Ó Advogada Universal do gênero humano, ó Mãe de piedade, ó refúgio dos pecadores, observai a bela ocasião que tendes de contentar o vosso tão amoroso Coração, socorrendo a minha miséria! Sois a Primogênita do Redentor, a primeira Discípula da Sua escola divina, a Companheira fiel de todas as Suas fadigas, a mais viva Cópia de todas as Suas virtudes: Vós, única entre todas as criaturas, fostes a primeira que doastes ao Criador, doando-Lhe Aquele ser amado que não tinha; Vós abundantemente supristes por toda a ingratidão dos filhos de Eva, e no vosso Coração felicíssimo preparastes para o Verbo Divino um Paraíso tão delicioso que do seio do Eterno Pai desceu Ele, para habitar o vosso, e Vos constituiu a primeira personagem depois d'Ele. Mas por isso mesmo, que tão sublime sois, Vos teríeis esquecido da nossa mesquinhez? Ah! O vosso Coração, em tudo semelhante ao do vosso Divino Filho, demasiado aborrece aqueles opulentos, que só para si querem as suas riquezas. Duplamente nos apraz a vossa felicidade, porque dela podeis fazer participantes também a nós miseráveis criaturas; e tanto de nós Vos compadeceis que, se vô-lo permitira o vosso estado, mais vivamente do que nós mesmos, sentiríeis os nossos males. Eis porque, cheio de confiança, perante Vós me apresento; e Vos ofereço o meu coração, não como um tributo digno da vossa grandeza, mas como um deserto de espinhos, estéril, infrutífero, que apenas sabe tirar do bem o mal, retribuir amor com ingratidão, e compensar os benefícios com os pecados. Transformai-o, pois, em um lugar de amenidade, onde possa vir comprazer-se o vosso Divino Filho. Podeis fazê-lo com uma só palavra; mas porque para o fazer necessitas da minha vontade, protesto aborrecer sobre todos os males, as traições que tenho perpetrado ao vosso e ao meu Deus com as minhas iniquidades; pecados que, se assim eu os pudesse destruir de modo que não tivessem existido, preferiria aniquilar-me e nunca ter vindo ao mundo. Por isto, desejo que o vosso Coração cheio de todas as virtudes me sirva de escudo para assimilar os golpes da Divina Justiça; e para tal fim, eu O venero e diante d'Ele me prostro com todos os Bem-aventurados do Céu e com todos os vossos devotos da terra, para com eles plenamente confessar que sois digna de todas as honras, e para com eles me dedicar ao vosso serviço de tal maneira que a todo tempo esteja pronto a dar minha vida pela defesa da vossa dignidade incomparável, da vossa pureza virginal, e de todas as vossas qualidades, pelas quais heis de ser eternamente venerada por todos os eleitos, e espero que também por mim, no Paraíso. Amém.
Fonte: Rev. Pe. João Pedro Pinamonti, S.J., "O Sagrado Coração de Maria Virgem - proposto à devoção dos fiéis", Consideração VII, pp. 170-172. Duprat & Comp., S. Paulo/SP, 1904.
Nenhum comentário:
Postar um comentário