Blog Católico, para os Católicos

BLOG CATÓLICO, PARA OS CATÓLICOS.

"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

quarta-feira, 15 de maio de 2019

MARIA SANTÍSSIMA: O VERDADEIRO TEMPLO SAGRADO E ANIMADO DA SANTÍSSIMA TRINDADE.



Nas próximas linhas, veremos que esta Revelação divina é confirmada pela Santa Mãe, a Igreja Católica, a qual, é o Órgão instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo aqui neste mundo, como único e fiel intérprete de Sua doutrina, de Sua lei. Vejamos:

Davi não edificará um templo a Deus1

Habitando já Davi no seu palácio, disse ao Profeta Natan: Eis que eu habito numa casa de cedro, e a Arca da Aliança do Senhor está sob uma tenda. E Natan respondeu a Davi: Faze tudo o que tens no teu coração, porque Deus é contigo.

Mas naquela noite o Senhor falou a Natan, dizendo: Vai, e dize a Davi, meu servo: Isto diz o Senhor: TU NÃO ME EDIFICARÁS UMA CASA PARA EU HABITAR. Porque Eu não tenho tido casa certa desde o tempo em que libertei Israel (do Egito) até ao presente, mas tenho sempre mudado os lugares do tabernáculo, e estive debaixo de uma tenda, morando com todo o Israel. Porventura dirigi Eu alguma palavra a algum dos juízes de Israel, a quem tinha mandado que apascentassem o Meu povo, dizendo-lhe: porque não Me edificastes vós uma casa de cedro? Agora, pois, dirás assim ao Meu servo Davi: Eis o que diz o Senhor dos Exércitos: Quando tu conduzias os rebanhos a pastar, Eu te escolhi para seres chefe do Meu povo Israel, e fui contigo, por onde quer que andavas, e extingui, à tua vista, todos os teus inimigos, e fiz o teu nome tão ilustre como o de um dos grandes que são famosos sobre a terra. E dei um lugar fixo ao Meu povo de Israel, no qual será confirmado, e nele habitará, e nunca mais será removido dele (se obedecer à Minha lei); nem os filhos da iniquidade os oprimirão, como antes, desde o tempo em que dei juízes ao Meu povo de Israel e humilhei todos os teus inimigos. Eu, pois, te declaro que o Senhor há de fundar para ti uma casa (estável).



Deus promete à casa de Davi,
um Reino eterno.


E quando os teus dias estiverem completos para ires para teus pais, EU SUSCITAREI DEPOIS, UM DO TEU SANGUE, QUE SERÁ DOS TEUS FILHOS, e estabelecerei o seu reino. ESSE ME EDIFICARÁ UMA CASA, E FIRMAREI O SEU TRONO PARA SEMPRE. EU SEREI SEU PAI, E ELE SERÁ MEU FILHO; e Eu não tirarei dele a Minha misericórdia, como a tirei de (Saul) teu predecessor. MAS EU O ESTABELECEREI NA MINHA CASA E NO MEU REINO PARA SEMPRE; E O SEU TRONO SERÁ IMÓVEL PERPETUAMENTE.

Natan falou a Davi segundo todas estas palavras, e segundo toda esta visão.2



Jesus, verdadeiro filho de Davi,
edifica, em Maria,
a Sua verdadeira Morada e Reino.


E, (estando Isabel) no sexto mês, foi enviado por Deus o Anjo Gabriel a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um varão, que se chamava José, DA CASA DE DAVI, e o nome da Virgem era MARIA. E, entrando o Anjo onde ela estava, disse-lhe: Deus te salve, cheia de graça, o Senhor é contigo; BENDITA ÉS TU ENTRE AS MULHERES.

E ela, tendo ouvido estas coisas, turbou-se com as suas palavras, e discorria pensativa que saudação seria esta. E o Anjo disse-lhe: Não temas, MARIA, pois achaste graça diante de Deus; EIS QUE CONCEBERÁS NO TEU VENTRE, E DARÁS À LUZ UM FILHO, E POR-LHE-ÁS O NOME DE JESUS. ESTE SERÁ GRANDE, E SERÁ CHAMADO FILHO DO ALTÍSSIMO, E O SENHOR DEUS LHE DARÁ O TRONO DE SEU PAI DAVI; E REINARÁ ETERNAMENTE NA CASA DE JACÓ; E O SEU REINO NÃO TERÁ FIM.

E MARIA disse ao Anjo: Como se fará isso, pois eu não conheço varão? E, respondendo o Anjo, disse-lhe: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a Sua sombra. E, por isso mesmo, O SANTO, QUE HÁ DE NASCER DE TI, SERÁ CHAMADO FILHO DE DEUS. Eis que também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua velhice; e este é o sexto mês da que se diz estéril; porque a Deus nada é impossível. Então disse MARIA: Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra. E o Anjo afastou-se dela.3



Maria Santíssima,
a verdadeira Casa de Ouro,
do Ouro da Caridade Divina.4


O rei Salomão realizou o grande sonho que Deus não permitiu ao pai dele, ao rei Davi:5 edificar uma casa ao Senhor. Mas o sábio rei ficou perplexo diante do empreendimento: “É pois crível, que Deus habite verdadeiramente sobre a terra? Por que se os Céus dos céus não Te podem conter, quanto menos esta casa, que eu edifiquei!”.6 No entanto, Deus permitiu a construção do templo ao rei pacífico.7 O material necessário já foi preparado pelo grande rei Davi, legando ao filho, grandes riquezas.8

O templo foi construído no maior esplendor, cobrindo de ouro a madeira nobre: “Cobriu de puríssimo ouro a parte do templo que estava diante do oráculo e pregou as lâminas de ouro com pregos de ouro. E nada havia no templo que não estivesse coberto de ouro; e até cobriu de ouro todo o altar do oráculo”.9

Por que Deus permitiu que lhe fosse edificada uma casa, se nem os Céus dos céus podem contê-Lo? Lendo com atenção a profecia de Natã, entenderemos que Deus quis que Sua casa, fosse um sinal para as gerações futuras: “Suscitarei depois de ti a tua posteridade, que nascerá de ti, e firmarei o seu reino. Ele edificará uma casa em Meu Nome e Eu estabelecerei para sempre o trono de seu reino… E a tua casa será estável e o teu reino se perpetuará diante de teu rosto e o teu trono será firme para sempre”.10

O profeta Natã prometeu a Davi: “O Senhor te anuncia que te fará uma casa”.11 Nessa casa, o trono de Davi se perpetuará para sempre. Pela voz profética, foi delineado, veladamente, o Mistério da Encarnação: na Casa de Ouro que Deus construirá, o Messias reinará eternamente. Assim ressoa mais profundamente nos ouvidos da fé: “Eis que a casa estava cheia da glória do Senhor”.12

Maria, a Habitação mais digna de Deus: Pela Encarnação do Verbo, Maria tornou-se a Casa de Deus, pois recebeu, por nove meses, em Suas entranhas o Filho de Deus. Podemos aplicar com muita conveniência as palavras misteriosas: “A sabedoria edificou para si uma casa...”.13 A sabedoria de Deus, o Logos divino escolheu Maria para realizar o eterno plano de Deus para nossa Salvação.

O Cardeal Berulle (1575-1629) apresenta o papel de Maria no contexto da Encarnação do Verbo. Em sua obra, frequentemente retoma a ideia de Maria como casa, templo de Deus, santuário divino:

Vós sois o paraíso do Segundo Adão, Vós sois o Templo vivo de Deus encarnado, Vós sois a ampla habitação Daquele que não pode ser encerrado. Grandes qualidades, poderes admiráveis, efeitos raros e singulares...”.14

(Maria) é na terra um Céu vivo, destinada a portar um Sol vivo e um Sol estabelecido num firmamento mais alto. Na terra, Ela é um Santuário que Deus enche de maravilhas… Ela é um novo paraíso, não terrestre como aquele de Adão, que foi destruído por seu pecado, nem celeste como aquele dos Anjos o qual se encontra só no Céu, mas Ela é, na terra, um paraíso celeste que Deus plantou com Sua mão e que seu Anjo da Guarda, para o segundo Adão, para o Rei do Céu e da terra que deve aí habitar”.15

A casa, o Santuário de Deus, é feita toda de ouro. O ouro puro, resplandecente, simboliza a caridade.

A Igreja de Laodiceia não era “nem fria, nem quente”, mas “morna”, isto é, diminuiu-se nela a caridade. Por isso, João transmite essa mensagem: Aconselho-te, que me compres ouro provado no fogo, para te fazeres rico e te vestires de roupas brancas (da Santidade)...”.16

Sendo o ouro símbolo da caridade, a Casa de Ouro, é aquele Santuário feito pelo Senhor, que acolheu com amor dentro de si o Filho de Deus encarnado. Enviado pelo amor do Pai,17 foi acolhido aqui na terra com amor no Corpo e no Coração de Maria.

Sabemos que os ouvidos do Senhor, do mesmo modo que naquele templo material, estão abertos aos pedidos feitos neste Santuário: “Os meus ouvidos atenderão à oração daquele que orar neste lugar, porque Eu escolhi e santifiquei este lugar...”.18

Nós também somos “Casa de Deus”: Deus, “o Arquiteto de tudo”, constituiu a nós também para sermos Sua casa: “Esta casa somos nós, se mantivermos a confiança e o motivo altaneiro da esperança”.19 Cada um de nós, batizados, é santa morada de Deus, como ensina São Paulo: “Não sabeis que sois um templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá. Pois o templo de Deus é santo e esse templo sois vós”.20

Consagrados a Deus em nosso Batismo e Confirmação, devemos guardar em nós, com toda solicitude, a graça santificante e aumentá-la cada vez mais pela Santa Comunhão, seguida por nossas boas ações.

Virgem Maria, Casa de Ouro, rogai por nós,
para que sempre sejamos digna
morada de Vosso Filho!


Conclusão: “Quereis conhecer os saltos que deu o Esposo?” Pergunta São Gregório Magno. “Olhai: Baixou do Céu ao seio de Maria, do seio de Maria saltou para o Presépio, do Presépio para a Cruz e da Cruz, enfim, voltou ao Céu donde viera”. Se a Esposa sente que o Esposo se aproxima, o Coração treme-lhe de emoção. Ela espreita pela gelosia e vê-Lo lá fora a chamar por Ela para o campo coberto de flores e canções. É Jesus que, oculto no seio de Maria, convida a Igreja a desfrutar das maravilhas da Jerusalém celeste.



A Igreja exultante de Alegria,
canta e proclama esta Revelação.


Sim, as palavras reveladas lá no Antigo Testamento, não se satisfazem plenamente no rei Salomão, mas sim em MARIA; e a Igreja, guardiã que é do Depósito da Revelação e, autêntica e legítima intérprete da mesma Revelação, canta e proclama exultante de alegria esta verdade de fé.

Assim como o Verbo, que é a Sabedoria divina, a Virgem Santíssima esteve presente desde toda a eternidade no pensamento de Deus, como devendo ser Mãe do Verbo Encarnado. Por isso, a Igreja aplica as palavras referentes à Sabedoria, também à Santíssima Virgem Maria.21

1) Eu saí da boca do Altíssimo, a primogênita antes de todas as criaturas… Então o Criador de tudo deu-me os seus Preceitos, e falou-me; E AQUELE QUE ME CRIOU DESCANSOU NO MEU TABERNÁCULO, e disse-me: Habita em Jacó, e possui a tua herança em Israel, e lança raízes entre os meus escolhidos.

Eu fui criada desde o princípio, e antes dos séculos, e não deixarei de existir em toda a sucessão das idades, e exerci diante dele o meu ministério na MORADA SANTA. Eu fui assim firmada em Sião, e repousei na CIDADE SANTA, e em Jerusalém está o meu poder. Tomei raízes no meio de um povo glorioso, e nesta porção do meu Deus, que é a sua herança, e na assembleia dos santos, estabeleci a minha assistência… Eu sou a mãe do amor formoso, e do temor, e da ciência, e da santa esperança. Em mim há toda a graça do caminho e da verdade, em mim toda a esperança da vida e da virtude… Tudo isto é o Livro da Vida, e a aliança do Altíssimo, e o conhecimento da verdade… (O Senhor) prometeu a Davi, seu servo que faria sair dele um rei fortíssimo, o qual se sentaria sobre um trono de glória para sempre… Eu continuarei a espalhar a minha doutrina como uma profecia, e deixa-la-ei aos que andam em busca de sabedoria, e não cessarei de a anunciar a toda a sua descendência até o século santo. Vede que eu não trabalhei só para mim, mas para todos os que buscam a verdade.22


2) Na 1ª Véspera, da Festa da Natividade de Nossa Senhora, a Igreja cheia de júbilo canta na Antífona:

Natívitas gloriósae Vírginis Maríae ex sémine Abrahae, ortae de tribu Juda, clara ex stirpe Davi – É hoje o Nascimento da Virgem Maria, da estirpe de Abraão e da tribo de Judá, descendente da ilustre família de Davi.

Natívitas est hódie sanctae Maríae Vírginis, cujus vita ínclyta cunctas illústrat ecclésias – É hoje o Nascimento da Virgem Santa Maria, cuja vida gloriosa ilumina todas as igrejas.

Regáli ex progénie María exórta refúlget; cujus précibus nos adjuvári, mente et spíritu devotíssime póscimus – De tronco real, Maria veio hoje à luz em toda a sua glória, cujas preces devotissimamente pedimos.

E na Antífona de Magnificat, da Missa dedicada a Natividade de Nossa Senhora, a Igreja canta:

Natívitas tua, Dei Génitrix Virgo, gáudium annuntiávit univérso mundo; ex te enim ortus est sol justítiae, Christus, Deus noster: qui solvens maledictiónem, dedit benedictiónem; et confúndens mortem, donávit nobis vitam sempitérnam – O Teu Nascimento, ó Virgem Mãe de Deus, anunciou uma grande alegria para o mundo inteiro. Com efeito, destes à luz o Sol da justiça, Cristo, o nosso Deus, que desfez a maldição e nos deu a bênção, destruiu a morte e reintegrou-nos na vida.

3) Na 1ª Leitura da Missa dedicada a honrar Nossa Senhora de Lourdes, a Igreja exalta Maria com estas palavras:

Apértum est templum Dei in caelo: et visa est arca testaménti ejus in templo ejus, et facta sunt fúlgura et vocês et terraemótus et grando magna. Et signum magnum appáruit in caelo: Múlier amícta sole, et luna sub pédibus ejus, et in cápite ejus coróna stellárum duódecim. Et audívi vocem magnam in caelo dicéntem: Nunc facta est salus et virtus, et regnum Dei nostri et potéstas Christi ejus – Abriu-se no Céu o Templo de Deus e apareceu nele A ARCA DO TESTAMENTO. Então, houve relâmpagos, terremotos, vozes e tempestades de granizo. E apareceu um grande sinal no Céu: UMA MULHER revestida de Sol, com a Lua aos pés e coroada de doze estrelas. E ouvi no Céu uma grande voz que dizia: AGORA SE ESTABELECEU A SALVAÇÃO E A FORTALEZA E O REINO DO NOSSO DEUS E O PODER DO NOSSO CRISTO.

4) Na 1ª Véspera da Missa dedicada a Apresentação de Nossa Senhora, a Igreja canta na Antífona de Magnificat:

Beáta Dei Génitrix, María, Virgo perpétua, templum Dómini, sacrárium Spíritus Sancti, sola sine exémplo placuísti Dómino nostro Jesu Christo, allelúja – Ó Bem-aventurada Mãe de Deus, Maria, Virgem perpétua, TEMPLO DO SENHOR, SACRÁRIO DO ESPÍRITO SANTO, só Vós agradastes totalmente a Nosso Senhor Jesus Cristo, aleluia.

E na Oratio da Missa deste dia, a Igreja eleva ao Céu este louvor:

Deus, qui beátam Maríam semper Vírginem, Spíritus Sancti habitáculum, hodiérna die in templo praesentári voluísti: praesta, quaésumus; ut, ejus intercessióne, in templo glóriae tuae praesentari mereámur... – Ó Deus, que quisestes que a Bem-aventurada Virgem Maria, MORADA DO ESPÍRITO SANTO, fosse apresentada hoje no Templo, fazei, com sua intercessão, que mereçamos ser também apresentados no Templo da Vossa glória…

5) Na Oratio da Missa da Vigília, da Festa da Assunção da Santíssima Virgem Maria, a Igreja canta:

Deus, qui virginálem aulam beátae Maríae, in qua habitáres, elígere dignátus es: da, quaésumus; ut, sua nos defensióne munítos, jucúndos fácias suae interésse festivitáti... – Ó Deus, QUE VOS DIGNASTES ESCOLHER PARA MORADA O SEIO PURÍSSIMO DA SANTÍSSIMA VIRGEM, fazei que, nós Vos pedimos, colocados debaixo da sua proteção, celebremos a sua festa com santa alegria…

E no Graduale da mesma Missa, a Igreja canta:

Virgo, Dei Génitrix, quem totus non capit orbis, in tua se clausit víscera factus homo – Virgem Mãe de Deus, Aquele que o mundo inteiro não pode conter encerrou-se nas Vossas entranhas para se fazer homem.

E na Communio da mesma Missa, canta ainda a Igreja:

Beáta víscera Maríae Vírginis, quae portavérunt aetérni Patris Fílium – Felizes as entranhas da Santíssima Virgem Maria QUE ABRIGARAM O FILHO DO PAI ETERNO.

6) Na Oratio da Missa dedicada a Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria, a Igreja canta com júbilo:

Deus, qui per immaculátam Vírginis Conceptiónem dignum Fílio tuo habitáculum praeparásti: quaésumus; ut, qui ex morte ejúsdem Fílii tui praevísa eam ab omni labe praeservásti, nos quoque mundos ejus intercessióne ad te perveníre concédas... – Ó Deus, QUE PELA IMACULADA CONCEIÇÃO DA VIRGEM, PREPARASTES PARA VOSSO FILHO DIGNA MORADA, nós Vos suplicamos humildemente que, assim como, em atenção aos merecimentos desse mesmo Filho, Vos dignastes preservá-lA de toda a mácula, nos concedais igualmente, por sua intercessão, a graça de chegarmos a Vós limpos do pecado…

E no Tractus da mesma Missa, canta ainda a Igreja louvando a Santíssima Virgem Maria:

Fundaménta ejus in móntibus sanctis: díligit Dóminus portas Sion super ómnia tabernácula Jacob. Gloriósa dicta sunt de te, cívitas Dei. Homo natus est in ea, et ipse fundávit eam Altíssimus – Tem os seus fundamentos sobre a montanha santa. O SENHOR PREFERE AS PORTAS DE SIÃO A TODAS AS TENDAS DE JACÓ. Têm dito de Vós coisas admiráveis, Ó CIDADE DE DEUS! Nasceu nela um homem e foi o próprio Altíssimo quem a fundou.

7) No Communio da II Missa da Santíssima Virgem no Sábado (Do Natal à Purificação), a Igreja canta:

Beáta víscera Maríae Vírginis, quae portavérunt aetérni Patris Fílium – Bem-aventurado o seio da Virgem Maria, ONDE HABITOU o Filho do Pai Eterno.

8) No Offertorium da IV Missa da Santíssima Virgem no Sábado (Da Páscoa ao Pentecostes), a Igreja canta:

Beáta es, Virgo María, quae ómnium portásti Creatórem: genuísti qui te fecit, et in aetérnum pérmanes Virgo, allelúja – Bem-aventurada sois, Virgem Maria, QUE TROUXESTES EM VÓS O CRIADOR DE TODAS AS COISAS; DESTES À LUZ AQUELE QUE VOS CRIOU, e ficastes eternamente Virgem, aleluia.

9) No Graduale da Missa dedicada à Visitação de Nossa Senhora, a Santa Madre Igreja canta:

Bendícta et venerábilis es, Virgo María: quae sine tactu pudóris invénta es Mater Salvatóris. Virgo, Dei Génitrix, quem totus non capit orbis, in tua se clausit víscera factus homo – Bendita e venerável és, ó Virgem Maria, Tu que sem injúria do pudor, foste a Mãe do Salvador. Virgem, Mãe de Deus, dAquele que sendo maior que todo o mundo, para se fazer homem se fechou dentro do Teu seio.

E no Offertorium da mesma Missa, canta a Igreja:

Beáta es, Virgo María, quae ómnium portásti Creatórem: genuísti, qui te fecit, et in aetérnum pérmanes Virgo – Bem-aventurada és Tu, ó Virgem Maria, que foste digna de trazer no seio o Criador do mundo, deste à luz Aquele que te criou e ficaste Virgem para sempre.

E, ainda, no Communio da mesma Missa, rejubila-se a Igreja cantando:

Beáta víscera Maríae Vírginis, quae portavérunt aetérni Patris Fílium – Bem-aventuradas as entranhas da Virgem Maria. Nelas andou o Filho do Pai Eterno.

E no Capitulum23 das 2ª Vésperas da Festa da Visitação de Nossa Senhora, louva a Igreja assim:

Ab inítio et ante saécula creáta sum, et usque ad futúrum saéculum non désinam, et in habitatióne sancta coram ipso ministrávi – Desde o princípio e antes dos séculos fui criada. Não deixarei de existir nos tempos futuros, e exerci o Meu ministério diante do Senhor na Sua casa santa.

10) E, por fim, no Orémus da Antífona da Salve Regina, a Igreja cheia de gratidão à Virgem Maria, canta:

Omnípotens sempitérne Deus, qui gloriósae Víginis Matris Maríae corpus et ánimam, ut dignum Fílii tui habitáculum éffici mererétur, Spíritu Sancto cooperánte, praeparásti: da, ut, cujus commemoratione laetámur; ejus pia intercessióne, ab instántibus malis, et a morte perpétua liberémur... – Senhor eterno e onipotente, que pela intervenção do Espírito Santo, VOS DIGNASTES PREPARAR O CORPO E A ALMA DA GLORIOSA VIRGEM MARIA, PARA DIGNA MORADA DO VOSSO FILHO, fazei que sejamos livres da morte eterna e dos males que nos rodeiam, pela intercessão d'Aquela cuja comemoração nos alegra…

11) No Ofício Parvo da Bem-aventurada Virgem Maria, a Igreja louvando a grande Mãe de Deus diz:

Quem terra, pontus sídera, Colunt, adórant, praedicant, Trinam regéntem máchinam, Claustrum Maríae bájulat. Cui luna, sol et ómnia Desérviunt per témpora, Perfúsa caeli grátia, Gestant puéllae víscera. Beáta Mater múnere, Cujus, supérnus Artifex Mundum pugíllo cóntinnens, Ventris sub arca clausus est. Beáta caeli núntio, Fecúnda Sancto Spíritu, Desiderátus géntibus Cujus per alvum fusus est. Jesu, tibi sit glória, Qui natus es de Vírgine, Cum Patre, et almo Spíritu, In sempitérna saecula. Amen – Da Virgem o ventre encerra, a quem, regendo o mundo, a máquina, o Céu, e a terra, respeitam, com o mar fecundo. Teu seio, ó Virgem, compreende, por graça do Céu, fecundo, Aquele a quem sempre o mundo, com o sol e a lua, se rende. Mereceste, ó feliz Mãe, trazer, no ventre encerrado, quem os Céus há fabricado, e o mundo na mão contém. Do Espírito Santo esposa, o Anjo te anunciou: o teu ventre nos há dado O que o mundo desejou. Jesus seja engrandecido, da Virgem pura nascido, e o eterno Pai também, com o Espírito Santo. Amém.24


A Cristandade,
Exultante de Alegria,
Proclama os Louvores de Maria.




Domus Aurea25


I Ponto

Grande maravilha, que foi o assombro da antiguidade, é a que nos vem pormenorizadamente descrita em todo o capítulo 6 do terceiro Livro dos Reis: o Templo de Jerusalém, edificado por Salomão, obra de sete anos de incessante trabalho e de prodigiosa arquitetura, com que o Rei Sábio quis levantar ao Senhor uma casa digna da Majestade divina.

Sem falar do magnífico material que entrou na construção das paredes e dos próprios alicerces, quem lê o mencionado capítulo não pode deixar de admirar as chapas de cedro tão artisticamente lavradas, os querubins e palmas em relevo, as flores que se veem desabrochar sob o brilho deslumbrante do ouro, o próprio pavimento revestido desse preciosíssimo metal, tão profusamente empregado, que o texto bíblico nos atesta não haver nada neste templo que não fosse recamado e revestido de ouro, podendo-se quase literalmente chamar uma Casa de Ouro, como de ouro se chama um Cálice ou um Cibório.

Mas com quanto maior propriedade não é esse nome dado à Santíssima Virgem, Santuário Vivo que o Senhor mesmo por Suas mãos construiu para Si, Sacrossanta e Augusta Morada por Ele escolhida, digamos mais, à qual mais estreitamente do que a qualquer outra criatura, Ele se uniu pela graça santificante e pelos laços de uma estrita e autêntica filiação, que fez d'Ela a Sua própria Mãe!

Áurea Mansão da Alma de Maria, o Seu Corpo imaculado. Áurea Mansão da graça divina a Alma imaculada de Maria. Mansão áurea da própria Divindade, a Imaculada Princesa de Israel.

Num sentido maravilhoso, já antes da Encarnação, Vós éreis, ó Virgem singular, a “Casa do Senhor”, a Sua Casa de Ouro por antonomásia, por Ele adornada de tantos carismas e prerrogativas infinitamente mais preciosas do que todo o ouro da terra. Todos os Vossos pensamentos, todos os Vossos desejos e afetos, todas as Vossas palavras e ações eram já aos olhos de Deus, o mais fino ouro do mundo da santidade, incomparavelmente mais precioso do que esse metal sedutor, em má hora feito ídolo despótico da humanidade.

Mas, depois que o Verbo se fez carne e habitou entre nós, Vós ficastes sendo, num sentido bem mais assombroso, a Sua Casa de Ouro, porque da Vossa mais pura substância fez Ele para sempre a Sua! Os primeiros meses da Sua vida mortal, quis Ele vivê-los da Vossa própria vida. E essa união humano-divina, Vos fez proclamar Bem-aventurada por todas as gerações, no Céu e na terra.


II Ponto

O ouro inacessível a qualquer alteração, é símbolo exato da perfeitíssima pureza, que adornou a Alma de Maria: um novo título que justifica a invocação de Casa de Ouro. Não foi acaso um dos maiores milagres do Altíssimo a perpétua e inalterável integridade de Sua Mãe? E inflamada no amor divino, do qual pela sua cor de fogo o ouro é ainda emblema, não Lhe conferirá também direito a esse título o fogo da caridade em que a deixou abrasada a mesma Caridade divina que n'Ela habitou? Deus caritas est.26 Quem d'Ela tomou carne é a mesma Caridade incandescente.

Ah! Que infelicidade a nossa, não sermos também assim na medida, em que à nossa débil natureza é permitido sê-lo!

Porque é que nós, consagrados a Deus como Seus templos pelo Batismo, pela Confirmação, pela Eucaristia, nos parecemos tão pouco dignos do “Santo dos santos”, que de nós fez a Sua viva morada? Porque é que, tão solícitos de adornar a nossa morada, quando lhe cabe a honra de receber um hóspede ilustre, tão pouco zelo mostramos em fazer da nossa alma e do nosso corpo, uma casa de ouro agradável ao Senhor.

E, longe de nos deixarmos inflamar no amor do soberano Bem, porque é que “a fascinação de bagatelas”,27 desperta em nós paixões que loucamente arrebatam, e para com o Deus de arrebatadora amabilidade só sentimos frieza e indiferença? E como é que diante de tão funesto contraste não nos ruborizamos e confundimos?

Sim, vergonha e confusão, mas arrependimento também, e frequentes atos de devoção e de amor ardente para com Deus, de Quem por uma graça nunca assaz apreciada nos tornamos templos vivos.


III Ponto

Casas de ouro, casas de Deus, são-nos as almas que conservam o estado de graça. Casas de Deus são-nos também as casas de oração, os templos materiais, em que Deus é adorado, em que se Lhe rendem ações de graças, em que se Lhe prestam atos de culto e se Lhe dirigem súplicas.

Como já em Lourdes, também em Fátima, a celestial Aparição manifestou aos Seus videntes, a vontade de ver erguido naquele local um Santuário de oração. E, em vez de um, quantos e quantos não se erguem já onde então não havia sequer pedra sobre pedra!

Uma casa de Deus na Cova da Iria! Que arcanos de misericórdia e de predestinação não encerra este desejo da Mãe de Deus, manifestado numa hora em que começava na Europa oriental, para ser continuada poucos anos depois na Europa central e no próprio coração da península ibérica, à vista de Fátima e quase dentro dos seus horizontes a destruição vandálica das casas de ouro, em que habitava a própria Divindade sacramentada.

Viu-se, e, para vergonha da nossa civilização, assistiu-se quase em silêncio e sem reação à execução sistemática de todo um programa de profanações sacrílegas. O próprio Deus, inquilino pacífico e amoroso dos tabernáculos, vimo-Lo perseguido pelas chamas, alvejado pela metralhadora, pela bomba incendiária e explosiva transportada sobre as asas da destruição ao serviço do mal, e obrigado a refugiar-se em novas catacumbas ou em esconderijos abertos sob as próprias ruínas das igrejas e das cidades.

E, enquanto os Anjos sentiam frêmitos de horror diante de atentados sem nome cometidos contra a Divindade escondida e fechada em minúsculas casas de ouro, os homens, os “fiéis”… pensavam noutras coisas.

Mas a Deus nunca faltarão igrejas para ser adorado, se não Lhe faltarem templos vivos, e se esses templos se mantiverem de pé.

Podem aliar-se, com as forças subterrâneas de Satanás, todos os vandalismos iconoclastas da nossa época (e bem aliados andam eles já), que, enquanto não puderem suprimir os espaços geográficos, toda a terra será um vasto templo de adoração ao Criador; e enquanto não derrubarem o firmamento, não faltará a esse templo uma cúpula digna de Quem a construiu; e enquanto nesse firmamento não forem capazes de apagar as estrelas que lhe dão luz e vida, também no grande templo de Deus não hão de faltar círios e lampadários que o iluminem e apregoem a glória do Criador.

Que por intercessão da Virgem-Mãe de Fátima, em cuja honra por toda a parte o mármore e o granito porfiam em Lhe servirem de templos, possamos todos sentir cumprida em nós a palavra de Seu divino Filho: Se alguém Me ama, observará as Minhas palavras, e Meu Pai o amará, e a ele viremos e nele estabeleceremos a Nossa morada”.28




Ato de Consagração
ao Imaculado Coração de Maria29


Imaculada Virgem Maria, Mãe de Deus e minha Mãe, que no amor do Vosso Coração para conosco, sois tão mal correspondida com friezas, irreverências, desprezos e insultos, eu… para desagravar a Vossa ternura maternal, para reparar as ingratidões e injúrias que recebeis dos homens e de tantos filhos mal reconhecidos, e para cumprir os Vossos desejos, vivendo a Consagração do Mundo feita pelo Santo Padre ao Vosso Imaculado Coração, deliberada e irrevogavelmente me dou, entrego e consagro ao mesmo Vosso Coração Imaculado.

Corredentora do Gênero Humano, Senhora minha e minha Mãe, dignai-Vos aceitar-me quanto sou e tenho: a minha inteligência, a minha vontade, os meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca, o meu coração e inteiramente todo o meu ser. E já que assim sou Vosso, minha Mãe, fechai-me em Vosso Coração Puríssimo, livrai-me do pecado, inflamai-me no fogo da caridade, e guardai-me sempre e defendei-me como coisa própria Vossa.


Glória, amor e reparação ao Vosso Imaculado Coração.

Doce Coração de Maria, sede a minha salvação.


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1.  Versão da Vulgata em língua portuguesa, chamada “Vulgata Sixto-Clementina”, traduzida e anotada pelo Pe. Matos Soares, 13ª Edição, Edições Paulinas, 1961.

2.  1º Livro dos Paralipômenos (1º Crônicas) 17, 1-15. Cfr. 2º Livro dos Reis (2º Samuel) 7, 1-17.

3.  Evangelho de São Lucas 1, 26-38.

4.  D. Veremundo Toth, O.S.B., “Louvores à Virgem Maria – Reflexões sobre a Ladainha de Nossa Senhora”, Cap. 31, pp. 83-86. Edições Ave Maria, São Paulo/SP, 1993.

5.  II Sam., 7, 5ss; I Rs., 5, 5.

6.  I Rs., 8, 27.

7.  I Crôn., 22, 9.

8.  I Crôn., 22 e 29.

9.  I Rs., 6, 21-22.

10.  II Sam., 7, 12.16.

11.  II Sam., 7, 11.

12.  Ez., 43, 5.

13.  Prov., 9, 1.

14.  Régamey, p. 234.

15.  Régamey, p. 240.

16.  Apoc., 3, 18.

17.  Jo., 3, 16.

18.  II Crôn., 7, 15-16.

19.  Heb., 3, 3.6.

20.  I Cor., 3, 16-17.

21.  1ª Leitura Da Missa Salve Sancta Parens.

22.  Livro do Eclesiástico 24, 1-47.

23.  Eccli., 24, 14.

24.  Ofício Parvo da Bem-aventurada Virgem Maria, segundo o Breviário Romano, 1º Ofício, 2º Hino de Matinas, pp. 42-43. 4ª edição, Editora Vozes Ltda., Petrópolis/RJ, 1940.

25.  Rev. Pe. José de Oliveira Dias, S.J., “Florilégio Ilustrado de Fátima – Novo Mês de Maria”, Dia 18 ou 19, pp. 228-232. 3ª Edição, Edição da Sociedade Brasileira de Educação, Niterói/RJ, 1952.

26.  I Jo., IV, 16.

27.  Sab., IV, 12.

28.  Jo., XIV, 23.

29. Dr. D. Ildenfonso Rodriguez Villar, Pontos de Meditação sobre a Vida de Nossa Senhora”, Apêndice - III, pp. 434-435. Tradução da 4ª edição, revista pelo Pe. Manuel Versos Figueiredo, S.J., Livraria Figueirinhas – Porto, 1941.

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