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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

sábado, 7 de dezembro de 2013

Festa da Imaculada Conceição de Maria.



A doutrina da Imaculada Conceição, cuja memória litúrgica celebra-se neste segundo domingo do Advento, sempre foi uma realidade muito constante nos escritos dos Santos. Desde os primeiros séculos, a Cristandade já recordava a Virgem Maria como Aquela que fora preservada de toda mancha do pecado - a Tota Pulchra, como canta a antífona própria desta festa. Ao contrário de Eva, a também virgem imaculada que respondeu à visita do anjo decaído com seu não a Deus, Maria é a Virgem Imaculada que, recebendo em sua casa a presença de São Gabriel, respondeu com o seu sim: "Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a Tua Palavra".

E foi nesta firme convicção, "depois de na humildade e no jejum, dirigirmos sem interrupção as Nossas preces particulares, e as públicas da Igreja, a Deus Pai", que o Papa Pio IX, num dos atos mais solenes de seu pontificado, declarou "a doutrina que sustenta que a Beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus Onipotente (...) foi preservada imune de toda mancha de Pecado Original". Não por acaso, pouco tempo depois desta proclamação, em 1858, Nossa Senhora apareceria a uma jovem camponesa de Lourdes, na França, dizendo ser a "Imaculada Conceição".

Antes da definição de Pio IX, no entanto, existiam algumas controvérsias teológicas quanto a esse ensinamento. Embora fosse de grande consenso a doutrina segundo a qual Maria nascera sem pecado algum - estando essa verdade presente não só na fé popular como também nos textos litúrgicos -, muitos teólogos viam com dificuldade a proposição, sobretudo porque não conseguiam entender de que modo isso poderia se relacionar com a Redenção operada por Cristo no Mistério da Paixão. Afinal, sendo Maria Imaculada, teria Ela necessitado da salvação?

A dificuldade, infelizmente, acabou suscitando algumas heresias já na época de São Tomás de Aquino. Para certos teólogos, Maria não teria sido redimida por Cristo. O imbróglio, com efeito, fez com que o Doutor Angélico reagisse na Suma Teológica, negando a doutrina da Imaculada Conceição. Foi somente no final de sua vida, no seu Comentário da Saudação Angélica (ou seja, da Ave-Maria), que Santo Tomás voltou atrás e aceitou essa verdade de fé.

A confusão teológica, contudo, ainda perdurou por algum tempo até que um frade franciscano, o Bem-aventurado Duns Scoto, finalmente, apresentasse uma explicação consistente. Scoto defendia que Maria havia sido salva já no ventre de Sant’Anna, tendo em vista o Sangue de Cristo derramado na Cruz. Uma vez que Deus não está preso ao tempo e ao espaço, Ele bem poderia utilizar os méritos da Paixão de Jesus antecipadamente, preservando Nossa Senhora das insídias diabólicas. Foi baseado nesta argumentação que o também Bem-aventurado Papa Pio IX publicou a Bula Innefabillis Deus, pondo termo à controvérsia e definindo como Dogma de Fé a "Imaculada Conceição de Maria".

Na Bula Innefabillis Deus, Pio IX usa duas passagens bíblicas para atestar a veracidade do dogma: Gênesis, capítulo 3 - o chamado Proto-Evangelho em que se narra a "inimizade" entre a serpente e a Mulher -, e Lucas, capítulo 1, no qual o evangelista relata a Saudação Angélica de São Gabriel: "Ave, Cheia de Graça, o Senhor é convosco". Com esses dois textos, o Papa revela as evidências da santidade de Maria. Por ter sido agraciada desde o ventre de sua mãe, Maria é a inimiga por excelência do Demônio; e sendo a "Cheia de Graça", à qual "grandes coisas fez Aquele que é poderoso", possui a mais perfeita amizade com Deus.

Nós, brasileiros, temos a grande graça de ter herdado de Portugal a devoção pela Imaculada Conceição de Maria. Embora muitas pessoas não saibam, é a Imaculada Conceição a Padroeira de Portugal. Isso porque foram naquelas terras que aconteceram as maiores batalhas em defesa da fé cristã e, sobretudo, em defesa da Imaculada Conceição. Numa época em que a península ibérica via-se ameaçada pelas investidas dos mouros, os cavaleiros cristãos fizeram um pacto de sangue, a fim de preservar a fé católica da região. E venceram com a ajuda e intercessão da Imaculada.

No Brasil, temos também como padroeira Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Ela, como "um exército em ordem de batalha", convida-nos também a empreender um combate contra a Serpente maligna que assalta nossa dignidade, nossos filhos e nossa fé.

Rezemos a Ela, a Auxilium Christianorum, para que neste momento, em que duas leis perniciosas tramitam em nosso parlamento com o intuito de destruir a família brasileira, a cabeça da Serpente seja esmagada e precipitada ao Inferno junto com seus Demônios.

Nossa Senhora da Conceição Aparecida, rogai por nós!


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