Caríssimos,
Envio-lhes o meu artigo semanal, que espero lhes interessar.
Abraço fraterno e bênção.
+ Dom Fernando Arêas Rifan
O TRABALHO DIGNIFICADO
Dom Fernando Arêas Rifan*
Dia
1º de maio celebramos a festa de São
José operário, patrono dos trabalhadores. Desejoso de ajudar
os trabalhadores a
santificar o seu dia, já mundialmente comemorado, o Papa Pio
XII instituiu a
festa de São José operário, modelo do trabalhador. De origem
nobre da Casa de
Davi, ganhando a vida como simples carpinteiro, São José
harmoniza bem a união
de classes que deve existir em uma sociedade cristã, onde
predominam a justiça
e a caridade.
O trabalho é obra de
Deus. Deus, ao
criar o homem, colocou-o no jardim do Éden para nele
trabalhar. O trabalho
existe, portanto, antes do pecado. Depois deste, passou a ter
a conotação de
penitência, pois adquiriu uma nota de dificuldade e o
necessário esforço para
desempenhá-lo: “Comerás o pão com o suor do teu rosto” (Gn
3,19).
Assim, o
trabalho tem o aspecto natural necessário para o nosso sustento
e o aspecto
adicional de penitência, pois ele contraria nossa tendência,
exacerbada pelo
pecado, à preguiça e ao relaxamento. O trabalho é algo muito
digno e nobre,
seja ele qual for, desde que seja honesto e nos encaminhe para
Deus, seu autor.
O trabalho é também
expressão do amor. “A expressão
quotidiana deste amor na vida da Família de Nazaré é o
trabalho. O texto
evangélico especifica o tipo de trabalho,
mediante o qual José procurava garantir a sustentação da
Família: o trabalho de
carpinteiro.
Esta simples
palavra envolve toda a extensão da vida de José. Para Jesus
este período
abrange os anos da vida oculta, de que fala o Evangelista, a
seguir ao episódio
que sucedeu no templo: «Depois, desceu com eles para Nazaré e
era-lhes
submisso» (Lc
2, 51).
Esta submissão, ou seja, a obediência de Jesus na casa
de Nazaré é entendida
também como
participação no trabalho de José.
Aquele que era designado como o ‘filho do
carpinteiro’, tinha
aprendido o ofício
de seu ‘pai’ adotivo. Se a Família de
Nazaré, na
ordem da salvação e da santidade, é exemplo e modelo para as
famílias humanas,
é-o analogamente também
o trabalho de
Jesus ao lado de José carpinteiro. Na nossa época, a
Igreja pôs em
realce isto mesmo, também com a memória de São
José Operário, fixada no primeiro de maio. O trabalho humano, em particular o trabalho
manual, tem no
Evangelho uma acentuação especial.
Juntamente com a humanidade do Filho de Deus ele foi acolhido
no
mistério da Encarnação, como também foi redimido de maneira
particular.
Graças ao seu banco de trabalho, junto do qual exercitava o
próprio ofício
juntamente com Jesus, José aproximou o trabalho humano
do mistério da
Redenção” (B. João Paulo II, Ex. Apost. Redemptoris
Custos).
“Trata-se, em última análise, da
santificação da vida
quotidiana, no que cada pessoa deve empenhar-se, segundo o
próprio estado, e
que pode ser proposta apontando para um modelo accessível a
todos: São José é o
modelo dos humildes, que o Cristianismo enaltece para
grandes destinos; é a prova de que
para serem bons e autênticos seguidores
de Cristo não se necessitam grandes coisas, mas
requerem-se somente virtudes comuns, humanas, simples
e autênticas.”
*Bispo
da Administração Apostólica Pessoal
São João Maria Vianney
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