Dom Fernando Arêas Rifan*
Beatíssimo Padre, junto com a
compreensão pelo seu ato, venho expressar-lhe, com toda a sinceridade, minha
imensa gratidão. Um dia, o mundo inteiro também lhe será grato e reconhecerá o
seu valor!
Obrigado, Santo Padre, por todo o seu
Pontificado, tão rico em doutrinas que solidificaram a nossa fé e aumentaram a
confiança devida ao Magistério da Igreja. Obrigado pelas três magníficas
encíclicas sobre a Caridade, a Esperança e a Doutrina Social da Igreja, e pela
proclamação do Ano da Fé. Obrigado, Santo Padre, por nos esclarecer sobre a
correta hermenêutica com a qual devemos receber o Concílio Vaticano II, de cuja
abertura comemoramos os 50 anos, não em ruptura com o passado da Igreja, mas em
plena consonância com sua Tradição. Obrigado, Santo Padre, pelas Exortações
Apostólicas, especialmente a “Verbum
Domini”, sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja, e a “Sacramentum Caritatis”, sobre a
Eucaristia, fonte e ápice da vida e da missão da Igreja.
Obrigado, Santo Padre, pelo incentivo
dado à Liturgia corretamente celebrada, com o seu exemplo na arte de celebrar
piedosamente, com todo o respeito devido ao Santo Sacrifício da Missa, incrementando
desse modo a verdadeira e desejada reforma litúrgica. Obrigado, Santo Padre,
pelas suas Cartas Apostólicas, especialmente, o motu proprio “Summorum
Pontificum”, pelo qual Vossa Santidade, desejando que haja a “paz litúrgica
na Igreja”, liberou como legítimo para o mundo inteiro o uso da forma antiga da
liturgia romana, e o motu proprio “Lingua
Latina”, com o qual V. S. instituiu a Pontifícia Academia de Latinidade,
para incrementar o estudo do latim, língua oficial da Igreja. Obrigado, Santo
Padre, pela Constituição Apostólica “Anglicanorum
coetibus”, criando mecanismos canônicos para receber os Anglicanos na plena
comunhão da Igreja, exemplo concreto do mais sadio ecumenismo.
Obrigado, Santo Padre, pelo grande
exemplo de humildade que nos deu com a sua renúncia. Vossa Santidade começou o
seu pontificado com uma declaração de humildade e confiança em Deus: “Depois do grande Papa João Paulo II, os Senhores Cardeais
elegeram-me, simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor. Consola-me saber
que o Senhor sabe trabalhar e agir também com instrumentos insuficientes. E,
sobretudo, recomendo-me às vossas orações. Na alegria do Senhor Ressuscitado,
confiantes na sua ajuda permanente, vamos em frente. O Senhor ajudar-nos-á.
Maria, sua Mãe Santíssima, está conosco. Obrigado!” E o termina com a renúncia,
ato heroico de humildade, desapego e confiança. Humildade ao reconhecer a
própria fraqueza - “eu tenho de reconhecer minha incapacidade de
adequadamente cumprir o ministério a mim confiado” – e ao pedir perdão – “peço
perdão por todos os meus defeitos”. Desapego do cargo e da elevada posição, não
se achando necessário, mas apenas humilde servidor. E tranquila confiança,
baseada na Fé, pela certeza de que quem governa a barca de Pedro é o próprio
Senhor, que proverá sempre a sua Igreja: “as portas do inferno não prevalecerão
contra ela”. Santo Padre, reze por nós e conte sempre com nossas orações.
*Bispo da Administração Apostólica Pessoal
São João Maria
Vianney
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