Blog Católico, para os Católicos

BLOG CATÓLICO, PARA OS CATÓLICOS.

"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.

 

Maria deu ao mundo seu Filho primogênito

e envolveu-O em pobres faixas,

reclinando-O num presépio,

por não encontrar

abrigo nas estalagens.

(Luc. 2, 7)


AUGUSTO, senhor do mundo, ordenou um recenseamento geral, e preparou assim, embora sem o saber, a realização das profecias. Maria e José tiveram de ir a Belém por este motivo. À falta de um teto hospitaleiro, tiveram de se acolher a uma gruta, que servia de abrigo a uma vaquinha. Foi ali que nasceu, no inverno, o verdadeiro Senhor do mundo! Envolvido em pobres faixas, e deitado numa manjedoura, em cima de palha, só foi aquecido pelo amor materno e paterno e pelo hálito da vaca dos pastores e do burrinho dos viajantes. A estas primícias de homenagem, associou-se toda a criação espiritual e material: primeiro os Anjos anunciaram o Salvador ao povo de Deus e aos humildes, na pessoa dos pastores, que logo acorreram; depois, uma estrela misteriosa guiou três Magos ou sábios, primícias da gentilidade e dos grandes. Toda a terra era então convidada a entrar no divino aprisco. Glória a Deus, paz aos homens!


Meditação sobre o Nascimento de Jesus


I. A pobreza de Jesus Cristo feito homem, deve inspirar-nos o desprezo das riquezas e o amor da pobreza. Jesus está abandonado de todos; não tem luz, só uns pobres paninhos para se preservar dos rigores do inverno. É a primeira lição, que Deus nos dá, ao vir ao mundo: como a aceitamos? Que amor sentimos pela pobreza? Jesus amou-a tanto que desceu do Céu para a praticar. Que remédio se há de dar à avareza, se a pobreza do Filho de Deus a não curar?Santo Agostinho.

II. A humildade manifesta-se com um brilho admirável, no Nascimento de meu divino Mestre. Quer nascer num estábulo, de Mãe pobre, esposa de um pobre operário: tudo neste Mistério nos prega a humildade. Deixar-nos-emos arrastar ainda pela vaidade? Ainda teremos ambições pelas dignidades e honras? Aprendamos hoje a conhecer o que devemos amar e apreciar: convençamo-nos de que a verdadeira grandeza do cristão é imitar Jesus e humilhar-se.

III. Foi o amor de Jesus pelos homens que O reduziu a estado tão pobre e tão humilde. O homem perdera-se por querer tornar-se semelhante a Deus: Deus resgata-o assumindo a natureza e a fragilidade do homem. Jesus quis fazer-se semelhante a nós: correspondamos ao seu amor, procurando tornar-nos semelhantes a Ele. Quer nascer em nossos corações pela graça: não lhe fechemos a porta, e, quando vier, conservemo-lO, praticando boas obras. Cristo nasce nas almas, nelas cresce e se desenvolve: peçamos-Lhe que nelas não fique muito tempo pobre e fraco.São Paulino.

Humildade. Orar pela Igreja.

Oração: Deus onipotente, que o novo Nascimento, segundo a carne, de vosso Filho único, nos livre da antiga escravidão, que ao pecado nos acorrentava. Pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém.


____________________

Fonte: Vida dos Santos com uma Meditação para cada dia do ano, pelo Pe. João Estevam Grossez, S.J., 25 de Dezembro, pp. 373-374. 2ª Parte, Edição Portuguesa, União Gráfica, Lisboa, 1928.



A INSTITUIÇÃO MARIANA POR EXCELÊNCIA, É A ORDEM PROFÉTICA DO CARMO: INSTRUMENTO PROVIDENCIAL NA IGREJA CATÓLICA.


Um Encontro Profético1


Certo dia, que já vai longe, andando pelas ruas de Roma, encontraram-se três insignes homens de Deus. Um era Frei Domingos de Gusmão, que recrutava membros para a Ordem que fundara, a dos Pregadores, mais tarde conhecida como dos “dominicanos”. Outro era o Irmão Francisco de Assis, o Povorello, que havia pouco reunira alguns homens para servir ao que chamava a Dama Pobreza. O terceiro, Frei Ângelo, tinha vindo de longe, do Monte Carmelo, na Palestina, chamado a Roma como grande pregador que era. Os três, iluminados pelo Divino Espírito Santo, reconheceram-se mutuamente, e no decurso da conversa fizeram muitas profecias. Santo Ângelo, por exemplo, predisse os estigmas que seriam concedidos por Deus a São Francisco. E São Domingos profetizou:

Um dia, Irmão Ângelo, a Santíssima Virgem dará à tua Ordem do Carmo uma devoção que será conhecida pelo nome de Escapulário Castanho, e dará à minha Ordem, dos Pregadores, uma devoção que se chamará Rosário. E um dia Ela salvará o mundo por meio do Rosário e do Escapulário”.




A Grande Promessa

de Nossa Senhora do Carmo,

a São Pedro Tomás.2


Celebramos neste 8 de Janeiro a memória litúrgica de São Pedro Tomás, Patriarca de Constantinopla, Bispo de nossa Ordem do Carmo, o qual era muito devoto de Nossa Senhora. 

Amou tanto a Virgem Maria que trazia no coração o seu nome gravado. Com razão se pode dizer que esse amor era singular e sua extraordinária devoção a Maria foi o centro de toda sua vida e o norte de todas as suas ações, a alavanca com a qual muitos obstáculos foram removidos do seu caminho. 

Foi um dos mais ardorosos defensores da Imaculada Conceição de Maria Santíssima.

A ele se atribui o tratado: “De Immaculata Conceptionis” em quatro volumes de sermões. É dele a profecia inspirada pela Virgem Maria de que a Ordem do Carmo durará até ao fim dos tempos. A Virgem lhe aparece, e com carinho maternal de Mãe, Irmã e Senhora, lhe diz:

ENQUANTO O MAR NOS ESCARCÉUS BRAMIR E NO ALTO CÉU BRILHAR O ETERNO SOL, VIVERÁ SEMPRE PARA HONRA MINHA, A ORDEM CÂNDIDA DO MEU CARMELO!”



Santa Teresa de Jesus3

e as Visões proféticas

do Futuro da Ordem do Carmo.


Estando certa vez em oração, muito recolhida e envolta em suavidade e quietude, senti-me rodeada de Anjos e muito próxima de Deus. Comecei a rogar a Sua Majestade pela Igreja. Veio-me a compreensão do grande proveito que certa Ordem religiosa traria nos últimos tempos e da força com que seus filhos haveriam de sustentar a fé. 4

Eu estava em oração perto do Santíssimo Sacramento quando me apareceu um Santo cuja Ordem está um tanto decaída. Tinha nas mãos um grande livro, que abriu, dizendo-me que lesse umas palavras escritas em letras grandes e muito legíveis: Nos tempos vindouros, esta Ordem florescerá; haverá muitos mártires.5

Desta outra vez, estando no coro durante as Matinas, vi diante dos meus olhos seis ou sete religiosos dessa mesma Ordem – ou assim me pareceu – com espadas nas mãos. Isso significava, penso eu, que eles hão de defender a fé; porque mais tarde, quando eu estava em oração, meu espírito foi arrebatado, e eu parecia estar num enorme campo onde muitos lutavam; os combatentes dessa Ordem se batiam com grande ânimo. Seus rostos estavam formosos e muito abrasados; eles deixaram muitos caídos, vencidos, e outros mortos. Tive a impressão de que a batalha era contra os hereges.

Tenho visto algumas vezes este glorioso Santo,6 que tem me dito algumas coisas e agradecido minhas orações pela sua Ordem, prometendo me encomendar ao Senhor. Não nomeio as Ordens, para que as outras não fiquem ofendidas; se o Senhor quiser que se saiba, Ele mesmo as nomeará. Mas cada Ordem, ou cada membro, tinha de fazer com que, através de si, o Senhor os fizesse tão ditosos que pudessem servir à Igreja num momento de tão grande necessidade. Felizes as vidas que por isso se sacrificarem!

Algumas Ordens religiosas reivindicaram, a diversos títulos, a honra dessa missão. O grave historiador P. Jerónimo de San José7, após ponderar os argumentos em favor de umas e outras, conclui que se trata da Ordem do Carmo, e acrescenta:


Estas conjecturas bastam para ter por certo aquilo que já dissemos; porém, palavra mais certa e testemunho de sua verdade temos na própria Santa, que ainda em vida declarou e disse que se referiam à sua Ordem do Carmo de acordo com a nova reforma; e isso com tanta segurança e ênfase, que a um religioso filho seu que a interrogou, chamado frei Angel de San Gabriel, ela respondeu com simplicidade e amor de mãe: «Bobo, de quem se deveria entender, senão da Nossa Ordem?».


Isso constou sempre dela e permanece sem controvérsia como coisa lisa e assentada, garantindo-o as próprias pessoas que ouviram da boca da Santa” (cfr. Santa Teresa de Jesus, “Libro da Vida”, cap. apud Obras Completas, BAC Nº 212, Madrid, 6ª ed. Revisada, 1184; nota 3, p. 215).8




Beato Francisco Palau,

verdadeiro Filho dos Profetas.


Quando estava em oração o Beato Palau nos fala de uma inspiração que ele pôs na boca de um Anjo da seguinte forma:

Pelo ano 1864, havendo-me retirado para este monte, uma grande voz, que há 20 anos me falava nos desertos sobre os destinos de nossa Ordem, a qual não sabia de onde procedia, me disse com grande força o que segue:

Eu sou o anjo de que fala o capítulo XX do Apocalipse; a mim está confiada a custódia do pendão do Carmelo e a direção dos filhos desta Ordem.

Eu guardo o trono pontifício de Roma e os muros desta cidade, frente aos demônios e à Revolução que a circunda.

Venho a ti enviado por Deus para instruir-te sobre o futuro da Ordem a que pertences para que saibas a missão que hás de cumprir e sua forma…

Eu rezava com grandes instâncias pela Igreja e [o anjo] contestou:

Elias, grande profeta, e os filhos de sua Ordem sois, e adiante sereis, o meu dedo e o dedo Deus e meu braço nas batalhas contra os demônios e contra a Revolução.

E para que a vossa fé no dia das batalhas não falte, Deus me enviou a ti que vives nos desertos, atento à minha voz para instruir-te sobre a matéria e objeto do exorcistado.

Eu sou o anjo que tem nas mãos as cadeias e as chaves do abismo.

A mim estão sujeitos todos os demônios do inferno e, para que saibas o modo de apresentá-los nas batalhas, devo manifestar-te um mistério…”.9



Nossa Senhora do Carmo,

vitoriosa até o Fim dos Tempos.

Um outro carmelitano dotado de luzes proféticas – o Beato Pe. Francisco Palau – deduz de um diálogo espiritual com a Ssma. Virgem do Carmo que a Mãe de Deus fará surgir esses enviados de Deus das gloriosas hostes carmelitanas :
“Definirei tua missão em três pontos. (...): 1º. a revelação de minhas glórias ao mundo, 2ª a restauração da Ordem do grande profeta Elias, 3ª a missão deste profeta na terra.
“1. Com relação ao primeiro, (...) vou direcionar tua caneta, pincel e lápis; e por trás das sombras, das figuras, das espécies e dos enigmas, me darei a conhecer àqueles que escolhi para que, quando chegar a tremenda hora de combate, me amem e sejam fiéis.
“2. Distribui as armas do santo Monte do Carmelo, para os escolhidos serem filhos do grande profeta Elias e se acolham à sua proteção e os prepararem para receberem o espírito duplo desse grande profeta. (…)
“Entende-te sobre eles com teu pai Santo Elias; e diz a eles que estão sob sua proteção e direção, que o reconheçam como seu general, e que peçam que Deus lhes dê o espírito forte do Profeta”.10

 


Importância da Devoção

a Nossa Senhora do Carmo.


Na Inglaterra, Melânia teve contato com o Convento das Irmãs Carmelitas de Darlington. Cativada pelo estilo de vida das Irmãs, solicitou a admissão no Convento. A 25 de fevereiro de 1855 recebeu o hábito de carmelita. A cerimônia pomposa foi para ela motivo de satisfação... Deu início ao Noviciado. Professou os votos religiosos a 24 de fevereiro de 1856”.11

Em Lourdes, Bernadete viu Nossa Senhora várias vezes; a última aparição foi no dia de Nossa Senhora do Carmo, 16 de Julho de 1858. Bernadete declara ter visto nesse dia a Virgem «tão bela e gloriosa como nunca».

Pensou até em se tornar carmelita, mas as carências de saúde a dissuadiram’.12

Em Fátima, a última aparição, no dia 13 de Outubro de 1917, foi de Nossa Senhora do Carmo. A Ir. Lúcia diz que «por fim lhes apareceu Nossa Senhora do Carmo a abençoar o mundo» e imediatamente se deu o início do milagre do sol.

Muitos santos, depois da aparição de Nossa Senhora do Carmo se quiseram revestir do escapulário ou da medalha para melhor manifestarem o seu amor a Maria e assim serem por Ela protegidos: S. Cláudio de la Colombière, Santo Afonso Maria de Ligório, Santo Antônio Maria Claret, o Santo Cura d’Ars, Santa Bernadete, S. João Bosco, S. Domingos Sávio, S. Gabriel das Dores e um inumerável número de santos. Para já não falar de todos os santos e santas carmelitas, sobretudo Santa Teresa de Jesus e S. João da Cruz que sentiam a maior glória em usar o hábito carmelita da Ordem de Nossa Senhora do Carmo.

Também os papas manifestaram o seu amor ao Escapulário do Carmo. João XXII, no séc. XIV promoveu esta devoção. Nos nossos dias, Leão XIII, Pio XII, João XXIII, Paulo VI e João Paulo II têm manifestado entusiasticamente o seu amor pelo Escapulário e pela devoção a Nossa Senhora do Carmo.

Também os nossos reis, sobretudo os da IV Dinastia, de quem há documentação, usaram o Escapulário e amavam Nossa Senhora do Carmo, a quem tinham muita devoção”.13



Fátima e o Escapulário14


Nas aparições de Nossa Senhora de Fátima, estão contidas as duas principais devoções marianas que resistiram à dura prova do tempo: A do Rosário e a do Escapulário. Dadas aos homens na Idade Média, trazem-nos ambos privilégios inestimáveis relacionados com a perseverança, a salvação da alma e a conversão do mundo. Sempre foram importantes e atuais, mas com as revelações de Fátima estas devoções tornaram-se ainda mais necessárias e urgentes.

No auge das aparições, no dia 13 de Outubro, enquanto transcorria o grande milagre do Sol visto por mais de 50 mil pessoas, a Mãe de Deus mostrou-se aos pastorinhos sob a invocação de Nossa Senhora do Monte Carmelo, apresentando-lhes nas mãos o Escapulário. Certamente que, transcorrendo no momento mais alto entre todos os fenômenos passados na Cova da Iria, esta aparição não é um detalhe sem importância. Pode-se concluir até que os privilégios inestimáveis ligados ao Escapulário são parte integrante da Mensagem que nos deixou a Mãe de Deus em Fátima, juntamente com o Rosário e a devoção ao Imaculado Coração de Maria.

De facto, as referências ao Inferno, ao Purgatório, à necessidade de penitência e à intercessão de Nossa Senhora contidas na Mensagem estão em inteira consonância com as promessas anexas ao Escapulário.

Quem deitar atenção sobre o verdadeiro sentido das aparições concluirá naturalmente que o atendimento completo dos pedidos de Nossa Senhora de Fátima impõe que se conheça a importância do dom do Escapulário, e que este seja difundido o mais amplamente possível. Concluirá também, certamente, que o paulatino abandono em que caiu a devoção ao Escapulário deu-se paralelamente ao crescente desconhecimento do sentido profundo da Mensagem da Mãe de Deus.

No ápice das aparições em que Nossa Senhora proclama a verdade da sua realeza, sob a forma do triunfo do Imaculado Coração de Maria, Ela aparece revestida do traje da sua mais antiga devoção – a do Carmo. E, desse modo, realiza uma síntese entre o historicamente mais remoto (O Monte Carmelo), o mais recente (A devoção ao Imaculado Coração de Maria) e o futuro glorioso, que é a vitória e o reinado desse mesmo Coração.

É sinal inequívoco de que o católico zeloso do cumprimento dos pedidos da Mãe de Deus encontrará nesta devoção uma fonte abundante de graças para a sua conversão pessoal e para o seu apostolado, especialmente nestes dias de profunda descristianização da nossa sociedade. Este “Vestido de Graça” fortalecerá a sua certeza de que, ao fechar os olhos para esta vida e ao abri-los para a eternidade, encontrará o seu fim último, Cristo Jesus, na Glória Eterna.

Não é preciso dizer que aqueles que se permitem deliberadamente viver uma vida de pecado, julgando que por usarem o escapulário irão salvar-se, fazem muito mal. Deus poderá permitir que morram sem ele.

Porém, não devemos combater o uso do escapulário pelos pecadores. São Cláudio La Colombiére, jesuíta, em um sermão sobre a Virgem do Carmo que pregou na Igreja dos Carmelitas de Lyon, diz: “Não vos quero lisonjear: de nenhum modo se pode passar de uma vida pecadora e desordenada para a vida eterna, se não pelo caminho da sincera penitência; porém, esse sincero arrependimento, de tal modo o saberá facilitar a mais carinhosa das mães que, quando menos pensardes, fará brilhar nas vossas almas um raio de luz sobrenatural que num instante vos fará ver o engano”.




As aparições de Fátima

e a devoção a Nossa Senhora do Carmo.15


No dia 13 de outubro de 1917, na sua última aparição na Cova da Iria, em Fátima, Portugal, Nossa Senhora une três devoções: a espiritualidade do Escapulário, a oração do Santo Rosário e a consagração ao seu Imaculado Coração. Logo depois da aparição, surgiram, aos três videntes de Fátima, várias cenas. Na primeira, ao lado de São José, a Mãe de Deus, com o Menino Jesus ao colo, apareceu como Nossa Senhora do Rosário. Em seguida, surgiu como Nossa Senhora das Dores, junto com seu Filho Jesus Cristo, que padecia em meio a muitos sofrimentos, a caminho do monte Calvário. Na última visão, “gloriosa, coroada como Rainha do Céu e da Terra, a Santíssima Virgem apareceu como Nossa Senhora do Carmo, tendo o Escapulário à mão”.16 Em 1950, a Irmã Lúcia foi questionada a respeito do motivo de Nossa Senhora aparecer com o Escapulário nas mãos. Em resposta, a Irmã disse: “É que Nossa Senhora quer que todos usem o Escapulário, respondeu ela”.17 Providencialmente, no dia 11 de fevereiro de 1950, o Sumo Pontífice, Papa Pio XII, convidou toda a Igreja Católica a “‘colocar em primeiro lugar, entre as devoções marianas, o escapulário, que está ao alcance de todos’; entendido como veste mariana, esse é, de fato, um ótimo símbolo da proteção da Mãe celeste, enquanto sacramental extrai o seu valor das orações da Igreja e da confiança e amor daqueles que o usam”.18

A Irmã Maria Lúcia do Imaculado Coração, que como Simão Stock era carmelita, disse que o Escapulário agrada o Coração de Nossa Senhora, por isso, deseja que essa devoção seja propagada. Dessa forma, compreendemos que a devoção do Escapulário faz parte da Mensagem de Fátima e, certamente, o Escapulário e o Rosário são devoções inseparáveis. “O Escapulário é o sinal da consagração a Nossa Senhora. […] Ela quer que todos usem o Escapulário”.19 Ao perguntarem se podemos ter a certeza de que Nossa Senhora queria o Escapulário, como parte da Mensagem de Fátima, Irmã Lúcia respondeu: “Sim”, e acrescentou: “Agora, já o Santo Padre [Papa João Paulo II] o confirmou a todo o mundo, dizendo que o Escapulário é sinal de consagração ao Imaculado Coração”.

Segundo a Carmelita, o Escapulário é uma das cláusulas da Mensagem da Virgem de Fátima. Por isso, usar o Escapulário é tão importante quanto a recitação diária do Terço Mariano. Segundo Lúcia, “o Terço e o Escapulário são inseparáveis!”.20

Dom José Alves Correia da Silva, então Bispo de Leiria, em Portugal – que sabia claramente do vínculo entre as devoções do Escapulário e do Rosário – por ocasião do VII Centenário do Escapulário, disse aos devotos de Fátima:

“Os antigos guerreiros vestiam-se com uma armadura de ferro para resistirem aos ataques dos seus inimigos, e como nós todos temos de combater os inimigos da nossa alma, porque diz a Sagrada Escritura, ‘a vida do homem é uma guerra’, a Santíssima Virgem entregou o emblema do Santo Escapulário para também nos defender. […] Nossa Senhora recomendou também às videntes que espalhassem a devoção do Escapulário. Compete-nos, pois, como cristãos, […] a obrigação de nos afervorarmos na devoção do Escapulário.

O Escapulário tem privilégios especiais. O primeiro é a promessa que a Santíssima Virgem fez àqueles que observassem as devidas instruções, que os preservaria do fogo eterno. E claro que deveremos trazer o Escapulário não por orgulho ou superstição, mas por esperarmos, com um sincero sentimento de confiança, que a bondade de Maria Santíssima nos fará a graça da conversão e da perseverança final”.21




A Espiritualidade Carmelita

e a Consagração ao Imaculado Coração.


Santa Teresa de Jesus, grande reformadora da Ordem dos Carmelitas, disse às suas irmãs: “Todas nós, que trazemos este sagrado hábito do Carmo, somos chamadas à oração e contemplação. Foi essa a nossa origem”.22 A tradição dos primeiros carmelitas está ligada à vida contemplativa, mas esta se perdeu ao longo do tempo. A reforma que Santa Teresa e, depois, São João da Cruz, realizaram no Carmelo pretendia recuperar essa sua vocação à contemplação, que tem como fim último a santificação e a comunhão com Deus já aqui neste mundo. Para atingir essa união com o Senhor, é necessário esvaziar-nos totalmente de nós mesmos, dispondo ativamente o nosso coração para que Deus o purifique.

Neste processo de purificação, a devoção a Nossa Senhora é fundamental. “Desde o princípio, os carmelitas – repetindo que Carmelus totus Marianus est [O Carmelo é todo de Maria] – já se consagravam a Nossa Senhora, chegando a falar, séculos antes de São Luís de Montfort, de ‘escravidão’ à Virgem”.23 Quando professavam seus votos de obediência, os carmelitas faziam-no não somente a Deus, mas também a Nossa Senhora do Carmo. Com o Escapulário, eles recordam esse compromisso e a amizade que devem ter com Nossa Senhora, imitando as suas virtudes e consagrando-se inteiramente a ela. Pois a Virgem Maria não somente é modelo de santidade, mas também coopera diretamente em nossa santificação. No entanto, para quem, de algum modo, está ligado aos carmelitas, Nossa Senhora não é somente um modelo a imitar, mas também uma doce presença materna, na qual podemos confiar.

Segundo o saudoso Papa São João Paulo II, “essa intensa vida mariana, que se exprime em oração confiante, em entusiástico louvor e em diligente imitação, leva a compreender como a forma mais genuína da devoção à Virgem Santíssima, expressa pelo humilde sinal do Escapulário, seja a consagração ao seu Coração Imaculado”.24 Dessa forma, em nosso coração, realiza-se uma crescente comunhão e familiaridade com Nossa Senhora, como novo modo de viver para Deus e de continuar aqui na Terra o amor do Filho à sua Mãe, Maria Santíssima.

Esse rico patrimônio de espiritualidade mariana dos carmelitas se tornou, através da propagação da devoção do Santo Escapulário, um tesouro valiosíssimo para toda a Igreja. Pela sua simplicidade e pela relação com o papel da Virgem Maria em relação à Igreja e à humanidade, esta devoção foi profunda e amplamente recebida pelo Novo Povo de Deus, a ponto de encontrar a sua expressão máxima na festa de 16 de Julho, na Liturgia da Igreja Católica.




O Escapulário, o Rosário

e a Consagração ao Imaculado Coração.


A Mensagem de “Fátima é, portanto, uma confirmação óbvia das antigas devoções do Rosário e do Escapulário de Nossa Senhora do Carmo, ambas vindas da Idade Média, quando o amor por Ela impregnava toda a vida do cristão”.25 Além disso, em Fátima, a estas devoções, acrescenta-se a devoção ao Imaculado Coração, já conhecida na Igreja, mas agora revelada de uma forma nova. A consagração ao Imaculado Coração de Maria, de certo modo, aparece como nova expressão de devoção a Nossa Senhora das Dores, que foi uma das visões dos pastorinhos na última aparição de Fátima.

No dia 13 de junho de 1917, Nossa Senhora disse à pequena Lúcia: “Ele [Jesus] quer estabelecer no mundo a devoção do meu Imaculado Coração”.26 Falou também que voltaria para pedir essa devoção. Em 10 de dezembro de 1925, em Pontevedra, na Espanha, a Virgem Maria apareceu à Irmã Lúcia com o Coração na mão, cercado de espinhos, como prometera em Fátima. Este é o mesmo coração transpassado pela espada da dor no sacrifício do seu Filho no altar da cruz. Esse sofrimento da Santíssima Virgem não foi somente de compaixão pelos padecimentos do Filho, mas, desde aquele tempo até hoje, ela também sofre por causa dos pecados da humanidade. Na mesma aparição, o Menino Jesus disse a Lúcia: “Tem pena do Coração de sua Santíssima Mãe, que está coberto de espinhos, que os homens ingratos, a todo momento, cravam-lhe sem haver quem faça um ato de reparação para os tirar”.27

Depois de mostrar seu Coração Imaculado cercado de espinhos, Nossa Senhora revelou à então postulante Lúcia, a devoção reparadora dos cinco primeiros sábados do mês:

“Olha, minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos, que os homens ingratos a todos os momentos Me cravam com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar, e dize que todos aqueles que durante cinco meses, no primeiro sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço, e Me fizerem quinze minutos de companhia, meditando nos quinze mistérios do Rosário, com o fim de me desagravar, Eu prometo assistir-lhes, na hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas”.28

Portanto, depois de fazermos todo esse caminho de reflexão, podemos concluir que a devoção a Nossa Senhora do Carmo está intimamente ligada com a espiritualidade do Santo Rosário e com a consagração ao Imaculado Coração de Maria, da qual faz parte da devoção reparadora dos cinco primeiros sábados. Estas são devoções que, de certo modo, já faziam parte do patrimônio da espiritualidade da Igreja Católica. No entanto, pela Providência divina, nos foram dados a conhecer que estas não somente são queridas por Deus, mas também são os meios que nos são dados hoje para nos aproximar de Jesus e Maria e reparar as ofensas cometidas contra seus Sagrados Corações. Sendo assim, usemos com fé e devoção o Escapulário, rezemos com atenção e confiança o Santo Rosário, consagremo-nos ao Imaculado Coração de Maria e pratiquemos a devoção reparadora dos primeiros sábados. Nossa Senhora do Carmo, rogai por nós!




Desejo a Todos,

uma Santa e Feliz Devoção,

na Graça de Deus e na Proteção

de Nossa Senhora do Monte Carmelo.



AVE CARMELO!

AVE MARIA!


____________________________________________


1.  Boletim “Flos Carmeli”, Julho de 2009, da V.O.T. de Nossa Senhora do Monte Carmelo, do Sodalício de Campos dos Goytacazes/RJ.

2.  https://cumpetroetsubpetrosemper.blogspot.com/2020/01/a-grande-promessa-de-nsra-do-carmo-sao.html

3.  Livro da Vida, cap. 40, 12-15.

4.  “A de São Domingos”, anota Gracián. Ribera, S.J., por sua vez, afirma ser a Companhia de Jesus (Vida de Santa Teresa, L. 4, cap. 5). Toda essa passagem (n. 12-15) tem conteúdo profético, havendo sobre ela uma longa e curiosa história.

5.  “São Domingos”, anota outra vez Gracián, desta feita de acordo com Ribera, sem que mereçam a nossa fé: trata-se com toda a segurança da Ordem Carmelita.

6.  “São Domingos”, volta a anotar Gracián.

7.  Historia do Carmen Descalzo, l. 1, c. 21, n. 5, pp. 214-215.

8.  https://aparicaodelasalette.blogspot.com/p/beato-palau.html

9.  Carta ao Pe. Pascual de Jesus Maria, Procurador-Geral em Roma da Ordem do Carmo.

10.  Beato Francisco Palau, O.C.D., “Mis relaciones con la Iglesia”, in “Obras Selectas”, Editorial Monte Carmelo, Burgos, 1988, 818 págs., pp. 457-458. (A Aparição de La Salette e suas Profecias: Nossa Senhora do Carmo vitoriosa até o Fim dos Tempos (aparicaodelasalette.blogspot.com)

12.  https://lourdes-150-aparicoes.blogspot.com/2016/11/quando-santa-bernadette-decidiu-se.html

13.  http://www.carmelitas.pt/site/santos/santos_ver.php?cod_santo=22

14.  https://cumpetroetsubpetrosemper.blogspot.com/2015/08/nossa-senhora-de-fatima-e-o-escapulario.html

16.  Últimas e Derradeiras Graças, “Aparição de Nossa Senhora do Carmo na Inglaterra” – 1251.

17.  Idem. Ibidem.

18.  Idem. Ibidem.

19.  Ordem do Carmo em Portugal, “A Aparição de Nossa Senhora do Carmo: Nossa Senhora de Fátima e o Escapulário do Carmo”.

20.  Idem. Ibidem.

21.  Idem. Ibidem.

22.  Santa Teresa de Jesus, “Castelo Interior”, Quintas Moradas, I, 2.

23.  Padre Paulo Ricardo, “A Espiritualidade Carmelitana e a Virgem Maria.

24.  São João Paulo II, “Mensagem do Santo Padre à Ordem do Carmelo por ocasião dedicação do ano de 2001 à Virgem Maria, 4”; (Cfr. Pio XII, Carta “Neminem profector lacter” [11 de Fevereiro de 1950: AAS 42, 1950, pp. 390-391]; Const. Dogm. sobre a Igreja “Lumen Gentium, 67).

25.  Ordem do Carmo em Portugal.

26.  Santuário de Fátima, “A Segunda Aparição de Nossa Senhora na Cova da Iria”, (13/06/1917), p. 4.

27.  Francesco Bamonte, “A Virgem Maria e o Diabo nos Exorcismos”, p. 128.

28.  Capela, “A Devoção Reparadora dos Cinco Primeiros Sábados do Mês”.


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