Blog Católico, para os Católicos

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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

domingo, 4 de abril de 2021

JESUS, O DIVINO RESSUSCITADO.


"Predita por Jesus, a sua Ressurreição contém em si o duplo caráter de milagre físico e de profecia realizada. De todos os milagres operados por Jesus, a sua Ressurreição foi o maior. Foi ela que reuniu de novo e transformou os Apóstolos dispersos e desanimados. É o ponto central e essencial de toda a pregação apostólica; ser Apóstolo é ser testemunha da Ressurreição de Cristo: Atos I, 22; III, 15; IV, 33; XIII, 30-31; I Cor. IX, 1 e XV, 11.

A razão disso, é porque ela constitui a suprema confirmação divina, a síntese e a coroa de todos os milagres. É o grande sinal apontado por Jesus, o critério máximo da Divindade da Religião Cristã, o argumento básico da nossa fé. "Se Cristo não ressuscitou", escrevia São Paulo, "é vã a vossa fé..." (I Cor. XV, 14-17). - É sobre a Ressurreição de Cristo que se alicerça a Igreja toda*.


* É conhecida a resposta de Barras a Laréveillère-Lepeaux, fundador da teofilantropia: 'Sua religião não medra? Há, porém, um meio infalível de lhe assegurar o bom êxito: faça-se crucificar numa sexta-feira... e procure ressuscitar no domingo seguinte!' (Apud Duplessy, Apologétique, II, p. 295)".


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Fonte: Pe. Pedro Cerruti, S.J., "Síntese da Teologia Católica", Vol. II, "O Cristianismo - em sua Origem Histórica e Divina", II Parte, Cap. III, Art. 4°, Ponto 314, pp. 409-410. PUC-RJ, 1963.

A RESSURREIÇÃO DE JESUS CRISTO.


Vamos assistir ao grande sucesso, que os inimigos de Cristo receavam tanto, e que os discípulos, na amargura da sua dor, nem quase se atreviam a esperar!

Jesus tinha afiançado diante de todos, que ressurgiria ao terceiro dia, vencendo a morte, e rasgando as trevas do sepulcro.

Os guardas romanos, colocados pelos fariseus em volta do jazigo, estavam ali para estorvar que o zelo dos seus adeptos substituísse a fraude à realidade, fingindo um testemunho, que os hipócritas sabiam, que importava a pública reprovação das suas iniquidades.

Mas a verdade é mais poderosa que os ardis dos homens; a precaução dos deicidas endurecidos voltou-se contra eles.

À hora própria, que, segundo se julga, foi pouco depois de romper a alva do terceiro dia, deixando o lençol no fundo do sepulcro, Jesus ressuscitou pela sua própria virtude, não quebrando, nem deslocado a pedra, mas penetrando-a, pela sutileza do seu Corpo glorioso.



Tinha acabado o Sábado, e Maria Madalena, juntamente com Maria, mãe de Tiago, e com Salomé, compraram os perfumes, com que determinavam embalsamar a Cristo. Apenas raiou a aurora do primeiro dia da semana, mal distinto ainda o albor da manhã, encaminharam-se, pois, ao sepulcro, perguntando umas às outras: “Mas quem nos tirará a campa, que o cobre?”

O seu enleio era razoável; a pedra maciça e pesada requeria o esforço de possantes braços para se levantar. Mas o Senhor depressa removeu os obstáculos.

De repente um grande tremor abala a terra: o Anjo de Deus desce do Céu, e derrubando a campa, assenta-se-lhe em cima.

Resplandecia no seu rosto o fulgor do relâmpago, e as roupas, que vestia, eram alvas e cândidas como a neve.



Os soldados romanos, que não se tinham apercebido da Ressurreição de Jesus, sentindo o terremoto ao pé de si, e vendo o Anjo, caíram no chão transpassados de terror, e perderam os sentidos.

Entretanto, que estas coisas passavam, as santas mulheres chegaram ao sepulcro. Admiradas por acharem caída a campa trataram de executar o propósito, que as trazia; porém, entrando ficaram atônitas; o Corpo de Jesus não estava ali!

Saíram, e a Madalena, mais impaciente, separando-se das outras, correu a dizer a Simão Pedro, e a João, o discípulo amado: Não sabeis? Levaram o Senhor do sepulcro, e não consta onde O puseram!

Neste meio tempo Maria, mãe de Tiago, e Salomé, tornando a entrar no sepulcro, e confirmando-se, em que na realidade faltava o Corpo, caíram em grande consternação, que logo se converteu em espanto e temor encontrando subitamente diante dos olhos dois homens cobertos de vestes, cuja alvura era deslumbrante.



Quando, tímidas e confusas, abaixavam a vista, o Anjo assentado à direita, na figura de um mancebo, disse-lhes: “Não receies, sei a quem buscais, é a Jesus Nazareno, que foi crucificado. Porque procurais entre os mortos a quem vive? Não está aqui, ressuscitou como vos disse. Vinde, e vede o lugar aonde puseram o Senhor. Lembrai-vos do que lhe ouvistes quando ainda estava em Galileia! O Filho do Homem será entregue aos pecadores e crucificado, e ressuscitará ao terceiro dia. Ide dizer já aos seus discípulos e a Pedro, que Jesus ressurgiu, e que ei-Lo vai adiante de vós para a Galileia. Lá O vereis, e recordai-vos de que vo-lo anuncio primeiro que suceda!”

Trêmulas, e ainda cheias de susto as duas fugiram: e divididas entre os transportes da sua alegria por tão boa nova, e o assombro das maravilhas, que tinham presenciado, logo foram levar a notícia aos discípulos.

Entretanto, Pedro, ouvindo-a da boca de Madalena, ergueu-se rápido, e com o discípulo amado de Jesus, dirigiu-se, correndo, ao sepulcro; mas o discípulo era mais veloz, e entrou primeiro. Inclinando-se, apenas chegou, viu este logo o lençol e as ligaduras, e tomado de respeito deteve-se, não querendo aproximar-se mais.

O outro Apóstolo, que vinha depois, viu também o mesmo, mas seguindo adiante, achou dobrado à parte o sudário, em que fora envolta a cabeça de Jesus, e só então é que o discípulo querido ousou avizinhar-se do jazigo, e que observando tudo, acreditou; porque não entendiam ainda as Escrituras, que tinham prometido a Ressurreição.

Depois, voltaram para casa. João crente e confirmado: Pedro ainda assombrado pelo que acabara de acontecer.



Maria Madalena, porém, tendo avisado os Apóstolos, tornou ao sepulcro já depois deles se haverem retirado, mas receosa e magoada, ficou de fora chorando. Assim consternada, saltando-lhe as lágrimas dos olhos, lançou casualmente a vista para dentro do túmulo, e descobriu os dois Anjos sentados, um à cabeceira, e o outro aos pés, no lugar em que fora depositado o Corpo de Jesus.

Disseram-lhe eles então: “Porque choras, mulher?” “Porque levaram o meu Senhor, e não sei aonde O puseram”, respondeu.

Voltando-se, viu a Cristo ao pé de si, mas não O reconheceu. “Porque choras?”, perguntou o Mestre. “A quem procuras?”

Supondo-O jardineiro, como o traje inculcava, ela redarguiu: “Senhor, se tu é que O tiraste, dize-me aonde está que eu O levarei!”

A estas palavras, que pintavam a dor e o imenso afeto daquela alma, Jesus replicou, chamando-a pelo seu nome de Maria, e ela, virando-se, respondeu: “Mestre!” Reconheceu o Salvador.

Não Me toques, disse Cristo, porque ainda não subi a meu Pai; mas busca a meus irmãos, e dize-lhes da minha parte, que vou para o meu e vosso Pai, para o meu e vosso Deus”.



Maria obedeceu; e procurando os discípulos, ainda cheios de aflição e abismados em pranto, exclamou: “Vi o Senhor, e eis o que Ele me disse!” Depois, repetiu-lhes as próprias palavras do Mestre.

Assim recompensou Jesus o fervor e a constância de Madalena, manifestando-se-lhe antes de o fazer aos outros discípulos, porque é crença admitida, que a Virgem Santíssima foi a primeira a quem apareceu depois de ressuscitado.

As santas mulheres, que vieram ao sepulcro, não ficaram esquecidas.

Quando iam no caminho para anunciar aos Apóstolos dispersos, o que dissera o Anjo, apresentou-se-lhes Cristo subitamente, exclamando: “Salve!” E tendo-se chegado a Ele, e vendo que era o Mestre, prostraram-se todas, e O adoraram, beijando-lhe as mãos.

Jesus prosseguiu então: “Nada receies. Dizei a meus irmãos, que vão para a Galileia, que lá Me hão de ver!”



Assim o fizeram, contando tudo aos onze Apóstolos, e aos demais discípulos; e as que falaram, foram Maria Madalena, que se lhes juntara depois, Maria, mãe de Tiago, e outras muitas, que iam com elas.


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Fonte: Luiz Augusto Rebello da Silva, Fastos da Igreja – Vida de Jesus Cristo, Volume IV, Livro IV, Parte II, Cap. I, pp. 59-63. Empresa da História de Portugal Sociedade Editora, Livraria Moderna – Typographia, Lisboa, 1907.


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