"O
homem ilustrado e o insensato
contribuem
para formar o homem prudente:
um
ensina-lhe o que deve fazer,
o
outro o que deve evitar"
(Santo Euquério).
O
que
é
a
Moda?
É um uso novo, que
não chegou a ser geral. O
principal objeto do que segue sempre a moda, é o chamar à
atenção, distinguir-se no gosto, na novidade, na variedade. As
mulheres variam tanto, e tão a miúdo seus adornos, que estes
conservam quase sempre o nome de modas; rara vez se lhes
chega a dar o nome de usos.
Moda é um uso
passageiro, introduzido
na sociedade pelo gosto ou pelo capricho.
É moda trazerem as senhoras vestidos curtos ou compridos, afogados
ou decotados" (Dicionário da Língua Portuguesa e
Dicionário de Sinônimos seguido do Dicionário Poético e de
Epítetos).
"Mesmo quando não
é indecente, a moda procede sempre de um espírito contrário àquele
de humildade evangélica. Porque tem como finalidade atrair a
atenção, a moda terá sempre que mudar. Desde que todos se
acostumem com uma moda, a mudança será necessária para que
permaneça sempre alerta a atenção centralizada no homem,
atenção maligna, já que o homem, por natureza, deveria ser
centralizado em Deus, já que foi criado somente para a sua
glória" (R. Pe. Marie
Joseph).
As
Folhas
de
Figueira
e
as
Modas
► "Tem-se feito
muito humorismo sobre as mulheres e o seu apego às modas. Não
julguem os homens, porém, levianamente, que estão isentos
desta mesma doença. Há duas espécies de moda: a das ideias e
a do vestuário. Os homens correm atrás da primeira e as
mulheres da segunda.
Nos fins do século
passado a moda da filosofia fora lançada por Herbert Spencer.
Mas quem há hoje que o leia? Ao dobrar do mesmo século os
americanos andavam doidos com a filosofia de William James.
Hoje, esta, como outra, está fora de moda. Há uns dez anos a voga
coube a Freud, quase a passar ao báratro. Dentro duns vinte
anos a sorte dele será a de Herbert Spencer. Recordo-me de ter feito
uma pergunta a um filósofo inglês, condecorado com uma
medalha de ouro pelo falecido Rei Jorge, mercê da sua
notável contribuição para o pensamento britânico, graças a
dois volumes que escrevera sobre uma noção sem fundamento de
que 'o espaço é o Corpo de Deus e o tempo a sua Alma'. Eis a
sua resposta: 'Como as criaturas não gostam da Verdade, gostam
da novidade; e ninguém ainda tinha ouvido falar no
Espaço-Tempo, sem alguém que tivesse no Espaço-Tempo
para o sustentar'. Lembrei-me então de lhe contar a história dos
dois marinheiros que encalharam numa ilha e que davam banho um ao
outro. A moral a extrair é essa: −
Nunca devemos casar com o espírito duma época. Se o fizermos,
ficaremos viúvos na seguinte. Mas não é agora das modas do
pensamento que nos vamos ocupar: é das modas do vestuário, que
consideraremos sob dois aspectos:
A filosofia do
vestuário. A teologia do vestuário.
Nada de novo há nas
modas. O que chamamos moderno não passa muitas vezes dum
desconhecimento do antigo.
Vestígios
das
Modas
Antigas
−
As casacas dos homens têm dois botões nas costas que não
servem hoje para nada. Mas, quando os homens montavam, estes botões
serviam para apertar atrás as abas da casaca. Os longos trajes dos
Monsenhores, dos Bispos e dos Cardeais, serviam para cobrir
os animais enquanto cavalgassem. E tudo isto porque nos primeiros
tempos o único meio de transporte era o cavalo. As dobras no
cimo das botas serviam para ser puxadas se houvesse necessidade de
maior proteção. As dobras das calças, por sua vez, tinham
como objetivo defendê-las da lama. Esta moda enraizou-se. Por
outras palavras: o que a princípio era útil tornou-se mais tarde
um simples ornamento. Os galões no vestuário da noite remontam
ao tempo em que as calças eram tão justas que tinham de ter
botões, na parte de cima, que se pudessem desapertar ou
apertar quando se despiam ou vestiam. Mais tarde, para os
cobrir, empregou-se a carcela, que havia de continuar,
mesmo depois de terem desaparecido os botões. Os botões nos
punhos dos casacos serviam para abrir as mangas quando debaixo delas
se usavam rendas. Os pequenos recortes nas bandas dos casacos são
uma sobrevivência dos tempos em que aquelas se podiam levantar
sem estragar as lapelas. Hoje, estas já não se voltam, mas os
recortes ficaram. Os enfeites nas meias dos homens serviam
para encobrir as costuras, muito mal feitas outrora. Os homens
apertam os botões para a direita e as mulheres para a esquerda. Isto
servia aos homens para poderem puxar mais prontamente pela
espada. As mulheres teriam de levar os seus filhos do lado
direito. Deste modo podiam, com a mão esquerda, desabotoar os
casacos a fim de os aleitarem.
Também na política
existe o ritmo da moda. O pêndulo oscila dum extremo ao outro. O que
em política é hoje revolucionário, se amanhã for aceito, torna-se
um hábito. Toma-se o liberalismo por muito progressivo e
avançado. Mas todo ele é uma forma de reação contra a última
forma de liberalismo. No século XVIII identificaram-no com o
capitalismo. Hoje identificaram-no com o anti-capitalismo.
Também as modas, como se vê, oscilam aqui de extremo a extremo. O
que hoje se reputa como moderno não passa do reaparecimento do
antigo. Os chumaços de crina, do século XIX, por exemplo,
serviam para realçar o peito. Este foi também o estilo do século
II. De fato, um grande da igreja oriental, Clemente de Alexandria,
escreveu um poema acerca da vaidade de realçar o busto. Durante o
Império a moda não passou duma reencarnação do estilo da
Antiguidade clássica. Nos
tempos em que a maturidade, a sagacidade e o mérito eram
respeitados, também se respeitava a tradição e se
reverenciavam os mais idosos. A juventude imita os mais velhos
no seu vestuário, como as
meninas de há pouco entrançavam o cabelo e usavam grandes
ganchos. Os rapazes, por sua vez, fazem à barba antes de a terem.
Hoje, não se respeitam os
mais velhos, e as modas são ditadas pela juventude. Deste modo os
anciãos vestem como os jovens, procurando, até, estampar num rosto
de oitenta anos uma frescura de vinte. Julga-se que a moda dos
cabelos curtos, nas senhoras, é moderna. As mulheres deste
século têm tanto que fazer, segundo se diz que não têm tempo para
cuidar do cabelo. A afirmação é dúbia, visto que elas gastam mais
tempo nos salões dos cabeleireiros à espera da sua vez, do que
gastariam se o usassem comprido. O cabelo curto era quase tão
comum nos tempos da civilização greco-romana, como o é hoje. São
Paulo censurava as mulheres de Corinto por terem o cabelo como o
dos homens: 'A natureza não nos ensina isso. Sendo feio a um
homem usar cabelo comprido, à moda das mulheres, a estas
fica-lhes bem; mas torna-se ridícula aquela que os corta'.
O envernizamento e a
pintura das unhas eram coisas tão comuns, na luxuosa civilização
egípcia, como hoje. Contudo, naquele tempo, não existia uma Dorothy
Parker para lhas comparar a 'ferros que acabassem de farpear um
touro'.
Moda
e
Imitação
−
A sociedade compõe-se de duas classes: uma alta e outra baixa;
a invejável e a invejosa; a que faz a moda e a que a imita. Os que
pertencem à alta esforçam-se por conservar a sua superioridade
e, daqui, a última
moda.
Os que pertencem à baixa querem parecer-se com os da alta. Ora,
como a classe superior aspira à distinção, tem de criar as modas.
A inferior, que quer parecer da alta, tenta logo imitá-la.
Mesmo no que diz respeito aos automóveis, os Cadillacs parece
serem os carros da moda e os Chevrolets imitam-nos como se
fossem seus filhos.
Cada idade tem os seus
ideais: às vezes o dos heróis e dos santos, outras o dos
capitalistas, como Morgan, Vanderbilt e Carnegie. Por vezes os
próprios artistas de cinema são apresentados como ídolos
e idolatrados. O 'macaquismo' destes ideais é um fenômeno à tona
de todas as civilizações. A
classe de baixo aspira sempre à posição da de cima. Por isso adota
os seus símbolos e os seus trajes. Se aqueles conservassem o
mesmo corte, os de baixo, com a facilidade que têm de copiar,
depressa os imitariam. Mas as classes superiores não querem abdicar
dos seus símbolos de superioridade. Daqui a velocidade das
modas.
Verifica-se, pois, um
duplo movimento: o da classe superior pretendendo fugir à inferior,
e o da inferior esforçando-se por alcançar a superior. É a
perpétua variação entre ambas que constitui a moda. Ao
mesmo tempo é um paradoxo que todos tentem ser semelhantes e
diferentes dos outros. As
classes superiores não precisam necessariamente de ser
aristocráticas, nobres ou ricas: necessitam, porém, de criar
novas modas. Quando a rapidez das comunicações não era como a de
hoje, o ritmo da imitação fazia-se da cidade para os meios rurais e
das grandes cidades para as pequenas. Há anos a moda demorava
12 meses a chegar de Paris à Nova Iorque e 8 à espalhar-se de
Nova Iorque pelas pequenas cidades dos Estados Unidos. Tudo isto
se faz agora em algumas semanas. Ora, este aumento da velocidade
deve-se em parte ao grande alargamento das redes de comunicações,
ao alto nível de vida e à rapidez dos transportes. Para
combater a velocidade crescente da imitação exige-se uma
criação contínua das modas.
Esta imitação tanto
pode aplicar-se aos costumes como às modas.
Na corte de Alexandre, o Grande, todos afetavam andar com a
cabeça altiva e de lado, porque Alexandre tinha o pescoço
torno, o que lhe dava certa graça, a graça da necessidade. O
Imperador Dionísio era excessivamente míope. Os seus
aduladores, quando na sua presença, andavam aos encontrões,
pisando-se, só para demonstrarem que ainda eram mais cegos que o
soberano. D. João de Áustria, filho de Carlos V, tinha uma porção
de cabelos, num lado da cabeça, que pareciam cerdas. Para ocultar
tal defeito costumava pentear-se da frente para trás. Nomeado
governador dos Países Baixos, logo aquela moda de penteado ali veio
a pegar. Diz-se também que das peculiaridades da fala
espanhola se deve ao fato de a Espanha ter tido um rei que
tartamudeava. E, daí, todos fazerem como ele. Platão, segundo
consta, tinha os ombros tortos. Os seus discípulos
admiravam-no tanto, que tentavam assemelhar-se-lhe pondo
chumaços num ombro para, como ele, ficarem tortos também. Deste
modo teve muitos seguidores que lhe imitaram os ombros, mas não
a filosofia.
Esta lei da imitação
funciona às avessas nos períodos de declínio. As classes
superiores imitam as inferiores, em parte com receio ao seu
poder, tentando aparentar-se com elas. Na sociedade moderna
depara-se por vezes com ricos que se fazem comunistas, mas
apenas com o fito de justificarem a posse de bens mal adquiridos.
Quando tentam passar por pobres, mas não adquirindo a
pobreza real da caridade, surge para as nações um grave perigo
social. Nas épocas de decadência as chamadas classes
superiores aceitam os modos e os valores econômicos,
políticos ou sociais das inferiores.
Quando as culturas orientais, tanto a árabe como a chinesa, chegaram
à Europa, esta aproveitou delas os chás e as porcelanas. Na
sua agonia, Roma imitava os povos subjugados.
O Imperador Heliogábalo, no século III, atreveu-se a aparecer
vestido em público à moda da Dalmácia. Os romanos não
usavam punhos no vestuário. Consideravam-nos como coisa
'estranha' até à altura em que o Imperador os mostrou. E foi deste
modo que eles tiveram voga entre a nobreza.
Foi por volta do século
IX que as dalmáticas, como hoje são conhecidas, passaram a ser
usadas no traje oficial da Igreja.
Nos estertores de Roma a corrente da luxúria era tal, que as
pessoas distintas tinham o prazer banal da taberna e dos
banhos. A boemia tornou-se a moda. O rico trocava o luxo da
sua mesa pelo prazer do esterquilínio. Este rebaixamento não se
fazia com o objetivo de aliviar os pobres, mas pelo prazer dos
contrastes. Observa-se o mesmo fenômeno no alinhamento dos
intelectuais pelas massas comunistas, não com o fim de
combaterem a ignorância, dando-lhes a verdade, mas com o intuito de
experimentarem o choque das sensações das massas sem direção
moral ou intelectual. No fim de algumas revoluções foi costume
as classes superiores adotarem muitos dos costumes das baixas.
Como testemunho, podemos invocar o da nobreza da França, que
durante a revolução se entregou ao naturalismo, ao pastoralismo e
aos hábitos campônios.
A filosofia de
Rousseau inculcava um regresso ao primitivo.
Tal foi a sua
influência, que muitos nobres franceses imitaram os costumes das
pessoas rústicas. Foi essa a mesma razão que levou alguns dos
intelectuais modernos a tornarem-se caixeiros viajantes do
comunismo. A difusão do primitivismo e do exotismo pode
observar-se na aristocracia russa e no rasputianismo anterior à
Revolução. Também na arte moderna, em certos edifícios
públicos de Washington, nas grandes salas de jantar de alguns hotéis
de Nova Iorque, e noutros salões, se nota o mesmo primitivismo.
Pinta-se o homem com todos os seus músculos, mas sem cérebro, com
roldanas, correntes, cordas e outros instrumentos do
poder físico, mas sem uma sugestão, sequer, de que ele foi feito à
imagem e semelhança de Deus. Quanto ao cinema vemo-lo
ocupar-se de tipos sub-sociais, de criminosos, de gangsteres, de
prostitutas e de adúlteras. É difícil encontrar neles
outros heróis, além dos homens do 'Oeste'; e, nestes, o herói só
aparece depois de uma dúzia de tiros e de ter morto uma dúzia de
pessoas.
A
Teologia
do
Vestuário
−
Para
compreendermos a teologia do vestuário teremos de remontar
à história de Adão e Eva, em que nos é revelado um tremendo
mistério da dignidade do homem. Com a queda dos nossos primeiros
pais, diz a Escritura, 'abriram-se os olhos de ambos e repararam
na sua nudez. Foi por isso que se cobriram com folhas de figueira'.
Evidentemente que
antes da queda não havia vestuários, nem havia nudez. Depois da
queda também não os havia; mas foi com ela que surgiu tal
sentimento. Estas coisas não eram idênticas no estado original
do homem. A nudez implica ausência de vestuário; mas, antes do
pecado, a falta de vestuário não implicava nudez. O que antes
era velado desvendou-se depois. Aquilo que andava encoberto
descobriu-se agora. O corpo, depois da queda, não deixou de ser o
mesmo que andava nu. Mas, antes da queda, existia num estado
diferente do que se seguiu ao pecado. Um exemplo desta espécie
de desnudamento é o de alguns atores. Andam alguns anos em voga
recebendo a adulação dos seus espectadores. Chega, porém,
uma altura em que os seus talentos já não encontram saída. E daí
resulta uma espécie de queda.
Conta-se que um ator, durante anos, representou muito bem o
papel de Abraão Lincoln, no seu período de glória. Quando saía do
teatro, vestia-se como os outros. Mas, ao perder o prestígio,
quando se viu 'expulso do seu paraíso', principiou publicamente
a vestir-se à Abraão. Outros atores diziam que a sua felicidade não
seria completa enquanto o não assassinassem. Era, como se vê,
um modo de encobrir a vergonha que sofrera. Quando algum ator é
apeado do seu pedestal costuma vestir-se como nos tempos de glória.
Mas o corpo, quando perdeu a
sua dignidade, em resultado da queda, passou a cobrir-se. Tanto
antes, como depois daquela, continuou a existir um homem interior e
um homem exterior. Este tem um corpo e uma alma. Antes do pecado
a alma tinha o fulgor interno, a Graça, a Glória, o brilho, o
esplendor, uma beleza que irradiava de todo o corpo, cobrindo-o de
luz, qualquer coisa parecida com o Corpo do Senhor, na altura da
Transfiguração. 'Uma fulgência como a do Sol rodeou-O', tornando
impossível aos Apóstolos a sua contemplação. As roupagens
do corpo, antes da queda, eram constituídas por esta irradiação da
Graça resplandecente interior.
Onde há inocência,
sob o ponto de vista moral, não há o sentimento da nudez. A
virtude era o habitus,
o hábito, ou vestuário; mas, perdida a Graça e a Glória interna,
desapareceu com elas a sua beleza irradiante. A consciência da
nudez surgiu com a perda da inocência. Daí proveio a
necessidade imediata da cobertura. A dignidade do corpo perdeu-se com
a glória; e a indignidade ficou despida. O corpo desnudado e
desprovido de Graça tornou-se uma coisa pudica. Houve por isso
necessidade pronta de encobri-lo. A roupa, como se depreende, é
uma expressão de respeitabilidade e não de Inocência. A
verdade acerca da relação entre a beleza interior e a exterior
tem um alcance mais profundo do que o nosso vestuário. Nota-se, por
isso, que quanto maior for a nudez interior de alguém, menor é
a virtude, a bondade e a humildade na sua alma e maior a sua
preocupação com as coisas externas. Quanto maior for a glória
e a graça interior, menor é o cuidado com as coisas de
fora. Como escreveu
Shakespeare: 'Adquire uma virtude se a não possuis'. Aqueles
a quem falta alguma qualidade devem fazer por adquiri-la. Um homem
sem educação, mas, que tenta aparentá-la deve empregar um
vocabulário pretensioso e livresco. Um rapaz pobre que deseje
parecer rico deverá trajar o melhor possível. Um rico, por sua vez,
de nada disso precisa.
Aqueles que possuem
muitos enfeites externos caem depressa no erro de acreditar que ter
é ser
e que por isso são alguém.
Foi Carlyle quem primeiro empregou a palavra 'albardas'
para dizer que o corpo não é mais do que um apêndice coberto de
ornamentos. Sobrepõem-se às vezes, ao mesmo tempo, luxuosas
peças de roupa com o fim de realçarem o esplendor de quem as
usa. Pode verificar-se isto nos trajes espaventosos de Luís XIV
e de Luís XVI. O vestuário
é tudo; o homem nada mais é do que um cabide. Por detrás de tudo
isto se esconde a filosofia de que o homem interior não tem
nenhum valimento, nenhuma grandeza, devendo por isso aparentá-la
exteriormente. A carência do ser procura compensação na
abundância do ter.
Quando Adão e Eva se
viram nus, perdendo a irradiação intrínseca da Graça,
cobriram-se prontamente com folhas de figueira; e, mais tarde,
com peles de animais. Em qualquer caso a vergonha era
coberta com matérias inferiores às da criatura humana e retiradas,
quer ao reino animal, quer ao reino vegetal. Mas estas coisas apenas
podiam adaptar-se ao corpo e não à alma. Um casaco de peles
custa uma vida para encobrir a vergonha do homem. Daqui o
pensar-se que seria também necessário sacrificar uma vida
humana para tapar a vergonha da nossa raça. Os animais abatidos não
tinham culpa do pecado. Ora, Aquele que morreu para que se saldassem
as faltas da humanidade, também a não tinha. Foi como se Deus
dissesse aos homens: 'Tendes razão em vos vestirdes. Em tempos
foi a vossa alma quem vos vestiu. Agora colocastes o corpo sobre a
alma e deveis por isso tapar a sua vergonha'. Na balança Divina
não pesa nada a vergonha do tempo em que a alma vestia o corpo; mas
pesa muito a daquele em que o corpo vestiu a alma. É por isso
que o corpo tem que andar oculto e encoberto. Como os assassinos,
tentando esconder as suas vítimas, tentamos nós, também,
esconder o nosso crime. Mas onde há Graça intrínseca, onde se
compartilha da Natureza Divina, duma semelhança Divina quanto à
alma, não há qualquer necessidade imperiosa de a compensar com
atavios. Isto explica a bela cerimônia da tomada do hábito pelas
freiras. Toda a jovem que se apresenta e se oferece a Deus, perante o
altar, veste os trajes mais ricos que possui. Consente-se-lhe também
que ostente as joias que lhe foram mais caras e às vezes,
mesmo, que se vista de noiva. Permitem-se-lhe, enfim, todos os
enfeites. Todavia, mal se ofereceu a Deus e se comprometeu a
servi-lo, durante toda a vida, como Sua esposa, retira-se para o
claustro e veste o humilde hábito da sua Ordem. Depreende-se, desta
cerimônia, que enquanto era do mundo tinha de exagerar a
sua falta de mérito interno com a pompa e o esplendor. Porém,
quando a sua alma foi coroada pela Graça, a bondade e a virtude,
deixaram de ser precisas as coisas exteriores. É como se se
desse um Regresso ao Paraíso, onde a ostentação não e
necessária, porque o mérito real fulgura ali perenemente. A
teologia do vestuário pode ser ilustrada pela cerimônia do
Batismo. Quando se batiza uma criança, a Graça que se perdeu
na Queda volta a ser-lhe concedida. Um pano branco, ou um vestido, é
colocado sobre ela, com as palavras: 'Recebe este
traje branco para que possas conservar-te imaculada até ao dia em
que tenhas de comparecer perante o Tribunal de Nosso Senhor e
Salvador, Jesus Cristo'. A brancura e a simplicidade do vestuário
representam a Graça perdida; recordam a irradiação interna
que foi abafada pelo corpo. Quando o Filho Pródigo
regressou a casa, seu pai ofereceu-lhe um fato. Era o regresso à
Graça interior. Os nossos vestuários deviam destinar-se à
Graça, à Virtude e à Inocência celeste. As coberturas
terrenas são um sinal indicativo da falta do verdadeiro
vestuário. Eis como o vestuário nos conta a história do
mérito exterior e do interno. É um símbolo da inocência que se
perdeu, um memento duma glória primitiva. Há, portanto, duas
modas: a moda passageira do mundanismo e a moda permanente da
espiritualidade. No Juízo Final não se tomará em conta como
andávamos vestidos por fora, pois que se pode entrar no Reino do Céu
mesmo em frangalhos; mas há uma infinita diferença quanto ao
modo como vestíamos por dentro.
A importância desta
moda interior revelou-a o Senhor na parábola nupcial. Vieram
milhares de pessoas das alturas, de toda a parte. Quando o Rei
as observou notou que um homem não trazia roupa de cerimônia.
O traje nupcial substitui a interna irradiação da Graça, da
Caridade e da Inocência perdida na Queda. Nesta terra há ocasiões
em que são obrigatórios os atavios brancos. Contudo, não é com
eles que se entra no Céu. Para isso nos é preciso o alvinitente
vestuário da Graça" (Mons.
Fulton J. Sheen, "Entre o Céu e o Inferno", Cap. XIX,
pp. 251-263, Ed. Educação Nacional, Porto, 1958).
► "Ao encetar a
fala desta noite, principalmente me dirijo às senhoras, a fim de
lhes lembrar umas quantas verdades e obrigações.
Faço-o na presença
dos homens, e isto para mostrar a todos que o chamado sexo fraco
também é capaz de ouvir verdades fortes...
Ouvi-las, talvez
pestanejar um pouco e emendar-se quanto seja necessário. Pelo menos,
assim espero.
Proponho-me tratar de
assunto que costuma ser gratíssimo a todo o auditório feminino.
Vou falar da moda.
Nisto, como em tudo,
procuremos ser equilibrados. Nem excessivas concessões nem
rigorismos estreitos. Tendamos sempre para a justa medida. E
entremos decididamente no assunto.
A moda, de si, nada
tem de mal. Faça-se lhe justiça.
A evolução da moda
surge espontânea no convívio humano. Não há que pretender
fugir-lhe ou contrariá-la. Seria remar contra a corrente. E remar
sem glória nem proveito.
A moda é absolutamente
legítima. Reconheçamos-lhe direitos. E ao mesmo tempo
lembremos alguns correlativos deveres.
A pretexto de moda, não
vamos introduzir o que é imoral. E recordemos neste ponto que moda
e modéstia
sempre deviam caminhar juntas, pois ambas as palavras provém do
latim modus,
que vale semanticamente por justa
medida, moderação, equilíbrio.
Nos nossos dias
quebrou-se aquela essencial harmonia e assistimos à funesta aberração
de a mulher se tornar escrava da moda exatamente porque pretendeu
emancipar-se da Moral. A dignidade e a graça femininas só
perderam com isso. Forçoso é reconhecê-lo.
Nos tempos modernos, a
moda governa com poderes absolutos. É rainha. SUA
MAJESTADE A MODA!
Não se discute a sua
ordem. Nem precisa de mandar, basta sugerir. Encontra logo multidão
imensa a seguir-lhe docilmente qualquer desejo. E leva aos maiores
exageros e às mais degradantes atitudes.
Algumas filhas de Eva,
talvez por não serem capazes de apresentar dotes de alma e de
coração, vingam-se com exibicionismos do corpo. Triste sinal! ... A
ninguém iludem, porém. Apenas a si próprias se enganam.
Fingem-se mocidades que
já começaram a fugir ou mesmo desapareceram há muito...
Inventam-se belezas que
nunca chegaram a existir. E a angústia transforma-se em desespero,
que aumenta na medida em que os anos passam e a velhice chega...
E o desespero, porque é
cego, não vê o ridículo de certos excessos: encurtam-se as saias,
suprimem-se as mangas, e para compensar... os decotes aumentam.
Tudo na ânsia de
aparentar juventude e fazer impressão. Juventude não a aparentam.
Impressão causam-na, isso sim. Mas não a que elas supõem...
Um homem comentava: se as
mulheres que se apresentam com certos exibicionismos, soubessem
a ideia que fazemos delas na sua presença e, sobretudo, o que
dizemos na ausência, bem depressa mudariam de processos...
Quantas que vivem em
ânsias
de beleza, que já fugiu, se alguma vez chegou a existir, podem fazer
seu o epigrama seguinte composto por um poeta de gênio:
'Diz um velho velho-relho
enfeitando-se ao espelho
e fazendo mil trejeitos:
os espelhos no meu tempos
eram muito mais
perfeitos!'
(Bocage)
São Francisco de Sales,
o bondoso Bispo de Genebra, deu em certa ocasião resposta muito
cruel.
Uma senhora, com
pretensões a bonita, procura aquele famoso diretor de almas e
pergunta:
− Diga-me, Excelência:
será pecado olhar para o espelho e pensar que sou formosa?
E o Santo Bispo
pacifica-lhe imediatamente os escrúpulos, respondendo em tom
decidido e convicto:
− Não, minha senhora.
Um engano nunca foi um pecado...
Não há que duvidar! Sua
Majestade a Moda impera soberanamente. Tudo se lhe sacrifica:
dinheiro, tempo, saúde, moral, bom gosto...
Para muitas, a moda é
sorvedouro de tudo: do que têm e do que não têm...
Gasta-lhes o tempo: a
pensarem no que hão de mandar fazer para a próxima estação e
a carpirem pelo que não podem comprar...
Arruína-lhes a saúde:
há quem tire ao estômago para fazer
frente às exigências
da moda... E algumas levam a rigor a obrigação
de não exceder o peso... Para tanto, impõem-se austeríssimo
jejum. À procura de elegância... Em alguns casos, houve que
recorrer ao Sanatório, e nem tão mal se o caso por aí ficou...
A moral sacrifica-se, não
raro, ante o altar da moda.
O bom senso, ao tratar-se
de tal matéria, logo deserta de tantos cérebros femininos!
O bom gosto
sucumbidamente se esvai. Como disse Balzac, 'as modas não passam,
às vezes, de forte ridículo sem objeção'.
Uma senhora escreveu:
'Certas mulheres morreriam de desespero, se a natureza as tivesse
feito tais como a moda por vezes as apresenta'.
E Rochepèdre diz: 'As
mulheres pedem à moda certos atrativos que seriam aleijões se
a natureza lhos tivesse dado'.
Algumas modas, tão sem
jeito e tão sem gosto, triunfam unicamente graças à universal
tolice...
Razão tinha La Bruyère
ao afirmar: 'Coisa estranha e reveladora da nossa fraqueza é a
sujeição às modas quando estão em causa o bom gosto, o teor de
vida, a saúde e a consciência'.
Há senhoras que dão
sinais de bom senso e energia em muitas circunstâncias. Só a moda
as faz capitular.
Impõe-lhes rendição
incondicional. E
gostosamente a aceitam. E então: Adeus, bom senso! Adeus, bom
gosto! Adeus, princípios morais!
Tenho para mim que a
designação de sexo
fraco aplicada às
mulheres deve tirar a sua origem da atitude feminina diante da
moda.
Por certo, alguém as
observou e a designação nasceu... Sexo
fraco e, às vezes,
fraquíssimo...
Teste infalível:
coloque-se a mulher diante dos excessos da moda. Veja-se a reação.
Se porventura sabe resistir, dá a melhor prova de que é
alguém.
Não se lhe pode exigir garantia mais segura...
Lancemos rapidíssimo
olhar por sobre o juízo crítico formulado através dos tempos
a respeito das exigências caprichosas da moda.
Em 1717, Montesquieu já
as deplorava ao dizer: 'algumas pessoas esqueceram o que vestiram no
último verão e ignoram o que hão de vestir no próximo. Mas,
sobretudo, o que não se pode avaliar é quanto custa a um
marido ter a sua mulher na atualidade da moda'.
Chamfort refere-se às
extravagâncias da moda e chama-lhes 'o imposto que a indústria
do pobre lança à vaidade do rico'.
Uma senhora escreveu esta
palavra forte: 'O luxo (de certas modas) deslumbra os parvos, e
não nos dá um só prazer verdadeiro (Madame de Genlis)'.
E os antigos não falaram
diferentemente a respeito dos excessos da moda e dos perigos que
trazem.
O velho Plauto disse na
sua linguagem pitoresca: 'A nau e a mulher nunca se dão por
bastantemente equipadas'.
Salústio já lamentava
que certos Romanos cuidassem mais dos ornatos do corpo que das
qualidades do espírito.
E Tácito exortava os
seus concidadãos: 'Roma não perecerá se não perecerem os
Romanos'. Mas os Romanos pereceram, pela dissolução moral, e o
Império caiu.
Aprendamos a lição da
História: a loucura desenfreada do luxo e a corrupção dos
costumes anunciam a próxima derrocada de um povo.
Urge em nossos dias
iniciar-se a cruzada da
honestidade nas modas.
As pessoas constituídas
em mais alta posição social têm maiores responsabilidades,
porque o seu exemplo arrasta as de mais humilde condição. As
de cima fazem à lei; as de baixo copiam o figurino, que em
breve tem numerosas edições: incorretas
e muito aumentadas.
E lá vão correndo mundo. E recrutando fiéis servidoras.
Quantas virtudes sucumbem diante das exigências feitas!
Recordo nesta altura o
pensamento de Labouisse: 'As mulheres virtuosas, ao copiarem as
modas, as maneiras e os ademanes de outras sem virtude, fazem
por vezes suspeitar que levam mais longe a imitação...'.
Algumas terão
moralidade. A maneira, porém, como se apresentam mostra quererem
fingir que a não possuem. E fingem com tal perfeição que
absolutamente nos convencem...
Digamo-lo com energia:
entre os direitos da moda não se conta o de corromper os costumes.
Há que reagir contra o
impudor que, não raro, se ostenta a pretexto de elegância e de
último figurino.
Não se pretende, certo,
que a mulher do século XX ande vestida como andavam as nossas
avós, mas reclama-se a dignificação da mulher pela decência no
trajar e pelo repúdio de certas escandalosas exibições.
A elegância e o bom
gosto são perfeitamente compatíveis com a melhor decência.
Condenemos os espíritos
acanhados que se comprazem no mau gosto, julgando prestar homenagem
à moral.
Condenemos também os
espíritos desvairados que, a pretexto de elegância, rejeitam
os princípios morais.
Enganam-se os primeiros,
ao pensarem que a moral traz consigo deselegância. Enganam-se
os segundo, ao pretenderem chegar à elegância física por meio de
deselegância moral.
Saibam as raparigas do
nosso tempo distinguir entre moda
e seus exageros, entre
bom gosto e
impudor.
E todas as que prezam a
dignidade feminina não contemporizem com as tolas exigências,
que apenas revertem em seu desprestígio. Saibam impor-se e ser
fortes diante do paganismo de certas modas.
E vem a propósito
referir um caso acontecido há anos no palácio real da Holanda.
Às melhores famílias
havia sido feito convite para baile em traje
à rigor. Chegou o dia
da festa e apareceram muitos e grandiosos
decotes.
No meio de tudo, as
filhas de certo ministro de Estado apresentam-se bem vestidas e
com toda a decência. No palácio real, à entrada da sala, houve
reparo da parte do encarregado do protocolo, e as filhas do
ministro preferiram não insistir e retiraram-se.
Dias depois o ministro
contou à Rainha o sucedido. A soberana quis reparar o agravo feito
ao ministro e às filhas e, ao mesmo tempo, dar proveitosa lição
a todas quantas se haviam apresentado excessivamente despidas.
Faz novo convite geral para outro baile, mas desta vez em traje ao
rigor da decência.
As filhas do ministro
apareceram com o mesmo vestido; as outras tiveram de trocar o
rigor da moda pelo
rigor da decência... o
que representou inegável vantagem...
Aprendamos a lição:
Quando surgir conflito entre estes dois rigores,
o sacrificado não seja o da decência. Isto em nome da
elegância moral e do bom senso...
Que a mulher cultive a
graça, a beleza, as prendas femininas. Mas, pelo amor de Deus! Não
pense consegui-lo, mediante o impudor e a imodéstia.
Pelo culto das nobres
superioridades é que se chega à dignidade feminina. E das nobres
superioridades não pode estar ausente à honestidade.
Gosto de exortar: Homem,
respeita a mulher!
Mas é preciso dizer
também: Mulher, respeita-te a ti mesma! (Programa transmitido a
3 de Maio de 1950)” (Dr. A. de Azevedo Pires, "O Problema da
Castidade −
Ao Microfone da Emissora Nacional", Cap. 38, pp.
327-336, Lisboa, 1950).
► "A moda, nas
suas formas patológicas que apresenta: o excesso e a indecência,
não são causa, mas efeito do coquetismo. A moda existe e existirá
sempre apesar das investidas e sarcasmos com que ela é
perseguida, não obstante a condenação da opinião pública
e da Religião. Existirá sempre enquanto a mulher acariciar
o sonho de unir com ela o triunfo da sua beleza ao homem,
incontestavelmente superior a ela em força e inteligência; ao
passo que ele como um imbecil, em vez de impedir esse aparato
pomposo de sedução que é o único que o pode e deve
estorvar, deixa que ela o maneje impunemente" ("Decênio
Crítico", por um assistente da Ação Católica, Cap. IV,
Art. II, b).
► "A Moda -
Entramos de novo no campo feminino, ou melhor, no reino absoluto
da mulher... Pena que o frenesi de parecer sempre a primeira e
de querer sobressair sobre suas rivais a induza frequentemente a
abandonar as linhas clássicas do vestuário majestoso de Roma,
para amesquinhar-se com os figurinos de Paris que a deformam,
tornam-na ridículo e... até desonesta.
O sentimento nacional,
volvido a vida nova e difundido por toda a parte, juntamente
com o cuidadoso intento de se fazerem recordar os usos e costumes
das romanas, nos deveria levar a uma santa reação contra tudo o que
tem sabor exótico. E um dos primeiros artigos a se suprimir sem
desculpas nem atenuantes é a moda desenfreada que deprava os
costumes e a alma de nossas mulheres" ("O
Decênio Crítico", Cap. I, Art. IV, Ponto II).
► "Para nos
convencermos de que é ridículo tomar a moda como norma de conduta,
basta olhar para alguns retratos antigos" (São
Josemaría Escrivá de Balaguer, "Sulco", Cap.
"Respeitos Humanos", nº 48).
Escravidão
das
Modas
► "Um outro enigma
é a atitude da mulher em questões de Moda e Toilette.
É geral a queixa de que
o homem está perdendo o respeito à mulher, e que seu tradicional
cavalheirismo desapareceu. A
degeneração dos costumes leva naturalmente ao desrespeito
da mulher, que é relegada e rebaixada a vil instrumento da
sensualidade. Assim
sendo, era de se esperar que as senhoras tudo fariam para
readquirir de novo essa estima, mostrando o seu verdadeiro
valor, as preferências da alma e as riquezas do coração,
evitando tudo que pudesse atrair a atenção para o corpo e
despertar os desejos sexuais do homem.
Na realidade, o que se
vê é justamente o contrário!
Se quisermos
compreender a contínua mudança da Moda, com todas as suas
consequências, devemos observar que seus dirigentes têm o maior
interesse em poder variá-la ao infinito. É preciso, aliás,
lembrar esta inclinação da mulher de atrair sobre si a
atenção do homem, ao qual deseja agradar. Por isso, para
muitas moças o pensamento de não seguir a Moda é
insuportável. Quanto mais este desejo de agradar se apodera
dela, tanto maior é a importância que atribui à rigorosa
observância da Moda, e desta forma o comércio faz negócios
muito lucrativos.
Mas
os
exageros
são
introduzidos
ordinariamente
pelas
mulheres
de
vida
fácil.
Prova-o o Dr. Liepman, dizendo: 'que
as saias curtas e as meias de seda transparentes foram usadas em
primeiro lugar pelas demi-mondaines em Paris, muito antes que
chegassem a qualquer outra parte da Europa. A princípio todo o mundo
ficou indignado com estas indecências, mas pouco a pouco
toleraram-nas
e acabaram por imitá-las'.
Em vista destes estudos, continua o Dr. Liepman: 'É
sempre a mesma coisa; Modas
extravagantes
são
introduzidas
por
prostitutas,
a princípio rejeitadas pela sociedade como muito vulgares e
sensuais, e pouco a pouco adotadas por essa mesma
sociedade, que as havia condenado... Esta atitude é apoiada,
principalmente, pelas mães, que não conseguem um genro
assaz depressa. Como poderia tal educação produzir outros
resultados, se tem em vista unicamente a caça ao marido, e
tornar a moça apta à realização deste intento?'
Até aqui o nosso autor.
Atenção
Os srs. Bispos alemães
publicaram uma Pastoral acerca deste mesmo assunto; alegam
como causa desta desordem o alvo a atingir, isto é, de incitar a
sensualidade do homem pelo modo tendencioso de se desnudar
e salientar certas partes do corpo.
Depois destas reflexões,
podemos distinguir três
classes escravas da Moda.
À primeira,
pertencem as que seguem simplesmente a tendência do demi-monde,
procurando alcançar o mesmo resultado. Parece, felizmente, que
é a menor parte (n.c: infelizmente os tempos são outros). A
segunda classe
receia ser considerada como
atrasada, se não seguir em tudo a última Moda. Vendo que as outras
já usam essas toilettes, tal Moda perde para elas o seu caráter
obscuro e vulgar. Elas, aliás, não procedem assim por malícia,
mas, o que é pior, por respeito humano, vaidade e falta de caráter.
À terceira classe,
pertencem as comodistas, que obedecem à lei do menor esforço.
Entram na primeira loja que encontram, onde elas compram sem pensar
na figura que irão fazer com semelhante toilette.
Em si dever-se-ia ter
somente um sorriso desdenhoso para esta tola vaidade, se
o efeito deste traje não fosse tantas vezes lamentável.
Entre nós, ainda há
moças que não aprovam esta disposição da mulher, pelo contrário,
a condenam, pois as relações com tais criaturas são causa de
muitas tentações. O
jovem já tem as suas dificuldades em refrear o instinto
natural. Se, além disso, a Moda lasciva aumenta esta luta com a
natureza, pode-se
compreender então o direito que o moço realmente cavalheiro
tem de condenar uma tal moça, posto que ela julgue a sua atitude
perfeitamente correta e inocente, visto que nada sabe das
tendências do outro sexo, e que ela pode ser causa da perdição
de tantas almas... Não
aprendemos nós que é pecado mortal provocar deliberadamente
graves tentações no coração do próximo?
Esta atitude é
absolutamente incompreensível, se refletirmos que tais pessoas,
solteiras ou casadas, perdem a sua dignidade e expõem sua
inocência, acompanhando semelhante Moda, pois elas são a
involuntária confissão da sua disposição interior a tão
petulantes quão presunçosos homens. Os que se deixam
atrair já sabem que tais criaturas são mais acessíveis à
tentação, do que a moça que revela sua personalidade pelo
modo de trajar, e que não a quer perder.
As primeiras não
devem estranhar que eles não procurem nelas outra coisa, senão
o que elas tão ostensivamente apresentam.
É certo, aliás, que
os homens são muitas vezes os culpados das excentricidades da
Moda, pois a sua petulância as anima a acompanhar estas
leviandades, e a este respeito os bailes e outras
reuniões mostram que as que não se trajam no rigor da
Moda estão expostas ao seu pouco caso. Não se pode, naturalmente,
assaz condenar esta disposição imoral, que revela a baixeza no modo
de apreciar a mulher, que nada vale para eles, se não sabe
despertar a sua sensualidade. Qualidades e nobreza da alma não
encontram mais apreciação, porque no seu materialismo não têm
mais noção da distinção e nobreza do verdadeiro encanto da
mulher. E quanto mais se deixam impressionar por essa
baixeza e essa inferioridade dos homens, tanto mais contribuem
para que eles se confirmem nesta apreciação e se sintam
encorajados na sua insolência. Como sempre, quem perde é
a mulher! ...
Mas quando encontram
moças que com sua atitude correta provam: 'Olhe, rapaz, ainda
existem moças que não são assim como está pensando!' - eles
veem-se obrigados a emendar pouco a pouco o seu modo de pensar,
e desta maneira a se corrigir, e a distinguir entre as
que merecem respeito, e as que não o merecem.
Eis uma ocasião
propicia para dizer uma palavra contra a leviandade das nossas
Modistas, que julgam que seu dever é de adular a vaidade das suas
clientes e favorecê-las em todos os seus caprichos e
excentricidades. A Modista deve ter a coragem de prevenir o mau gosto
destas levianas, e mostrar que uma toilette, quanto mais
simples, maior fineza e bom gosto revela de quem a usa.
Se a jovem quiser que
os homens a respeitem, que não vejam nela apenas o objeto sexual,
mas, sim, a verdadeira mulher, com todas as suas preferências e
belas qualidades interiores, então procure cobrir o seu corpo
com os vestidos, de tal forma que não excite a sensualidade do
homem, e que pelo modo de se trajar e comportar resplandeça
em todo o seu ser a nobreza da sua alma. Devemos reconhecer
indubitavelmente que a Moda de hoje corresponde mais à saúde
que antigamente; e com alguma boa vontade e bom senso para
aquilo que convém e o que corresponde ao físico da pessoa
e ao seu temperamento, achará a jovem facilmente um
caminho, pelo qual satisfaça de um modo lícito à tendência da
Moda moderna, e que, contudo, vista o corpo de uma maneira
decente e agradável" (R.
Pe. Hardy Schilgen, S. J., "Tu e Ele", Cap. "Moda",
pp. 142-147, Ed. Vozes, 1940).
► "Pecam contra
a Modéstia e contra a Castidade e são dignas de severa repreensão,
as pessoas mundanas escravas dos exageros a que chamam Moda,
incentivo e frequente ocasião de pecado" (R.
Pe. Tomás Pègue, O. P., "Suma Teológica de S. Tomás em
forma de Catecismo, para uso de todos os fiéis", 2ª Part., 2ª
Secç., Cap. LVI).
Falsa
Noção
da
Existência
► "Um dia,
enquanto Jesus falava às
turbas, aproximou-se Dele um chefe da Sinagoga, dizendo-lhe que
a única filha, com 12 anos de idade, acabava de morrer naquele
instante, e O suplicava que fosse depressa à sua casa, a
fim de lhe impor as mãos para que ela revivesse. Jesus de boa
vontade acolheu o pedido desse chefe e, chegado à casa do
mesmo, mandou que se retirassem todos: e depois tomou pela
mão a menina, chamando-a pelo nome, e esta logo ressuscitou,
sentou-se, levantou-se, andou, e, a mando de Jesus, comeu também
para demonstrar que de fato ficara curada de todo o mal.
Esta menina é figura
de muitas outras que morrem, na flor da idade, senão à vida do
corpo, (ao
menos) à vida da
Graça.
Empolgadas pelo
espírito da época, deixam-se dominar pelas tentações do
século, perdendo pouco a pouco o candor da sua inocência, o
encanto que lhes proporciona o pudor e o recato,
rolando paulatinamente pela descida da degradação, onde se
afundam e se extinguem para Deus, para a vida de uma eternidade
feliz e para o bem da sociedade.
O quadro que nos
apresenta a sociedade atual é simplesmente desolador. Os
sentimentos que enobrecem a alma da juventude feminina e a
tornam querida e respeitada, quase Anjos do Céu, pouco a pouco
foram se obliterando até desaparecerem levados pelo vício
e pelo pecado, e uma alma que se deixa levar pelo vício e pelo
pecado, é, espiritualmente, morta.
Boa parte da mocidade
feminina jaz morta, como a filha de Jairo, no leito da sua vaidade,
imóvel e fria, no caminho da virtude, que, única e exclusivamente,
lhe pode conferir aquele tesouro de sentimentos e de Graça
que a tornam flor mimosa a perfumar os ambientes cristãos de poesia
e de encantamento.
Como efeito de um
feminismo que falseou a educação da mulher, hoje em dia nos
achamos diante de uma inumerável quantidade de moças que vivem
sonhando um futuro irrealizável, consideradas como objeto de
luxo e ornamento de festas, por uns, e como concorrentes temíveis
dos homens por outros, que veem nelas um competidor a avançar
continuamente na luta, cada vez mais cruel e funesta, para a sua
emancipação.
Emancipa-se a jovem de
todos os bons hábitos cristãos, apascenta-se de vaidade e de
sonhos, preocupa-se exclusivamente em embelezar seu corpo e
comparecer em público no rigor da ultima moda.
Moças
sem
Alma
e
sem
Juízo
Com os sistemas
educativos de muitas famílias, consegue-se ter moças sem alma
e sem juízo: bonecas sem vida, atordoadas, senão mortas pelos
rumores das diversões e vertigens do mundo vão e sedutor.
Que formação para a
vida real poderá ter uma moça que só lê romances, que nada
valem e só servem para narcotizar a alma, corrompendo-a e
desviando-a; uma moça que somente vai ao teatro ou ao cinema,
escola da imoralidade mais vergonhosa; que só passeia, dança e
vive ansiosa pelos serões de festas, prolongadas até o
alvorecer do dia seguinte?
Urge que Jesus cumpra
não um, mas milhares de milagres, para ressuscitar tantas
mortas, despertar tantos corações adormecidos à beira do
precipício.
Como poderá
conseguir-se, pois, que se retirem os tocadores
de flauta que estão
ao redor da menina, no seu leito fatal, e a turba
do povo que carpi muito
em torno dela, quando a vê morta para o mundo, e viva para Deus?
Ouvindo a palavra do
Santo Padre Pio XI, que muitas vezes nos tem apontado os
perigos, os males
provenientes do abuso da moda
e os remédios para neutralizar seus desastrosos efeitos.
Escrevendo ao Arcebispo
de Colônia o Santo Padre diz: 'Com grande alívio de nossa alma,
soubemos que a Associação das Mulheres Católicas Alemãs se
esforça, por todos os meios, para, e com conferências públicas
e livros oportunos, tutelar extremamente a integridade dos
costumes que, infelizmente, por obra dos maus, vemos, hoje, de
dia para dia, sempre mais decaírem; e
estes, para melhor conseguirem seu fim, tem por alvo especialmente a
péssima moda de vestir das mulheres, que já invadiu todos os
lugares.
É deveras deplorável
que as vestes introduzidas, para cobrir convenientemente o
corpo, nestes nossos tempos, ao contrário −
havendo as mulheres esquecido a sua grande dignidade −
frequentemente se confeccionam de maneira que ofendem, com
impudência, a Modéstia, oferecendo a todos, e,
especialmente aos moços e aos meninos, grande e grave incentivo
para as paixões mais abjetas' (Carta
ao Arcebispo de Colônia, de 26-10-1926).
'Não há coisa que
interesse tanto o Santo Padre quanto a obra que se desenvolve
para a reforma dos costumes. É necessário opor modos práticos, uma
escola cristã contra uma escola vergonhosa que domina a moda e a
dança.
É questão não só
de Modéstia, senão de dignidade' (Às
Congressistas da U. I. L. J., de 22-5-1922).
Moda
Imoral,
Verdadeira
Vergonha
É necessário, pois,
manter acesa a luta contra a moda imoral 'que
é uma verdadeira vergonha para tão grande número de mulheres,
que se dizem cristãs e que desonram o nome cristão.
Nós nos alegramos
convosco por estardes de acordo conosco, numa das nossas maiores
preocupações', diz o
Santo Padre às Sócias da União Internacional das Ligas
Femininas Católicas. 'E
isto não nos causa surpresa
nenhuma; é sempre uma consolação achar os vossos sentimentos
em harmonia com um dos mais ardorosos desejos do nosso coração,
no tocante a um assunto sobre o qual Nos agrada voltar todas as
vezes que se nos oferece a ocasião.
A profundidade, a
clarividência da vida cristã, são proporcionadas pelo
conhecimento sólido da mesma vida cristã. Vós fizestes
experiência disto, diariamente, em vossos trabalhos. Não
há nada como o gosto das coisas belas, grandes, generosas,
para instalar nas almas resoluções elevadas e dignas.
Por este motivo Nós
queremos lembrar a vós, exclusivamente, um pormenor, a
propósito da campanha que vos propusestes fazer contra a Moda
imoral.
Pois que notamos, por
vezes, que o sentimento de repulsão contra a Moda menos digna falta
mesmo lá onde menos se pensa, mesmo em casas de educação que,
todavia, são cristãs e pretendem que assim venham chamadas, Nós
nunca nos esquecemos de perguntar às Religiosas si têm Casas de
Educação. E à resposta delas, quase sempre afirmativa,
nunca deixamos de lhes recomendar para que insistam sobre a Modéstia
Cristã no vestir de suas alunas: 'a qualquer custo'.
Por vezes ouvimos Nos
responder que a insistência demasiada acaba por ser causa de as
mães retirarem suas filhas do colégio. Isso pouco importa; a
Modéstia no vestir deve ser ensinada "com insistência"
e "a qualquer custo". E, Nós queremos que o exemplo
proceda das Casas de Educação, Religiosas, Católicas. É
necessário começar pelas mais moças, para enraizar nos corações
o espírito da virtude, o sentimento indizível da dignidade da
alma humana.
Na realidade, é mesmo
em nome da humanidade que se torna necessário pugnar pela
decência da Moda; e, sobretudo, pela dignidade do nome cristão,
visto que todos nós trazemos os traços do Sangue do Redentor,
testemunho esplêndido dos destinos eternos que nos
esperam' (Alocução à
União Internacional das Ligas Femininas Católicas, de
27-10-1925).
'Abençoava de coração
e animava as boas jovens e damas católicas que se empenham na
cruzada, na campanha santa para a decência do vestido, que
constitui tão grande parte da vida cristã; visto que si
podemos dizer, quanto ao vestido religioso, que o hábito não
faz o monge, tem, porém, grande parte na vida do monge. Como o
uniforme do soldado não faz o soldado, mas distingue o soldado,
assim também na vida cristã, embora o hábito não faça o
cristão, é o hábito que deve distinguir o cristão de quem é
pouco cristão, ou, infelizmente, é de todo pagão' (Alocução
ao Convênio das Juntas Direc. da A. C. J., de 16-5-1926).
O
Soberano
Modelo
'O Santo Padre,
portanto, está certo de que as Moças Católicas, perseverarão
na sua santa campanha em defesa da Modéstia Feminina; campanha em
que está de permeio a fidelidade a Jesus Cristo, e também
a mesma honra e dignidade delas. Quando, à mulher, falta o
sentimento da pureza, da Modéstia, da pudicícia, é porque ela
perdeu o sentimento de sua própria dignidade. E é fácil
convencer-se da excelência dos sentimentos da Igreja a este
respeito, em comparação dos do mundo. A Igreja, apontando o exemplo
glorioso das Virgens, das Santas, das Mães e Mártires
Cristãs, e, sobretudo, realizando este ideal na figura sublime
de Maria Santíssima (a
criança, a menina, a mocinha, a mulher cristã, por excelência)
propõe algo de tão elevado, de tão belo, de tão digno, de
tão sublime, que faz experimentar toda a beleza de um
convite dirigido a preservar da ofensa não só a consciência
cristã, mas também a dignidade humana da mulher. Ao contrário, o
mundo, aquele mundo de sentimentos terrenos, pelo qual Jesus
Cristo, que por todos orou, que orou mesmo por seus
crucificadores, que chamou Judas seu amigo no momento que o
atraiçoava, não quis orar, (e
é esta talvez a palavra mais terrível do Evangelho) outra
coisa não faz senão impelir a mulher a abandonar todo o sentimento
de sua dignidade, multiplicando os estímulos, para a
impudicícia, para a imoralidade, para a imodéstia em todas as
formas e especialmente nas do vestido feminino. Basta esta reflexão
para compreender o que se deve pensar diante de certos costumes
modernos, em que todas as más atrações, as más tendências do
mundo se revelam. De uma parte, a Igreja convida a imitar o exemplo
de grandes Santas, fortes, gloriosas mulheres, e sobretudo o de
Maria, a maior e mais gloriosa entre todas, exemplo para o qual os
olhos não podem dirigir-se sem ver nele os ideais mais santos e mais
puros. De outro lado o mundo convida a mulher para lugares onde
não achará senão falsos, mentirosos carinhos e atenções, que, na
realidade, não são senão verdadeiros insultos e ofensas à
sua dignidade. As Moças Católicas, pois, não devem hesitar e
resolutamente continuar a travar seu combate para a honra de
Deus e de Sua Igreja, e juntamente para sua própria honra, para
a sua própria dignidade, para tudo o que elas têm de mais belo, de
mais glorioso, de mais precioso' (Alocução
aos Círculos da M. F. I. de Roma, de 02-06-1926).
É imprescindível que
elas, ao se abrir o botão de sua adolescência, sejam
entregues a Jesus, ao Mestre Divino que ensina a pureza, a
simplicidade, o amor ao sacrifício, a nobreza e a força.
Quem não conhecer Jesus,
como a filha de Jairo, morre à vida da alma. Só Ele pode restituir
esta vida. Vivam, pois, de Jesus as nossas donzelas. Alimentem-se com
Cristo Eucarístico, e com as verdades que Ele ensina; teremos
destarte infundido nelas os sentimentos da mais humilde e pura
entre as virgens e as mães, Maria Santíssima, modelo
insuperável das boas e piedosas meninas, a qual, na Fé, na
piedade, no trabalho e no silêncio se preparou para a mais
elevada missão de mãe que o mundo contemplou.
Imitem Maria as donzelas
cristãs, cuidando sobremaneira em reproduzir em si os traços Dela,
na união íntima com Jesus, que foi toda a razão de ser, a força e
a glória de sua incomparável progenitora" (R. Pe. Dr.
Felicio Magaldi, "A Ação Católica segundo Pio XI",
23º Domingo depois de Pentecostes).
”A moda é
feita para provocar o desejo”,
defendia
Mary Quant.
(Inventora
da Mini-saia)
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Fonte: Acessar o ensaio "Reminiscência sobre a Modéstia no Vestir" no link
"Meus Documentos - Lista de Livros".
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