Uma Fotografia Reveladora
Um fotógrafo que fez a cobertura de uma intervenção cirúrgica
para espinha bífida, realizada dentro do útero materno num feto de
apenas 21 semanas de gestação, numa autêntica proeza médica,
nunca imaginou que a sua máquina fotográfica iria registar talvez o
grito a favor da vida mais eloquente conhecido até hoje.
Enquanto
Paul Harris cobria, na Universidade de Vanderbilt em Nashville,
Tennessee, aquilo que considerou uma das boas notícias no
desenvolvimento deste tipo de cirurgias, captou o momento em que o
bebé tirou sua mão pequena do interior do útero da mãe, tentando
segurar um dos dedos do doutor que estava a operá-lo.
A
espetacular fotografia foi publicada por vários jornais nos Estados
Unidos, e cruzou o mundo até chegar à Irlanda, onde se tornou uma
das mais fortes bandeiras contra a legalização do aborto. A mão
pequena que comoveu o mundo pertence a Samuel Alexander, nascido a 28
de dezembro 1999 (no dia da foto ele tinha 3 meses de gestação).
Quando pensamos bem nisto, a foto é ainda mais eloquente. A vida do
bebé está literalmente por um fio; os especialistas sabiam que não
conseguiriam mantê-lo vivo fora do útero materno e que
deveriam tratá-lo lá dentro, corrigir a anomalia fatal e
fechá-lo para que o bebé continuasse seu crescimento normalmente.
Por
tudo isto, a imagem foi considerada como uma das fotografias médicas
mais importantes dos últimos tempos e uma recordação de uma das
operações mais extraordinárias efetuadas no mundo.
A
história por trás da imagem é ainda mais impressionante, pois
reflete a luta e a experiência passadas por um casal que
decidiu esgotar todas as possibilidades, até o último recurso, para
salvar a vida do seu primeiro filho.
Essa
é a odisseia de Julie e Alex Arms, que moram na Geórgia, Estados
Unidos. Eles lutaram durante muito tempo
para ter um bebé. Julie, enfermeira de 27 anos de idade, sofreu dois
abortos antes de ficar grávida do pequeno
Samuel. Porém, quando, completou 14 semanas de gestação, começou
a sofrer
câimbras fortes, e um teste de ultra-som mostrou as razões. Quando
foi revelada a forma do cérebro e a posição do bebé no
útero, o teste comprovou problemas sérios.
O
cérebro de Samuel estava mal-formado e a espinha dorsal também
mostrou anomalias. O
diagnóstico, como já era esperado, foi de que o bebé sofria de
espinha bífida e eles poderiam decidir entre um aborto ou um filho
com sérias incapacidades.
De
acordo com Alex, 28 anos, engenheiro aeronáutico, eles sentiram-se
destruídos pelas notícias, mas o aborto nunca seria uma opção. Em
vez de se deixar ir abaixo, o casal decidiu procurar uma solução
pelos seus próprios meios e foi então que ambos começaram a
procurar ajuda através da Internet. A mãe de Julie encontrou uma
página que trazia detalhes de uma cirurgia fetal experimental
desenvolvido por uma equipe da Universidade de Vanderbilt. Deste
modo, entraram em contacto com o Dr. Joseph Bruner (cujo dedo Samuel
segura na foto) e começou uma corrida contra o tempo.
Uma
espinha dorsal bífida pode levar a danos cerebrais, gerar paralisias
diversas e até mesmo uma incapacidade total. Porém, quando pode ser
corrigido antes de o bebê nascer, muitas são as chances de cura.
Apesar do grande risco por o bebê não poder nascer ainda naquele
momento, os Arms decidiram recomendá-lo a Deus.
A operação foi um sucesso. Nela, os médicos puderam tratar o bebé,
cujo tamanho não era maior do que o de um porquinho da índia –
sem o tirar do útero, fechar a abertura originada pela
deformação e proteger a coluna vertebral de modo a que os sinais
vitais nervosos pudessem ir agora para o cérebro.
Samuel
tornou-se o paciente mais jovem que foi submetido a esse tipo de
intervenção e, embora ainda não tenha sentido a pele da mãe e
ainda não conheça o mundo que há fora do útero, é perfeitamente
possível que Samuel Alexander Arms aperte novamente a mão do médico
Bruner.
Aborto:
Que Diz a Ciência?
No século XIX descobriu-se que a partir da concepção
tínhamos um novo ser humano e que, por isso, o aborto
consistia em matar deliberadamente um ser humano inocente. Interessa,
pois, saber se desde então foi feita alguma descoberta científica
que anulasse ou questionasse as descobertas desse século.
Os livros
a seguir citados são usados em cerca de 80% das Faculdades de
Medicina dos Estados Unidos da América e em muitos outros países do
mundo. Os sublinhados foram acrescentados ao texto.
“Zigoto.
Esta célula resulta da fertilização de um oócito por um
espermatozoide e é o início de um ser
humano… Cada um de nós
iniciou a sua vida
como uma célula chamada zigoto.” (K. L Moore. The Developing
Human: Clinically Oriented Embryology (2nd Ed., 1977), Philadelphia:
W. B. Saunders Publishers)”Da união de duas dessas células
[espermatozoide e oócito] resulta o zigoto e inicia-se
a vida de um novo indivíduo. Cada um
dos animais superiores começou a sua vida como uma única célula.”
(Bradley M. Palten, M. D., Foundations of Embryology (3rd Edition,
1968), New York City: McGraw-Hill.)”A formação, maturação e
encontro de uma célula sexual feminina com uma masculina, são tudo
preliminares da sua união numa única célula chamada zigoto e que
definitivamente marca o início de um
novo indivíduo “. (Leslie Arey,
Developmental Anatomy (7th Edition, 1974). Philadelphia: W. B.
Saunders Publishers)”O zigoto é a célula inicial de um novo
indivíduo.” (Salvadore E. Luria, M. D., 36 Lectures in Biology.
Cambridge: Massachusetts Institule of Technology (MIT) Press)
“Sempre
que um espermatozoide e um oócito se unem, cria-se um novo ser que
está vivo e assim continuará a menos que alguma condição
específica o faça morrer:” (E. L. Potter, M. D., and J. M.
Craig, M. D Palhology of lhe Fetus and lhe lnfant, 3rd Edition.
Chicago: Year Book MedicaI Publishers, 1975.)
“O
zigoto (…) representa o início de uma
nova vida.” (Greenhill and
Freidman’s, Biological Principies and Modem Practice of
Obstetrics)
Como
já se disse o valor científico destas afirmações é
inquestionável, pois constam dos livros adotados pela maioria das
Faculdades de Medicina dos EUA.
Em
1971 o Supremo Tribunal de Justiça
dos EUA pediu a mais de duzentos cientistas, entre os mais
prestigiados especialistas americanos, que elaborassem um relatório
sobre o desenvolvimento embrionário. Esse documento diz o seguinte:
“Desde
a concepção a criança (1) é um organismo complexo, dinâmico e
em rápido crescimento. Na sequência de um processo natural e
contínuo o zigoto irá, em aproximadamente nove meses,
desenvolver-se até aos triliões de células do bebé
recém-nascido. O fim natural do espermatozoide e do óvulo é a
morte,
a menos que a fertilização ocorra. No momento da fertilização um
novo e único ser é criado, o qual, embora recebendo metade dos
seus cromossomas de cada um dos progenitores, é completamente
diferente deles”. (Amicus Curiae, 1971 Motion and Brief Amicus
Curiae of Certain Physicians, Professors and Fellows of the American
College of Obstetrics and Gyneco1ogy, Supreme Court of the United
States, October Term, 1971, No. 70-18, Roe v. Wade, and No. 70-40,
Doe v. Bolton.)
Em
1981 o Senado dos EUA estudou a chamada Human Life Bill. Para o
efeito ouviu durante oito dias os maiores especialistas do mundo na
questão (americanos e não só). Ao todo foram feitos cinquenta e
sete depoimentos. No final, o relatório oficial dizia o seguinte:
“Médicos,
biólogos e outros cientistas concordam em que a concepção marca o
início da vida de um ser humano – um ser que está vivo e que é
membro da nossa espécie. Há uma esmagadora concordância sobre
este ponto num sem-número de publicações de ciência médica e
biológica.” (Report. Subcommittee on Separation ofPowers to
Senate Judiciary Committee 5-158. 97th Congress. 1st Session 1981.
p. 7.) Sublinhados nossos.
Conclusão
1.
A partir do momento da concepção, do ponto de vista biológico,
temos um ser vivo. A expressão “ser vivo”, aparece nesta frase
com o mesmo valor e significado com que aparece na frase “A Rainha
de Inglaterra, do ponto de vista biológico, é um ser vivo”.
2.
Este ser vivo está individualizado.
3.
Este ser vivo pertence a uma espécie definida: a espécie à qual
pertencem todos os seres humanos. Portanto:
4.
A partir do momento da concepção, do ponto de vista biológico,
temos um ser vivo, individualizado e humano. Estas palavras têm
todas exatamente o mesmo valor e significado com que aparecem na
afirmação “A Rainha de Inglaterra, do ponto de vista biológico,
é um ser vivo, individualizado e humano”.
Está
completamente fora de dúvidas que o aborto mata um ser humano. Aos
defensores do aborto resta explicar como se pode defender a morte
arbitrária de seres humanos inocentes.
(1)
No original: “From conception the child (…)”. Muitas pessoas
pretendem que o aborto não mata um bebé: o que mata é um feto. É
curioso notar que duzentos especialistas americanos elaboraram um
texto onde começam por se referir à “criança” e não ao feto
ou ao zigoto. Também no livro de Baruch Brody, Abortion and the
Sanatity of Human Life, MIT Press, 1975, ele afirma que enquanto não
conseguir distinguir feto de criança rejeitará a palavra feticídio
usando indistintamente a palavra homicídio.
(João
Araújo, Aborto Sim ou Não?)
Um
Código Genético Único e Inalterável
Embora
o zigoto provenha da fusão dos gâmetas, existe uma diferença
essencial entre eles. O espermatozoide e o óvulo contribuem cada um
com 23 cromossomas para a constituição do zigoto. O zigoto, porém,
não é biologicamente o resultado de uma simples soma do
espermatozoide e do óvulo, mas um ser estritamente diferente e
original desde o primeiro instante.
O
espermatozoide, com efeito, contém em parte o código genético do
pai, o mesmo código que as restantes células do corpo paterno
possuem. Neste sentido, é uma célula do pai ou uma parte do seu
corpo. Além disso, é uma célula adulta, isto é, alcançou o
máximo desenvolvimento requerido para a função que lhe é própria:
a fecundação. De sorte que, caso não fecunde um óvulo, não lhe
resta outra fase senão a morte.
Por sua vez, o óvulo contém em parte o código genético da mãe e
é outra célula adulta que também morre se não for fecundada.
Quando,
no entanto, os dois gâmetas se unem e surge o zigoto, este contém
em si um código genético perfeitamente original e diferente do
código do espermatozoide e daquele do óvulo. O zigoto não é uma
célula do pai nem uma célula da mãe. Possuí uma mensagem genética
própria e irrepetível. Nunca existiu nem existirá na história um
ser idêntico a ele. Este código inédito permanecerá já
invariável e, de acordo com os condicionamentos impostos pelo meio,
desenvolver-se-á autonomamente até à velhice
e à morte, sem que nada lhe seja acrescentado de essencial, salvo a
nutrição, o oxigênio e o tempo.
O
zigoto não é, pois, uma parte do pai ou da mãe, e, longe de ser
uma célula adulta, é exatamente o contrário: é um embrião que
contém em si próprio todo um futuro desenvolvimento vital. As
mesmas semelhanças e as mesmas diferenças essenciais que existem
entre os pais e os filhos
existem entre os gâmetas e o zigoto. Ninguém que esteja em seu são
juízo suspeita de que, apesar da relação de paternidade ou de
maternidade, e das semelhanças físicas e temperamentais, o filho
não seja um ser distinto e autônomo, mas uma parte do pai ou da
mãe. A moderna biologia nada mais faz do que confirmar esta
experiência elementar.
Fonte:
ABORTO E SOCIEDADE PERMISSIVA, de Pedro-Juan Viladrich, Quadrante,
Sociedade de Publicações Culturais.
Bases
Biológicas do Início da Vida Humana
Entrevista
com a doutora Anna Giuli, bióloga molecular.
Por
que se fala tanto da “questão” da vida humana pré-natal?
A
vida humana pré-natal continua a ser um tema crucial para nossa
sociedade, chamada a confrontar-se com os desafios de levar a cabo
precoces intervenções terapêuticas e diagnósticos sobre o embrião
e sobre o feto. A produção de embriões “in vitro” para a
superação da esterilidade ou de riscos genéticos, a utilização
de embriões para obter células estaminais para seu emprego no
âmbito da medicina regenerativa, a pesquisa com embriões com fins
de investigação ou sua clonagem, são alguns dos mais discutidos
filões biomédicos, que têm como protagonista o individuo humano
nas fases precoces de seu desenvolvimento. Quem é o embrião humano?
É um sujeito, um objecto, um simples amontoado de células? Que
valor tem a vida humana precoce? É lícito manipulá-la ao menos nos
primeiros estágios de seu desenvolvimento? Que grau de tutela
outorgar-lhe? Estes são os interrogantes que vão no centro do atual
debate sobre o início da vida humana; poder proporcionar uma
resposta amplamente compartilhada é fundamental pelas relevantes
implicações não só no campo de saúde, mas para toda a sociedade
e para o próprio futuro do homem.
Estas
questões não só interpelam o biólogo, o especialista em bioética
ou o legislador, mas cada um de nós, simples cidadãos, chamados a
expressar-nos em matérias delicadas e complexas, como sucedeu no ano
passado com o tema da fecundação artificial (na Itália. NR) ou
como está ocorrendo nestes meses, com a pesquisa sobre a pílula
abortiva RU486. O amplo debate, frequentemente com tons confusos,
suscitado por estes temas, revelou a necessidade de uma informação
cada vez mais clara e objectiva para enfrentar com conhecimento e
consciência crítica os novos desafios éticos e sociais do
progresso biotecnológico.
É,
por isso, importante esclarecer antes de tudo a natureza biológica
do ser humano e das suas origens, graças à contribuição dos
numerosos estudos embriológicos, genéticos e biomoleculares que nos
últimos anos permitiram descobrir os mecanismos mais íntimos do
desenvolvimento inicial do individuo humano.
O
que se entende por início da vida humana “individual”?
Algumas
correntes de pensamento afirmam que a existência de um indivíduo
humano “verdadeiro” ao qual pode-se dar “nome e apelido”
começa num momento sucessivo em relação à concepção, e que até
esse momento aquela “vida humana” não pode ter a dignidade, ou
ainda o valor (e portanto a tutela) de qualquer outra pessoa.
Na
biologia cada “indivíduo” identifica-se no organismo cuja
existência coincide com seu “ciclo vital”, isto é, “a
extensão no espaço e no tempo da vida de uma individualidade
biológica”. A origem de um organismo biológico coincide,
portanto, com o início de seu ciclo vital: é o início de um ciclo
vital independente o que define o início de uma nova existência
biológica individual que se desenvolverá no tempo atravessando
várias etapas até chegar à maturidade e depois à conclusão de
seu arco vital com a morte.
Sobre
a base dos dados científicos disponíveis atualmente, é portanto
importante analisar a possibilidade de identificar o evento “crítico”
que marca o início de um novo ciclo vital humano.
Quando
começa a vida?
-
Dr.ª. Giuli: Um novo indivíduo biológico humano, original em
relação a todos os exemplares de sua espécie, inicia o seu ciclo
vital no momento da penetração do espermatozoide no ovócito. A
fusão dos gâmetas masculino e feminino (chamada também “singamia”)
marca o primeiro “passo generacional”, isto é, a transição
entre os gâmetas – que podem considerar-se “uma ponte” entre
as gerações – e o organismo humano não-formado. A fusão dos
gâmetas representa um evento “crítico” de “descontinuidade”
porque marca a constituição de uma nova individualidade biológica,
qualitativamente diferente dos gâmetas que a geraram.
Em
particular, a entrada do espermatozoide no ovócito provoca uma série
de acontecimentos, estimáveis do ponto de vista bioquímico,
molecular e morfológico, que induzem a “ativação” de uma nova
célula – o embrião unicelular – e estimulam a primeira cascata
de sinais do desenvolvimento embrionário; entre as muitas atividades
desta nova célula, as mais importantes são a organização e a
ativação do novo genoma, que ocorre graças à atividade coordenada
dos elementos moleculares de origem materna e paterna (fase
pronuclear).
O
novo genoma está, portanto, já ativo no estágio pronuclear
assumindo de imediato o controle do desenvolvimento embrionário; já
no estágio de uma só célula (zigoto) se começa a estabelecer como
sucederá o desenvolvimento sucessivo do embrião, e a primeira
divisão do zigoto influi no destino de cada uma das duas células
que se formarão; uma célula dará origem à região da massa
celular interna ou embrioblasto (de onde derivarão os tecidos do
embrião) e a outra ao trofoblasto (de onde derivarão os tecidos
envolvidos na nutrição do embrião e do feto). A primeira divisão
do zigoto influi, portanto, no destino de cada célula e, em
definitivo, de todos os tecidos do corpo. Estas evidências declaram
que não é possível dar espaço à ideia de que os embriões
precoces sejam um “monte indiferenciado de células”.
Alguns
fenômenos, como a possibilidade de formar os gémeos monozigóticos
durante as primeiras fases do desenvolvimento embrionário, não
anulam a evidência biológica da “individualidade” estabelecida
na fusão dos gâmetas; em todo o caso trazem à luz a capacidade de
compensação de eventuais danos ou erros
no programa de evolução embrionária. O embrião humano precoce é
um sistema harmônico no qual todas as partes potencialmente
independentes funcionam juntas para formar um único organismo.
Em
conclusão, dos dados da biologia até hoje disponíveis evidencia-se
que o zigoto ou embrião unicelular se constitui como uma nova
individualidade biológica já na fusão dos dois gâmetas, momento
de ruptura entre a existência dos gâmetas e a formação do novo
individuo humano. Desde a formação do zigoto se assiste a um
constante e gradual desenvolvimento do novo organismo humano que
evoluirá no espaço e no tempo seguindo uma orientação precisa sob
o controle do novo genoma já ativo no estágio pronuclear (fase
precoce do embrião unicelular).
O
progresso biotecnológico influiu tanto no nosso modo de pensar e nos
nossos estilos de vida que frequentemente se ouve falar de “terceira
cultura”. De que se trata?
Alguns
sociólogos definiram a cultura contemporânea como a “terceira
cultura”, na qual tem predomínio a tecnologia. Entre os princípios
desta nova cultura fundamental está a ideia de que não há nada
fora do universo tangível, que o homem é um organismo não
qualitativamente diferente de qualquer outro animal – e, portanto,
reduzido só à sua realidade corpórea.
No
campo científico afirma-se que a ciência e a tecnologia são
nossas: já que a essência da ciência é a objectividade, todo
obstáculo ao progresso científico é como uma limitação a tal
objectividade; como consequência não devem pôr-se restrições à
atividade científica e ao progresso tecnológico. Fala-se de
“ciência do possível”, que considera justo
e bom tudo o que é tecnicamente possível e que não aceita
mensagens de orientação ou de estímulo por parte de sistemas de
pensamento de ordem antropológica ou ética.
Se
o homem e toda a realidade biológica são fruto de uma evolução
cega, não existem critérios segundo os quais conformar a atuação,
e toda a realidade natural é só matéria à disposição do homem.
Consequentemente, tudo o que é possível se converte em lícito e
todo o limite é um obstáculo que há que se superar. Daí resulta
um grande impulso a não orientar-se por princípios éticos, em
outras palavras, pelo sentido de responsabilidade. Uma atitude que
pode ser muito perigosa.
Ao
crescimento das possibilidades de auto-manipulação do homem, deverá
corresponder um igual desenvolvimento de nossa “força moral”
para nos permitir proteger e tutelar a liberdade
e dignidade própria e alheia.
Por
que se diz que o embrião humano tem dignidade própria?
-
Dr.ª. Giuli: Na nossa cultura está a mudar o sentir comum em
respeito ao ser humano, sobretudo nos momentos mais emblemáticos e
vulneráveis de sua existência, induzindo uma tendência para um
gradual “desalojamento” do valor da vida que cada vez vai
arraigando mais no tecido social e legislativo da cultura ocidental,
historicamente berço dos direitos humanos.
Segundo
esta tradição cultural, como se afirma – entre outros lugares –
no Preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos do Homem de
1948, o ser humano é o valor do qual se originam e para o qual se
dirigem todos os direitos fundamentais; qualquer outro critério de
ordem cultural, política, geográfica ou ideológica resultaria
redutivo e arbitrário. A pertença à espécie humana é o elemento
suficiente para atribuir a cada um a sua dignidade.
A
tradição cultural dos direitos humanos teve, também, uma profunda
incidência na reflexão biomédica contribuindo à afirmação mais
vigorosa dos direitos do homem também na medicina, através da
elaboração dos códigos de deontologia médico-profissionais e do
desenvolvimento dos direitos do doente para lhe assegurar a autonomia
e evitar abusos indevidos. É, no entanto, oportuno não desconhecer
esta tradição e valorizar suas lógicas consequentes em relação
ao tema do início da vida humana no âmbito biomédico.
O
embrião humano precoce é um indivíduo em ato com a identidade
própria da espécie humana à qual pertence, e consequentemente
devem ser reconhecidos seus direitos de “sujeito humano” e a sua
vida deve ser plenamente respeitada e protegida.
(Por:
Doutora Anna Giuli, Bióloga molecular e professora de Bioética na
Faculdade de Medicina da Universidade Católica do Sagrado Coração
(Roma). A doutora Anna Giuli publicou um livro com o título “Início
da vida humana individual. Bases biológicas e implicações
bioéticas” (“Inizio della vita umana inviduale. Basi biologiche
e implicazioni bioetiche”, Edizioni ARACNE). Estas palavras foram
retiradas de uma entrevista que concedeu a Zenit).
Crianças,
enfim
Não
consigo deixar de me impressionar com a morte
de uma criança, principalmente quando é provocada por um adulto.
E
não consigo também, pela formação científica (biológica e
médica) que tenho, deixar de olhar para o momento da fecundação de
um óvulo por um espermatozoide como um momento ímpar, o do
nascimento de uma criança.
Sei
que quer o óvulo quer o espermatozoide são células maduras,
condenadas à morte. E que no momento em que se unem há uma explosão
biológica. Os vinte e três cromossomas de cada um deles unem-se e
forma-se um novo núcleo, com quarenta e seis cromossomas, com um
genoma completamente novo e que nunca se repetirá. Um genoma de um
ser humano.
Sei
que aquela célula – o zigoto, se começa a dividir ativamente, em
duas, quatro, oito, dezasseis… e rapidamente aquela “massa” de
células ” (uma criança) começa a produzir hormonas que vão
interferir com o organismo da mãe. Fazem proliferar a camada interna
do útero, preparando tudo para a sua nidação. E, uma vez um pouco
diferenciadas em blastócito nidam no útero materno, começando a
alimentar-se dele.
Sei
que esse aglomerando de células se começa a diferenciar
rapidamente, e que os órgãos vitais de um organismo humano vão
surgindo a uma velocidade surpreendente, de tal modo que num embrião
(uma criança) de dez semanas estão praticamente todos os órgãos
formados, apesar de esse embrião medir uns escassos centímetros.
E
que depois
tudo se processará numa fase predominantemente de crescimento até
que o feto (a criança) atinja as trinta e cinco semanas e nasça uma
criança.
Não
consigo deixar de olhar para um embrião de poucos dias e ver nele
uma pessoa humana. E não é por Fé, por crença religiosa. Não
preciso de fé para ver uma criança num embrião. Está lá, a
evidência científica diz-mo. Tem de estar lá porque lá está tudo
o que constitui uma pessoa humana.
A
minha mente de médico recusa fechar os olhos à evidência. E, por
isso, e porque para os médicos a vida
humana é sagrada, recuso-me a aceitar o aborto provocado, porque
para um médico a morte nunca é solução. Tem de haver outra saída.
Há sempre outra saída. É preciso imaginação para a descobrir,
coragem
e inteligência para a pôr em prática. Mas a morte, nunca! O aborto
provocado, nunca!
Vítor
Costa lima, médico.
Que
é o Feto Humano?
a)
Que é um feto? Que realidade é? É um objecto ou um sujeito? É uma
coisa ou é alguém? É portador de direitos? É propriedade de
alguém? Quem decide o seu futuro?
b)
O feto não pode ser uma coisa porque a sua natureza material e
biológica o coloca entre os seres pertencentes à espécie humana.
Ora, se não é uma coisa, no plano jurídico, o feto só pode ser um
sujeito. (cf. Conselho Nacional de Bioética de Itália e C. Casini).
c)
As teorias funcionalistas afirmam que o valor da vida
humana em geral, e em especial o da vida humana pré-natal, depende
da capacidade das suas funções. Deste modo, a vida pré-natal não
teria valor por não poder realizar nenhuma função social.
O funcionalismo é legítimo quando se tem de distinguir entre
diferentes modalidades de ação, mas não se pode aplicar a questões
que dizem respeito ao ser e não ao agir. Por isso tem de ser
refutado.
Ora
é impossível negar que o feto seja um de nós:
1.
Porque cada um de nós necessariamente foi um feto;
2.
porque do ponto de vista genético não há nenhum salto ou ruptura
entre o que éramos imediatamente a seguir à concepção, quando já
estava totalmente determinado o nosso genoma, e aquilo que agora
somos geneticamente em absoluta continuidade de desenvolvimento com
aquela realidade única e irrepetível que é cada indivíduo
geneticamente determinado. Reduzir o feto à categoria de coisa é
pura e simplesmente negar a verdade
da realidade. O feto é um de nós e merece portanto o mesmo respeito
que merece qualquer sujeito humano. (cf. Francesco D’Agostino)
d)
Acresce que a tese para a qual a pessoa é um conjunto de funções
atualmente em exercício não pode ser aceite porque introduz,
sub-repticiamente, a legitimidade de um discriminação entre os
seres humanos na base da possessão de certas capacidades ou funções.
Ora a simples possessão da natureza humana implica para todo o
indivíduo humano o facto de ser pessoa. A pessoa é definida pela
natureza ontológica, pelo que um indivíduo concreto pode ser de
natureza racional mesmo quando não manifesta todas as
características da racionalidade. (cf. Conselho Nacional de Bioética
de Itália).
3.
Consequências para o Direito:
Hoje
o princípio da não discriminação deve ser reconhecido no âmbito
das diversas idades e condições de uma mesma existência humana,
particularmente no que diz respeito à fase da vida ainda não
nascida. Trata-se de reconhecer, também no âmbito jurídico, que
feto, recém-nascido, adolescente,
jovem, adulto, idoso são nomes diversos que indicam um sujeito
idêntico, o mesmo ser pessoal.
É
preciso, então, afirmar em linguagem jurídica que todos os homens
são sempre iguais no seu misterioso valor e que não pode haver
nenhum ser pertencente à espécie biológica humana que não seja
por isso mesmo um homem e portanto um sujeito, uma entidade subtraída
ao reino das coisas. (cf. C. Casini)
(Nuno
Serras Pereira)
Manipular
Palavras para Manipular Vidas
Indefinição
semântica pretende ocultar a realidade biológica.
O
ato de manipular, e sobretudo o destruir, um embrião humano antes da
implantação no útero – até ao 14º dia aproximadamente – tem
uma carga ética altamente negativa, pois na realidade não é outra
coisa senão o manipular ou destruir uma vida
humana nas suas primeiras etapas. Por isso, os que utilizam as
técnicas de reprodução assistida ou a clonagem estão a fazer um
grande esforço
para retirar ao embrião, nesses primeiros dias da sua vida, todo o
valor ontológico que tem uma vida humana, para assim atuar sobre ele
sem nenhuma responsabilidade ética.
E
nessa tarefa uma das principais armas é a indefinição semântica.
O
primeiro grande passo semântico deu-se em 1987, quando a Comissão
Warnock (Inglaterra) aplicou o termo “pré-embrião” para
designar o embrião humano na sua etapa pré-implantatória. Este é
um termo absolutamente convencional, pois, no que se refere à sua
realidade biológica, não existe nenhuma diferença entre um embrião
de 14 dias e outro de 16, dois dias depois
da sua implantação. Recentemente, tendo em conta as recomendações
da Comissão Donaldson ao governo britânico, para que permitisse a
clonagem terapêutica, dá-se mais um passo para disfarçar
semanticamente a natureza do embrião humano. Assim, o terceiro ponto
dessa comunicação afirma: “As pessoas cujos óvulos ou
espermatozoides estejam implicados na criação do embrião destinado
a experimentação deverão dar o seu consentimento por escrito,
autorizando a que se utilizem os hemocitoblastos para investigação”.
Como
se comprova, o embrião ainda não implantado é aqui denominado de
hemocitoblasto, que na realidade não é mais nem menos do que o nome
atribuído a um embrião nas suas etapas iniciais, quando tem
aproximadamente 12 células; mas, sem dúvida, para o grande público
não é o mesmo atuar sobre um embrião humano ou sobre um
hemocitoblasto. Sobre aquele existem graves problemas éticos para
atuar; sobre este não parece que existam barreiras éticas
definidas, pela simples razão de que não se sabe bem o que
significa esse nome e, sobretudo, porque não se relaciona com um ser
humano vivo.
É
este portanto, outra nova tentativa semântica de obscurecer a
natureza biológica do embrião humano. De todas as formas, não é
este o único campo onde, pela indefinição semântica se trata de
ocultar a realidade biológica de um ato médico concreto. Assim, ao
aborto foi-lhe atribuído o
nome de “Interrupção Voluntária da Gravidez”; à pílula
abortiva RU-486, “reguladora da menstruação”, etc. É dizer que
existe uma intencionada tendência de disfarçar aquelas palavras que
em si mesmas promovem o debate ético mediante outras que,
obscurecendo o verdadeiro significado da natureza do ato que se
realiza, mitiguem o juízo ético. Assim, há que estar precavidos,
pois atentar contra um embrião de 12 dias é o mesmo que o fazer
sobre um pré-embrião ou um hemocitoblasto, e em todos os casos não
é outra coisa que atentar contra uma vida humana, e isto todos
sabemos que valoração ética merece.
[Zenit]
Aborto:
O Engano das Palavras
“Abortion is advocated only by persons who have
themselves been born.”(Ronald Reagan)
As
palavras utilizadas no debate em torno da prática do aborto
determinam em grande parte o impacto dos argumentos. Como este é um
assunto delicado e que pode ferir susceptibilidades, grande parte das
vezes são utilizados termos com uma carga menos negativa e, por
isso, mais facilmente aceites. Muitos termos, apesar de errados ou
inadequados, são utilizados constantemente por evitarem o impacto
que um termo mais adequado ou que uma simples descrição podem ter.
Apresentam-se
aqui alguns termos ou palavras utilizadas, o seu significado, alguns
sinônimos e, em alguns casos, algumas alternativas interessantes.
Por vezes é tudo uma questão de semântica…
Interrupção
voluntária da gravidez – Talvez a
forma mais inofensiva de alguém se referir ao aborto induzido. Mas a
utilização das palavras neste caso não é a mais adequada.
Interrupção pode significar, entre outras coisas, uma paragem
temporária, após a qual se retoma ou recomeça o que se estava a
fazer. Esta palavra deveria então ser substituída por uma cujo
significado apenas poderia ser “terminal”. Esta afirmação
frequente esconde ainda a trágica realidade de muitas mulheres que
se submetem a um aborto legal contra a sua própria vontade. Em
muitos países onde o aborto está legalizado, esta prática
corresponde muitas vezes a uma “interrupção involuntária da
gravidez”, onde a violência é o método frequente de coação
para tornar a submissão a um aborto em algo de “voluntário”.
[ver Escolha]
Raspagem
– Muitas vezes o procedimento do aborto é descrito como raspagem
(em alusão a alguns dos procedimentos utilizados). Mas este termo
apenas descreve parte do procedimento. De facto, é realizada uma
raspagem, mas só depois de feto e placenta serem aspirados ou
cortados e despedaçados por um instrumento cortante. [ver Métodos]
Desmancho
– Palavra utilizada sobretudo em meios rurais. Apesar de ser
habitual entre pessoas com um nível de educação escolar
relativamente baixo, é um termo mais próximo da realidade do que a
maioria dos termos utilizados por pessoas com uma formação
superior. Descreve de uma forma correta uma grande parte dos
procedimentos de aborto, nos quais o feto é desmanchado, isto é,
desmembrado para depois ser removido do útero materno.
Clínicas
de aborto – Forma mais inofensiva de
rotular os locais onde os abortos são executados. Se o aborto for
legal, o termo é utilizado frequentemente. Quando o aborto é
ilegal, este termo é geralmente substituído pela designação mais
assustadora de “parteiras”.
Gravidez
obrigatória ou não desejada –
Gravidez de uma mulher que deseja abortar; este termo tem como
objectivo associar a gravidez a algo imposto, quase como se outrem
tivesse obrigado a mulher a engravidar em primeiro lugar, ou então,
como se a gravidez fosse uma cilada do destino.
Argumentar
o direito ao aborto com base numa gravidez não desejada é estar no
fundo a argumentar a favor do direito ao acesso ao aborto em qualquer
estádio da gravidez. Como facilmente se poderá perceber, o
sentimento
de gravidez não desejada pode despertar em qualquer altura da
gravidez e não apenas nas primeiras semanas. Uma vez que ao longo do
período de gravidez as condições podem mudar (estado civil, estado
financeiro, estado mental), então a vontade de levar uma gravidez
até ao fim pode também mudar como consequência. Por esse motivo é
possível em alguns países realizar um aborto induzido até aos 9
meses de gravidez.
Produtos
da gravidez – Feto ou criança.
Eufemismo utilizado para descaracterizar ou desumanizar o embrião,
de modo a desassociar qualquer imagem do mesmo a um ser humano.
Mulher
grávida – Um ótimo substituto para a
palavra “mãe”.
Útero
– No contexto do aborto, é mencionado como sinônimo de “barriga
da mãe” ou “ventre materno”, mas sem a conotação de
segurança e carinho que estes termos possuem.
Direito
das mulheres ao aborto – Uma forma
politicamente correta de dizer “direito das mães ao aborto”.
Frase muito utilizada por ter o poder de mobilizar o público
feminino para a discussão sobre a legalidade do aborto,
transmitindo-lhes a ideia de serem alvo de repressão quando tal
direito lhes é negado.
Discriminação
– No contexto do aborto, diz respeito ao facto de não ser dado à
mulher o direito de poder decidir abortar. Também utilizado em
alusão ao facto da penalização do aborto prejudicar as mulheres
mais desfavorecidas que não têm dinheiro para recorrer a clínicas
no estrangeiro. Conceito não aplicável à discriminação que o
feto é votado, por não lhe ser dado o direito à existência.
Impor
a moralidade – Acusação feita muitas
vezes pelos defensores do aborto àqueles que se opõem à prática.
Frequentemente se comete o erro de associar os oponentes do aborto
com religiosos fanáticos. A palavra “moralidade” é aqui
utilizada com um sentido negativo, como se fosse um defeito ou um
preconceito retrógrado. Mas, tanto quanto se pode determinar, a
moralidade de alguém é sempre imposta. Se o aborto é realizado,
então é a moralidade da mãe a ser imposta ao filho que transporta
dentro de si.
Também
se tem criticado as decisões de governos como tentativas de impor ao
povo a moralidade de determinados membros do poder político. O
exemplo do impedimento da entrada do “barco do aborto” nas águas
territoriais de alguns países tem sido apontado como um exemplo
desta imposição de moralidade. (Claro que neste caso específico é
sempre sonegado o facto do próprio governo Holandês, país de onde
é originário o barco, ter imposto restrições às práticas a
bordo desta embarcação [ler mais - BBC News]).
Os
filhos
têm de ser desejados – Meio inócuo
de dizer que se não forem desejados são abortados, isto é,
eliminados.
Direito
a controlar o seu próprio corpo – Do
modo como é utilizada esta expressão, só pode significar: direito
da mulher a fazer o que quer do seu corpo, a qualquer altura, e ainda
receber aprovação pública por tal feito. Convém realçar que este
direito apenas entra em vigor para as mulheres a partir do momento do
nascimento. O feto, mesmo quando o seu gênero já é evidente
através do aparelho genital formado, ainda não tem este direito,
mesmo sendo “mulher”.
Eu
também já fiz aborto! – Ato de
aprovar uma ação de outrem com base na sua própria conduta
passada. Para a pessoa que utiliza este “argumento”, o aborto
deve ser encarado como uma prática normal porque ela também já o
fez ou aprovou no passado. E se ela o fez, também outras o podem
fazer. Se ela o fez, então é correto fazê-lo. Também pode
expressar uma procura inconsciente de ajuda ou uma tentativa de
diluir o sentimento de culpa.
Aqui
mando eu! – Frase utilizada por
pessoas que não têm a mínima noção das suas funções
biológicas. Demonstra uma disposição, consciente ou inconsciente,
para um estado ilusório de falso controlo. Se ali (entenda-se no
útero ou no próprio corpo) manda ela, porque motivo haveria de ter
uma gravidez indesejada?
Direito
humano básico – Com frequência se
ouve defender o direito ao aborto como um dos mais básicos direitos
humanos. Convém, no entanto, salientar a disparidade entre aquilo
que pode ser considerado um direito constitucional, com poucas ou
nenhumas restrições (como por exemplo o direito à liberdade
de expressão ou acesso a informação), e outros direitos com
importantes restrições que, dada a sua natureza, não conferem o
direito a um acesso universal. Como exemplo deste segundo direito
pode-se avançar o casamento, que é um direito que não está
acessível a todos (por exemplo crianças ou pessoas já casadas).
A
apropriação do argumento do direito humano básico em favor do
aborto é, muitas vezes, uma tentativa de impedir a utilização do
mesmo argumento contra o aborto. Porque o direito à vida é,
certamente, um direito humano básico que é negado ao feto.
Crença
moral pessoal – É frequentemente
assumido que qualquer pessoa que se opõe à prática do aborto
(parcial ou totalmente) é movida de crenças pessoais, religiosas
geralmente, ou por qualquer outro tipo de crenças morais ou
princípios éticos. Este pressuposto, frequentemente aflorado nos
debates, pretende transmitir a ideia que só o preconceito e o
dogmatismo estão na base de uma posição contra o aborto. Em parte
pode ser verdade, mas este argumento deixa de fora todas as pessoas
(em especial as mulheres) que, independentemente das suas crenças,
consideram a prática do aborto grosseira, violenta e desumana.
Feto
– Palavra utilizada frequentemente; termo correto apesar de
abranger todos os mamíferos. “Feto humano”, apesar de ser ainda
mais preciso, não é utilizado uma vez que transmite uma imagem do
feto como um ser humano. Feto é um termo latim que significa
“pequena criança”, “pequenino” ou “descendência”. Por
este motivo, ao dizer-se que o aborto põe fim à existência do
feto, está de facto a dizer-se “pôr termo à existência da
pequena criança.” O termo “bebé em desenvolvimento” é também
cientificamente e profissionalmente correto. A palavra bebé é
utilizada frequentemente por ginecologistas e obstetras quando estes
se referem ao embrião ou feto em desenvolvimento dentro da barriga
da mãe. Assim, se o objectivo é dar à luz, utiliza-se o termo
“bebé”. Se é abortar, então “feto” é mais conveniente.
Este
termo tem ainda uma vantagem para os defensores da prática do
aborto. É inconscientemente associado ao gênero masculino (o feto).
Assim, a mulher que contempla o aborto como opção, encara a negação
desta escolha como uma invasão dos direitos da mulher. O feto é
associado a um homem que de certa forma frustra os planos da mulher
ou a obriga a fazer algo contra a sua própria vontade.
Óvulo
fertilizado – Termo que refere ao
embrião, mas com a vantagem de dar a ideia de não ser muito
diferente de um óvulo expelido durante o período menstrual. E neste
sentido, expelir o feto através de um aborto é comparado ao fluxo
menstrual expelido do corpo.
Vida
potencial – Alusão ao embrião sem,
no entanto, lhe conceder a identidade de uma pessoa. Porque não uma
vida com um vasto potencial? O que na verdade esta afirmação
pretende dizer é “humano potencial”.
Qualidade
de vida – É frequentemente
argumentado que as crianças que nascem têm direito a ter qualidade
de vida. Se tal não é possível, não devem ser trazidas para este
mundo que, como todos sabemos, é cruel. O conceito é interessante,
mas requer juízes que determinem o que é qualidade de vida e a
possam quantificar. Este conceito amorfo levanta mais questões do
que responde. Porque não “igualdade de vida”? E quem garante que
não viver é melhor do que viver fora dos nossos conceitos de
“qualidade de vida”? E que norma de qualidade de vida utilizar?
Vida
com significado – Ao argumento da
qualidade de vida é muitas vezes associado o conceito de uma vida
com significado. Todo o ser humano deve ter direito a uma vida com
significado. Quanto a isso não parece haver qualquer dúvida, mesmo
que o conceito seja de certa forma vago. Mas com significado para
quem? Quem determina se um feto vai ou não ter uma vida com
significado? Infelizmente muitos argumentos utilizados sugerem que a
vida da mulher perde significado se levar a gravidez até ao fim,
mesmo quando não desejada.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
É
uma Hipocrisia Chamar ao Aborto
de
Interrupção Voluntária da Gravidez
O filósofo Julián Marías, discípulo de Ortega y
Gasset, e autor de mais de meia centena de livros, não vacila em
condenar energicamente o aborto, que considera “o máximo desprezo
pela vida
humana em toda a história conhecida”.
“60
milhões de abortos por ano no mundo”,
que
reflexão lhe sugere este dado?
Que
se estendeu, de um modo aterrador, o máximo desprezo pela vida
humana em toda a historia conhecida, e, ao mesmo tempo,
a negação da condição da pessoa.
E
o que é que acha de que lhe chamem “interrupção voluntária da
gravidez “?
Parece-me
uma expressão de refinada hipocrisia. Os partidários da pena de
morte
têm as suas dificuldades resolvidas. Para que falar de tal pena, de
tal morte? A forca ou o garrote podem chamar-se “interrupção da
respiração” (e com um par de minutos basta); já não há
problema. Quando se provoca o aborto ou se enforca alguém, não se
interrompe a gravidez ou a respiração; em ambos os casos mata-se
alguém. E, evidentemente, é mais uma hipocrisia considerar que
existem diferenças segundo a etapa do caminho em que se encontre a
criança que vem, a que distância de semanas ou meses dessa etapa da
vida que se chama nascimento vai ser surpreendido pela morte.
O
sr. Professor não põe o problema a partir da fé ou a partir da
ciência.
Que
ponto de vista falta?
Um
que é elementar, ligado à simples condição humana, acessível a
qualquer pessoa, independentemente de conhecimentos científicos ou
teológicos, que poucos possuem. Esta visão não pode ser outra que
a antropologia, fundada na simples realidade do homem tal como se vê,
se vive, se compreende a si mesmo. Há, pois, que tentar regressar ao
mais elementar, que por o ser não tem pressupostos de nenhuma
ciência ou doutrina, que apela unicamente à evidência e não pede
mais do que uma coisa: abrir os olhos e não voltar as costas à
realidade.
As
feministas dizem que o corpo é seu…
Mas
é falso. Quando se diz que o feto é “parte” do corpo da mãe,
diz-se uma insigne falsidade, porque não é parte: está “alojado”
nela, melhor ainda, implantado nela (nela, e não simplesmente no seu
corpo). Uma mulher dirá “Estou grávida”, nunca dirá “O meu
corpo está grávido”.
Que
é a criança ainda não nascida?
Uma
realidade viva, que chegará, se não a pararmos, se não a matarmos
no seu caminho.
Alguns
afirmam ser lícito o aborto
quando
se pensa que provavelmente o ser que vai nascer seria anormal,
física
ou psiquicamente.
Mas afirmar isso implica que quem é
anormal não deve viver, já que essa condição, em quem é anormal,
não só é provável, mas é certa. E haveria que estender a mesma
norma a quem chega a ser anormal por acidente, doença ou velhice.
Se se tem essa convicção, há que mantê-la com todas as suas
consequências.
Há
quem não se atreva a ferir a criança senão quando ela está
oculta, pensar-se-ia que protegida, no seio materno; o que acrescenta
gravidade ao facto. Numa época em que quando se encontra um
terrorista com uma metralhadora na mão, ainda fumegante, junto ao
cadáver de um homem crivado de balas, se diz que é “um presumível
assassino”, a simples probabilidade de uma anormalidade é
considerada suficiente para decretar a morte de quem está exposto ao
risco de ser mais ou menos anormal.
Fonte:
La Razón, España, 26-11-2003.
Tradução:MM.
A
mulher Objecto e o Menino Tumor
A
espinhosa questão do aborto voluntário pode colocar-se de maneiras
muito diversas. Entre os que consideram a inconveniência ou
ilicitude do aborto, o problema mais frequente é o religioso. Mas
costuma-se responder que não se pode impor uma moral “particular”.
Há
outra posição que pretende ter validade universal, que é a
científica. As razões biológicas, concretamente genéticas,
consideram-se demonstráveis, concludentes para qualquer pessoa. Mas
as suas provas não são acessíveis à imensa maioria dos homens e
mulheres, que as admitem “por fé”; entende-se: por fé na
ciência. Creio que faz falta uma abordagem elementar, acessível a
qualquer pessoa, independentemente de conhecimentos científicos ou
teológicos, que poucos possuem, de uma questão tão importante, que
afeta milhões de pessoas e a possibilidade de vida de milhões de
crianças,
que nascerão ou deixarão de nascer.
Esta
visão há de fundamentar-se na distinção entre “coisa” e
“pessoa”, tal como aparece no uso da língua. Todas as pessoas
distinguem, sem a menor possibilidade de confusão, entre “quê”
e “quem”, “algo” e “alguém”, “nada” e “ninguém”.
Se se ouvir um grande ruído estranho, alarmar-me-ei e perguntarei:
“que se passa? ou “o que é isso? Mas se ouço uma pedinte à
porta, nunca perguntarei “que é?”, mas “quem é?”.
Perguntar-se-á
que tem isto a ver com o aborto. O que aqui me interessa é ver em
que consiste, qual é a sua realidade. O nascimento de uma criança é
uma radical “inovação de realidade”: a aparição de uma
realidade “nova”. Dir-se-á que deriva ou vem de seus pais. Sim,
de seus pais, dos seus avós e de todos os seus antepassados; e
também do oxigênio, do nitrogênio, do hidrogênio, do carbono, do
cálcio, do fósforo e de todos os demais elementos que intervêm na
composição do seu organismo. O corpo, o psíquico, até o carácter,
vêm daí e não é rigorosamente novo.
Diremos
que “o que” o filho é deriva de tudo isso que enumerei, é
“redutível” a isso. É uma coisa, certamente animada e não
inerte, em muitos sentidos “única”, mas ao fim e ao cabo uma
coisa. A sua destruição é irreparável, como quando se parte uma
peça que é exemplar único. Mas ainda não é isso o importante.
“O
que” é o filho pode reduzir-se a seus pais e ao mundo; mas “o
filho” não é “o que”, é. É “alguém”. Não um “quê”,
mas um “quem”, a quem se diz “tu”, que responderá “eu”.
E é “irredutível a tudo e a todos”, desde os elementos químicos
até aos seus pais, e ao próprio Deus,
se pensamos nele. Ao dizer “eu” enfrenta-se com todo o universo.
É um “terceiro” absolutamente novo, que se acrescenta ao pai e à
mãe.
Quando
se diz que o feto é “parte” do corpo da mãe, diz-se uma insigne
falsidade, porque não é parte: está “alojado” nela, implantado
nela (nela e não meramente no seu corpo). Uma mulher dirá: “estou
grávida” e nunca “o meu corpo está grávido”. É um assunto
pessoal por parte da mãe. Uma mulher diz: “vou ter um filho”;
não diz: “tenho um tumor”.
O
menino ainda não nascido é uma realidade “vindoura”, que
chegará se não o pararmos, se não o matarmos no caminho. E se se
diz que o feto não é um “quem”, porque não tem uma vida
pessoal, haveria que dizer o mesmo do menino já nascido durante
muitos meses (e do homem durante o sono profundo, a anestesia, a
arteriosclerose avançada, a extrema senilidade, o coma).
Às
vezes usa-se uma expressão de refinada hipocrisia para denominar o
aborto provocado: diz-se que é a “interrupção da gravidez”. Os
partidários da pena de morte
têm as suas dificuldades resolvidas. A forca ou o garrote podem
chamar-se “interrupção da respiração”, e com uns minutos
basta. Quando se provoca o aborto ou se estrangula, mata-se alguém.
E é uma hipocrisia mais considerar que há diferença consoante o
estado de gestação em que se encontre o menino que vem, a que
distância de semanas ou meses do nascimento vai ser surpreendido
pela morte.
Com
frequência se afirma a licitude do aborto quando se julga que
provavelmente o que vai nascer (o que ia nascer) seria anormal,
física ou psiquicamente. Mas isto implica que o que é anormal “não
deve viver”, já que essa condição não é provável, mas segura.
E haveria que estender a mesma norma ao que chega a ser anormal por
acidente, doença ou velhice. E se se tem essa convicção, há que
mantê-la com todas as suas consequências; outra coisa é atuar como
Hamlet no drama de Shakespeare, que fere Polônio com a sua espada,
quando este está oculto detrás da cortina. Há os que não se
atrevem a ferir, salvo quando a vítima está oculta – pensava-se
que protegido – no seio materno.
E
é curioso como se prescinde totalmente do pai.
Atribui-se
a decisão exclusivamente à mãe (mais adequado seria falar da
“fêmea grávida”, sem que o pai tenha nada que dizer sobre se
deve matar ou não o seu filho. Isto, obviamente, não se diz,
passa-se por alto. Fala-se da “mulher objecto” e agora pensa-se
no “menino tumor”, que se pode extirpar como um abcesso
repugnante. Trata-se de destruir o carácter pessoal do humano.
Por
isso se fala do direito a dispor do próprio corpo. Mas, para além
de que o menino não é parte do corpo da sua mãe, mas “alguém
corporal implantado na realidade corporal da sua mãe”, esse
suposto direito não existe. A ninguém é permitida a mutilação;
os outros e o próprio poder público impedem-no. Se eu me quiser
atirar duma janela, vêm a polícia e os bombeiros e impedem-me pela
força de o fazer. (…)
Não
se tratará disto precisamente? Não estará em curso um processo de
“despersonalização”, isto é, de “desumanização” do homem
e da mulher, as duas formas irredutíveis, mutuamente necessárias,
em que se realiza a vida humana?
Se
as relações de maternidade e paternidade são abolidas, se a
relação entre os pais fica reduzida a uma mera função biológica
sem perdurar para além do ato de geração, sem nenhum significado
pessoal entre as pessoas implicadas, que fica de humano em tudo isso?
E se isto se impõe e generaliza, se a Humanidade viver de acordo com
esses princípios, não terá comprometido, quem sabe até quando,
essa mesma condição humana? (…)
Texto
do filósofo JULIAN MARIAS, publicado no jornal espanhol ABC.
Estudos sobre as Consequências
Psicológicas do Aborto: Visão Geral
“Abortions will not let you forget.
You remember the children you got that you did not get…”
“The Mother” (1945).
Gwendolyn Brooks, poetisa Norte-Americana.
Medo,
ansiedade, dor e culpa são apenas alguns dos sentimentos que muitas
mulheres que já se submeteram à violenta prática do aborto referem
ter com frequência. Em muitos casos torna-se necessário recorrer a
tratamento psiquiátrico para fazer face a estes sentimentos. E esta
realidade está documentada em inúmeros artigos científicos.
Um
estudo retrospectivo com 5 anos de duração realizado em duas
províncias canadianas expôs uma utilização de serviços médicos
e psiquiátricos significativamente mais elevados por parte de
mulheres que já tinham sido sujeitas ao aborto. Ainda mais
significativo foi o facto de 25% das mulheres sujeitas ao aborto
frequentarem consultas de psiquiatria, comparadas com 3% das mulheres
do grupo de controlo. (1)
Os
investigadores que estudam as reações pós-aborto nas mulheres
referem apenas um sentimento
positivo: alívio. Este sentimento é compreensível uma vez que uma
grande percentagem de mulheres referem estar sob grande pressão para
realizar o aborto. Este sentimento momentâneo de alívio é
frequentemente seguido por um período que os psiquiatras designam de
“paralisia” ou “dormência” pós-aborto.
Um
estudo realizado em 1980 em pacientes submetidas a aborto mostrou
que, durante a primeira semana após o aborto, entre 40 a 60% das
mulheres questionadas referiram reações negativas. Dentro de um
prazo de 8 semanas após o aborto, 55% expressou culpa, 44%
queixaram-se de distúrbios nervosas, 36% de distúrbios no sono, 31%
tinha remorsos em relação à decisão de abortar e 11% tinha sido
prescrita com medicamentos psicotrópicos pelo médico de família.
(2)
Com
especial risco de vir a sofrer problemas do foro psiquiátrico estão
as adolescentes, mulheres separadas ou divorciadas, e mulheres com um
historial de mais de um aborto. Como muitas mulheres acabam por
utilizar a repressão como meio de lidar com o que sentem, a procura
de ajuda psiquiátrica pode ocorrer muito depois do aborto ter sido
realizado. Estes sentimentos reprimidos, no entanto, podem induzir
doenças psicossomáticas ou psiquiátricas noutras áreas da sua
vida.
Uma
sondagem realizada a 260 mulheres (3), muitas das quais procuravam
informação sobre aconselhamento pós-aborto e que já se tinham
submetido a pelo menos um aborto enquanto adolescentes, mostrou que
de uma forma geral estas mencionaram ter:
agravamento
de sentimentos negativos no aniversário da data do aborto ou quando
exposta a propaganda a favor da liberdade
de escolha (do aborto);
Mulheres
que tinham um historial de mais de um aborto induzido referiram com
mais frequência:
efeitos
emocionais tão severos impeditivos de qualquer atividade em casa,
no trabalho
ou de qualquer relacionamento pessoal;
1.
Report of the Committee on the Operation of the Abortion Law (1977).
Ottawa: Supply and Services, pp.313-321.
2.
Ashton, J.R. (1980). The Psychosocial Outcome of Induced-Abortion.
British Journal of Obstetrics and Gynaecology 87(12):1115-1122.
- Reardon,
D. (1994). Psychological Reactions Reported After Abortion. The
Post-Abortion Review 2(3):4-8.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Estudos
sobre as Consequências
Físicas do Aborto: Visão Geral
“O que é que eu aprendi em três anos de estudo dos
efeitos do aborto legal?
Que
existem inúmeras complicações e que não existem garantias de uma
passagem segura. Nenhum médico, nenhum hospital, nenhuma clínica
pode garantir a uma mulher que ela vai sobreviver a um aborto legal.”
(1)
(Ann Saltenberger, investigadora)
Ao
referir que o aborto induzido é 10 vezes mais seguro do que um
parto, a propaganda de muitas clínicas de aborto (em países onde a
prática está legalizada) cria uma falsa sensação de segurança
nas mulheres que procuram os seus serviços. No entanto, esta prática
está longe de ser segura. As mulheres que se submetem a um aborto
induzido colocam a sua saúde em risco. Mesmo que o procedimento
cirúrgico possa correr bem, a mulher não está livre
de ter problemas a longo prazo. Em alguns casos, a prática do aborto
pode resultar na morte
da mulher. As principais causas de morte relacionadas com o aborto
induzido resultam de infecções, hemorragias e perfurações
uterinas.
Aproximadamente
10% das mulheres que se sujeitam a um aborto induzido sofrem de
complicações imediatas, das quais cerca de um quinto (2%) são
consideradas de risco para a vida da mulher. As oito complicações
principais mais comuns que podem ocorrer são: infecção, embolia,
perfuração ou dilaceração do útero, complicações com a
anestesia, convulsões, hemorragia aguda, danos cervicais, e choque
endotóxico.
As
complicações menores mais comuns incluem: infecção, hemorragia,
febre, queimaduras de segundo grau, dores abdominais crônicas,
vômitos, distúrbios gastrointestinais, e sensibilização Rh
(ocorre quando o sangue do feto se mistura com o sangue da mulher
grávida e ambos tem Rh’s diferentes). (2)
Num
estudo envolvendo 1428 mulheres, os investigadores verificaram que a
perda durante a gravidez, em especial a perda causada por aborto
induzido, estava significativamente relacionada com uma pior saúde
geral (3). Enquanto que a gravidez interrompida por motivos naturais
causava um detrimento na saúde, o aborto tinha ainda uma maior
correlação com um mau estado de saúde. Estudos como este têm
confirmado outros anteriores que referiam que no ano após o aborto,
as mulheres frequentavam o seu médico de família
80% mais por diversas razões e 180% mais por razões psicológicas.
1.
Saltenberger, A. (1982). Every Woman Has a Right to Know the Dangers
of Legal Abortion. Air-Plus Enterprises, Glassboro, NJ.
2.
Frank, P.I. (1985). Induced-Abortion Operations and Their Early
Sequelae. Journal of the Royal College of General Practitioners
35(273):175-180.; Grimes, D.A. and Cates, W., Abortion: Methods and
Complications, Human Reproduction, pp. 796-813.; Freedman, M.A.,
Jillson, D.A., Coffin, R.R. and Novick, L.F. (1986). Comparison of
Complication Rates in 1st-Trimester Abortions Performed by Physician
Assistants and Physicians. American Journal of Public Health
76(5):550-554.
Ney,
P.G., Fung, T., Wickett, A.R. and Beamandodd, C. (1994). The Effects
of Pregnancy Loss on Womens Health. Social
Science & Medicine 38(9):1193-1200.; Badgley, Caron and Powell
(1997). Report of the Committee on the Abortion Law, Supply and
Services, Ottawa.
Aborto
e Incompetência Cervical
A
incompetência cervical é a principal razão dos nascimentos
precoces e perdas durante a gravidez. Pode resultar de uma dilatação
forçada e precoce do colo do útero. Normalmente o colo do útero é
rígido e apertado. Durante o procedimento de aborto
induzido, os músculos cervicais tem de ser dilatados para abrir e
permitir ao executante do aborto acesso ao útero. Quando uma
placenta bem fixada é raspada juntamente com o feto através de um
útero fechado protegido por um colo do útero longo ainda não
maduro, este músculo em forma de anel pode ser e geralmente é
forçado. Se um número significativo de fibras deste músculo forem
distendidas, o colo do útero fica permanentemente enfraquecido ou
“incompetente”, ocorrendo os danos maiores se for a primeira
gravidez.
O
resultado, a incompetência cervical, poderá manifestar-se numa
gravidez futura. A mulher pode não conseguir manter o feto até ao
fim do período de gestação porque o músculo que mantém o útero
fechado suportando o feto está relaxado. Noutras palavras, o colo do
útero torna-se fraco e não consegue permanecer fechado e suportar o
peso de um feto em crescimento numa gravidez.
As
laminárias utilizadas para dilatar o colo do útero antes do aborto
induzido são agora raramente utilizadas na maior parte das clínicas
porque implicam duas visitas, logo menos volume de pacientes, logo
menor rendimento. Mas mesmo a utilização destas estruturas diminui
mas não elimina o risco de incompetência cervical. (1)
1.
Harlap, S., Shiono, P.H., Ramcharan, S., Berendes, H. and Pellegrin,
F. (1979). Prospective-Study of Spontaneous Fetal Losses after
Induced Abortions. New England Journal of Medicine 301(13):677-681.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Aborto
e Cancro Cervical,
dos Ovários e do Fígado
Quando
comparadas com mulheres que nunca realizaram um aborto,
as mulheres que realizam um aborto têm um risco relativo de 2,3 de
desenvolver cancro cervical (do colo uterino) e, mulheres com dois ou
mais abortos realizados, enfrentam um risco relativo de 4,92. Riscos
semelhantemente elevados de cancro dos ovários e do fígado têm
sido ligados a um ou mais abortos. Este aumento de incidência de
cancro em mulheres que recorreram a um aborto induzido está
aparentemente ligado à interrupção anormal das alterações
hormonais características da gravidez e a danos cervicais não
tratados. (1)
Um
estudo realizado na antiga União Soviética baseado em dados de
estatísticas oficiais de aborto (legal desde a década de 50) e da
incidência regional de cancro no período de 1959 a 1985 revelou uma
contribuição significativa do aborto induzido na incidência do
cancro cervical. (2)
1.
Fujimoto, I., Nemoto, H., Fukuda, K., Masubuchi, S. and Masubuchi, K.
(1985). Epidemiologic-Study of Carcinoma Insitu of the Cervix.
Journal of Reproductive Medicine 30(7):535-540.; Risch, H.A., Weiss,
N.S., Lyon, J.L., Daling, J.R. and Liff, J.M. (1983). Events of
Reproductive Life and the Incidence of Epithelial Ovarian-Cancer.
American Journal of Epidemiology 117(2):128-139.; Beral, V., Fraser,
P. and Chilvers, C. (1978). Does Pregnancy Protect against Ovarian
Cancer. Lancet 1(8073):1083-1087.; Lavecchia, C., Negri, E.,
Franceschi, S. and Davanzo, B. (1992). Reproductive Factors and the
Risk of Hepatocellular-Carcinoma in Women. International Journal of
Cancer 52(3):351-354.
2.
Remennick, L.I. (1989). Reproductive Patterns and Cancer Incidence in
Women – a Population-Based Correlation Study in the USSR.
International Journal of Epidemiology 18(3):498-510.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Aborto
e Lacerações Cervicais
Em
pelo menos 1% dos abortos realizados durante o primeiro trimestre de
gestação ocorrem lacerações [ lesão resultante de um
rasgamento de pele até ao tecido subcutâneo ] cervicais
significantes que necessitam ser suturadas. O risco de danos
cervicais é maior em adolescentes, em abortos durante o segundo
trimestre, e quando quem os realiza utiliza inadequadamente a
laminaria durante o processo de dilatação do colo do útero. (1)
Danos
físicos e psicológicos resultantes do aborto
são mais frequentes em jovens e adolescentes. Ao contrário das
mulheres mais velhas, nestas idades o colo do útero ainda está
imaturo, havendo por isso o risco de uma dilatação difícil
e potencialmente traumática. Nestes casos o colo do útero é
pequeno
e apertado, especialmente em casos da primeira gravidez, e
especialmente susceptível a danos durante a dilatação. Os
problemas da prática do aborto nestas condições levam a outros
problemas em gravidezes no futuro. Algumas das complicações mais
graves ocorrem em adolescentes/jovens.
1.
Schulz, D Grimes & W. Cates (1983). Measures to Prevent Cervical
Injuries During Suction Curettage Abortion. Lancet (May
28):1182-1184; Cates W, K Schultz & D Grimes (1983). The Risks
Associated with Teenage Abortion. New England Journal of Medicine
15:612-624; Castadot R (1986). Pregnancy Termination: Techniques,
Risks, and Complications and Their Management. Fertility and
Sterility 45(1):5-17.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Aborto
e Complicações na Gravidez
Comparadas
com mulheres que levaram a gravidez até ao fim, mulheres que
realizem um, dois, ou mais abortos induzidos têm respectivamente
1,89, 2,66, ou 2,03 vezes mais probabilidades de ter um nascimento
precoce numa futura gravidez. Nascimentos antes do tempo
aumentam o risco de morte
neo-natal e deficiências. Um aborto
induzido anterior não só aumenta o risco de nascimento precoce, mas
também aumenta o risco de atraso no nascimento. Mulheres com um,
dois, ou mais abortos induzidos têm 1,89, 2,61, e 2,23 vezes maior
probabilidade de ter um nascimento pós-termo (mais de 42 semanas)
numa gravidez futura. (1)
Em
2003 dois investigadores publicaram um estudo, baseado em 49 estudos
diferentes realizados até à data, que mostra um risco significativo
de nascimentos prematuros em mulheres que realizaram no passado
aborto induzido. (2)
1.
Zhou, W.J., Sorensen, H.T. and Olsen, J. (1999). Induced abortion and
subsequent pregnancy duration. Obstetrics and Gynecology
94(6):948-953.
2.
Rooney, B. and Calhoun, B.C. (2003). Induced Abortion and Risk of
Later Premature Births. Journal of American Physicians and Surgeons
8(2):46-49.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Aborto
e Gravidez Ectópica
A
gravidez ectópica é uma gravidez em que o óvulo fertilizado se
implanta em qualquer tecido para além do revestimento do endométrio
[ mucosa que reveste o interior da cavidade uterina ] no útero,
geralmente nas Trompas de Falópio. O aborto
induzido está relacionado com um aumento do risco de subsequente
gravidez ectópica. Este problema, por usa vez, pode colocar em risco
a vida
da mãe e resultar numa redução da fertilidade. (1)
1.
Daling, J.R., Chow, W.H., Weiss, N.S., Metch, B.J. and Soderstrom, R.
(1985). Ectopic Pregnancy in Relation to Previous Induced-Abortion.
Jama-Journal of the American Medical Association 253(7):1005-1008.;
Levin, A.A., Schoenbaum, S.C., Stubblefield, P.G., Zimicki, S.,
Monson, R.R. and Ryan, K.J. (1982). Ectopic Pregnancy and Prior
Induced-Abortion. American Journal of Public Health 72(3):253-256.;
Chung, C.S., Smith, R.G., Steinhoff, P.G. and Mi, M.P. (1982).
Induced-Abortion and Ectopic Pregnancy in Subsequent Pregnancies.
American Journal of Epidemiology 115(6):879-887.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Aborto
e Cancro da Mama
A
ligação entre o aborto induzido e o aumento do risco de cancro da
mama tem sido uma das relações causa/efeito mais disputadas na
discussão sobre as sequelas físicas do aborto. Ainda recentemente
foi publicado mais um estudo sobre o assunto e que, nas palavras dos
seus autores, “põe termo à discussão” ao mostrar não existir
qualquer ligação entre o aborto e o cancro da mama (1). Mas muitas
vozes dentro da comunidade científica e médica já se levantaram
contra a validade e exatidão deste estudo (2). Pouco tempo
antes deste estudo ter sido publicado, um outro (ou outro mais)
referia precisamente o contrário, mostrando que não só a ligação
está provada para além de qualquer dúvida,
como ainda defende ser um crime não informar as mulheres que
procuram um aborto de potenciais problemas futuros. (3)
A
explicação convencional para a ligação do aborto ao cancro da
mama prende-se com as características do desenvolvimento do peito
durante o período de gestação. Durante os dois primeiros
trimestres da gravidez, o peito da mulher sofre uma proliferação
explosiva de células devido ao aumento acentuado da produção da
hormona feminina estrogênio. À medida que a gravidez se desenvolve,
o peito contém cada vez mais células indiferenciadas e vulneráveis
ao cancro. É apenas no terceiro trimestre que estas células se
diferenciam em células produtoras de leite, tornando-se menos
vulneráveis a agentes cancerígenos. Se a gravidez nunca atinge o
terceiro trimestre, por ser interrompida prematuramente, é retirada
a proteção natural contra o cancro da mama que uma gravidez
completa fornece. Esta interrupção aumenta também o risco de
cancro muito para além daquele que a mulher teria se nunca tivesse
ficado grávida em primeiro lugar.
O
risco de cancro da mama quase duplica após um aborto e pode ainda
aumentar após dois ou mais abortos (4). Até recentemente, dos
trinta e sete estudos publicados que tentavam estabelecer uma ligação
entre o aborto induzido e o cancro da mama, vinte e oito mostravam
haver uma ligação. Sete deles chegam a referir a duplicação do
aumento do risco.
No
ano de 2000 um médico inglês, Thomas Stuttaford, referiu num artigo
publicado no The Times of London estar céptico no que diz respeito a
esta relação. Mas o amontoar de provas sobre ela levou o mesmo
médico a escrever algum tempo depois (17 de Maio, 2002) no mesmo
jornal: “O cancro da mama é diagnosticado em 33.000 mulheres no
Reino Unido todos os anos; destas mulheres, uma proporção elevada
não habitual teve um aborto antes de eventualmente começar uma
família.
Tais mulheres têm quatro vezes mais probabilidade de desenvolver
cancro da mama.”
A
conclusão de um estudo realizado recentemente, o qual foi baseado
numa análise comparativa de 61 resultados publicados em outros
estudos, foi: “Os resultados suportam a inclusão do aborto
induzido entre os factores independentes de risco significante de
cancro da mama (…). Apesar do aumento de risco ter sido
relativamente baixo, a elevada incidência do cancro da mama e do
aborto induzido sugerem um impacto substancial de milhares de casos
de excesso por ano atualmente, e um impacto potencialmente maior no
próximo século, à medida que o primeiro grupo de mulheres expostas
ao aborto legal induzido continuar a envelhecer.” (5)
Outro
estudo também recente, apresenta uma conclusão semelhante: “Os
dados científicos e fisiológicos fornecem provas esmagadoras da
espada de dois gumes da gravidez no que respeita ao cancro da mama
(6). Uma gravidez levada até ao fim fornece proteção contra o
risco de cancro, especialmente em mulheres jovens durante a primeira
gravidez. Pelo contrário, interromper a gravidez com um aborto
induzido, especialmente quando a mulher é muito nova e é a sua
primeira gravidez, pode aumentar significativamente o risco de cancro
da mama (…) A maior parte dos factores de risco de cancro da mama
estão fora do controlo humano, mas o aborto induzido é uma questão
de escolha e, com avisos e informação, a sua influência como fator
de risco pode ser diminuída.”
Ainda
a este respeito, um estudo mais recente conclui que “apesar de
permanecer incerto se o aborto eletivo aumenta o cancro da mama
subsequente, é certo que a decisão de abortar e atrasar a gravidez
culmina numa perda de proteção em que o efeito final é um risco
aumentado.” (7)
Nos
casos de pacientes que enfrentam um procedimento cirúrgico ou até
mesmo uma terapia médica como a substituição de hormonas, é
geralmente dado conhecimento sobre as potenciais ameaças à sua
saúde futura, mesmo que esses efeitos sejam infrequentes noutros
pacientes e não completamente provados. Porque haveria de ser
diferente em relação ao aborto? Para mulheres que contemplam o
aborto, a informação sobre as evidências que apontam para um
aumento do risco de cancro deve ser ponderada na tomada de decisão.
Mesmo no caso de mulheres que já se submeteram a um ou mais abortos,
ao serem informadas da possível ligação poderão tomar medidas
especiais de redução do risco como por exemplo um controlo mais
frequente. Ao ser omitida esta informação, nega-se uma oportunidade
de prevenção.
1.
Beral, V. and e. al. (2004). Collaborative Group on Hormonal Factors
in Breast Cancer. Lancet 363:1007-1016.
2.
Reardon, D. C. (2004). Abortion and Breast Cancer. Lancet
365:1910-1911.
3.
Malec, K. (2003). The Abortion-Breast Cancer Link: How Politics
Trumped Science and Informed Consent. Journal of American Physicians
and Surgeons 8(2):41-45.
4.
Howe, H.L., Senie, R.T., Bzduch, H. and Herzfeld, P. (1989). Early
Abortion and Breast-Cancer Risk among Women under Age 40.
International Journal of Epidemiology 18(2):300-304.; Remennick, L.I.
(1990). Induced-Abortion as Cancer Risk Factor – a Review of
Epidemiologic Evidence. Journal of Epidemiology and Community Health
44(4):259-264.; Pike, M.C., Henderson, B.E., Casagrande, J.T.,
Rosario, I. and Gray, G.E. (1981). Oral-Contraceptive Use and Early
Abortion as Risk-Factors for Breast-Cancer in Young-Women. British
Journal of Cancer 43(1):72-76.
5.
Brind, J., Chinchilli, V.M., Severs, W.B. and SummyLong, J. (1996).
Induced abortion as an independent risk factor for breast cancer: A
comprehensive review and meta-analysis. Journal of Epidemiology and
Community Health 50(5):481-496.
6.
Lucille, C. (1997). Breast Cancer Risk: Protective Effect of an Early
First Full-Term Pregnancy Versus Increased Risk of Induced Abortion.
Oncology Nursing Forum 24(6):1025–1031.
7.
Thorp, J.M., Hartmann, K.E. and Shadigian, E. (2003). Long-term
physical and psychological health consequences of induced abortion:
Review of the evidence. Obstetrical & Gynecological Survey
58(1):67-79.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Relação
entre Aborto e Cancro da Mama
Em 1970, a Organização Mundial de Saúde – World
Health Organization (W.H.O.) – publicou os resultados da sua
investigação sobre a experiência reprodutiva em relação à
incidência do cancro da mama. O estudo, no qual tomaram parte mais
de 17 mil mulheres em sete lugares de quatro continentes, obteve
informações que são indiscutíveis ainda muitos anos depois.
As
mulheres que começam a ter filhos
sendo ainda jovens têm menos probabilidade de sofrer de cancro da
mama que aquelas que têm filhos numa idade mais avançada, ou que
aquelas que não os têm.
Que
proteção adquirem contra o cancro? Baseando-se nos seus resultados,
os cientistas da W.H.O. Concluíram:
“Estima-se
que as mulheres que têm o seu primeiro filho antes dos 18 anos têm
só cerca de um terço do risco de sofrer de cancro da mama que
aquelas cuja primeira gravidez aconteceu aos 35 anos ou depois.”
Significa
isto que uma mulher jovem que fique grávida diminui o risco de ter
cancro da mama, mesmo que ela tenha um aborto? Em relação ao
aborto, os cientistas da W.H.O. afirmaram que os seus resultados:
“sugerem
um aumento de risco associado ao aborto – contrariamente à redução
do risco associado com as gravidezes levadas a termo, ao dar à luz.”
Estudos
de investigação, publicados em respeitáveis publicações médicas,
confirmaram estas conclusões 2 e a sua causa hormonal:
Vinte
e cinco de trinta e um estudos epidemiológicos 3-33 mundiais –
estudos em mulheres de ascendência Africana, Asiática e Europeia –
concluíram que mesmo um único aborto aumenta o risco de adquirir
mais tarde cancro da mama.
Um
dado importante é que a este aumento do risco por causa do aborto se
acrescenta um risco maior, por se atrasar a primeira gravidez levada
a termo, portanto, o aborto aumenta o risco de sofrer de cancro da
mama de duas maneiras!
Já
se perguntou porque é que, em menos de meio século, enquanto que o
aborto se legalizou e se tornou numa prática comum, a incidência de
cancro da mama no mundo industrializado aumentou mais do dobro ?
34,35.
Tem
perguntas sobre o verdadeiro impacto que terá nas mulheres do seu
país a importação dos “direitos reprodutivos” dos países
industrializados?
O
sistema de saúde pública do seu país está preparado para uma
epidemia de cancro da mama?
A
Ligação Estrogêneo:
Porque
é que os abortos induzidos fazem aumentar o risco de ter cancro da
mama, o que não acontece na maioria dos abortos espontâneos?
O
estrogêneo é a hormona – o mensageiro químico – que, na
puberdade, converte o corpo de uma menina no corpo de uma mulher. Na
verdade,
há uma série de esteroides, estrogêneos, que podem estimular o
desenvolvimento da mama e de outros tecidos femininos. O estrogêneo
mais abundante e importante que os ovários femininos segregam
chama-se estradiol. O estradiol é tão potente que a sua
concentração no corpo de uma mulher se mede em partes por triliões.
O estradiol – uma décima parte – também se produz no corpo do
homem e tanto homens como mulheres precisam de estradiol para o
crescimento normal e para a manutenção dos ossos.
Depois
da puberdade, os níveis de estrogêneo sobem e baixam duas vezes em
cada ciclo menstrual. Sobre a influência da hormona
folículo-estimulante da hipófise, novos folículos com óvulos
crescem nos ovários durante a primeira metade (chamada fase
folicular ) do ciclo menstrual. As células foliculares que segregam
o estradiol e que rodeiam os óvulos proliferam e por isso os ovários
produzem quantidades cada vez maiores de estradiol, alcançando o
pico no dia anterior à ovulação. Normalmente, este pico
pré–ovulatório é o nível mais elevado de estradiol no sangue
que uma mulher não–grávida experimenta. Serve de estímulo à
hipófise, de modo a que esta segregue outra hormona, a hormona
luteinizante (LH) que despoleta a ovulação.
Depois
da ovulação, o folículo que expulsou o óvulo enche-se com um novo
tipo de células chamadas células lúteas. Estas células lúteas
proliferam sobre a influência da LH pituitária e, por sua vez,
fazem segregar quantidades ainda maiores tanto de estradiol como da
hormona progesterona da gravidez, da qual o estradiol se forma.
Como
a secreção pituitária de LH baixa drasticamente depois da
ovulação, o corpo amarelo (como se chama agora o folículo
anterior) começa a diminuir uma semana depois da ovulação, a não
ser que se tenha dado a fertilização do óvulo ( concepção ). Se
ocorreu a concepção, o embrião começa a segregar outro mensageiro
químico quase imediatamente: a gonadotrofina coriônica humana (HCG)
que atua como a LH para “salvar” o corpo amarelo. Se não houve
concepção, o corpo amarelo morre. Como o estrogêneo e a
progesterona são respectivamente necessários para o crescimento e a
maturidade do endométrio (o epitélio do útero na qual se implanta
o embrião), este descama na menstruação.
(*
Embora o HCG seja usualmente referido como uma hormona, na verdade,
não é. Como é uma mensagem química entre dois indivíduos de uma
espécie (neste caso, mãe e filho) é mais apropriadamente descrito
como sendo uma feromona. Como normalmente não é segregado pelo
corpo feminino, o detectar específico da sua presença é a base de
todo o teste de gravidez.).
Se,
pelo contrário, houve concepção e se salvou o corpo amarelo, este
começa a gerar concentrações enormes de progesterona (necessárias
para permitir a implantação do embrião e a manutenção da
gravidez) e de estradiol. Níveis de estradiol significativamente
elevados (comparados com os níveis em mulheres não-grávidas na
mesma fase do ciclo menstrual) podem ser detectados cedo, nos 5 dias
posteriores à concepção. 36 Como se mostra na Figura 1 , pelas 7 a
8 semanas de gestação (depois do último período menstrual, o
UPM), o sangue de uma mulher grávida já contém seis vezes mais
estradiol (i.e., 500% mais) que no momento da concepção, mais do
dobro que o nível mais alto obtido durante o estado de não-gravidez
(o pico pré-ovulatório) 37.
Em
notável contraste, as gravidezes destinadas a abortar
espontaneamente (i.e., que acabam num desmancho) durante o primeiro
semestre não geram, normalmente, estradiol em quantidades que
excedam os níveis do estado de não-gravidez37,38 (Figura 1). Já em
1976, uma equipa de obstetras suíços foi capaz de prever abortos
espontâneos com uma exatidão de 92% com só uma medida de
estradiol!38 Teoricamente, isto faz sentido: a causa do aborto
espontâneo é o nível inadequado de progesterona da qual se forma o
estradiol.
A
relação entre o estradiol ou os estrogêneos, em geral, com o risco
do cancro da mama, deve-se ao papel que têm no crescimento do tecido
da mama. O estradiol faz com que a mama cresça para um tamanho
maduro durante a puberdade e que cresça uma vez mais durante a
gravidez (pelo menos durante os dois primeiros trimestres). As
células da mama que são sensíveis ao estímulo do estradiol são
as primitivas ou indiferenciadas. Uma vez terminalmente diferenciadas
e constituídas em células produtoras de leite, o que sucede sobre a
influência de outros factores (ainda bastante desconhecidos), as
células da mama deixam de responder a estímulos de reprodução.
São
as células indiferenciadas que são também vulneráveis aos efeitos
dos carcinogêneos (como a radiação, os produtos químicos, etc.)
as que podem produzir tumores cancerígenos um dia mais tarde.
Portanto, se uma mulher já passou por algumas semanas de uma
gravidez normal e logo aborta essa gravidez, retém mais dessas
células vulneráveis ao cancro do que as que tinha antes de ficar
grávida. Além disso, qualquer célula anormal, com a potencialidade
de formar o cancro, já existente no seu peito (e tais células estão
presentes em alguma medida em todas as pessoas) foi estimulada a
multiplicar-se. Tudo isto significa uma maior probabilidade
estatística do que o aparecimento eventual de um tumor cancerígeno.
Diferentemente,
uma gravidez levada a termo produz a plena diferenciação dos
tecidos da mama com o fim da produção de leite, o que deixa na
mesma menos células vulneráveis ao cancro das que lá estavam antes
do começo da gravidez. Isto significa a bem conhecida redução do
risco de cancro da mama como consequência de uma gravidez levada a
termo.
Também
é bem sabido que as mulheres que começam a ter filhos ainda jovens,
diminuem o risco de ter cancro da mama mais tarde 1. Quanto mais cedo
o peito se torne maduro com o fim de produzir leite, menos provável
é a presença de células anormais, vulneráveis ao cancro
proveniente de abusos carcinogêneos (e o que quer que estes sejam é
ainda bastante desconhecido). Sustentando esta teoria, um estudo
experimental sobre o efeito de gravidezes e abortos induzidos na
incidência de cancro da mama em ratas jovens tratadas com
carcinogêneos químicos foi publicado em 1980 39. A mesma equipa de
investigação publicou também um estudo excelente sobre a
diferenciação dos tecidos da mama humana como função da gravidez
e da idade 40.
Além
disso, como há sempre células indiferenciadas (e inclusive algumas
células anormais) na mama das mulheres, o excesso de exposição aos
efeitos promotores do crescimento do estradiol ou outros estrogêneos,
contribui para o risco de cancro da mama cada vez que ocorra essa
exposição.
Não
é de surpreender, portanto, que os factores de risco de cancro da
mama mais conhecidos envolvam alguma forma de excesso de exposição
aos estrogêneos. Por exemplo, mulheres que atingem a puberdade muito
cedo ou que entrem na menopausa tardiamente, ou que tenham poucos
filhos ou nenhum, estão mais expostas aos aumentos de estradiol que
ocorrem com os ciclos menstruais. As mulheres que dão de mamar aos
seus filhos também experimentam menos ciclos menstruais e por isso,
reduzem o risco de ter cancro da mama.
Mesmo
os factores de risco não relacionados com a reprodução parece que
operam através de mecanismos mediados pelo estrogêneo. Por exemplo,
a obesidade pós-menopáusica eleva o risco, supostamente porque as
células adiposas (gordas) sintetizam os estrogêneos, do aumento dos
níveis de estrogêneos no sangue dessas mulheres. Até mesmo o
consumo crônico de álcool parece aumentar o risco de cancro da mama
através do aumento dos níveis de estrogêneos no sangue da mulher.
Isto também sucede em dietas altas em gorduras animais comparadas
com dietas vegetarianas. Pelo contrário, certos vegetais
reconhecidos como protetores contra o cancro, por exemplo, os da
família dos brócolos e da couve, ajudam o corpo feminino a eliminar
estrogêneos mais rapidamente.
Como
o efeito dos estrogêneos no risco do cancro da mama foi reconhecido
desde há muitos anos, os médicos são cautelosos ao receitar alguns
medicamentos, como a terapia para substituição de estrogêneos na
pós–menopausa de mulheres mais velhas, especialmente naquelas com
histórias médicas de cancro da mama na família. Segundo parece,
estes medicamentos elevam ligeiramente o risco de cancro da mama, se
se utilizam por vários anos.
Deduz-se
por isso que os médicos deveriam ter-se preocupado desde há muito
com o possível aumento do risco de cancro da mama atribuível aos
abortos induzidos, dado o nível extremamente alto de estradiol que
experimentam as mulheres, mesmo nas primeiras semanas de uma gravidez
normal.
Finalmente,
há outro aspecto crucial dos abortos espontâneos em relação ao
risco de cancro da mama que deverá ser realçado, isto é, o efeito
de desmanchos espontâneos no segundo trimestre. O maior número de
perdas de gravidez ocorre no primeiro trimestre e mais de 90% destas
caracterizam-se pelos níveis anormalmente baixos38 de estradiol na
mãe. Contudo, há motivos para crer
que as gravidezes que sobrevivem no primeiro trimestre (o que não
sucederia sem um nível suficientemente alto de progesteronas, que
são paralelas ao estradiol) provavelmente aumentam o risco de cancro
da mama se terminam em desmancho.
Figura
2 – Representação esquemática da mama: a) de uma mulher que
nunca esteve grávida e b) no final de uma gravidez levada a termo. A
mama de uma mulher que nunca esteve grávida consiste em canais e
lobos terminais primitivos, vulneráveis a carcinogêneos, enquanto
as mamas lactantes consistem, na sua maior parte, de lobos maduros –
aglomerado de alvéolos que segregam leite – os quais são
resistentes aos carcinógenos. (Adaptado das referências #39 e 40)
A
Conferência Mundial sobre o Cancro da Mama reconhece a ligação
entre o aborto e o cancro da mama.
A
primeira Conferência Mundial sobre o Cancro da Mama teve lugar em
Julho de 1997 em Kingston, Ontário, Canadá. A conferência foi
co-empreendida pela Organização Feminina do Ambiente e
Desenvolvimento ( Women’s Environment and Development Organization
) que na altura era presidida por Bella Abzug.
Na
conferência, o Dr. Joel Brind, Professor de Endocrinologia na
Universidade de Baruch, da Cidade Universitária de Nova Iorque e
Diretor da Revista Trimestral Atualizada sobre o Aborto e Cancro da
mama ( Abortion-Breast Cancer Quarterly Update ), dirigiu um
seminário sobre a ligação entre o aborto e o cancro da mama. O
discurso do Dr. Brind incluía uma atualização da “revisão
compreensiva e meta-análise” 2 deste problema, publicado
originariamente no Jornal de Epidemiologia e Saúde Comunitária
(Journal of Epidemiology and Community Health) da Associação Médica
da Grã-Bretanha. Bella Abzug assistiu ao seminário do Dr. Brind e
participou numa discussão cordial e animada sobre a ligação entre
o aborto e o cancro da mama.
Um
ano depois, no Outono de 1998, a Conferência Mundial publicou o seu
Relatório do Plano de Ação Global (Global Action Plan Report) 41,
no qual a organização expunha a sua agenda para a erradicação
definitiva do cancro da mama. Sob o título de factores de risco
relacionados com as hormonas, o Relatório diz em parte pertinente:
“Hoje
em dia, as mulheres em geral estão mais expostas a níveis altos de
estrogêneo durante a sua vida que o que era costume nas gerações
anteriores. Acredita-se que agora as mulheres enfrentam níveis
excessivos de estrogêneo tanto naturais como sintéticos, aumentando
o risco de virem a ter cancro da mama. O uso prolongado de pílulas
de controlo da natalidade, gravidezes tardias ou falta delas e o não
dar de mamar, ABORTOS INDUZIDOS, uma dieta alta em gorduras, em carne
ou em produtos lácteos e a terapia de substituição de hormonas
depois da menopausa, todos são citados como factores de risco que
aumentam os estrogêneos e o cancro da mama .”
LEMBRE-SE:
Os direitos reprodutivos não têm significado sem o direito da
mulher a saber todas as consequências das opções que faça!
Referências
citadas:
1.
MacMahon B. et al. Bull Wld Health Org 1970;43:209-21.
2.
Brind J. et al. J Epidemiol Community Hlth 1996;50:481-96.
3.
Pike MC et al. Br J Cancer 1981;43:72-6.
4.
Brinton L. et al. Br J Cancer 1983;47:757-62.
5.
Rosenberg et al. Am J Epidemiol 1988;127:981-9.
6.
Howe HL et al. Int J Epidemiol 1989;18:300-4.
7.
Laing AE et al. J Natl Med Assoc 1993;85:931-9.
8.
Laing AE et al. Genet Epidemiol 1994;11:A300.
9.
Daling JR et al. J Natl Cancer Inst 1994;86:1584-92.
10.
Daling JR et al. Am J Epidemiol 1996;144:373-80.
11.
Neweomb et al. JAMA 1996;275:283-7.
12.
Wu AH et al. Br J Cancer 1996;73:680-6.
13.
Palmer JR et al. Cancer Causes Control 1997;8:841-9.
14.
Moseson M et al. Int J Epidemiol 1993;22:1000-9.
15.
Segi M et al. GANN 1957;48(Suppl):1-63.
16.
Watanabe H., Hirayama T. Nippon Rinsho 1968;26:1853-9 (em Japonês).
17.
Dvoirin VV, Medvedev AB Meth Progr Breast Cancer EpidemiolRes,
Tallin, 1978, Moscow Oncol Sei Otr USSR Acad Sci 1978;58-63.
18.
Burany B. Jugosl Ginekol Opstet 1979;19:237-47 (em sérvio-croata).
19.
Nishiyama F. Shikoku Ichi 1982;38:333-43.
20.
Le M-G In Wolff J-P, Scott JS, eds. Hormones and Sexual Factors in
Human Cancer Aetiology, Amsterdam: Elsevier 1884;139-47.
21.
Hirohata et at. NCI Monogr 1985;69:187-90.
22.
Ewertz M, Duffy SW Br J Cancer 1988;58:99-104.
23.
Adami HO et al. Br J Cancer 1990;62:122-6.
24.
La Vecchia C et al. Int J Epidemiol 1993;53:215-9.
25.
Andrieu N et al. Cancer Detect Prev 1994;18:51-5.
26.
Lipworth L et al. Int J Cancer 1995;61:181-4.
27.
Rookus M, van Leeuwen FE JNCI 1996;88:1759-64.
28.
Bu L et al. Am J Epidemiol 1995;141-885.
29.
Talamini R et al. Eur J Cancer 1996;32A:303-10.
30.
Melbye M et al. N Engl J Med 1997;336:81-5.
31.
Luporsi F in Andrieu N et al. Br J Cancer 1995;72:744-51.
32.
Rohan TE and 33. Zaridze DG, in #31 above.
34.
Harris JR et al N Engl J Med 1992;327:319-28.
35.
Remennick LI Int J Epidemiol 1989;18-498-510.
36.
Stewart et al. J Clin Endo Metab 1993;76:1470-6.
37.
Witt et al. Fertil Steril 1990;53:1029-36.
38.
Kunz J, Keller PJ Br J Ob Gyn 1976;83:640-4.
39.
Russo J, Russo III Am J Path 1980;100:497-512.
40.
Russo J et al. Brst Cancer Res Trt 1992;23:211-8.
41.1997
World Conference on Breast Cancer – Global Action Plan Report,
Kingston, ON, Canada, 1998, p.15.
Estas
informações foram produzidas num esforço
conjunto do Endeavour Forum, Inc., 12 Denham Place, Toorak, Victoria
3142, Austrália; telefone: +613-9822-5218; faxe: +613-9822-3069,
Prof.ª Doutora Babette Francis, Coordenadora Nacional e
Internacional e também da Revista Abortion-Breast Cancer Quarterly
Update, P.O. Box 3127, Poughkeepsic, NY, 12603 EUA; telefone &
faxe: 914-463-3728.
(Traduzido
por Joana Godinho, que teve a gentileza de nos enviar esta
colaboração)
Investigação
Sólida:
Aborto
- Cancro da Mama
Relação entre aborto e cancro da mama.
Por: Drª Angela Lanfranchi.
A Drª Angela Lanfranchi é cirurgiã da mama, membro do
American College of Surgeons, e professora assistente de Cirurgia no
“Robert Wood Johnson Medical School” em New Jersey.
Quando
em 1993 ouvi falar pela primeira vez da relação entre aborto
[provocado] e cancro da mama julguei que se tratava de uma fantasia
pró-vida. “Estão loucos”, foi o meu juízo imediato. Apesar
disso comecei a questionar as minhas pacientes com cancro da mama
sobre as suas gravidezes e a sua trajetória. Os resultados
surpreenderam-me.
Nos
primeiros seis meses tive duas pacientes na casa dos 30 anos com
cancro da mama; uma teve sete gravidezes e seis abortos e a outra
cinco gravidezes e três abortos. Continuei a ver mais mulheres
jovens com antecedentes de aborto a desenvolverem cancro na mama.
Evidentemente poderia estar diante de um acaso estatístico.
Em
1996, o professor Joel Brind, da Universidade de Nova York, publicou
a sua meta-análise, que revelou que 23 em 28 estudos mostravam uma
relação entre aborto e cancro da mama. O alvoroço que tal estudo
provocou na Grã-Bretanha, onde foi publicado no Journal of
Epidemiology and Community Health, levou o editor a escrever: “Admito
que todos aqueles que, como eu, têm convicções “pró-escolha”
precisam de, ao mesmo tempo,
desenvolver uma convicção que poderia ser chamada de
“pró-informação”, evitando censuras paternalistas excessivas
aos dados”. De censura paternalista foi a minha experiência todas
as vezes que tentei falar nos meios científicos sobre a relação
aborto-cancro da mama.
Cerca
de 85% dos fumadores não desenvolvem cancro no pulmão. Os médicos
que advertem os seus pacientes fumadores do risco de cancro nos
pulmões não são considerados “mercenários do medo”. De igual
modo, nem todas as mulheres que fizeram abortos padecerão de cancro
da mama, apenas 5%. E 95% das pacientes com cancro da mama não terão
um historial clínico de aborto. Mas algumas mulheres têm um elevado
risco de o contrair. E 5% são muitas mulheres.
Um
estudo publicado em 1994 no Journal of the National Cancer Institute
mostrou que jovens com menos de 18 anos, que abortem entre as 9 e as
24 semanas, têm cerca de 30% de probabilidade de contrair cancro da
mama durante a vida. A página web do US National Cancer Institute
sobre riscos reprodutivos, informa as mulheres de que existem estudos
que demonstram essa relação.
Muitas
pessoas interrogam-me sobre abortos espontâneos no primeiro
trimestre de gravidez. Em relação aos efeitos sobre os seios,
trata-se de um caso diferente do aborto provocado sobre uma gravidez
normal. O aborto espontâneo não aumenta o risco de cancro da mama,
dado que está associado a baixos níveis de estrogênio. No entanto,
quando a gravidez termina antes das células mamárias alcançarem a
sua plena maturidade, a mulher adquire mais lóbulos mamários dos
tipos 1 e 2 (glândulas lácteas) do que antes do início da
gravidez, pelo que esse risco aumenta. Os seus seios não
amadureceram os lóbulos 3 e 4, o que aconteceria no terceiro
trimestre e diminuiria tal risco.
A
ideologia não deveria impedir a divulgação destas informações.
As organizações australianas desajudam as mulheres a exercitar um
consentimento informado sempre que lhes negam o conhecimento destes
dados. Há 3 ações judiciais em curso nos EUA, interpostas por
mulheres não advertidas para este risco antes de abortarem.
Tenho
3 irmãs com cancro da mama e fico ofendida com as pessoas que
manipulam os dados científicos em proveito dos seus intuitos, sejam
quem forem. Gostava de não encontrar qualquer associação entre
aborto e cancro da mama, mas a nossa investigação é sólida e os
nossos dados exatos. Não é uma questão de acreditar. É uma
questão de constatar.
A
informação dá às mulheres a capacidade de fazerem escolhas
informadas. As mulheres que optam pelo aborto precisam de estar
alerta em relação aos riscos elevados, fazendo mamografias mais
cedo e com maior regularidade. Os cancros detectados em mamografias
têm maior probabilidade de se encontrarem no estádio inicial e de
serem curados. Nenhuma mulher deveria morrer com cancro da mama por
não ter sido advertida a tempo para tal risco.
Vi
a minha mãe morrer com metástases de cancro da mama. No exercício
da minha profissão vejo mulheres jovens com filhos
pequenos morrer de cancro da mama. Se a informação que eu presto às
minhas pacientes evitar uma morte
que seja, com toda a alegria
pago o preço de ser considerada uma “mercenária do medo”.
(
este texto foi publicado em Factos da Vida)
Fonte:
The Age (Australia); Pro-Life Infonet.
Mais
informação sobre aborto e cancro da mama:
Aborto
e Placenta Prévia
O
resultado de um aborto
pode refletir-se numa gravidez futura. O aborto aumenta entre sete a
quinze vezes o risco de placenta prévia (quando a placenta se
instalada próxima do colo do útero, uma condição clínica que
coloca em risco a vida
da mãe e do feto “desejado”) durante estados mais avançados de
gravidez (1). O desenvolvimento anormal da placenta devido a danos
uterinos causados por um aborto induzido aumenta o risco numa
gravidez futura de má formação fetal, morte
perinatal [ que se produz na proximidade do nascimento; o período
perinatal está compreendido entre as ultimas semanas da gestação e
os 10 dias seguintes ao nascimento ], e sangramento excessivo durante
o parto.
1.
Barrett, J.M., Boehm, F.H. and Killam, A.P. (1981). Induced-Abortion
– a Risk Factor for Placenta Previa. American Journal of Obstetrics
and Gynecology 141(7):769-772.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Aborto
e Doença Pélvica Inflamatória
A
DPI é uma doença infecciosa do trato genital superior que pode
afetar o útero, ovários, trompas de Falópio e outras estruturas
relacionadas. Quando não tratada, esta condição pode causar
infertilidade, dores pélvicas crônicas, e aumentar o risco de
gravidez ectópica que pode colocar a vida
da mulher em perigo. Das pacientes com uma infecção de clamídia [
gênero de microrganismos patogênicos para diversos animais e para o
homem ] na altura do aborto
(cerca de 20 a 27% das pacientes que se submetem a um aborto), 23%
desenvolve a DPI dentro de quatro semanas. Aproximadamente 5% das
pacientes não infectadas com clamídia desenvolvem DPI nas quatro
semanas após um aborto no primeiro trimestre. (1)
O
mínimo a esperar de quem executa abortos é um exame para determinar
se a mulher tem clamídia e, caso tenha, tratar esta infecção antes
do aborto. Claro que este procedimento só atrasa o aborto. E no caso
das clínicas de aborto, tempo
é dinheiro.
1.
Westergaard, L., Philipsen, T. and Scheibel, J. (1982). Significance
of Cervical Chlamydia-Trachomatis Infection in Post-Abortal Pelvic
Inflammatory Disease. Obstetrics and Gynecology 60(3):322-325.;
Barbacci, M.B., Spence, M.R., Kappus, E.W., Burkman, R.C., Rao, L.
and Quinn, T.C. (1986). Postabortal Endometritis and Isolation of
Chlamydia-Trachomatis. Obstetrics and Gynecology 68(5):686-690.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Aborto
e Infecções
A
infecção do trato genital é uma complicação que surge com
frequência após um aborto induzido. Uma outra complicação que
pode levar à morte
da mulher é a formação de um abcesso pélvico, que resulta quase
sempre de uma perfuração do útero ou, em alguns casos, também dos
intestinos.
A
infecção do ventre e das trompas resulta algumas das vezes em danos
permanentes. As trompas de Falópio [ cada um dos dois canais, à
esquerda e à direita, que se prolongam até aos ovários e que
terminam por uma região em forma de funil ], sendo um órgão frágil
e extremamente fino, podem sofrer
aderências [ união de dois órgãos ou de duas superfícies
contíguas normalmente separadas ] em resultado de uma infecção. A
infecção típica que envolve estes órgãos é conhecida como a
doença pélvica inflamatória (PID) A febre que se poderá seguir
após um aborto induzido pode indicar esta condição clínica.
Mulheres
com uma infecção provocada pela bactéria Chlamydia trachomatis
submetidas a um aborto induzido correm o risco de desenvolver PID.
Para além de ser difícil
de tratar, esta situação pode levar à infertilidade mesmo com
tratamento adequado e a possíveis gravidezes ectópicas no futuro.
Também
têm sido reportadas outras infecções pós-aborto, como a
pancreatite [ inflamação do pâncreas ] com necrose [ Processo de
degeneração que termina na destruição de células e/ou tecidos
]possivelmente induzida pelas drogas administradas no decorrer do
aborto clínico para minimizar as dores ou pare induzir o aborto. (1)
1.
Hallberg, P., E. Hallberg and H. Amini (2004). Acute pancreatitis
following medical abortion: Case report. BMC Women’s Health 4(1).
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Aborto
e Endometrite
A
endometrite (inflamação ou irritação do endométrio) é um risco
pós-aborto para todas as
mulheres, especialmente para as adolescentes, que têm 2,5 vezes mais
probabilidade do que mulheres entre os 20 e 29 anos de contrair esta
condição após um aborto. (1)
1.
Burkman, R.T., Atienza, M.F. and King, T.M. (1984). Morbidity Risk
among Young Adolescents Undergoing Elective Abortion. Contraception
30(2):99-105.; Barbacci, M.B., Spence, M.R., Kappus, E.W., Burkman,
R.C., Rao, L. and Quinn, T.C. (1986). Postabortal Endometritis and
Isolation of Chlamydia-Trachomatis. Obstetrics and Gynecology
68(5):686-690.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Aborto
e Hemorragias
O
sangramento após um aborto
induzido é geralmente semelhante ao período menstrual normal. Mas
as hemorragias são frequentes após um aborto induzido e podem
indicar que partes da placenta ainda ficaram dentro do útero. Quase
sempre a mulher recupera mas, em alguns casos, torna-se necessária
uma transfusão de sangue. Em casos de clínicas mal preparadas (em
que é elevada percentagem em todos os países onde o aborto é
legal), este tipo de problemas implica que a mulher seja transferida
para um hospital de modo a poder receber uma transfusão de sangue e
ser sujeita a uma cirurgia de emergência. Atrasos neste processo têm
sido apontados como a causa de morte
de muitas mulheres que se submetem a um aborto induzido. Quando a
hemorragia resulta de partes da placenta que ainda ficaram dentro do
útero, a mulher tem que se sujeitar de novo a um procedimento
semelhante ao do aborto (geralmente por aspiração). É necessário
realçar que um aborto realizado em clínicas especializadas não
resolve este problema, porque ainda assim a mulher tem de ser
transferida para um hospital.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Aborto
e Coágulos de Sangue
Os
coágulos de sangue são uma das causas de morte
das mães que dão à luz de uma forma normal. São também uma causa
de morte de jovens saudáveis que executam um aborto.
Êmbolos
são também um problema (objetos flutuantes no sangue que se alojam
nos pulmões, coração, ou cérebro provocando uma condição
conhecida como embolia). O nascimento de um bebé é um processo
natural e o corpo da mulher está bem preparado para o nascimento da
criança e para a separação e expulsão da placenta. O aborto
cirúrgico induzido é um processo anormal e corta a placenta da
parede do útero quando nenhum destes está preparado para esta
separação. Isto leva, por vezes, a que o fluido que envolve o feto
e partes de tecido ou coágulos de sangue sejam forçados para a
circulação materna. Estes podem ser transportados para os pulmões
através da circulação sanguínea causando danos e ocasionalmente a
morte.
Este
tem sido o motivo da principal causa de morte da mãe no aborto
induzido pelo método do envenenamento salino. O embolismo causado
pelo fluido amniótico emergiu como uma importante causa de morte em
abortos legais. Este risco parece ser maior após os primeiros 3
meses de gestação.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Aborto
e Perfurações Uterinas
Apesar
de musculares, as paredes do útero são moles e sensíveis. Por esse
motivo, o tubo de sucção utilizado no aborto
por aspiração ou a faca (D&C) podem facilmente perfurar o
útero, causando potenciais infecções abdominais (peritonites:
infecção da membrana serosa formada por dois folhetos, que reveste
as paredes profundas do abdômen ou envolve os órgãos abdominais )
e perdas de sangue graves. Em alguns casos, a perfuração durante o
procedimento de aborto pode mesmo fazer com que os intestinos
penetrem na cavidade uterina. Cerca de 2 a 3% das mulheres que se
submetem a um aborto podem sofrer
de perfurações uterinas. Estes danos mantêm-se geralmente por
diagnosticar e tratar a menos que seja efetuado um exame com
laparoscopia [ exame visual da cavidade abdominal (previamente
distendida por injeção de ar ou de gases estéreis, por meio de um
endoscópio introduzido através da parede abdominal, ou por via
vaginal ]. (1)
O
risco de perfuração do útero aumenta em mulheres que já tenham
dado à luz anteriormente e para aquelas que recebem uma anestesia
geral durante o procedimento do aborto. Os danos no útero podem
resultar em complicações numa gravidez futura e eventualmente
evoluir para problemas que tornem necessária um histerectomia
(remoção do útero). (2)
1.
Kaali, S.G., Szigetvari, I.A. and Bartfai, G.S. (1989). The Frequency
and Management of Uterine Perforations During 1st-Trimester
Abortions. American Journal of Obstetrics and Gynecology
161(2):406-408.; White, M.K., Ory, H.W. and Goldenberg, L.A. (1977).
Case-Control Study of Uterine Perforations Documented at Laparoscopy.
American Journal of Obstetrics and Gynecology 129(6):623-628.
2.
Grimes, D.A., Schulz, K.F. and Cates, W.J. (1984). Prevention of
Uterine Perforation During Curettage Abortion. Jama-Journal of the
American Medical Association 251(16):2108-2111.; Grimes, D.A.,
Schulz, K.F., Cates, W. and Tyler, C.W. (1979). Local Versus
General-Anesthesia – Which Is Safer for Performing Suction
Curettage Abortions. American Journal of Obstetrics and Gynecology
135(8):1030-1035.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Aborto
e Morte
Estudos
recentes têm demonstrado que a prática do aborto induzido não é
segura sob nenhumas circunstâncias e que, ao contrário do argumento
popular, não é mais seguro que o parto. À luz de estudos recentes,
o mito do “aborto seguro” está finalmente arrumado.
Um
estudo sobre as taxas de mortalidade após a gravidez e aborto,
realizado na Finlândia em 1997 e financiado pelo governo, revelou
que as mulheres que abortam tem quatro vezes maior probabilidades de
morrer no ano seguinte do que as mulheres que levam a gravidez até
ao fim. (1) Este estudo é apontado como o mais exaustivo até ao
momento sobre o assunto. O mesmo estudo refere que após realizarem o
aborto as mulheres aumentavam em 60% as probabilidades de morrer de
morte
natural, têm sete vezes maior probabilidade de morrer por suicídio,
quatro vezes maior probabilidade de morrer de danos causados por
acidentes e catorze vezes maior probabilidade de morrer de homicídio.
(2) Os investigadores concluíram que as taxas de mortalidade mais
elevadas relacionadas com acidentes e homicídios podem estar ligadas
às taxas de suicídio e de comportamentos de risco mais elevadas
entre estas mulheres.
As
principais causas de morte materna relacionadas com o aborto
ocorridas num período de até uma semana após o procedimento são:
hemorragias, infecção, embolia, anestesia, e gravidez ectópica [
gravidez na qual o feto se desenvolve fora da cavidade uterina;
frequentemente nas trompas e raramente nos óvulos ou zona abdominal
] não diagnosticada.
Um
estudo realizado em 1985 nos Estados Unidos aponta o aborto legal
como a quinta causa principal de morte materna, mesmo sendo conhecido
que uma grande parte das mortes como resultado do aborto não é
oficialmente participada como tal. (3)
Um
outro estudo publicado em 2002 refere que as mulheres que já se
submeteram a um aborto têm um risco significativamente mais elevado
de morte a curto e longo prazo do que as mulheres que dão à luz
(4). Este estudo baseou-se em 173.000 registos médicos de mulheres
com baixo rendimento na Califórnia, para os quais os investigadores
estudaram as participações de mortes. Entre as várias descobertas
que fizeram, constataram que as mulheres que tinham realizado abortos
apresentavam o dobro da probabilidade de morrer nos dois anos
subsequentes. Também verificaram uma elevada taxa de mortalidade por
um período de oito anos nas mulheres submetidas a abortos. Neste
período estudado, as mulheres que abortaram apresentavam mais 154%
de risco de morte por suicídio, mais 82% de risco de morte por
acidente e mais 44% de risco de morte por causas naturais.
Em
países onde a prática do aborto é legal, as taxas de mortalidade
resultantes desta prática são geralmente muito baixas. A justificar
os números baixos podem, no entanto, estar outras causas que não a
segurança do procedimento. Um dos motivos é a simples omissão da
palavra aborto na causa de morte. Mas existem outros factores que
mascaram a verdadeira dimensão dos números. Ficam apenas alguns
exemplos de como o aborto pode resultar na morte da mulher sem
necessariamente ser esta a causa “oficial” de morte:
Um
útero perfurado durante o processo de aborto induzido dá origem a
um abcesso [ acumulação de pus resultante de uma infecção por
microrganismos, geralmente bactérias ] pélvico, sepsia (infecção
generalizada do sangue) e morte.
Depressão
profunda e sentimento
de culpa após um aborto conduzem ao suicídio. Causa oficial:
suicídio. Causa real: aborto.
Um
estudo publicado em 1990 mostra as principais causas de morte
resultante do procedimento do aborto legal entre 1979 e 1985 nos EUA
(5) :
22,2%
por hemorragia;
13,9%
por infecção;
15,3%
por embolia;
29,2%
da anestesia;
19,4%
de outras causas.
Estudos
mais recentes não parecem indicar um cenário diferente. Num destes
estudos a comparar as taxas de mortalidade das mulheres resultantes
de abortos e nascimentos, os autores comentam: “Ainda que alguns
especialistas médicos continuem certamente a defender a opinião que
o aborto é uma alternativa segura a dar à luz, isto não pode ser
mais caracterizado como um ‘facto estabelecido.’ É na melhor das
hipóteses uma opinião não substanciada, mais provavelmente uma
esperança,
e na pior das hipóteses, um mantra ideológico.” (Reardon, D. C.,
T. W. Strahan, J. M. Thorp and M. W. Shuping (2004). Deaths
associated with abortion compared to childbirth: a review of new and
old data and the medical and legal implications. The Journal of
Contemporary Health Law & Policy 20(2): 279-327.)
1.
Gissler, M., Kauppila, R., Merilainen, J., Toukomaa, H. and Hemminki,
E. (1997). Pregnancy-associated deaths in Finland 1987-1994 –
Definition problems and benefits of record linkage. Acta Obstetricia
Et Gynecologica Scandinavica 76(7):651-657.
2.
Gissler, M., Hemminki, E. and Lonnqvist, J. (1996). Suicides after
pregnancy in Finland, 1987-94: Register linkage study. British
Medical Journal 313(7070):1431-1434.
3.
Kaunitz, A.M., Hughes, J.M., Grimes, D.A., Smith, J.C., Rochat, R.W.
and Kafrissen, M.E. (1985). Causes of Maternal Mortality in the
United-States. Obstetrics and Gynecology 65(5):605-612.
4.
Reardon, D.C., Ney, P.G., Scheuren, F., Cougle, J., Coleman, P.K. and
Strahan, T.W. (2002). Deaths associated with pregnancy outcome: A
record linkage study of low income women. Southern Medical Journal
95(8):834-841.
5.
Atrash, H.K., Lawson, H.W. and Smith, J.C. (1990). Legal abortion in
the US: trends and mortality. Contemporary OB/GYN 35(2):58-69.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Aborto
e Consumo de
Tabaco, Álcool e Drogas
O
stress pós-aborto está
ligado ao aumento do consumo de tabaco. As mulheres que abortam
duplicam a probabilidade de se tornarem fumadoras excessivas e de
sofrerem dos riscos de saúde que daí advêm. (1)
O
aborto está relacionado com uma duplicação do aumento do risco de
abuso de álcool entre as mulheres (2). Um estudo realizado entre
mulheres sem antecedentes de consumo de drogas ou álcool revelou um
aumento de cinco vezes no consumo destas substâncias entre mulheres
que realizaram um aborto na sua primeira gravidez. (3)
Outro
estudo mostrou que entre mulheres que dão à luz a primeira vez,
aquelas que já tinham realizado um aborto no passado, tinham cinco
vezes mais hipóteses de utilizarem drogas, duas vezes mais
probabilidade de consumir álcool e dez vezes mais probabilidade de
fumar marijuana durante a gravidez, em relação a mulheres que nunca
tenham realizado um aborto. (4)
A
relação entre o aborto e o abuso de substâncias (drogas e álcool)
tem sido estabelecida em estudo recentes. Um destes estudos,
realizado entre 749 mulheres que tiveram a sua primeira gravidez não
intencional e 1144 mulheres que nunca estiveram grávidas, revela que
as mulheres que optaram pelo aborto têm maior probabilidade de
reportar, em média quatro anos após o aborto, uma utilização mais
frequente de álcool, marijuana e cocaína. (5)
Este
estudo revela ainda que as mulheres que deram à luz a sua gravidez
não intencional, não apresentavam diferenças significativas em
relação às mulheres que nunca tinham dado à luz, excepto num
menor consumo de álcool. Segundo um dos autores, este facto pode ser
explicado por a maternidade, mesmo nas gravidezes não desejadas,
produzir um efeito protetor nas mães, que imerge possivelmente no
aumento do sentido de responsabilidade em relação aos seus filhos.
A
investigação revela ainda que as elevadas taxas de consumo de
drogas e álcool entre mulheres que realizaram um aborto poderá
estar ligado a elevados níveis de ansiedade, depressão e mágoa.
Pelo
menos 21 estudos médicos anteriores a este revelaram que mulheres
com uma história de aborto têm mais probabilidade de um maior uso
subsequente de drogas e álcool do que outras mulheres.
1.
Harlap, S. and Davies, A.M. (1975). Characteristics of Pregnant-Women
Who Report Previous Induced Abortions. Bulletin of the World Health
Organization 52(2):149-154.; Levin, A.A., Schoenbaum, S.C., Monson,
R.R., Stubblefield, P.G. and Ryan, K.J. (1980). Association of
Induced-Abortion with Subsequent Pregnancy Loss. Jama-Journal of the
American Medical Association 243(24):2495-2499.
2.
Klassen, A.D. and Wilsnack, S.C. (1986). Sexual
Experience and Drinking among Women in a United-States National
Survey. Archives of Sexual Behavior 15(5):363-392.; Kuzma, J.W. and
Kissinger, D.G. (1981). Patterns of Alcohol and Cigarette Use in
Pregnancy. Neurobehavioral Toxicology and Teratology 3(2):211-221.
3.
Reardon, D.C. and Ney, P.G. (2000). Abortion and subsequent substance
abuse. American Journal of Drug and Alcohol Abuse 26(1):61-75.
4.
Coleman, P.K., Reardon, D.C., Rue, V.M. and Cougle, A. (2002). A
history of induced abortion in relation to substance use during
subsequent pregnancies carried to term. American Journal of
Obstetrics and Gynecology 187(6):1673-1678.
5.
Reardon, D.C., P.K. Coleman and J.R. Cougle (2004). Substance use
associated with unintended pregnancy outcomes in the National
Longitudinal Survey of Youth. American Journal of Drug and Alcohol
Abuse 30(2):369-383.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Aborto
e Depressão
Um
estudo recente sugere que as mulheres que abortam na sua primeira
gravidez não desejada têm maior propensão para o suicídio,
aumento do abuso de drogas e para a depressão clínica, do que
mulheres que levam a sua gravidez não intencional até ao fim. Este
estudo publicado num prestigiado jornal científico de medicina, foi
levado a cabo por uma organização Norte Americana de investigação
e educação
que estuda as complicações pós-aborto
e fornece programas de aconselhamento para as mulheres. Os dados
deste estudo foram retirados de um estudo nacional sobre os jovens
americanos que teve início em 1979. Um subconjunto de 4.463 mulheres
foi sondado em 1992 sobre assuntos como a depressão, intenção de
gravidez e resultado da mesma. (1)
Uma
das conclusões do estudo foi que oito anos após o aborto induzido,
as mulheres casadas tinham 138% mais probabilidades de estar em
elevado risco de depressão clínica do que as mulheres que levaram a
sua gravidez não planeada/intencional até ao fim.
Um
outro estudo recentemente publicado revela o risco significativo de
episódios psiquiátricos associados ao aborto induzido. (2) A equipa
de investigadores que efetuou este estudo comparou os tratamentos
psiquiátricos entre mulheres que se tinham submetido um aborto
induzido e mulheres que tinham levado a gravidez até ao fim. Esta
informação foi obtida através do exame de registos médicos de
cerca de 173.000 mulheres da Califórnia de estratos econômicos
baixos. De modo a excluir diferenças induzidas pela saúde
psicológica das mulheres antes destes episódios, não foram
consideradas todas as mulheres que se tinham submetido a qualquer
tratamento psiquiátrico no ano anterior ao resultado da gravidez. O
estudo revelou que cerca de 63% das mulheres tinham maior
probabilidade de receber tratamento psiquiátrico num período de 90
dias após um aborto do que numa gravidez levada até ao fim. Para
além disso, taxas significativamente mais elevadas de tratamentos de
saúde mental subsequentes persistem ao longo dos quatro anos de
dados examinados para as mulheres que se submeteram a um aborto. O
aborto estava mais fortemente associado com tratamentos subsequentes
para depressão neurótica, desordem bipolar e desordens
esquizofrênicas.
A
mesma equipa de cientistas publicou outro estudo baseado em 56.741
pacientes que mostrou que as mulheres que se submeteram a um aborto
têm 2,6 vezes mais probabilidades de serem hospitalizadas para
tratamento psiquiátrico no período de 90 dias após o aborto ou
nascimento (em relação a mulheres que dão à luz). Neste estudo o
diagnóstico mais comum foi a psicose depressiva. (3)
Um
estudo comparativo realizado entre aproximadamente 1.900 mulheres que
na sua primeira gravidez se submeteram a um aborto induzido ou
levaram a gravidez até ao fim, revelou que aquelas que decidiram
terminar a gravidez com um aborto, tinham 65% mais de probabilidade
de estar no risco elevado de depressão clínica. (4)
Na
WWW: (CNSNews).
1.
Reardon, D.C. and Cougle, J.R. (2002). Depression and unintended
pregnancy in the National Longitudinal Survey of Youth: a cohort
study. British Medical Journal 324(7330):151-152.
2.
Coleman, P.K., Reardon, D.C., Rue, V.M. and Cougle, J. (2002)
State-funded abortions versus deliveries: A comparison of outpatient
mental health claims over 4 years. American Journal of
Orthopsychiatry 72(1):141-152.)
3.
Reardon, D.C., Cougle, J.R., Rue, V.M., Shuping, M.W., Coleman, P.K.
and Ney, P.G. (2003). Psychiatric admissions of low-income women
following abortion and childbirth. Canadian Medical Association
Journal 168(10):1253-1256.
4.
Cougle, J.R., Reardon, D.C. and Coleman, P.K. (2003). Depression
associated with abortion and childbirth: A long-term analysis of the
NLSY cohort. Medical Science Monitor 9(4):CR105-112.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Aborto
e Ansiedade
Quando
comparadas com mulheres que levam a sua gravidez não intencional até
ao fim, as que abortam uma gravidez não intencional têm maior
probabilidade de experimentar problemas subsequentes de ansiedade.
Esta constatação é o resultado de um estudo recente (1) publicado
num jornal científico dedicado a desordens ligadas com a ansiedade,
realizado entre 10,847 mulheres com idades entre os 15 e os 34 anos
que experimentaram uma primeira gravidez não intencional e sem
qualquer historial de ansiedade. Os investigadores que realizaram
este estudo descobriram que as mulheres que decidiram abortar tinham
30% maior probabilidade de mencionar sintomas subsequentes associados
a um diagnostico de desordem generalizada de ansiedade.
Esta
ligação não deve ser ignorada no tratamento de mulheres com
problemas de ansiedade. O principal autor deste estudo refere que “o
nosso estudo sugere que os profissionais de saúde que tratam de
mulheres com problemas de ansiedade poderão achar útil inquirir
acerca da história reprodutiva das suas clientes (…) As mulheres
que lutam com questões por resolver relacionadas com um aborto
no passado poderão beneficiar significativamente de aconselhamento
que foque este problema.”
1.
Cougle, J. R., D. C. Reardon and P. K. Coleman (2005). Generalized
Anxiety Following Unintended Pregnancies Resolved Through Childbirth
and Abortion: A Cohort Study of the 1995 National Survey of Family
Growth. Journal of Anxiety Disorders 19:137-142.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Stress
Pós-Aborto
Os
danos psicológicos mais sérios que as mulheres que se submetem a um
aborto induzido experimentam podem ser englobados numa condição
designada de Síndrome Pós-Aborto (SPA). Esta condição faz parte
da classe mais abrangente de desordens designadas de Desordens de
Stress Pós-Traumático. O SPA pode ser descrito nos seguintes
componentes básicos (1) :
Exposição
ou participação numa experiência de aborto, que é compreendida
como a destruição traumática e intencional da sua própria criança
não nascida.
Reviver
de uma forma negativa e não controlada o momento do aborto
(“flashback”). Tentativas mal sucedidas de evitar ou negar
recordações dolorosas do aborto, resultando na perda de reação.
Experiências
de sintomas associados que não estavam presentes antes do aborto,
incluindo culpa. Através
de um processo de negação, as vítimas do SPA inibem o processo
natural de mágoa e desgosto pela morte
de um filho e frequentemente negam a sua responsabilidade no aborto.
A negação ou supressão bloqueia, por sua vez, o processo e cura e
a possibilidade de perdão a si mesma e outros envolvidos na sua
decisão e no seu aborto.
O
trauma manifesta-se geralmente numa disfunção na área psicológica,
física ou espiritual.
O
stress psicológico como consequência de um aborto parece ser maior
do que antes se pensava. Um estudo recente que incluiu 331 mulheres
russas e 217 mulheres americanas que se submeteram a um aborto parece
demonstrar essa realidade. (2) Entre outras coisas, este estudo
revelou que:
65%
das mulheres americanas sondadas experimentou múltiplos sintomas de
desordem de stress pós-traumático, os quais atribuíam ao seu
aborto.
64%
das mulheres americanas sentiram-se pressionadas por outros a
escolher o aborto, em comparação com 37% das mulheres russas.
De
um modo geral, as mulheres referiram mais reações negativas do que
positivas.
A
reação positiva mais mencionada foi o alívio, mas apenas 7% das
mulheres russas e 14% das americanas a mencionaram.
As
mulheres americanas eram mais propensas a atribuir aos seus abortos
pensamentos subsequentes de suicídio (36%), um aumento de consumo de
drogas e álcool (27%) problemas sexuais (24%), problemas relacionais
(27%), sentimento
de culpa (78%) e incapacidade de auto-perdão (24%).
Aproximadamente
2% das mulheres americanas atribuíram ao seu aborto uma
hospitalização psiquiátrica subsequente.
1.
Speckhard, A.C. and Rue, V.M. (1992). Postabortion Syndrome – an
Emerging Public-Health Concern. Journal of Social
Issues 48(3):95-119.
2.
Rue, V. M., P. K. Coleman, J. J. Rue and D. C. Reardon (2004).
Induced abortion and traumatic stress: A preliminary comparison of
American and Russian women. Medical Science Monitor 10(10): SR5-16.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Aborto
e Trauma
A
experiência do aborto pode ser traumática para as mulheres por
variadas razões. Muitas são forçadas a fazê-lo pelos maridos,
namorados, pais ou outros (casos recentes reportados nas notícias
mostram que muitas prostitutas são obrigadas pela “entidade
empregadora” a submeter-se a abortos sempre que engravidam). Se a
vida destas mulheres é caracterizada pelo abuso resultante do
domínio forçado por parte de outra pessoa (o marido será um
exemplo frequente em Portugal), a sujeição a um aborto não
desejado pode ser encarada como a humilhação ou violação final.
Outras
mulheres, independentemente das razões que as levam a sujeitar-se a
um aborto, podem ainda encarar esta prática como a morte
violenta do seu próprio filho. Algumas mulheres chegam mesmo a
referir que a dor provocada pelo procedimento do aborto, aliada ao
facto de ser infligida por um estranho de mascara, poder ser
comparada a uma violação ou invasão do seu corpo. (1)
Alguns
sintomas referidos por mulheres sujeitas a um ou mais abortos são:
pensamentos recorrentes sobre o aborto ou a criança abortada,
sensações momentâneas em que a mulher relembra ou sente algum
aspecto relacionado com a sua experiência do aborto, pesadelos sobre
o aborto ou a uma criança abortada, reações de angústia intensa
ou depressão no aniversário da data do aborto.
Para
além das muitas formas da reação de trauma consequentes de um
aborto induzido, estas variam também no tempo.
Muitas mulheres experimentam um período inicial de remorsos e mais
tarde encontram algum alívio emocional, enquanto que outras mulheres
lidam bem com a situação após o aborto e só mais tarde
experimentam problemas emocionais. Num estudo realizado entre 260
mulheres que experimentaram reações negativas pós-aborto, entre 63
a 76% referiram a existência de um período em que negaram quaisquer
sentimentos negativos relacionados com o aborto. O período médio de
negação apresentado como conclusão deste estudo foi de 63 meses.
(2)
Muitas
mulheres que se submetem a um aborto chegam a sofrer
daquilo que se designa desordem de stress pós-traumático. Um estudo
realizado mostrou que 1,4% das mulheres que se sujeitam a um aborto
nos EUA sofrem desta desordem como resultado do seu aborto e que, de
um modo geral, os sentimentos negativos aumentavam e a satisfação
com a escolha diminuía com o passar do tempo. (3) No entanto, este
estudo também demonstrou que grande parte das mulheres não
experimenta problemas psicológicos ou arrependimento em relação ao
seu aborto num período de 2 anos pós-aborto. Apesar da percentagem
de mulheres afetadas por esta desordem ser baixa, só nos EUA este
número abrange cerca de 18.200 novos casos anualmente, o que implica
mais de meio milhão desde que o aborto foi legalizado em 1973.
Um
outro estudo realizado na Suécia a partir de entrevistas feitas a
mulheres no período de um ano após se terem submetido a um aborto,
revelou que cerca de 60% das mulheres (de uma amostra de 854)
experimentaram stress emocional após o aborto. (4) Em 16% das
mulheres este stress foi classificado como “severo”, tornando
necessários cuidados psiquiátricos. Cerca de 70% das mulheres
também referiram não voltar a considerar o aborto induzido como
opção se fossem novamente confrontadas com uma gravidez não
desejada.
1.
Francke, L.B. (1978). The Ambivalence of Abortion. Dell Publishing,
New York.
2.
Reardon, D. (1994). Psychological Reactions Reported After Abortion.
The Post-Abortion Review 2(3):4-8.
3.
Major, B., Cozzarelli, C., Cooper, M.L., Zubek, J., Richards, C.,
Wilhite, M. and Gramzow, R.H. (2000). Psychological responses of
women after first-trimester abortion. Archives of General Psychiatry
57(8):777-784.
4.
Soderberg, H., Janzon, L. and Sjoberg, N.O. (1998). Emotional
distress following induced abortion – A study of its incidence and
determinants among abortees in Malmo, Sweden. European Journal of
Obstetrics Gynecology and Reproductive Biology 79(2):173-178.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Repetição
de Abortos
As
mulheres que se sujeitam a um aborto
ficam expostas a um risco acrescido de recorrer a mais abortos no
futuro. Mulheres com uma experiência anterior de aborto têm 4 vezes
mais probabilidades de abortar novamente do que aquelas que nunca
recorreram ao aborto (1). Uma ocorrência estranha em alguns abortos
é que as mulheres apresentam como motivação de realizarem um novo
aborto a auto-punição. (2)
Um
estudo realizado na França entre 12.432 mulheres que tiveram um
único parto numa maternidade publica ou privada durante uma semana
em 1995 revelou que as que já tinham realizado um ou mais abortos
induzidos tinham maior probabilidade de não serem casadas, menor
probabilidade de estarem empregados durante a gravidez, tinham um
nível de habilitações mais baixo, maior incidência de cuidados
pré-natais inadequados e maior probabilidade de fumar durante a
gravidez. (3) Para além disso, apresentaram uma maior incidência de
partos prematuros quando comparadas com mulheres que apenas tinham
sido sujeitas a um único aborto ou nunca tinham realizado nenhum.
1.
Joyce, T. (1988). The Social
and Economic Correlates of Pregnancy Resolution among Adolescents in
New-York-City, by Race and Ethnicity – a Multivariate-Analysis.
American Journal of Public Health 78(6):626-631.; Henshaw, S.K. and
Silverman, J. (1988). The Characteristics and Prior Contraceptive Use
of United-States Abortion Patients. Family Planning Perspectives
20(4):158-&.; Belsey, E.M., Greer, H.S., Lal, S., Lewis, S.C. and
Beard, R.W. (1977). Predictive Factors in Emotional Response to
Abortion – Kings Termination Study .4. Social Science &
Medicine 11(2):71-82.; Freeman, E.W., Rickels, K., Huggins, G.R.,
Garcia, C.R. and Polin, J. (1980). Emotional Distress Patterns among
Women Having 1st or Repeat Abortions. Obstetrics and Gynecology
55(5):630-642.
2.
Leach, J. (1977). Repeat Abortion Patient. Family Planning
Perspectives 9(1):37-39. Fischer, S. (1986). Reflection on Repeated
Abortions: The meanings and motivations. Journal of Social Work
Practice 2(2):70-87. Howe, B., Kaplan, H.R. and English, C. (1979).
Repeat Abortions – Blaming the Victims. American Journal of Public
Health 69(12):1242-1246.
3.
Henriet, L. and Kaminski, M. (2001). Impact of induced abortions on
subsequent pregnancy outcome: the 1995 French national perinatal
survey. British Journal of Obstetrics and Gynaecology
108(10):1036-1042.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Aborto
e Disfunção Sexual
Um
estudo mostra que entre 30% a 50% das mulheres que abortam referem
experiências de disfunção sexual, tanto de curta ou longa duração,
com início imediato após o aborto (1). Estes problemas podem
incluir: perda de prazer durante o ato sexual, aumento de dor,
aversão ao sexo ou ao homem de uma forma geral ou desenvolvimento de
um estilo de vida
promíscuo.
1.
Belsey, E.M., Greer, H.S., Lal, S., Lewis, S.C. and Beard, R.W.
(1977). Predictive Factors in Emotional Response to Abortion –
Kings Termination Study .4. Social
Science & Medicine 11(2):71-82.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Aborto,
Divórcios e
Problemas Crônicos de Relacionamento
Mulheres
que se submeteram a um aborto demonstram maior propensão para
relacionamentos mais curtos e para o divórcio (1). Este facto pode
dever-se a baixa auto-estima, menor confiança nos homens, disfunções
sexuais, abuso de drogas ou álcool, incidência elevada de
depressões, ansiedade, e temperamento instável. Mulheres que se
submeteram a mais de um aborto (cerca de 45% nos EUA- Facts in Brief:
Induced Abortion. The Alan Guttmacher Institute, 1996.) têm maior
probabilidade de se tornarem mães solteiras e de necessitar de
assistência social.
Um
estudo francês realizado em 1996 entre mulheres que se submeteram a
mais de um aborto revelou que este grupo tinha sido caracterizado por
parceiros instáveis e por um sentimento
de ambivalência entre o desejo de engravidar e o não querer ter
filhos
(2). Os autores deste estudo concluíram que existe uma precariedade
psico-social real entre a população estudada e que esta tinha bom
conhecimento dos métodos contraceptivos.
O
aborto induzido parece deteriorar de um modo geral o relacionamento
homem/mulher. Relacionamentos conflituosos, causais ou sem
compromisso são particularmente susceptíveis de quebrar após um
aborto. Em casos que os casais não se separam são geralmente
referidos problemas de comunicação, disfunções sexuais e
isolamento. (3)
1.
Shepard, M.J. and Bracken, M.B. (1979). Contraceptive Practice and
Repeat Induced-Abortion – Epidemiological Investigation. Journal of
Biosocial Science 11(3):289-302.; Henshaw, S.K. and Silverman, J.
(1988). The Characteristics and Prior Contraceptive Use of
United-States Abortion Patients. Family Planning Perspectives
20(4):158-&.; Belsey, E.M., Greer, H.S., Lal, S., Lewis, S.C. and
Beard, R.W. (1977). Predictive Factors in Emotional Response to
Abortion – Kings Termination Study .4. Social Science &
Medicine 11(2):71-82.; Freeman, E.W., Rickels, K., Huggins, G.R.,
Garcia, C.R. and Polin, J. (1980). Emotional Distress Patterns among
Women Having 1st or Repeat Abortions. Obstetrics and Gynecology
55(5):630-642.; Berger, C., Gold, D., Andres, D., Gillett, P. and
Kinch, R. (1984). Repeat Abortion – Is It a Problem. Family
Planning Perspectives 16(2):70-75.
2.
Douvier, S., Lordier, C., Rousseau, T. and Reynaud, I. (2001).
Interruption volontaire de grossesse : étude comparative entre 1982
et 1996 sur le principal centre de côte d’or. Analyse des femmes
ayant des IVG itératives. Gynecol. Obstet. Fertil. 29(3):200-210.
3.
Strahan, T.W. (1993). Major Articles and Books Concerning the
Detrimental Effects of Abortion. The Rutherford Institute,
Charlottesville, VA.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Estatísticas
do Aborto no Mundo
Numero
de abortos por ano: entre 46
a 55 milhões.
Numero
de abortos por dia: aproximadamente
126.000.
Onde
ocorrem: 78% de todos os abortos são realizados em países em
desenvolvimento e os restantes 22% em países desenvolvidos.
Legalidade
dos abortos: Aproximadamente 97 países, com
cerca de 66% da população mundial, têm leis que em essência
permitem o aborto
induzido. Noventa e três países, com cerca de 34% da população,
proíbem o aborto ou permitem o aborto apenas em situações
especiais como deformações do feto, violações ou risco de vida
para a mãe. Todos os anos cerca de 26 milhões de mulheres realizam
abortos legais, enquanto que 20 milhões de abortos são realizados
em países onde esta prática é restringida ou proibida por lei.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Estatísticas
do Aborto nos Estados Unidos
Numero
de abortos por ano: aproximadamente 1,313,300 no ano 2000.
(1)
Numero
de abortos por dia: aproximadamente 3.700.
Quem
realiza os abortos:
1.
Idade
52%
das mulheres tem idade inferior a 25 anos;
mulheres
com idades entre 20 e 24 contabilizam 32% da totalidade de abortos;
20%
são adolescentes sendo 1,2% raparigas com menos de 15 anos.
2.
Estado civil
64,4%
de todos os abortos são atribuídos a mulheres que nunca se
casaram;
as
mulheres casadas contabilizam 18,4% de todos os abortos e as
divorciadas 9,4%.
-
Menor
de 15.000 € – 28,7%;
15.000
€ – 29.999 – 19,5%;
30.000
€ – 59.999 – 38,0%;
Acima
dos 60,000 – 13,8%.
4.
Motivos
Violação
ou incesto – 1%;
Potenciais
problemas de saúde (mãe ou feto) – 6%;
Razões
sociais (i.e. criança não desejada ou inconveniente) – 93%.
6.
Probabilidade de aborto
Estima-se
que 43% das mulheres irão realizar pelo menos um aborto antes de
atingirem os 45 anos de idade;
47%
de todos os abortos são realizados em mulheres que já realizaram
um aborto previamente.
1.
Ludmer, P. I., A. Nucci-Sack and A. Diaz (2003). Adolescent
Abortion: Trends and Techniques. Current Women’s Health Reports 3:
438-444.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Estatísticas
do Aborto na Rússia
O
Legado
A
prática comum do aborto induzido durante décadas deixou, neste
país, um legado de problemas clínicos significativos. As
complicações resultantes do aborto são a causa de morte
maternal em mais de uma em cada quatro mulheres. De uma forma geral,
2 em cada 3 mulheres russas que se submetem a um aborto induzido
sofrem complicações de saúde resultantes do procedimento em si, o
que agrava ainda mais o estado do sistema de saúde deste país.
A
prática do aborto induzido tem sido também responsável pelas
elevadas taxas de infertilidade secundária, estimando-se que uma em
cada dez mulheres fica estéril depois de se submeter a um aborto.
Estes números apenas têm diminuído porque a prática do aborto
também tem diminuído como consequência de uma maior informação e
disponibilidade de contraceptivos nos anos mais recentes.
O
Enquadramento
A
Rússia sempre apresentou uma elevada taxa de abortos induzidos,
cerca de 3 vezes superior à dos Estados Unidos. A sua taxa é uma
das mais elevadas em todo o mundo. Esta tendência elevada de abortos
é comum em muitos países comunistas ou pós-comunistas. Estima-se
que o Vietname, a Romênia e Cuba tenham taxas de aborto ainda mais
elevadas que a Rússia, e a China provavelmente o maior número total
de abortos. A prática do aborto foi re-legalizada na Rússia na
década de 50 e o desejo de ter famílias pequenas, devido em parte à
crescente urbanização, contribuiu para que as taxas de aborto se
tornassem muito elevadas. Em 1965 as taxas de aborto tinham já
subido para mais de 16 abortos por cada 100 mulheres com idade de ter
filhos.
Apesar dos esforços de implementação de práticas de contracepção
(algumas delas desastrosas), a preferência do aborto face à
contracepção chegou até à década de 90.
A
agravar esta situação, alguns incentivos ajudaram a manter as taxas
de aborto elevadas. Até ao final da década de 80, um aborto legal
implicava uma hospitalização de três dias. Para o hospital que
recebia do estado em função do número de camas ocupadas, esta
prática tornava-se rentável. Ainda hoje, os lucros desta prática
são um incentivo para alguns médicos realizarem o aborto em lugar
de incentivar a contracepção. (1)
O
Futuro?
Num
livro publicado em 2001 com os resultados de um estudo sobre a
tendência da demografia na Rússia, os autores referem que os
registos russos indicam que um acesso melhor aos contraceptivos podem
ajudar a reduzir as altas taxas de abortos. Esta estratégia irá
também levar, segundo o estudo, a uma vida
reprodutiva mais estável para as mulheres na Rússia e evitar
problemas de morbilidade maternal, mortalidade, e esterilidade
secundária resultantes do aborto.
Será
a Rússia o único pais onde o aborto tem efeitos nefastos? Serão as
consequências piores para as mulheres que se submetem ao aborto
induzido na Rússia do que o são nos Estados Unidos ou Europa? Ou
serão os registos russos mais completos e corretos? (2)
Se
estiver interessado numa história da Rússia (publicada na BBC News)
e que de certa forma espelha a diferença de mentalidades entre o
antigo e o novo, clique
aqui.
1.
Wulf, D. (1999). Sharing Responsibility: Women, Society, and Abortion
Worldwide. The Alan Guttmacher Institute, New York.
2.
DaVanzo, J. and Grammich, C. (2001). Dire Demographics: Population
Trends in the Russian Federation. RAND, 101 pp.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Estatísticas
do Aborto no Reino Unido
A
Dura Realidade
Faixas
etárias: 1.171 abortos foram realizados por jovens com idades
abaixo dos 15 anos, 2.796 por jovens de 15 anos, 5.768 por jovens de
16 anos, 8.387 por jovens de 17 anos, 9,765 por jovens de 18 anos e
10.327 por jovens de 19 anos.
De
acordo com um movimento pró-vida,
milhares de mulheres arrependeram-se da decisão de realizar um
aborto.
A
Confusa Realidade
Apesar
de alguns defensores do direito à escolha (do aborto) referirem não
existir provas reais de que as mulheres estão a utilizar o aborto
como método de controlo de natalidade, referem também que muitas
das que visitam os seus centros já se submeteram ao procedimento
várias vezes. Nestes caos, a explicação baseia-se no facto do ato
sexual que levou à gravidez ser fruto de uma situação não
premeditada ou planeada, em que nenhum contraceptivo estava
disponível. A contradição é tão óbvia que até parece confusa.
A verdade
parece ser que, nesta realidade específica, o aborto só não é uma
alternativa a métodos contraceptivos quando não é necessário.
Quando todos os outros falham, ou simplesmente não são utilizados
(como em muitos casos), então o aborto entra como a escolha final,
difícil
é certo para as mulheres, mas ainda assim como substituto a métodos
contraceptivos.
No
meio deste aparente caos, algumas notícias recentes têm chocado a
opinião pública ao referir que pelo menos uma dúzia de bebes foram
abortados por terem palatos e/ou lábios leporinos. Este aborto
“cosmético”, como é designado, representa uma provável
violação à Lei Britânica [ler mais…].
Há
também quem refira que o aborto é uma parte essencial do controlo
de fertilidade, sem no entanto considerar necessário que as mulheres
devam ser informadas sobre os perigos de adiarem a maternidade. Para
alguns que acreditam nesta ocultação deliberada da informação, ou
que apenas acreditam no direito da mulher à escolha mas não à
informação, se a altura não é a indicada para ter um filho, não
se pode ir com a gravidez para a frente apenas porque essa poderá
ser a última oportunidade que a mulher tem de ser mãe.
Aparentemente,
o direito à escolha de abortar em determinado momento, é um valor
que deve estar acima de qualquer outro, nomeadamente o do direito à
verdade (neste caso a simples informação), o da saúde da mulher e
o direito de poder ser mãe.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Aborto
e Escolha: Panorama Atual
Muito
pouca ou mesmo nenhuma informação é dada às mulheres, e aquela
que se dá é por vezes errada ou incompleta. As complicações do
aborto são ignoradas ou minimizadas (algo que começa logo nas
discussões públicas sobre o assunto, especialmente as dominadas por
um elenco político).
Em
grande parte das clínicas de aborto, a táctica utilizada para
“humanizar” esta prática reside na escolha de palavras. Em
consultas de obstetrícia, durante o acompanhamento às mulheres
grávidas, a palavra “bebé” ou “filho” é usada sem qualquer
reserva. Nas clínicas de aborto, por sua vez, a alusão ao bebé ou
feto é feita nos termos “ainda não é um bebe”, “ainda não
está vivo”, “tecido de gravidez”, “amontoado de células”.
E estas descrições são utilizadas por vezes em relação a estados
do desenvolvimento fetal no qual o bebé já chupa o dedo, sente dor
(um dos aspectos mais ignorados na prática do aborto), apresenta um
batimento cardíaco em muitos casos audível com um simples
estetoscópio. Para além disto, são utilizados termos como
“restabelecer o período menstrual” em alusão ao procedimento do
aborto. Até mesmo a palavra “aborto”, que simboliza para muitos
a materialização do direito à liberdade,
é evitada ao máximo.
Uma
vez que este tipo de engano é levado a cabo dentro das próprias
clínicas de aborto livre, vários grupos pró-vida têm sido
sugerido que o acesso à informação correta poderá comprometer o
“negócio” do aborto.
O
resultado trágico deste engano é a tomada de decisão com base em
informação errada ou na ausência de qualquer informação. A
decisão de abortar, neste enquadramento, é no fundo um engano. As
mulheres são enganadas mas de um modo a que fiquem com a sensação
de que têm os seus direitos garantidos. O direito à escolha não
parece implicar, neste sentido, um direito a saber a verdade.
Muitas
mulheres acabam por decidir recorrer ao aborto porque foram mal
informadas ou simplesmente não tiveram acesso a qualquer informação.
Sob alguns aspectos, a liberalização do aborto pode ser o exemplo
acabado da exploração das mulheres.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
Aborto
e Escolha: A Solução
A
simples proibição não avança qualquer solução. Muitos estados
americanos têm implementado nos últimos anos leis designadas de
“direito das mulheres a saber”. Estas leis têm como principal
objectivo dar a conhecer às mulheres os vários aspectos
relacionados com a prática do aborto
(o que é ao certo, consequências, métodos, etc.). Estas leis
exigem também que aqueles que executam o aborto recomendem às
pacientes um período de espera ou “arrefecimento”. Para além
disso, algumas destas leis exigem mesmo que seja fornecida informação
(livro, folhetos, etc.) às mulheres antes destas serem submetidas ao
aborto.
Há
quem aponte a facilitação do acesso à informação como um dos
principais motivos de se ter registado no ano de 2000 o valor mais
baixo no número de abortos nos EUA, desde 1974 (cerca de 21,3
abortos por cada 1000 mulheres com idade para engravidar em 2000,
comparado com a taxa mais elevada de sempre de 29,3 abortos por 1000
mulheres em 1980 e 1981). (The Alan-Guttmacher Institute.)
Os
novos avanços médicos (cirurgia intra-uterina e tecnologia de
ecografias tridimensionais que revelam os contornos do feto) também
têm sido apontados como um dos motivos para a diminuição das taxas
de aborto induzido.
(Agradecemos
a M. D. Mateus a autorização para publicar na Aldeia este seu
trabalho)
______________________
Fonte: Ensaio intitulado "Aborto: O Maior Genocídio da Historia da Humanidade", Parte 2.
Um comentário:
Quero dar esta informação a todos como uma forma de mostrar minha gratidão ao Dr. Water que me ajudou a tratar meus problemas de infertilidade que eu e meu marido estávamos sofrendo nos últimos 8 anos de nosso casamento e agora estou grávida de 6 meses, preparando-se para dar à luz nosso primeiro filho. Este médico tem o dom de curar as mãos para erradicar doenças e solucionar problemas. Ele trata qualquer problema de infertilidade com base em infertilidade primária e secundária, ovários, fibríodo único e múltiplo, bloqueio da trompa de Falópio, abortos espontâneos, infecção, contagem de espermatozóides baixos, ereção fraca, ejaculação rápida e muitos mais, incluindo HIV, Herpes, Artrite, Diabetes e assim sobre. Este é o contato dele no Whatsapp: +2349050205019, ele usa raiz natural e ervas para curar doenças, e pode enviar seus remédios para qualquer país do mundo. Você também pode enviar um e-mail para drwaterhivcurecentre@gmail.com
Postar um comentário