Dom Fernando Arêas Rifan*
Meio
milhão de franceses marchou no último dia 13, nas ruas de Paris, para protestar
contra um projeto de lei do governo que autoriza o casamento gay e permite que
casais de pessoas do mesmo sexo possam adotar crianças. Além da Igreja
Católica, outras religiões - muçulmanos, protestantes, judeus e cristãos
ortodoxos – são contra a nova legislação (Reuters).
Nesse
mesmo domingo, na Praça de São Pedro, no Vaticano, quatro (4!) integrantes do Femen,
durante a oração do Angelus do Papa Bento XVI, proclamaram “nos gays confiamos”, em alusão ao lema “em
Deus confiamos”, contra a publicação do
L’Osservatore Romano que opina pela não adoção por homossexuais. A respeito da discussão se os
casais homossexuais teriam os mesmos direitos reconhecidos à família, o jornal
de opinião do Vaticano havia salientado neste domingo que as crianças devem ser
criadas por um pai e por uma mãe: “O ser humano é o masculino e o feminino... a
família monogâmica é o local ideal para aprender o significado das relações
humanas e o ambiente para a melhor forma de crescimento... Um direito aos
filhos e à adoção na realidade não existe para ninguém, nem para os
casais heterossexuais. Os filhos não são coisas ou instrumentos de realização,
são pessoas”.
A respeito da
homossexualidade, distinguindo entre atos e pessoas, a posição da Igreja é
muito clara: “Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como
depravações graves, a tradição sempre declarou que ‘os atos de
homossexualidade são intrinsecamente desordenados’. São contrários à lei
natural. Fecham o ato sexual ao dom da vida. Não procedem de uma
complementaridade afetiva e sexual verdadeira. Em caso algum podem ser aprovados”.
Os homossexuais, como pessoas, “devem ser acolhidos com respeito,
compaixão e delicadeza. Evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação.
Essas pessoas são chamadas a realizar a vontade de Deus em sua vida e, se forem
cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem
encontrar por causa de sua condição” (C.I.C. 2357-2358). A Igreja rejeita,
pois, qualquer tipo de homofobia.
Há sérias razões contra um
suposto direito de adoção por casais homossexuais: a criança, essa sim, tem o
direito de adquirir, de maneira adequada, algo muito importante e
irrenunciável: a sua identidade sexual, direito esse que é impedido ou
gravemente ameaçado quando recebe apenas modelos de conduta como o dos
homossexuais. Ademais, o menino e a menina têm necessidade do pai e da mãe para
identificar-se com a pessoa de seu mesmo gênero e para compreender o respeito,
o afeto e a complementaridade que a pessoa do outro gênero deve exprimir.
Ademais, ela tem direito de amadurecer a própria afetividade, observando o
vínculo – afetivo, cognitivo e pessoal – que se estabelece nas relações entre
pai e mãe. Sendo assim, a criança adotada por homossexuais teria uma identidade
atormentada, incompleta, fracionada e parcialmente carente, mutilada, incorreta
e, portanto, insatisfatória (cf. Lexicon – Pontifício Conselho para a
Família, verbete “Matrimônio de homossexuais”).
*Bispo da Administração Apostólica
Pessoal
São João Maria Vianney
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