Blog Católico, para os Católicos

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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Da Imaculada Conceição, para as Filhas de Maria.

 

Germen plantationis meae,

opus manus meae ad glorificandum”.1


Eis a semente que eu plantei,

eis a obra de minhas mãos para a minha glória”.2


A semente confiada à terra entreabre em breve, suas entranhas, enterrando aí sua pequena raiz, fixando-se assim onde deve procurar sua vida, seu crescimento e sua robustez. É desta semente que toda a árvore tira a seiva que a nutre. Eis o símbolo da primeira prerrogativa de Maria, a de sua Imaculada Conceição.

Cumpriram-se os tempos. O reino da graça, da misericórdia e da clemência ia suceder às exigências da antiga lei, e estabelecer-se sobre suas ruínas. À luz de um dia calmo e novo ia fazer brilhar aos nossos olhares fatigados as luzes puras do amor de Deus para com os homens. O coração do Pai Eterno, ia dilatar-se e espalhar o orvalho do céu sobre a terra, o tesouro de suas perfeições divinas, seu Filho único, gerado desde a eternidade em seu seio. A este Deus, cujos desígnios eternos tendiam ao próprio aniquilamento, era necessário uma mãe que lhe desse um nascimento comum a todos os filhos de Adão. Ó Maria, sois Aquela que o Filho de Deus escolheu para sua Mãe, e Ele Vos protegeu, criando-Vos e formando-Vos desde o seio da vossa: Dominus, faciens et formans te ab utero auxiliator tuus!3 E esta Virgem, cheia de graça desde o primeiro instante de sua Conceição, pode dizer melhor que Isaías: Antes que eu existisse o Senhor me chamou! Desde o seio de minha mãe fez-me experimentar a impressão de sua graça e recordou-se de mim”. O poder, a sabedoria e a bondade da Santíssima Trindade, queriam brilhar em Maria antes de confiar-lhe o Verbo incriado, e Ela não podia se mostrar mais magnífica e liberal, do que no privilégio extraordinário de uma Conceição Imaculada. O Deus de toda a santidade devia nascer de Maria, e esta devia, desde então, ser concebida sem pecado, ser livre de toda a mácula, ornada de toda a graça: “Tota pulchra es, amica mea et macula non est in te”. Ela é a Arca da Aliança, preservada do dilúvio do Pecado Original; a Fonte selada cujas águas límpidas nunca foram turbadas; o Jardim fechado à antiga Serpente, à qual Ela deve esmagar a cabeça; o Lírio imaculado que ostenta sempre a mais pura alvura; enfim, a Nova Eva, bela, inacessível a toda sombra de pecado, e de imperfeição, arrebatadora de pureza aos olhares de Deus e dos homens.4 A graça de que Deus a cumulou vai se tornar uma fonte fecunda de onde manarão todas as virtudes, que farão desta pura criatura, o tesouro da sabedoria do Pai, o canal dos merecimentos do Filho, o espelho das luzes do Espírito de amor, a esperança, a força e o refúgio de todos os homens. Sua Imaculada Conceição é o primeiro dos dons da Augusta Trindade, que encerra em si o princípio e o gérmen de todas as outras perfeições; é o primeiro dos laços que A une à Divindade, é o brilho, a efusão do amor de Deus em sua criatura predileta.

Ó privilégio admirável, nossa fraca inteligência não poderia fazer uma ideia de vosso inestimável valor! Cegos pelas trevas do pecado, ignoramos a beleza da graça. A semelhança do Deus três vezes Santo, gravada na alma de Maria, no próprio momento em que foi retirada do nada, destruída da nossa pelo pecado do primeiro Pai antes de havermo-lA recebido, faz pouca impressão sobre os nossos corações. Nossa cegueira oculta-nos a nudez de nossa horrível miséria; daí, nossa pouca vigilância e solicitude para proporcionarmo-nos os seus salutares efeitos. Ó minha alma, abramos os olhos da fé, experimentemos o dom do Senhor! Por uma misericórdia infinita, incompreensível, inefável, o privilégio da Augusta Maria propagou-se até nós. O Mistério de sua pureza é a aurora da nossa reconciliação. A graça do Santo Batismo torna-se, interiormente, o gérmen da vida nova que encerra em seu todo o cristão. Semente que a caridade do pai de família quis lançar, por um milagre de misericórdia, num terreno infeccionado, para curar-lhe a corrupção; prodígio de reparação em nossas almas, em vez de ser prodígio de preservação como na de Maria; gérmen entretanto fecundo, princípio de vida, porém, de vida sobrenatural; “Fomos sepultados em Jesus Cristo pelo Batismo, a fim de ressuscitar para a glória de seu Pai, vivendo de uma nova vida”.5 Dom inefável que põe à nossa disposição todos os seus tesouros; adoção divina que nos dá a augusta qualidade de filhos de Deus; que elevação! De irmãos de Jesus Cristo; que união! De templos do Espírito Santo; que santificação! Graça do Batismo encerrando toda graça! Graça que nos arrancando das garras do Demônio, nos põe no campo predileto da Santa Igreja, a fim de recebermos aí o orvalho do Céu, e produzirmos frutos abundantes de todas as virtudes. Já compreendemos, ó minha alma, este dom magnífico? Tínhamos apreciado este adorno todo gratuito, que nos tem revestido das librés do Céu, antes que conhecêssemos as misérias da terra, antes que pensássemos em pedir os divinos favores? Pensemos nisto, de agora em diante. Entreguemos nossos corações ao reconhecimento, publiquemos as misericórdias do Senhor. Que todos os momentos de nossa existência sejam momentos de ações de graças; e que o título incomparável de cristão, faça toda nossa felicidade, toda a nossa glória, toda a nossa esperança.


Ó Maria Imaculada! Virgem puríssima e perfeitíssima! Beleza celestial, da qual nunca a mínima mancha embaciou o brilho, abaixai sobre nós vossos olhares de benevolência e de amor, para que eles nos iluminem fazendo-nos saborear o grande Mistério de nossa adoção divina! Que o resplendor de vossa pureza, refletindo em nossas almas, descubra-nos a beleza da graça, que vosso amor nos obtenha de sentir dele todo o valor, a fim de que de agora em diante prefiramos mil vezes a morte, do que consentir a perder o mais precioso dos bens, o tesouro inapreciável da graça. Assim seja.

Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos à Vós!

Prática: Renovar as Promessas do nosso Batismo em todas as Festas da Santíssima Virgem, a fim de entregar nossas promessas à guarda do seu Imaculado Coração.



Fonte: Manual das Filhas de Maria Imaculada, II Parte, Livro II, Cap. II, § 1. p. 1, pp. 345-348. Nova Edição, Casa Central das Filhas da Caridade, Rio de Janeiro/RJ, 1929.

____________________________

1.  Leituras meditadas, compostas pelo Rvmo. Pe. Aladel: primeiro Diretor da Associação.

2.  Is., 60, 21.

3.  Is., 44, 2.

4.  São Lourenço Justiniano.

5.  Rom. 6, 4.


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