapulário e depois o deixam de portar não
cometem qualquer pecado. Somente deixam de receber os benefícios.
Aquele que voltar a portá-lo, mesmo que o tenha deixado por um longo
tempo, não necessita de nova imposição.
Indulgências ligadas ao Escapulário
a) É concedida indulgência parcial àquele que, portando piedosamente o
Escapulário, ou a medalha, faça um ato de união com a Santíssima Virgem
ou com Deus através do Escapulário, por exemplo, beijando-o, formulando
uma intenção ou um pedido.
b) É concedida uma indulgência plenária (remissão de todas as penas do
purgatório) no dia em que se recebe pela primeira vez o Escapulário, e
também nas Festas de Nossa Senhora do Monte Carmelo, 16 de Julho; de
Santo Elias, 20 de Julho; de Santa Teresa do Menino Jesus, 1 de Outubro;
de todos os Santos da Ordem do Carmelo, 14 de Novembro; de Santa Teresa
de Jesus, 15 de Outubro; de São João da Cruz, 14 de Dezembro e de São
Simão Stock, 16 de Maio.
É bom notar que as indulgências são recebidas se preenchidas as
condições: Confissão, comunhão, desapego de todo o pecado, mesmo os
veniais, e oração pelas intenções do Santo Padre (costuma-se rezar um
“Pai-Nosso”, uma “Ave-Maria” e o “Glória”.
NOTA IMPORTANTE
Não é preciso dizer que aqueles que se permitem deliberadamente viver
uma vida de pecado, julgando que por usarem o Escapulário irão
salvar-se, fazem muito mal. Deus poderá permitir que morram sem ele.
Porém, não devemos combater o uso do Escapulário pelos pecadores. São
Cláudio La Colombiére, jesuíta, em um sermão sobre a Virgem do Carmo
que pregou na Igreja dos Carmelitas de Lyon, diz: “Não vos quero
lisonjear: de nenhum modo se pode passar de uma vida pecadora e
desordenada para a vida eterna, se não pelo caminho da sincera
penitência; porém, esse sincero arrependimento, de tal modo o saberá
facilitar a mais carinhosa das mães que, quando menos pensardes, fará
brilhar nas vossas almas um raio de luz sobrenatural que num instante
vos fará ver o engano”.
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O Santo Padre recomenda o Escapulário no 750º aniversário: “Caríssimos, este feliz acontecimento envolve não apenas os devotos de
Nossa Senhora do Carmo, mas toda a Igreja porque, ao longo dos tempos,
graças também à difusão da devoção do Santo Escapulário, o rico
património mariano do Carmelo tornou-se um tesouro para todo o povo de
Deus. Deveis haurir constantemente deste admirável património
espiritual, para ser, em cada dia, testemunhas credíveis de Cristo e do
seu Evangelho.”
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O Escapulário é um Sacramental
“Não, não basta dizer que o Escapulário é um sinal de salvação. Eu
sustento que não há outro que faça nossa predestinação tão certa…”. (São
Cláudio La Colombière, S.J.)
1. É um sinal de aliança com Nossa Senhora. Por seu uso, exprimimos a nossa consagração a Ela.
2. É um sinal de salvação. Quem morrer com ele não padecerá o fogo do Inferno.
3. A Santíssima Virgem livrará do Purgatório, no primeiro sábado depois da morte, todos os que o portarem.
4. É um sinal de proteção em todos os perigos.
FÓRMULA BREVE PARA IMPOSIÇÃO DO ESCAPULÁRIO
Recebe este Escapulário sinal de união especial com Maria, a Mãe de
Jesus, a quem te empenharás em imitar. Este Escapulário te recorde a tua
dignidade de cristão, a tua dedicação ao serviço dos outros e a
imitação de Maria. Usa como sinal da Sua proteção e como sinal da tua
pertença à família do Carmelo, disposto a cumprir a vontade de Deus e a
empenhar-te no serviço pela construção de um mundo que responda ao seu
plano de fraternidade, justiça e paz.
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Retirado da pag. WWW.ecclesia.pt/ordem-do-carmo/escapulário99.htm
http://www.assistencialaparecida.org.br/devocao/o-escapulario-de-nossa-senhora-do-carmo-em-fatima/
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