Blog Católico, para os Católicos

BLOG CATÓLICO, PARA OS CATÓLICOS.

"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

segunda-feira, 31 de julho de 2023

SANTO INÁCIO DE LOYOLA, E A SUA DOCILIDADE COM A HERESIA.


De modo algum parece que se deva tolerar ali (nas universidades) aqueles de quem há suspeita de que pervertem a juventude: muito menos ainda, os que são abertamente hereges. E até os estudantes de quem se veja que não poderão emendar-se facilmente, deveriam absolutamente ser despedidos... Conviria que quantos livros heréticos se achassem – mediante diligente pesquisa – em poder de livreiros e de particulares, fossem queimados... Outro tanto se diga das obras dos hereges que não sejam heréticas, como as que tratam de gramática ou retórica, ou de dialética, de Melanchton, etc., que parece deveriam ser inteiramente relegadas em ódio à heresia de seus autores, porque não convém nem nomeá-los, e menos ainda que a eles se afeiçoem os jovens, em cujo espírito se insinuam os hereges por meio de tais obrinhas... mais vale estar a grei sem pastor, do que ter por pastor um lobo... Quem chamar os hereges de ‘EVANGÉLICOS’, conviria que pagasse alguma multa, para que não folgue o Demônio de que os Inimigos do Evangelho e da Cruz de Cristo tomem um nome contrário as suas obras. Aos hereges se há de chamar por seu nome, para que cause horror até nomear os que são tais e cobrem o ‘veneno mortal’ com o véu de um nome de salvação...”.


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Fonte: Santo Inácio de Loyola, “Obras Completas”, BAC, Madrid, 1952, Carta 111, p. 880.


quinta-feira, 27 de julho de 2023

PROFISSÃO DE FÉ CONTRA O ESPIRITISMO.


PROFISSÃO DE FÉ CATÓLICA


1ª – CREIO firmemente que há um só Deus, em Três Pessoas Iguais e realmente Distintas – Pai, Filho e Espírito.

2ª – CREIO que Deus, Espírito perfeitíssimo, criou o Céu e a Terra no início dos tempos; e no fim dos séculos julgará as ações dos homens, recompensando os bons com o Paraíso e castigando os maus com o Inferno.

3ª – CREIO que Deus, pela Sua Divina Providência, conserva e dirige, firme e suavemente, todo o Universo criado – e firmemente rejeito o pretenso governo do mundo pelas criaturas visíveis ou invisíveis, tal como ensina e defende o Espiritismo.

4ª – CREIO que Deus se revelou aos homens, manifestando-Se a Adão no Paraíso; a Moisés no Monte Sinai e, na plenitude dos tempos, por meio de Seu Filho Unigênito, feito Homem, JESUS CRISTO.

5ª – CREIO que Jesus Cristo, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, Deus igual ao Pai e ao Espírito Santo, se fez Homem no seio puríssimo da Virgem Santíssima, Mãe de Deus; padeceu e morreu na Cruz para nos salvar, e ao terceiro dia ressuscitou.

6ª – CREIO que Deus continua a auxiliar os homens na prática do bem por meio da Sua Santa Graça, especialmente obtida pela oração, pelos bons propósitos e pela frequência aos Sacramentos da Santa Confissão e da Santa Comunhão, – nunca, porém, mediante a evocação dos mortos, superstição abominável, proibida por Deus na Sagrada Escritura e explicitamente condenada pela Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana.

7ª – CREIO na existência dos Espíritos criados por Deus:

a) Anjos bons, perseverantes no bem, que obedecem à Divina Vontade, e não aos caprichos humanos.

b) Anjos maus, ou Demônios, que prevaricaram e procuram sempre induzir os homens ao mal e à perdição eterna.

8ª – CREIO que cada alma humana é criada por Deus quando Ele a une ao corpo, formando então o Composto Único, substancial, pessoal, que se chama Homem – e rejeito firmemente a existência do Períspirito e do Corpo Astral.

9ª – CREIO que alma, separada do corpo, depois da morte, será julgada por Deus num Juízo Particular, recebendo logo depois, em atenção às suas obras, as penas eternas do Inferno, ou as penas temporais do Purgatório, ou a glória eterna do Paraíso, – e rejeito firmemente, a transmigração das almas, de corpo a corpo.

10ª – CREIO que, no fim dos tempos, cada alma se há de unir ao próprio corpo então ressuscitado para a glória ou para a eterna condenação – e rejeito firmemente, como falsa e herética, a doutrina espírita da Reencarnação.

11ª – CREIO na Comunhão dos Santos que une pela caridade:

a) os fiéis que vivem na terra;

b) as Santas Almas do Purgatório, que sufragamos com nossas orações e nossos sacrifícios;

c) e os Bem-aventurados do Paraíso, que invocamos como intercessores nossos, junto de Deus.

12ª – CREIO:

a) que a Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana, é a única verdadeira, fora da qual não há salvação;

b) que o seu Chefe visível, o Sumo Pontífice, assistido de um modo especial pelo Divino Espírito Santo, é infalível quando define verdades de Fé e Costumes.

Admito, portanto, e professo tudo quanto ensina esta mesma Igreja, pelo seu autêntico Magistério.

13ª – CREIO que Jesus Cristo instituiu na Sua Igreja Católica, Apostólica, Romana, como seus Ministros e dispensadores dos Sagrados Mistérios, os Bispos e os Sacerdotes, incumbindo-os da missão de ensinar Sua doutrina a todas as gentes.

Rejeito, pois, qualquer intervenção de médiuns como guias, doutrinadores e orientadores das relações entre o homem e Deus.

14ª – ABORREÇO, firmemente, DETESTO E CONDENO todas as doutrinas e práticas do ESPIRITISMO, porque jurei no meu Batismo renunciar a Satanás, às suas pompas e às suas obras.

15ª AFIRMO, portanto, querer seguir a Jesus Cristo, Senhor e Redentor meu e Sua Igreja Católica, Apostólica, Romana, em cuja Fé, com a graça divina, desejo viver apostolicamente e espero morrer com piedade. Assim seja.

Oração a São Miguel Arcanjo

São Miguel Arcanjo, protegei-nos no combate; cobri-nos com o vosso escudo contra os embustes e ciladas do Demônio. – SUBJUGUE-O DEUS, instantemente o pedimos; e vós, Príncipe da milícia celeste, pelo divino poder, precipitai no Inferno a Satanás e aos outros espíritos malignos, que andam pelo mundo para perder as almas. Amém.


IMPRIMATUR

Belo Horizonte, 20 de Dezembro de 1951.

Mons. José Augusto D. Bicalho

Vigário Geral


domingo, 23 de julho de 2023

COMO NA TRIBULAÇÃO, DEVE O HOMEM SE ENTREGAR NAS MÃOS DE DEUS.

(Qualiter homo desolatus se debet in manus Dei offerre)1


1. ALMA FIEL. Senhor meu Deus, Pai Santo, bendito sejais agora e para sempre, porque como quereis assim foi feito, e tudo quanto fazeis é bom.

Alegre-se o vosso servo, não em si nem em criatura alguma, senão em Vós; só Vós sois a verdadeira alegria, minha esperança e minha coroa, Vós, minha felicidade e minha glória.

Que possui o vosso servo que de Vós não tenha recebido, sem nenhum merecimento seu?

Eu sou pobre e em trabalhos vivo desde a minha juventude;2 algumas vezes contrista-se a minha alma até as lágrimas, outras, perturba-se por causa das paixões que ameaçam assaltá-la.

2. Desejo a alegria da paz, imploro a paz dos vossos filhos que apascentais na luz das vossas consolações.

Se me concederdes a paz, se me infundirdes a santa alegria, encher-se-á de melodias a alma de vosso servo e, em transportes de devoção, entoará os vossos louvores.

Mas se Vós, Vos retirardes, como costumais fazer tantas vezes, já não poderá correr no caminho dos vossos Mandamentos; cairá de joelhos e baterá no peito, porque já não lhe vão as coisas como antes, quando resplandecia sobre a sua cabeça a vossa luz,3 e à sombra de vossas asas se abrigava,4 contra o assalto das tentações.

3. Pai justo e digno sempre de ser louvado, é chegada a hora da provação para o vosso servo.

Pai amável, justo é que nesta hora padeça alguma coisa por vosso amor.

Pai eternamente adorável, chegou a hora que previstes desde toda a eternidade em que por algum tempo há de sucumbir o vosso servo exteriormente, sem cessar, internamente, de viver sempre em Vós.

Por algum tempo necessário é que seja vilipendiado, humilhado e abatido diante dos homens, quebrantado de sofrimentos e enfermidades, para que de novo convosco ressuscite na aurora da nova luz e nos esplendores do Céu.

Pai Santo, assim o determinastes, assim o quisestes; cumpriu-se o que ordenastes.

4. É uma graça que fazeis aos que Vos amam: enviar-lhes padecimentos e tribulações neste mundo, por vosso amor, quantas vezes permitis e por quem permitis.

Nada acontece na terra sem razão, sem sabedoria e sem ordem da vossa Providência.

Bom para mim, Senhor, foi que me tenham humilhado, para que aprenda vossos justos juízos5 e desterre do meu coração toda presunção e toda soberba.

Foi-me útil que o meu rosto se haja coberto de confusão6, para que procure a consolação antes em Vós que nos homens.

Aprendi assim a temer também os vossos imperscrutáveis juízos, segundo os quais afligis o justo e o ímpio, mas sempre com equidade e justiça.

5. Graças Vos dou, porque não deixastes sem castigo as minhas maldades, ferindo-me severamente, infligindo-me dores e enviando-me angústias interiores e exteriores.

De quanto existe debaixo do Céu, nada é capaz de consolar-me; só Vós, Senhor meu deus, Médico celeste das almas, que feris e sarais, lançais no abismo e tornais a salvar.7

Estou sob a vossa disciplina e os vossos próprios castigos me instruem.8

6. Pai querido, eis-me nas vossas mãos, curvo-me sob a vara que me castiga.

Feri-me as costas e a cerviz, para que a vossa vontade endireite o que em mim há de tortuoso.

Fazei-me discípulo vosso, humilde e piedoso, como sabeis tão bem fazê-lo, sempre pronto a obedecer ao menor aceno vosso.

Entrego-me com tudo o que me pertence a vossa correção: melhor é ser punido nesta vida do que na futura.

Conheceis todas as coisas e cada uma em particular; e nada Vos é oculto na consciência do homem.

Sabeis o futuro antes que se realize e não tendes necessidade de quem Vos instrua ou advirta do que se passa na terra.

Sabeis o que é útil ao meu aproveitamento e como serve a tribulação para purificar a ferrugem dos vícios.

Disponde de mim segundo a vossa adorável vontade, e não me desprezeis por causa de minha vida pecaminosa, que ninguém conhece melhor e mais claramente que Vós.

7. Dai-me, Senhor, a graça de saber o que veem os olhos, nem sentencie pelo que ouço de homens sem experiência, mas fazei que saiba discernir, com juízo verdadeiro, as coisas sensíveis e as espirituais e busque acima de tudo a vossa vontade.

8. Enganam-se muitas vezes no julgar os sentidos dos homens; erram também os amigos do mundo, amando só as coisas visíveis.

Torna-se porventura melhor um homem, porque por maior o estima um outro?

O homem que exalta outro é um mentiroso, que engana outro mentiroso; um vaidoso que engana outro vaidoso; um cego que engana outro cego; um doente que engana outro doente; e na realidade cobre-o de confusão com os seus vãos louvores.

Por isso, já dizia o humilde São Francisco: o homem vale o que vale aos vossos olhos e nada mais.

1ª Reflexão9

O valor das nossas oferendas diante de Deus está dependente das disposições da nossa vontade; damos muito, quando damos de boa vontade o que Deus nos pede: meu filho, dá-me o teu coração.10 Deus primeiro olha para o coração do que para as mãos do oferente. Abel fazia oblações ao Senhor e Caim também as fazia, mas com resultado muito diverso; as de Caim eram desprezadas e as de Abel aceitas: e o Senhor olhou favoravelmente para Abel e para as suas dádivas.11 E por que não olhou nem para Caim, nem para as suas ofertas? Porque as ofertas de Caim eram desacompanhadas da oferta do seu coração, e Deus quer primeiro que tudo, a oferta de um coração puro. Se o o coração de Caim não agradava ao Senhor, que valor podiam ter os frutos da terra oferecidos pelo mesmo Caim? Eram sem valor as ofertas, porque era sem amor o coração do oferente.

Grande lição esta para muitas pessoas que, no meio das suas enfermidades e aflições, costumam fazer promessas e votos sem cuidarem, primeiro que tudo, de se tirarem do estado de pecado mortal, por meio de uma Confissão bem-feita. Fazem ofertas a Deus e não tratam de se reconciliar com Ele! Invocam a proteção dos Santos e ultrajam o Santo dos Santos!

Tiremos das provações que Deus nos enviar o maior fruto possível: feliz o homem que é repreendido por Deus; não recuses, pois, a exprobração do Senhor.12 Imitemos o exemplo dos Santos. São Marco e São Marcelliano, irmãos e romanos, tendo sido presos pelo general Fabiano, foram amarrados a um poste e pregados pelos pés com cravos. Voltando-se para eles o juiz, disse-lhes: olhai, ó miseráveis, escapai-vos também destes tormentos! – Eles responderam: nunca tivemos festim que tanto nos deliciasse, como este de sofrer de boa vontade por causa de Jesus Cristo, em cujo amor começamos agora a ser cravados. Praza a Deus que nos seja permitido sofrer estes tormentos durante todo o tempo que estivermos revestidos deste corpo corruptível. Tendo passado a cantar louvores ao Senhor, um dia e uma noite, no meio dos suplícios, alcançaram, finalmente, a palma do Martírio, atravessados a golpes de lança.13 O cristão que assim se entrega nas mãos de Deus, com inteira submissão, é um cristão perfeito. Quão raros são hoje esses cristãos!

2ª Reflexão14

Permite Deus, que nossa alma seja algumas vezes como que abandonada. Nenhuma consolação, nenhuma luz; mas de todas as partes provações, trabalhos, tentações, angústias: parece-lhe que vai sucumbir, porque não sente já o braço que a sustentava. Que faremos então? Diremos como Jesus: “Meu Deus, meu Deus, por que me desamparastes?” E, contudo, ficaremos em paz no sofrimento e nas trevas, “até que declinem as sombras, e descubramos a aurora de um novo dia”.15

Este estado é o maior exercício da fé; é para a alma uma imagem da morte; fria, sem movimento, insensível em aparência, está como encerrada no túmulo, e parece não se unir a Deus senão por uma vontade frouxa de que ela mesma não está segura. Oh, quantas graças são o fruto desta agonia suportada com humilde paciência! Oh, quantos pecados resgata este padecimento! Então se completa em nós o Mistério da salvação,16 e chegamos a ser verdadeiramente conformes a Jesus, contanto que não cessemos de repetir, com uma fé sincera, estas palavras de resignação: “Sim, meu Pai, aceito o cálice; quero bebê-lo até o fim; sim, Pai Santo, porque essa é vossa vontade”.17

Por que não aprendo de Vós, meu Divino Mestre, aonde hei de ir buscar o remédio e consolação quando me vejo tentado e afligido? Por que busco fora de Vós consolação, alegria de minha alma? Quem me a pode dar senão Vós? Adoro-te, Divina e amorosa mão, que castigando consolas, atribulando animas, afligindo alegras, derrubando levantas, e matando dás vida. Com razão vivo triste, pois de Vós fujo. Sou todo miserável, Bom Jesus, porque, ou de Vós fujo quando me atribulais, e não busco em Vós consolação; ou, Vos busco apegado à minha vontade e amor-próprio, que impede a obra que quereis fazer nesta alma. Livrai-me de mim, Deus meu, pois eu sou o que me mato, e o que ponho todos os impedimentos à vossa graça e à vossa luz; curai-me Vós, Deus meu, em tudo, como quem sois. Verdadeiramente, Deus meu, sois Pai deste pecador e Amigo desta alma, quando Vos amarei de todo o coração e Vos obedecerei em tudo sem contradição? Quando do íntimo desta alma Vos dirá meu coração sempre e em tudo: Não se faça minha vontade senão a vossa? Onde mereci eu, Deus meu, ser governado por essa Vontade paternal, amorosa e divina? Ó, verdadeiro Pai de misericórdia, perdoai-me minhas ingratidões e fraquezas, fazei sempre em mim vossa vontade. Oh, Bom Jesus, faça-se vossa vontade e não a minha, em tudo e por tudo.

3ª Reflexão18

Oh, que excelente maneira de orar, é a de contentar-nos de representar simplesmente nossas necessidades a Nosso Senhor, depois deixá-Lo fazer, estando seguros de que Ele há de prover, segundo nos for mais conveniente, contentando-nos de Lhe dizer: Senhor, eis aqui vossa pobre criatura desolada e aflita, cheia de secura e aridez, cheia de misérias e de pecados; mas, Vós bem sabeis do que eu necessito, basta-me apresentar-me qual sou; a Vós pertence prover as minhas misérias, segundo o que Vos aprouver e me for mais útil para vossa glória.19

Não, minha querida filha, não só devemos levar a bem, que Deus nos fira, mas devemos aquiescer a que seja sobre o lugar que Lhe aprouver. A escolha há de se deixar a Deus, porque Lhe compete. Davi oferecia sua vida pela de Absalão, mas porque este se perdia morrendo; em tal caso deve-se conjurar a Deus: mas nas perdas temporais, sirva-se Deus tocar e ferir onde quiser e sobre tal corda de nosso alaúde que escolher; nunca deixará de fazer boa harmonia. Senhor Jesus, sem reserva, sem condição, sem exceção, sem limitação, seja feita vossa vontade sobre pai, sobre mãe, sobre filha, em tudo e em todas as partes! Ah, eu não digo que não se deva orar pela conservação deles, mas a Deus não se deve dizer: Deixai isto, e tomai aquilo.20


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1.  Imitação de Cristo, nova tradução portuguesa pelo Pe. Leonel Franca, S.J., Livro III, Cap. L, pp. 181-184. 4ª Edição, Livraria José Olympio Editora, Rio de Janeiro/São Paulo, 1948.

2.  Ps. LXXXVII, 16.

3.  Job XXIX, 3.

4.  Ps. XVI, 8.

5.  Ps. CXVIII, 71.

6.  Ps. LXVIII, 8.

7.  Tob. XIII, 2.

8.  Ps. XVII, 36.

9.  Imitação de Cristo, novíssima edição, confrontada com o texto latino e anotada por Monsenhor Manuel Marinho, Livro III, Cap. L, pp. 268-273. Editora Viúva de José Frutuoso da Fonseca, Porto, 1925.

10.  Prov. XXIII, 26.

11.  Gên. IV, 4.

12.  Job V, 17.

13.  Breviário de 18 de Junho.

14.  Imitação de Cristo, Presbítero J. I. Roquette, Livro III, Cap. L, pp. 346-353. Editora Aillaud & Cia., Paris/Lisboa.

15.  Matth. XXVI, 46; Cânt. II, 17.

16.  Col. I, 24.

17.  Matth. XI, 26.

18.  Imitação de Cristo, versão portuguesa por um Padre da Missão, Livro III, Cap. L, pp. 285-289. Imprenta Desclée, Lefebvre y Cia., Tornai/Bélgica, 1904.

19.  São Francisco de Sales, Sermão para o II Domingo depois da Epifania.

20.  São Francisco de Sales, 78ª Carta espiritual, X.


terça-feira, 18 de julho de 2023

ÚLTIMOS ANOS E MORTE DE SÃO JOSÉ.


Falando a respeito de São José, diz o Padre Huguet: A casa de Nazaré era um verdadeiro paraíso. Ali reinava a paz, a concórdia, a mais sublime caridade; tudo se fazia na mais perfeita ordem; aquela Família era um admirável Modelo das Famílias Cristãs e das Comunidades Religiosas. Ali, era habitual o recolhimento, religiosamente observado o silêncio, o dia distribuído entre o trabalho e os exercícios de piedade.

As pessoas de fora, admitidas à oficina de São José, eram excluídas dos dois santuários, ou seja, dos dois quartinhos reservados a Jesus e Maria. Ali reinava a pobreza religiosa, resplandeciam a castidade, a obediência; ali habitava o Criador com as Suas criaturas; ali, a Fé, a Esperança haviam estabelecido sua moradia em comum com a Caridade, que une estreitamente os corações. A Bem-aventurada Casa de Nazaré serviu de Modelo às Comunidades Religiosas. Diz-se que os primeiros cristãos eram um só coração e uma só alma; possuíam o mesmo espírito, os mesmos desejos, os mesmos afetos, mas com maior razão se pode dizê-lo da Sagrada Família.

E como vivia São José com tão augustas Pessoas? Na familiaridade mais terna e mais íntima que se possa imaginar. Jesus o chamava Pai, falava-lhe com grande respeito, participava de suas fadigas, sentava-Se à sua mesa, servia-o com solicitude e jamais negligenciava quanto pudesse contribuir para torná-lo feliz. Maria chamava-o Esposo, servia-o como a seu senhor, preparava-lhe as modestas refeições, fazia e arrumava suas roupas, e muitas vezes sabia torná-lo feliz. Maria chamava-o Esposo, servia-o com dulcíssima conversação.

São José, penetrando cada vez mais no Coração de Jesus pelos afetuosos cuidados que d’Ele recebia, permanecia suavemente arrebatado. Quando Jesus parava junto ao coração de São José, oh, com que santos ardores o inflamava!

Quando Jesus descobria a São José algum novo traço das próprias perfeições infinitas, ou demonstrava comprazer-Se nas carícias recebidas, ou lhe agradecia as fadigas sustentadas por Seu amor, tais gestos e expressões eram como óleo lançado ao fogo daquele amor, que ardia no coração do Santo, para inflamá-lo ainda mais.

E que responderia o Santo, se Jesus lhe fizesse a pergunta, depois dirigida a São Pedro: José, tu Me amas? Oh, como teria repetido então, estreitando-O contra o peito: “Sim, eu Te amo, meu Deus, meu Redentor, infinitamente amável, Te amo mais que às pupilas de meus olhos, mais que a mim mesmo”.

Tanta felicidade concedida ao Santo, passageira, deveria causar-nos admiração. Ora, que admiração não nos deve causar, sabendo que tão feliz convivência durou cerca de trinta anos? A união de Jesus Cristo, de Maria Santíssima e de São José, era uma viva imagem da união das Três Pessoas da Santíssima Trindade.

Jesus em Nazaré orava pelos pecadores e, além disso, com Seus desejos suspirava pela hora santa de subir ao Calvário para derramar o Sangue que devia apagar a sentença de eterna maldição. No entanto, trabalha com grande amor, até o suor, sujeitando-Se ao castigo temporal já imposto a Adão e Eva.

Maria e José, refletindo nisso, experimentavam grande aflição; todavia, o pensamento de que mais tarde participavam dos frutos do Sacrifício cuja aprendizagem Jesus fazia, suavizava-lhes bastante a amargura. Sentados juntos a uma mesa frugal, comunicavam entre Si misteriosas confidências. E foi então que as grandes verdades, por Jesus trazidas do Céu, começaram a sair de Seus divinos lábios, pois diz São Lucas, que Suas palavras, Maria as conservava no próprio Coração. E quando Jesus falava a Maria Santíssima, muitas vezes na presença de São José, este recolhia e saboreava os preciosíssimos oráculos, os ensinamentos cheios de luz e de celestes consolações.

As inumeráveis fadigas, sustentadas por São José em todo o decurso de sua vida, pouco a pouco produziram uma notável diminuição de suas forças. A tranquila felicidade da vida em Nazaré foi por algum tempo interrompida, com o trânsito do Santo, desta vida para a eternidade.

Dados seguros a respeito do tempo e circunstâncias desse trânsito não possuímos. Mas certo é que, ao tempo de Jesus deixar Nazaré, aproximadamente aos trinta anos, para dedicar-Se à vida pública, São José não era mais deste mundo.

Não diz o Evangelho que, ele estivesse entre os convidados às Bodas de Caná; significa que não estava com Jesus e Maria. Não se achava tão pouco no Calvário, entre os amigos de Jesus moribundo, pois de outra forma Jesus não teria confiado Sua Mãe, a São João. Podemos pois afirmar que, chegado o Salvador à idade de poder cuidar de Sua Mãe, o Santo, havendo cumprido sua própria missão, deixou este vale de lágrimas.

Assim como Moisés saudou do cimo do Monte Nebo, a longínqua terra prometida. São José viu de longe os dias gloriosos da pregação de seu Filho divino; depois, depois, como o inocente Batista, desapareceu, cedendo lugar ao Salvador que criara, mantivera e guardara com suas fadigas e assíduos cuidados. E como poderia ter suportado a pérfida e maligna resistência, suscitada pelo ódio e perseguições dos judeus contra as obras esplendorosas do Messias, até colocá-Lo barbaramente na Cruz?

Quanto ao lugar de sua morte, julga-se que tenha sucedido em Nazaré, onde passara a maior parte de sua vida, exercendo o ofício de carpinteiro. A causa de sua morte, diz São Francisco de Sales, que São José constituiu exceção à regra geral e morreu de morte semelhante à de sua Esposa Maria, isto é, de puro amor de Deus.

São José era a palmeira que crescia na corte real, o cipreste de Sião, sempre à vista do Santuário, a árvore do Paraíso, que, refrescada pelas águas-vivas, hauria seu vigor das divinas fontes da vida. Mas, se Deus foi grato e prodigalizou com grande abundância Suas graças aos Pastores, aos Magos, ao Precursor e a tantos outros, que tiveram a felicidade de apresentar-Lhe uma só vez e por breve tempo, o coração aberto à graça, que não terá feito em favor de seu Pai adotivo, que com Ele conviveu contínua e intimamente por tantos anos?

Se Jesus prometeu lembrar-Se até de um copo d’água dado ao próximo por seu amor, qual não terá sido a Sua generosidade para com São José, que O estreitou, conduziu nos braços, teve em casa, alimentou, vestiu e salvou da morte, afrontando toda espécie de privações? Deus quis ser devedor, e, por isso, lhe recompensou o afeto cumulando-o das mais belas graças. Cada dia, São José aumentava no santo amor de Deus, a cuja veemência não mais podia resistir por longo tempo.

Jesus achava-Se perto dos trintas anos, Maria dos quarenta e cinco e José contava sessenta e três. Gozavam todos ótima saúde, mas José sentia uma voz interior a dizer-lhe: “Chegaste ao término de tua vida”.

Nesse ponto, exclama Santo Afonso: “Quem poderá jamais explicar ou compreender as doçuras, as consolações, as esperanças, os atos de resignação, as chamas de caridade, que inspiravam ao coração de São José as palavras de vida eterna que, ora Jesus, ora Maria, lhe diziam na hora extra de seu viver?”

Ó, quão preciosa se lhe apresentou naquele momento a memória das fadigas e penas suportadas por amor de Jesus e Maria! Como terá abençoado as viagens, as privações e o exílio!

Diz São Francisco de Sales, no Tratado do Amor de Deus: “Tendo São José terminado a obra para a qual Deus o escolhera, que lhe restava, senão dizer ao Pai Eterno: ‘Realizei a obra que me deste a fazer’; e ao Filho: ‘Assim como teu Pai celeste confiou às minhas mãos o Teu Corpo no dia de Tua vinda a este mundo, eu, no dia de minha partida do mundo, às Tuas confio o meu espírito’.”

Diz a Ven. Maria de Ágreda, que Maria Santíssima lhe pediu perdão, caso houvesse cometido alguma falta ao servi-lo e desejou a sua bênção. Por humildade, o Santo quereria abster-se de tal, mas por obediência A abençoou. Recebida a bênção, Maria encarregou-o de saudar os parentes e todos os Santos recolhidos no Seio de Abraão.

Depois, queria São José ajoelhar-se para receber a bênção do Divino Redentor, mas Jesus não lho permitiu, antes aproximou-Se e o estreitou docemente nos braços. E o Santo, a tanto amor de Jesus para com ele, sentiu-se ainda mais enternecido; e, cheio de humildade, disse-Lhe:

Meu Senhor, meu Deus, meu Criador e Redentor, oh, quanto me amas!… Mas, perdoa-me as ofensas que cometi!… De minha parte, eu Te glorifico e de todo o coração Te dou infinitas graças por me teres escolhido, com inefável benignidade, para Esposo e Custódio de Tua divina Mãe, e também para Custódio de Ti mesmo.

São José, diz neste ponto São Bernardino de Sena, não tendo mais forças para falar, despedia espaçados suspiros.

No entanto, Jesus, após tomar-lhe a mão para beijá-la, disse:

Pai amado, dou-te a Minha bênção. Deixa agora este Vale de Misérias e, acompanhado pelos Anjos, desce ao Limbo, entre os teus Pais e leva-lhes a alegre notícia de que, dentro de pouco tempo, descerei a eles, para consolá-los e conduzi-los Comigo ao Paraíso.

Chegou a última hora.

Morre o dia e o “homem justo” está para morrer. Na estreita morada, a obscuridade se torna cada vez mais densa; acende-se a lâmpada de óleo e uma luz pálida e trêmula se difunde ao derredor.

Jesus, com um olhar expressivo a Maria, parece dizer: Mamãe, aqui estamos!…

Maria, ao lado esquerdo do leito, inclina-se sobre o coração do moribundo e com um paninho enxuga-lhe delicadamente o suor e as lágrimas.

São José ampara a fronte no ombro direito de Jesus que, com a mão livre, lhe mostra o Céu.

Todos oram.

A respiração do moribundo torna-se lenta, intermitente… No quartinho parece esvoaçar algo de misterioso, de grande, de sublime… É a morte!

Jesus! Maria! – invoca, num fio de voz o moribundo.

Pai meu! Meu Esposo! – respondem ambos.

Até a vista…

Lá em cima!

Um beijo de amor e de reconhecimento filial foi o juízo que o Homem-Deus, com toda a efusão de Seu Coração, pronunciou sobre aquela alma Santa, que de seus lábios passou à eternidade.

Todas as coisas, como bem se compreende, são fruto de imaginação e conjecturas, muito verossímeis porém, e podemos considerá-las verdadeiras, concluído que a morte de São José não foi precedida de enfermidade ou qualquer doença; foi precedida unicamente pela voz do Senhor, que lhe anunciou e por um grande transporte de amor de Deus.

Vivera como justo e como justo morreu. Por isso, canta a Igreja: “Ó felicíssimo, ó beatíssimo José, a cuja última hora assistiram juntos, com sereno semblante, Jesus e Maria!”

E se Jesus Cristo chorou a morte de Seu amigo Lázaro, muito mais terá chorado a de Seu caríssimo Pai adotivo.

Diz Gérson, que Jesus mesmo lavou o corpo virginal de José e o abençoou para preservá-lo da corrupção. O corpo do Santo, que permaneceu belo e fragrante, foi envolto, com os braços cruzados sobre o peito, em um lençol branco e sepultado, como dizem São Jerônimo e o Ven. São Beda, em um lugar entre a montanha de Sião e o Jardim das Oliveiras, no mesmo túmulo em que se depositou, mais tarde, o Corpo de Maria Santíssima.

No cortejo fúnebre, foi certamente acompanhado por Jesus e Maria, pelos parentes e amigos. Jesus diante do sepulcro, diz Emmerich, abençoou novamente aquele sagrado corpo com uma bênção especial; Maria lhe deu o último adeus e depois, tristes e lacrimosos, regressaram à casa. No túmulo, o corpo de São José conservou-se incorrupto por cerca de três anos, isto é, até a morte de Jesus na Cruz.

A sua bendita alma, no entanto, apenas saída do corpo, acompanhado por grupos de Anjos, desceu ao Limbo, onde a esperavam as Almas dos Patriarcas, dos Profetas e dos justos mortos antes do Messias. E eis que, ao chegar ali a sua bem-aventurada alma, ilumina-se aquele Cárcere de expectativa com extraordinária luz, transforma-se em um antecipado Paraíso.

Já quase trinta anos antes, os Santos do Antigo Testamento, ao chegarem ali as almas dos Santos Inocentes, tinham visto os primeiros frutos da Redenção, mas agora, chegava a alma do Pai adotivo do próprio Redentor.

Que júbilo para todas aquelas almas justas; para Adão e Eva, para Moisés, para Jacó e para todos aqueles que o haviam figurado no Antigo Testamento: ver entre eles São José, dele ouvir que o Messias já se achava na terra, que com seus próprios olhos O tinha visto, conduzira-O em seus próprios braços, assistira-O desde o Nascimento até a idade em que agora se achava, isto é, quase trinta anos!

Os nossos infelizes Progenitores enxugara então as lágrimas, cessaram os suspiros dos Patriarcas, exultaram os Profetas. A alma de São José, toda radiante de alegria, de esperança e de amor no Messias já vindo, antecipou a todos os Justos do Antigo Testamento, a alegria da iminente libertação.


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Fonte: Rev. Pe. Tarcísio M. Ravina, da Pia Sociedade de São Paulo, São José – na Vida de Jesus Cristo, na Vida da Igreja, no Antigo Testamento, no Ensino dos Papas, na Devoção dos Fiéis e nas Manifestações Milagrosas; 1ª Parte, pp. 95-103. Edições Paulinas, Recife, 1954.


domingo, 9 de julho de 2023

A CONDUTA DO BOM TERCEIRO CARMELITA, PARA CONSIGO, PARA COM SUA ORDEM E PARA COM A SOCIEDADE.

(Beatos Dionísio e Redento, Mártires Carmelitas)


O bom Terceiro é o Católico perfeito que, vivendo no mundo, procura um meio mais seguro de seguir as pegadas do Divino Mestre, recebendo uma investidura que lhe dá o caráter de seu discípulo. O bom Terceiro cumpre, escrupulosamente, os Mandamentos da Lei de Deus e, portanto, os seus deveres para com a sua Ordem e para com a sociedade, que ele procura edificar por meio de uma vida, exemplarmente cristã.

O bom Terceiro é aquele que sabe que, neste mundo, nada há tão belo como a aliança da razão humana e da fé, da ciência terrestre e da ciência divina, da vida sobrenatural intensa, e da mais ativa vida exterior, inteiramente consagrada ao bem. Com essa integridade, o Terceiro torna-se um forte; toma, sobre os outros entes, uma força cujo alcance não podemos calcular, trabalha, unicamente, pelo seu exemplo, simplesmente sem premeditação alguma, talvez, no meio em que Deus o colocou, devido a circunstâncias determinadas pela Providência; é o apóstolo, em toda a sublimidade e beleza dessa palavra, em toda a sua força também.

Diante da tentação, da dúvida da fraqueza, o bom Terceiro não discute, não hesita, não dá forças ao Inimigo, antes, atira-se de olhos fechados no seio de Deus, implorando esse Espírito que é Amor e Vida, e que nunca recusa esclarecer aqueles que O invocam, por uma oração fervorosa.

O bom Terceiro sabe que a vida racional e a vida sobrenatural não se alimentam nas mesmas fontes, pois a alma vive pela oração, assim como a inteligência pelos alimentos, e o corpo pelas substâncias materiais.

A alma definha quando lhe falta o calor divino, assim como o corpo morre por falta de alimento, e o espírito por falta de cultura.

A oração é a respiração da alma em deus, e o bom Terceiro que sabe isso, faz da oração a couraça com que reveste sua alma para os combates da vida.

O bom Terceiro sabe que o melhor meio de fazer os seus semelhantes apreciarem e amarem o Catolicismo, é mostrar-lhes, simplesmente, com seu exemplo o que é um católico.

O bom Terceiro é aquele que sabe provar ao mundo, que se pode ser um sábio, um homem instruído, um homem de posição eminente, na sociedade, e, ao mesmo tempo, um humilde e fervoroso cristão. Para uma pessoa de boa vontade, há sempre uma ou mais horas vagas para o serviço de Deus, que é o de sua própria salvação.

A divisa do bom Terceiro, é: “Ora et Labora – Orar e Trabalhar”.

O bom Terceiro é fiel à sua oração da manhã, da noite, e ao leal exame de sua consciência.

O bom Terceiro procura levar uma vida, verdadeiramente cristã, organizando sua existência de modo a se ocupar antes de tudo, com as coisas mais importantes. Ora, nada há de mais importante na vida de um verdadeiro Terceiro, que ama e respeita o seu hábito, do que o tempo dado a Deus. Esse tempo está compreendido mesmo em suas ocupações, porque, trabalhando, o verdadeiro católico está sempre em colóquio com Deus.

Pela manhã, dando graças à Deus pelo repouso que lhe concedeu durante a noite, o bom Terceiro oferece os seus atos, os seus pensamentos, as suas palavras e todo o tesouro de sofrimentos, que são uma fonte de graças para a sua alma, a esse mesmo Deus de quem ele é o mais valoroso soldado. Um quarto de hora assim empregado, oferecendo o dom das indulgências do dia em intenção das Almas do Purgatório, ei-lo preparado para ir a Igreja fazer a sua visita ao Seu Bom Amigo, o Seu Pai, ao Bom Jesus, que tudo tem feito por ele, e a Quem ele revela todas as suas alegrias, todas as suas tristezas, as tentações que o assaltam, as suas dúvidas, os seus projetos e as suas esperanças.

Na sua viagem para a Igreja, o bom Terceiro, vai lendo o seu Ofício, até o instante em que possa receber a Santa Comunhão, que é o alimento que lhe reanima a alma, quase sempre abatida pelas lutas da vida. Mais do que outrem, o bom Terceiro, compreende os efeitos profundos desse Sacramento do amor e da vida que Ele comunica à sua alma.

Durante o dia, o bom Terceiro procura um quarto de hora, para fazer uma meditação, que é a base da vida cristã. O bom Terceiro faz em voz alta, antes e depois de suas refeições, rodeado de sua família, todos de pé, a sua oração, pedindo bênção e dando graças a Deus. Aliás, isto é um dever do bom cristão.

O bom Terceiro sabe, que a penitência é obrigatória para todos, imposta por Nosso Senhor e pela Igreja: – Jejum, Abstinência e Sacrifício. A penitência é a base da vida espiritual, e a sua manifestação é a mortificação. O bom Terceiro mortifica a alma, em seu orgulho e egoísmo, lutando contra o amor-próprio e a irascibilidade do seu gênio; fazendo todo o esforço para cumprir os seus votos de humildade e obediência. Mortifica o corpo, pelas privações de todos esses prazeres mundanos, que não lhe dão felicidade, sem um ressaibo amargo. O bom Terceiro é amável, meigo, sossegado, caridoso, manso e humilde, modesto e alegre. A humildade é a fortaleza da alma verdadeiramente cristã, da alma do bom Terceiro, que Deus cumulou de graças. O bom Terceiro só se dá ao mundo e às coisas exteriores, quando se trata de um dever de estado ou de caridade, no mais, ele se desprende de tudo que estorva a marcha de sua alma para o Céu. O bom Terceiro põe o corpo na dependência da alma, e esta na dependência de Deus.

O bom Terceiro é obediente a seus Superiores, não discute as suas ordens, em matéria religiosa, o que constitui a obediência da alma unida à vontade divina. O bom Terceiro ama a pobreza, não fazendo a vã ostentação de seus bens, pela vaidade das ricas indumentárias e joias que, preciosas na terra, são um grande entrave para seguir a Jesus, que amou a pobreza, do Presépio ao Calvário. O bom Terceiro não se cansa de orar: – ora em espírito de humildade, em espírito de caridade e em espírito de reparação. Em espírito de humildade, pelo seu orgulho e pela sua vaidade. Em espírito de caridade, pelo próximo e pelas Almas do Purgatório. Em espírito de reparação, por aqueles que abandonam à Jesus e à Sua Igreja.

Sendo assim, o bom Terceiro é digno de si próprio, e vive em paz com a sua consciência; é um exemplo para a sociedade, que vê nele um homem de bem e de sã moral, em quem pode depositar inteira confiança; é, finalmente, um exemplo para a sua Ordem, que ele edifica pela fiel observância dos seus votos; pelo escrupuloso cumprimento do dever e, sobretudo, pelo amor a essa mesma Ordem, cuja história ele procura conhecer para melhor servi-la.


AVE CARMELO! AVE MARIA!


sábado, 8 de julho de 2023

HEROÍSMO DOS NOVIÇOS CARMELITAS ESPANHÓIS.


Durante a Revolução Comunista Espanhola a Igreja sofreu muitas perseguições, porque o país estava dividido.


No noviciado carmelita havia muitos noviços, e os soldados revolucionários estavam se aproximando, então, o Padre Mestre do Carmo, reuniu os Noviços e disse: “Vocês não têm os votos religiosos ainda, portanto, não têm nenhum compromisso com a Ordem. Tirem os hábitos e se misturem no meio do povo para se livrarem da perseguição”. Os noviços reunidos decidiram: “Nós não iremos sair, nós ficaremos com os senhores aqui para o que der e vier”.


E todos foram mortos. Esta fotografia quer mostrar um pouco, a fidelidade destes Noviços para com a sua vocação.


Deus nos ajude, com o exemplo destes Bem-aventurados Noviços Carmelitas Espanhóis. Esperamos muito de vocês, Noviços Carmelitas.



NOSSA HOMENAGEM A TODOS OS NOVIÇOS DA ORDEM CARMELITA,

ESPALHADOS PELO MUNDO INTEIRO.



AVE CARMELO! AVE MARIA!


sexta-feira, 7 de julho de 2023

SANTA MARIA GORETTI - A Santa Inês do século XX.

Mártir da Pureza. Assassinada em 6 de Julho de 1902, com cerca de 12 anos de idade, porque preferiu morrer a ofender a Deus.


"Santa Maria Goretti pertence para sempre ao Exército da Virgens e não quis perder, por nenhum preço, a dignidade e a inviolabilidade do seu corpo. E isto não porque lhe atribuísse um valor supremo, senão porque, como templo da alma, é também templo do Espírito Santo.


Santa Maria Goretti é um fruto maduro do lar cristão, onde se reza, onde se educam os filhos no temor de Deus e na obediência aos pais.


Que o nosso debilitado mundo aprenda a honrar e a imitar a invencível Fortaleza desta jovem virgem". (Ven. Pio XII)

TESTAMENTO ESPIRITUAL DE ALESSANDRO SERENELLI


"Eu sou um velho de quase 80 anos, já próximo de terminar minha jornada. Olhando para o passado, reconheço que em minha juventude trilhei um caminho falso, o do mal, que me conduziu à perdição.


Pela imprensa, pelos espetáculos e pelos maus exemplos, vi que a maior parte dos jovens seguiam esse caminho sem pensar. Nem eu me preocupava com isso. Pessoas crentes e praticantes, eu as tinha perto de mim; obcecado, porém, por uma força bruta que me empurrava para o mal caminho, não lhes dava importância.

Alessandro com Assunta

Aos 20 anos cometi um crime passional, de que agora tenho horror só em recordá-lo. Maria Goretti, agora Santa, foi o anjo bom, que a Providência colocou no meu caminho para me salvar. Ainda tenho impressas em meu coração suas palavras de reprovação e perdão. Rogou por mim, intercedeu por seu assassino.


Seguiram 30 anos de prisão. Se não fosse menor de idade, teriam me condenado à prisão perpétua. Aceitei a sentença merecida e expiei resignado minha culpa. A pequena Maria foi minha luz, minha protetora. Com sua ajuda, comportei-me bem na prisão e tratei de viver honestamente, quando a sociedade me acolheu de novo.


Os filhos de São Francisco, os Frades Menores Capuchinhos delle Marche, me receberam com caridade seráfica, não como um criado, senão como um irmão, e com eles estou há 24 anos. Agora espero sereno o momento de ser admitido à visão de Deus, de abraçar de novo meus entes queridos, de estar perto de meu anjo protetor e de sua mãe Assunta.


Eu gostaria que os que lessem esta carta aprendessem a fugir do mal e a fazer sempre o bem. Pensassem desde crianças que a Religião, com seus Preceitos, não é algo de que se possa prescindir, senão o verdadeiro alento, o único caminho seguro em todas as circunstâncias da vida, até as mais dolorosas. PAZ e BEM".


Assunta, mãe de S. Maria Goretti.


"Peço perdão ao mundo pelo ultraje feito à Mártir Maria Goretti e à pureza. Exorto a todos a se manterem afastados dos espetáculos imorais, dos perigos, das ocasiões que podem conduzir ao pecado".


- Alessandro Serenelli, assassino arrependido de Santa Maria Goretti, a quem ela perdoou e por quem prometeu rezar, dizendo que o esperava no Céu. Ele morreu santamente aos 89 anos no Convento dos Padres Capuchinhos, em 6 de Maio de 1956.



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Fonte: Extraído do livro "O Punhal de tantos remorsos", Vida de Alessandro Serenelli.


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