Labaredas
do Sagrado Coração de Jesus
ao
longo dos Séculos
Santa
Gertrudes,
Apóstola
do Sagrado Coração de Jesus
“Lemos
na vida de Santa Gertrudes,
que um dia foi arrebatada em altíssima contemplação, na qual lhe
apareceu São João Evangelista. E perguntou-lhe a Santa, porque
razão sendo ele o Discípulo da Caridade, a quem coube a fortuna de
reclinar a cabeça sobre o peito de Jesus na última Ceia, e de
sentir os movimentos daquele Coração, não escrevera no seu
Evangelho uma palavra, ao menos, desse bendito Coração, para
edificação dos fiéis; o Santo Evangelista respondeu-lhe com estas
memoráveis palavras:
– Eu
devia escrever para a Igreja nascente a Palavra do Verbo Divino
Incriado, mas Deus se tinha reservado revelar nos últimos tempos do
mundo a suavidade e o amor ardente desse Coração, e assim acender a
Caridade quase apagada nos corações dos mortais.
Somos
chegados aos tempos, de que fala o Discípulo predileto. O fogo da
Caridade está apagado no coração de muitos cristãos. Como se
poderá tornar a acender? Por meio desta santa devoção. Experimente
vós também; e haveis de confessar esta verdade”.
Do
Segundo Livro das Revelações
de
Nosso Senhor Jesus Cristo a Santa Gertrudes
No
Domingo seguinte, da Quinquagésima,
durante a Missa, Vós estimulastes e aumentastes os desejos de minha
alma, para que ela quisesse favores mais sublimes que tínheis
intenção de lhe conceder. Foi especialmente com estas duas palavras
do Responsório: “Bendizendo,
eu te bendirei”,
e o versículo do nono Responsório: “Darei
esta terra a ti e à tua raça”.
Então, com a Vossa
venerável mão em Vosso Peito Sagrado, mostrastes onde se encontram
essas regiões prometidas por Vossa infinita liberalidade.
Ó
terra bem-aventurada, que encheis de felicidade todos os que em Vós
habitam! Campo de delícias, da qual a menor partícula pode
satisfazer abundantemente a fome de todos os eleitos e dar ao coração
humano tudo o que lhe pode ser doce e agradável!
Eu
considerava, com atenção talvez insuficiente, mas ao menos tanto
quanto podia, esse espetáculo tão digno de atrair meu olhar. Então,
apareceu-me a Bondade e a Humanidade de Deus Nosso Salvador, não
por causa das obras de justiça pelas quais minha indignidade
tivesse podido merecer esse favor, mas devido à Sua inefável
misericórdia, que me justificava pela regeneração adotiva
e me preparava para a união mais íntima convosco, ó meu Deus!
União, em verdade, espantosa e temível, digna de admiração,
celeste e inestimável!
Ó
meu Deus! Em virtude de que méritos de minha parte e por que
misterioso juízo, recebi tão grande favor? Certamente, o amor que
esquece a dignidade do próprio sangue e se mostra cheio de
condescendência, o amor que se precipita sem esperar a reflexão e o
julgamento da razão, Vos inebriou até à loucura, se ouso assim
falar, ó meu dulcíssimo Senhor, para que chegásseis a unir duas
coisas tão diferentes. Ou melhor, para empregar linguagem mais
respeitosa para com Vossa Majestade, essa suave bondade que é inata
em Vós e faz parte de Vossa essência, foi abalada pelo contato da
terna caridade que operou a salvação do gênero humano e em virtude
da qual Vós não apenas amais, mas Sois o próprio Amor.
Será,
pois, essa caridade, que Vos terá levado a tirar de Sua extrema
indignidade uma miserável criatura, desprezível por sua vida e seus
maus hábitos, para elevá-la à participação de Vossa real e
divina grandeza? Vos quisestes com isto aumentar a confiança de
todos os membros da Igreja, e é o que quero e desejo para todo o
cristão, esperando que ninguém fará, como eu, tão mau uso dos
dons de Deus nem dará tanto escândalo ao próximo.
Mas
como as coisas invisíveis de Deus podem ser percebidas pela
inteligência por meio de imagens sensíveis, pareceu-me que
jorravam gotas de suor da parte do Peito Sagrado do Senhor em que Ele
havia recebido minha alma, sob a forma de cera amolecida ao fogo, no
dia da Purificação. Era como se a substância dessa cera tivesse
sido inteiramente liquefeita pelo excesso do calor encerrado no Seio
de meu Deus. O Divino Coração absorvia essas gotas com inefável e
incompreensível virtude. Parecia que o amor, expansivo por natureza,
encerrara sua força vitoriosa nas profundidades do Sagrado Coração.
Ó
Solstício Eterno, Moradia segura que contém todas as delícias,
Paraíso das alegrias eternas, Fonte de onde jorram indescritíveis
deleites. Vós atraís, com abundantes flores de suave primavera;
encantais, com as suaves notas de uma harmonia toda espiritual;
reanimais, com uma brisa perfumada de vivificantes aromas; inebriais,
com a doçura envolvente de sabores místicos; transformais, com as
maravilhosas carícias de Vossos santos abraços.
Oh,
três vezes feliz, quatro vezes bem-aventurado e, se posso dizer, mil
vezes santo aquele que, dirigido pela graça, merece aproximar-se
desse lugar abençoado com coração puro, mãos inocentes e lábios
sem mancha! Como descrever o que ele vê, ouve, respira, prova e
sente? Por que minha língua impotente se esforçaria por balbuciar
algo disso? É verdade que, por efeito da Bondade divina, fui
admitida a gozar desses favores. Mas, envolvida pelo espesso
manto de minhas faltas e negligências, só podia recebê-los muito
imperfeitamente, porque toda a ciência reunida dos Anjos e dos
homens não poderia produzir uma só palavra que exprimisse, ainda
que pouco, a supereminente grandeza de tão sublime união”.
Dos
Exercícios Espirituais de
Santa Gertrudes
Exercício
Primeiro: … Eu Vos saúdo, ó
Santo Anjo de Deus, guarda de minha alma e de meu corpo. Pelo
dulcíssimo Coração de Jesus Cristo,
Filho de Deus, recebei-me sob a proteção de vossa fiel paternidade
por amor Daquele
que nos criou, e que no dia de meu Batismo me colocou sob a vossa
guarda. Ajudai-me a atravessar sem manchar-me a torrente desta vida,
até que seja admitida a contemplar convosco e como vós esta
deleitável Face, esta Beleza cheia de delícias da Soberana
Divindade, cuja vista excede infinitamente as mais doces felicidades
(p. 116)...
… Conservai
no santuário de Vosso Coração, tão cheio de bondade, ó
meu dulcíssimo Jesus, a pureza de minha inocência batismal e o
juramento de minha fé, a fim de que estejam abrigados sob a Vossa
fiel proteção, e que eu possa apresentar-Vo-los, em sua
integridade, na hora de minha morte. Imprimi sobre meu coração o
selo de Vosso Coração, a fim de que eu viva segundo Vossa
Vontade, e que depois deste exílio chegue a Vós, sem obstáculo e
cumulada de alegria (p. 127)...
Exercício
Segundo: … Ocultai-me na
rocha inquebrantável de Vossa paternal proteção. Recolhei-me longe
de tudo, na abertura do Vosso Coração Dulcíssimo,
oh! O mais querido dos amados (p. 131)!...
Exercício
Terceiro: … Qual é a Vossa
grandeza, ó Rei dos reis, Senhor dos senhores! Todo o exército dos
astros está às Vossas ordens, e é ao homem que prendestes o Vosso
Coração (p. 143)... Fonte da
Luz Eterna, Trindade Santa, ó Deus! Sustentai-me com Vosso Divino
poder; governai-me com Vossa Divina Sabedoria; e por Vossa Divina
Bondade tornai-me conforme ao Vosso Coração
(p. 145)...
Exercício
Quarto: … Nesse túmulo de
amor envolvei-me na mortalha da Vossa preciosa Redenção;
embalsamai-me com os preciosos perfumes da Vossa morte; colocai-me no
Vosso Coração lanceado
como num sepulcro de mármore do mais alto valor (p. 197)... Agora
pois, ó amor! Ó meu Rei e meu Deus! Agora, ó meu Jesus, recebei-me
sob a guarda do Vosso Divino Coração.
Ali me unireis a Vós por Vosso amor, afim de que para Vós viva
inteiramente (p. 202)...
Exercício
Quinto: … Oh! Abri-me, como
um asilo de salvação, Vosso Coração tão amante.
Quanto ao meu, já não o possuo mais; sois Vós, ó meu caro
Tesouro, quem o tomastes e o guardais em Vós (p. 217)...
Bem-aventurada a alma que Vos tem cativo pelo seu inseparável amor!
Feliz o coração que sente imprimir-se nele o beijo do Vosso
Sagrado Coração, penhor de
indissolúvel aliança, ó Deus amor! (p. 236)... Ó Deus amor, Vós
me adotastes por Vossa filha: nutri-me segundo o Vosso
Coração (pp. 237-238)...
Exercício
Sexto: … Abri-me o tesouro de
Vosso misericordioso Coração; nele é que reside o objeto
dos meus desejos (p. 240)... Ó
amor! Encarrega-te de responder por mim a Jesus, meu Deus, Verbo de
vida. Comove em meu favor este Coração Divino, no qual o
Teu Poder se mostra com tanto brilho
(p. 242)... Eis que a minha alma se enfraquece e desmaia por causa do
tédio desta vida, e desejo ardentemente morrer e estar convosco,
para que possa oferecer-Vos os doces holocaustos de alegria, no Céu,
entre as multidões bem-aventuradas que jubilam em Vosso louvor. Aí
queimarei sobre o altar de ouro do Vosso Coração Divino
o incenso que Vos é agradável; isto é, o de minha alma e do meu
espírito imolados, com delícias, em troca de tantos favores
extraordinários com os quais me consolastes, ó meu Pai e Mestre, em
todas as tribulações e angústias (p. 250)... Assentado à direita
do Pai na minha própria natureza humana, ó meu Amado, aí
demonstrais o poder do Vosso amor. Aí é que me trazeis escrita
sobre as Vossas mãos,
sobre os Vossos pés e em Vosso dulcíssimo Coração,
para nunca esquecerdes a minha alma que resgatastes por preço tão
elevado (p. 253)... Deus do meu coração, objeto querido dos meus
votos! Pelo Vosso poder infinito admiti, desde esta hora, nas
melodias que emanam de Vosso Divino Coração,
uma nova nota para exprimir o meu indigno louvor, a minha impotente
ação de graças. Que esta nova nota, encerrada no Vosso harmonioso
canto, seja a homenagem que Vos devo em troca dos Vossos benefícios,
por me haverdes criado, resgatado, eleito e retirado do mundo (pp.
261-262)... Mas desde já lanço no turíbulo de ouro do Vosso
Coração Divino (no qual
arderá em Vossa glória o suavíssimo perfume do eterno amor) o meu
coração, qual mínimo grão de incenso, ardentemente desejando que,
não obstante a sua indignidade, o sopro de Vosso Espírito o acenda
com a Sua vida, consumindo-o unicamente em Vossa glória (p. 270)...
Alegria e jubilo a Vós, neste Coração amantíssimo e
fidelíssimo que para mim foi
aberto pela lança, para que o meu coração aí pudesse entrar e
nele repousar. Alegria e jubilo a Vós, neste dulcíssimo
Coração, meu único refúgio
em meu exílio; esse Coração
tão cheio de terna solicitude para comigo, tão alterado em Seu amor
por mim; que jamais repousará até que nEle me haja recebido para a
eternidade (pp. 274-275)... Fazei-me sentir os efeitos desta bondade
que se mostrou tão misericordiosa para comigo, quando, quando para o
meu resgate, o Vosso dulcíssimo Coração
foi partido de amor sobre a Cruz! (p. 293)...
Exercício
Sétimo: … O seio de Vossa
misericórdia, ó amável Jesus, tornar-se-á
minha doce prisão; sentir-me-ei presa em Vosso Coração
Divino (p. 302)... E tu, ó
amor, tu te atacas até ao próprio Coração do meu Jesus,
e com tanto vigor que, em sua dedicação por nós, sucumbe
transpassado, e não é mais do que um coração aniquilado (p.
321)... Essa dedicação, digna de um Deus, ó amor, me abriu a
entrada do terno Coração do meu Jesus. Ó Coração cheio
de doçura! Ó Coração transbordando de compaixão! Ó Coração
superabundante de Caridade! Ó Coração de onde destilam como o
orvalho a suavidade e a misericórdia! Ó Coração, objeto da minha
ternura, dignai-Vos absorver meu próprio coração em Vós mesmo.
Vós que sois mais caro ao meu coração do que a Peroba mais
preciosa, convidai-me ao festim da vida
(p. 324)... Ó amor, tomai este Divino Coração, este
turibulo onde arde tão suave incenso, esta hóstia tão nobre:
oferecei-O por mim sobre o altar de ouro onde está selada a
reconciliação do homem; oferecei-O para suprir o que dia a dia me
faltou em todo o curso da minha vida, durante a qual fui tão estéril
para Vós. Ó amor! Mergulhai minha alma nas ondas que rebentam deste
Coração tão cheio de bondade; sepultai toda a multidão de minhas
iniquidades e negligências nas profundezas de Sua Divina
Misericórdia... Ó Coração mais amado do que todas as coisas, o
clamor do meu próprio coração chega até Vós.
Lembrai-Vos de mim; que a doçura de Vossa caridade dê coragem a
este culpado coração (pp. 325-326)... Na hora da minha
morte abri-me sem demora a porta do Vosso Coração tão cheio de
bondade, e dignai-Vos fazer com que nada retarde a minha entrada no
santuário secreto de Vosso Coração, de Vosso Amor, onde gozarei de
Vós, onde Vos possuirei, ó Vós que Sois a alegria verdadeira do
meu coração! Amém (p.
338)... Levai-me prontamente a unir-me a Vós, ó encanto eterno de
minha alma, único amor de meu coração! Vós cujas feições são
tão amáveis e cujo Coração tão terno,
longe de Vós minha alma está exilada. Deus de meu coração, meu
espírito entregou-se à dissipação: dignai recolhê-lo em Vós.
Meu Bem-amado, pela pureza de intenção que reinou sempre em Vossos
Santos pensamentos, pelo ardente amor de Vosso Coração
transpassado pelo ferro, purificai todos os perversos pensamentos do
meu coração culpado. Que Vossa amargurada Paixão seja para mim um
amparo no momento da minha morte; que o Vosso coração
despedaçado pelo amor torne-se a minha eterna morada;
pois Sois amado por mim acima de toda a criatura (pp. 340-341)...
Santo
Agostinho e Santo Ambrósio
doutrinando
sobre
o
Lado aberto de Cristo na Cruz
“ Este
começo e crescimento (da Igreja) são ambos significados pelo Sangue
e pela Água que brotaram do Lado aberto de Jesus Crucificado”.
“Pois do lado de Cristo dormindo na Cruz nasceu o admirável
Sacramento de toda a Igreja”.
“Da mesma forma que Eva foi formada do lado de Adão adormecido,
assim a Igreja nasceu do Coração transpassado de Cristo morto na
Cruz”.
O
Doutor Angélico
comenta
sobre o Sagrado Coração de Jesus
“O
Coração
de Cristo designa a Sagrada Escritura, que dá a conhecer o Coração
de Cristo. O Coração estava fechado antes da Paixão, pois a
Escritura era obscura. Mas a Escritura foi aberta após a Paixão,
pois os que a partir daí tem a compreensão dela consideram e
discernem de que maneira as profecias devem ser interpretadas”.
O
Doctor Evangelicus
doutrina-nos
sobre o
Sagrado
Coração de Jesus
No
reino glorioso do Céu não há um só Santo, que não houvesse sido
devoto do Sagrado Coração. Este amor era tão ardente em São
Francisco que o transformou num Serafim abrasado, e fê-lo digno de
trazer em seu corpo, as Chagas de Jesus Cristo, Senhor nosso.
Este
amor seráfico, para com o
Divino Coração, é característico de Santo Antônio.
Deus
mesmo acendeu as belas chamas do amor sobrenatural e divino no
santuário do seu coração inocente e puro.
Fazer
que jamais se apagassem, era a solicitude contínua, nutri-las e
aumentá-las, o supremo desejo da sua pura alma. Para consegui-lo
contemplava, de preferência a outros Mistérios, os do Nascimento de
Jesus, da Dolorosa Paixão e Morte, e em particular, do Sacramento
Augustíssimo do Altar.
Não
se contentava, porém, com isso. Nos seus Sermões enaltecia as
perfeições e celebrava os louvores do Sagrado Coração, a fim de
abrasar de amor para com Ele
todos os corações.
Mais
ainda! As poucas obras de Santo Antônio, que chegaram até nós são
provas irrefutáveis, de que se salientou, visivelmente, na devoção
de Jesus, sob a terno culto
do seu amabilíssimo Coração. A cada passo, exalam ativamente os
perfumes deste amantíssimo Coração.
“A
alma piedosa,
assim escreve ele, a alma piedosa encontrará no
Coração de Jesus um delicioso retiro, um asilo seguro contra todas
as tentações do mundo; no mais íntimo do Coração de Jesus, ela
encontrará a paz, as consolações, a luz e inefáveis delícias. O
Coração de Jesus é como que o princípio da vida sobrenatural, é
como que o altar de ouro, onde, de noite e de dia um incenso
odorífero se evola até aos Céus e perfumes suavíssimos embalsamam
a terra.
A
meditação dos sofrimentos exteriores de Jesus Cristo é santa e
meritória, sem dúvida, mas, se queremos encontrar ouro puro,
necessitamos de ir ao altar interior, ao Coração mesmo de Jesus, e
ali estudar as riquezas do seu amor”.
Palavras
belíssimas que só podiam sair de um coração angélico e seráfico,
como o de Santo Antônio”.
Em
outro lugar, diz: “Assim
como no ano há quatro estações: o Inverno, a
Primavera, o Verão e o Outono,
também na vida de Cristo houve o inverno
da perseguição de Herodes, por causa da qual fugiu para o Egito; a
primavera da pregação,
e então apareceram as flores,
isto é, as promessas da vida eterna,
e a voz da rola, isto é, do Filho de Deus, se ouviu
na nossa terra: Fazei
penitência, pois que está próximo o Reino dos Céus;
o estio da Paixão,
de que escreve Isaías: Meditou no seu espírito
austero num dia de ardência.
Cristo, num dia de ardência, isto é, da Sua Paixão,
meditou no Seu Espírito
austero, inflexível para suportar a Paixão, enquanto pendia na
Cruz, como condenaria o Diabo, livraria o gênero humano do seu poder
e infligiria aos pecadores obstinados a pena eterna. Isto dizia
noutro lugar o mesmo Profeta: O dia da vingança
está no Meu Coração...
São
Bernardo de Claraval,
o
Poeta do Sagrado Coração de Jesus.
São
Bernardo, esta alma
tão terna e
afetuosa para com Jesus Cristo, não podia deixar de ter devoção
particular ao Coração de Jesus. Também ele nos deixou sobre este
Coração adorável palavras tão belas, que não podemos furtar-nos
ao prazer de citá-las: “Pois
que, diz ele,
chegamos ao Coração dulcíssimo de Jesus e é bom ficarmos Nele,
não nos deixemos facilmente arrancar, porque Dele é que está
escrito: Aqueles
que de vós se separam, terão seu nome traçado na poeira, que um
ligeiro sopro faz desaparecer.
Mas
qual será a sorte dos que se aproximarem? Ensinai-nos Vós mesmo, ó
bom Salvador. Àqueles que a Vós se chegavam dizeis: Regozijai-vos,
porque vossos nomes estão escritos no Céu.
Nós então nos aproximamos de Vós, a
fim de nos rejubilarmos com a lembrança de vosso Coração. Oh!
Quanto é bom, quanto é doce morrer neste Coração! Oh! Que rico
tesouro é vosso Coração, ó Jesus! Darei tudo o que tenho, meus
pensamentos e meus afetos, para O adquirir, lançando todas as minhas
inquietações no Coração do meu Senhor Jesus, que me nutrirá e me
assistirá em todas as minhas necessidades. Neste Templo, neste Santo
dos santos, diante desta Arca do testamento, adorarei e louvarei o
Nome do Senhor, dizendo com Davi: Achei
meu coração
para rogar a meu Deus. Eu
também achei o Coração de meu Rei, de meu Irmão, de meu terno
Amigo Jesus. E com este Coração, ouso dizê-lo, é meu, porque se
Jesus Cristo é minha cabeça, como o que é de minha cabeça, não
seria também meu? Da mesma sorte que os olhos da minha cabeça são
verdadeiramente meus, assim este Coração
espiritual é meu coração. Que felicidade para mim! Eu, pois,
possuo um só Coração com Jesus. E não nos admiremos, pois São
Lucas nos diz que os primeiros cristãos não tinham senão um
coração. Tendo então achado vosso Coração que é também o meu,
a Vós, amável Jesus que Sois meu Deus, humildemente rogarei.
Permiti somente que minhas súplicas sejam admitidas nesse Santuário
para serem ouvidas, ou antes, atraí-me todo para o vosso Coração.
Ó Vós, que Sois o mais belo dos filhos dos homens, lavai-me cada
vez mais de minhas iniquidades, a fim de que mereça habitar todos os
dias de minha vida no vosso Coração. Vosso lado foi aberto para que
possamos ter entrada livre em vosso Coração, e Nele habitarmos
abrigados das agitações do mundo. Vosso Coração foi ferido, para
que esta Chaga visível nos revelasse a Chaga invisível do amor.
Quem então poderá não amar um Coração assim ferido? Quem poderá
não pagar amor com amor?”
Esta bela passagem
mostra a evidência, quanto o santo abade de Claraval amava o Coração
de Jesus. Sente-se que ele procura repetir muitas vezes a palavra
Coração de Jesus,
a fim de saborear-lhe toda a doçura, fazer penetrar mais
profundamente na alma de seus piedosos ouvintes a terna devoção de
que vivia cheio.
Madre
Mariana de Jesus Torres,
a
Mensageira Profética do Sagrado Coração de Jesus.
“Chegada
a hora de comungar, tão logo recebeu ela a Santa Hóstia viu a Jesus
Cristo, nosso Bem, reclinado em seu Coração, mas todo Ele feito uma
chaga, e de modo especial o seu Santíssimo Coração, repleto de
pequenos mas pungentes espinhos que O atormentavam com extraordinária
crueldade. Com inefável ternura, Ele derramava um dilúvio de
lágrimas, acompanhado de ternos lamentos e suspiros.
Madre
Mariana estreitou-O em seu coração, com aquela ternura e adoração
que nesta santa alma abrasavam por seu Dono e Senhor, e num frêmito
de doloroso amor disse:
'Bem
meu, Amor querido e adorado de minha alma, se sois servido, dizei-me:
por que causa, ou causas, sofreis tão cruéis e íntimos martírios?
Não foram bastantes os que padecestes em Vossa amargurosíssima e
dolorosíssima Paixão, na qual até o presente século não se fez
referência a espinhos tão miúdos e em Vosso Coração? Os Santos
Evangelistas só nos dizem de grossos e longos espinhos, com que Vos
coroaram como Rei de irrisão com tanta ignomínia? Vós sabeis que
no longo curso de minha vida, Vos hei seguido muito de perto em cada
um dos passos de Vossa dolorosa Paixão, sofrendo conVosco à medida
que me dáveis forças, e compartilhando as Vossas dores internas e
externas. Agora vejo Vosso Divino Coração coalhado de pequenos
espinhos, que Vos atormentam pertinazmente!'
Jesus
Cristo olhou-a com amorosa ternura e lhe disse soltando um profundo
suspiro:
'Ai,
esposa querida! Ai! Este Coração tão ofendido por tantos espinhos
cruéis e pequenos, como agora o vês, fica reservado para ser
mostrado aos mortais por meio de uma alma religiosa de tua própria
Família. Será depois de alguns séculos e quando ela for purificada
com incríveis provações, que lhe enviarei por meio de suas
próprias irmãs, dos Prelados e mesmo do público em geral. Oh!
Quanto Me comprazo nela! Olha-a'.
E
Madre Mariana viu entre suas filhas essa feliz mensageira de Deus,
que em tempo extremamente calamitoso, na sua solidão, a sós com
Deus, santificava-se sob seu único olhar. Era o desprezo de suas
irmãs e de todos quantos com ela tratavam, permanecendo do seu lado,
entretanto, Sacerdotes, tanto do Clero secular como do regular, os
quais, com luz divina, penetrando no interior de sua alma, conhecerão
as maravilhosas obras de Deus, que pródigo em Suas misericórdias,
confia Seus segredos e árduas empresas àqueles que o mundo despreza
e reputa vis e estultos, pois estes são os simples a quem Deus se
comunica.
Madre
Mariana humilhou-se e submissa deu graças a seu Amado pelo insigne
benefício feito em sua Casa e Família.”
O
Significado dos Espinhos Miúdos
Nosso
Senhor Jesus Cristo prosseguiu:
“Pois
bem, estás vendo como estes pequenos espinhos Me pungem com
crueldade. Faço-te saber que são eles as faltas graves e leves de
Meus Sacerdotes, seculares e religiosos, e de Minhas almas
religiosas, que tirarei do mundo para trazer aos claustros.
Derramarei sobre elas uma chuva de graças espirituais,
servindo-Me também de enfermidades graves e prolongadas a fim de
torná-las semelhantes a Mim. Mas elas, ingratas e sem coração,
queixar-se-ão de Minha amorosa Providência, considerar-Me-ão cruel
para com elas, e, retirando-se de Mim com indiferença, deixar-Me-ão
só.
O
espírito dessas almas minguará como uma flor murcha e secará e
tornar-se-á inadequado para dar aroma no jardim de Minha Mãe
Imaculada para o qual foram chamadas. E cravarão com este ingrato
proceder estes espinhos miúdos que ferem tão cruelmente Meu
Coração, todo ele amor e carinho para as Minhas almas prediletas.
Elas frustrarão ao mesmo tempo grandes desígnios que Eu possuía em
relação a elas, ao prová-las daquela forma, porque a cruz e a
tribulação são o patrimônio dos justos aqui na terra.
Inculca
a tuas filhas atuais o amor à cruz e ao sacrifício, para que o
possam ir transmitindo de geração em geração, tanto neste Meu
querido Convento quanto na Ordem em geral, e também o amor à
vocação religiosa e à observância regular, a caridade e o amor
fraterno, bem como para com os pobres pecadores, e a fiel
correspondência às inspirações da graça.
Tempos
haverá em que a doutrina será moeda corrente entre sábios e
ignorantes, nos Sacerdotes e nos religiosos, e mesmo entre as pessoas
comuns do povo. Serão escritos muitos livros. Mas a prática das
virtudes e dessas doutrinas se encontrará apenas em almas contadas:
esta será a causa de os Santos se tornarem raros, e precisamente por
isso os Meus Sacerdotes e Minhas religiosas cairão numa indiferença
fatal, cujo gelo apagará o fogo do amor divino, afligindo Meu
Coração amoroso com estes pequenos espinhos que vês.
Por
esta razão, quero que aqui haja almas nas quais Eu descanse das
Minhas fadigas e nelas coloque Minhas complacências. Suas vidas
atribuladas e sacrificadas serão as mãos caridosas e compassivas
que Me tirarão estes espinhos miúdos e Me darão o bálsamo de que
necessito.
Ai!
Se soubesses, se te fosse dado compreender o intenso sofrimento
interior – que Me acompanhou desde a Encarnação no puríssimo
seio de Minha Virgem Mãe até o momento em que Minha Alma saiu de
Meu Corpo destroçado, cravado na Cruz – causado pela falta de
correspondência ao dilúvio de graças que inunda os Meus Sacerdotes
e as pessoas religiosas, e, em consequência, pelos pecados que eles
cometem!”
O
Doctor Mysticus
eleva
a nossa alma ao
Sagrado
Coração de Jesus
Explicando
sobre os Cânticos Espirituais XIV e XV, ensina-nos que: “Notemos
que na Arca de Noé havia muitas mansões para numerosas espécies de
animais, e todos os manjares necessários à sua alimentação,
conforme diz a Sagrada Escritura.
Assim também
nesse voo que faz até a Divina Arca do Peito de Deus,
a alma vê claramente as muitas moradas que Sua Majestade afirmou
existirem na Casa de Seu Pai,
como lemos no Evangelho de São João.
E,
mais ainda, percebe
e conhece ali todos os manjares,
isto é, todas
as grandezas que a mesma alma pode gozar,
as quais estão contidas nessas duas sobreditas canções...”.
O
Doutor do Amor Divino
ensina-nos
a amar o Sagrado Coração de Jesus
“'Amarás
ao Senhor teu Deus, diz, com todo o teu coração, com toda a tua
alma e com todas as tuas forças: é este o primeiro e o maior dos
Mandamentos'. Ó Teótimo! Quão
amoroso está o Coração Divino do nosso amor!
Não bastava que desse licença que o amássemos? Mas não; declara
a Sua paixão amorosa para conosco e manda-nos que O amemos quanto
pudermos para que nem a consideração da Sua Majestade e da nossa
miséria, que nos fazem ficar tão distante d'Ele, nem outro qualquer
pretexto, nos proíba de O amarmos”.
E
em outro lugar: “Considera o amor com o qual Jesus Cristo tanto
sofreu neste mundo, principalmente no Jardim das Oliveiras e no
Calvário. Esse amor tinha a nós em mira e nos impetrava do Pai
eterno, por tantos sofrimentos e trabalhos, as boas resoluções e
protestos que fizemos de coração e as graças necessárias para as
nutrir, fortificar e realizar. Ó santas resoluções, quão
preciosas sois, sendo o fruto da Paixão de Nosso Senhor! Oh! Quanto
minha alma vos deve apreciar, pois que tanto custastes a Jesus! Ó
Senhor de minha alma, Vós morrestes para me conceder a graça de
fazê-las; dai-me, pois, a graça de antes morrer do que perdê-las!
Pondera
bem, Filotéia; é certo que o Coração de Nosso Jesus pregado na
Cruz estava considerando o teu, que Ele amava e para o qual impetrava
por este seu amor todos os bens que tens recebido e receberás no
futuro. Sim, Filotéia, bem podemos dizer com Jeremias: Senhor,
antes de eu ter nascido, olhavas para mim e me chamavas pelo nome.
Não duvidemos; o bom Jesus, que
nos regenerou na Cruz, nos leva em seu Coração, como uma mãe ao
filho em seu seio; a Bondade
divina preparou-nos aí todos os meios gerais e particulares de nossa
salvação, todos os atrativos e graças de que Ele se serve agora
para conduzir nossa alma à perfeição: como uma mãe que prepara
para seu filho tudo que sabe lhe poderá ser necessário depois do
nascimento.
Ah!
Meu Deus,
devíamos gravar isso profundamente em nossa memória! É impossível
que eu tenha sido amado e amado tão ternamente de meu Salvador, que
Ele tenha pensado em mim individualmente e em todas as pequenas
ocasiões pelas quais Ele me quis atrair a Si? Na verdade, quanto
devemos amar, apreciar e empregar utilmente tudo isso! Dulcíssimo
pensamento: o Coração terníssimo de Jesus pensava em Filotéia,
amava-a e lhe procurava mil meios de salvação, como se não
houvesse no mundo, outras almas em que Ele tivesse que pensar; o sol,
iluminando um único lugar na terra, não seria mais claro que agora,
quando a ilumina toda inteira. Ele me amou,
diz S. Paulo, e se entregou por mim;
como se Ele nada tivesse feito para os outros homens. Eis
aí, Filotéia, o que deves gravar em tua alma, para apreciar
devidamente e nutrir a tua resolução, que foi tão estimada e
preciosa ao Coração do Salvador.”
A
uma viúva ele afirmou: “...
No sè donde estareis esta Quaresma segund el cuerpo, segun el
espiritu espero estareis dentro de la caverna de la tortolilla, y en
el Costado abierto de nuestro querido Salvador. Bien quiero procurar
muchas vezes estar alli con vos. Dios por su soberana bondad nos haga
esta gracia. Ayer os vi (assi
me lo parece) que viendo el Costado de nuestro Señor abierto,
queriais coger su Corazon para meterle dentro del vuestro, como un
Rey dentro de un pequeño Reyno; y aunque el suyo es mas grande que
el vuestro, no obstante, èl le estrecharà por acomodarse ahì. Què
bueno es este Señor, amada hija! Què amable su Corazon! Estemonos
en este santo domicilio, para que este Corazon viva siempre dentro de
nuestros corazones, y esta sangre hierva siempre dentro de las venas
de nuestras almas...”
E
em outro lugar: “... En lo
demàs conviene siempre tener animo, y si nos viniere alguna
flaqueza, ò desfallecimiento de espiritu, corramos al pie de la
Cruz, y metamonos entre aquellos santos olores, entre aquellos
celestiales perfumes; y sin duda seremos confortados y refrigerados
por ellos. Yo presento todos los dias vuestro corazon al Padre Eterno
con el de su Hijo nuestro Salvador en la santa Missa; èl no podrà
desecharle por causa de esta santa union, em cuya virtud hago la
oferta; mas yo presupongo, que hareis lo mismo de vuestra parte...”
Santa
Teresinha do Menino Jesus
a
Missionária do Sagrado Coração de Jesus
Estribilho
“Teu
átomo, Divino Coração,
Te
consagra sua vida;
Esta
é a sua paz feliz:
Só
dar-Te prazer, Senhor...
Transborda
ternura
Tua
voz que me encanta;
Só
o Teu Coração,
Doce
Amigo, me impele!...”
“No
santo sepulcro, Maria Madalena
Procurando
seu Jesus, curvava-se em prantos;...
… E
Jesus, ao mostrar seu Divino Semblante,
Um
nome, apenas um, lhe sai do Coração,
Dizendo-lhe:
Maria! E foi bem nesse instante
Que
a encheu toda de paz e de consolação.
… Se
não posso ver o brilho de Tua Face,
Ouvir
Tua voz de plena mansidão,
Posso,
ó Deus, viver de Tua Graça,
Posso
repousar em Teu Sagrado Coração.
… É
na Tua bondade sempre infinitamente
Que
me quero perder, Coração de Jesus!
Bem
sei que todas as nossas justiças
Aos
Teus olhos não têm nenhum valor.
Para
valorizar meus sacrifícios
Eu
os quero lançar em Teu Divino Coração.
Encontraste
defeito até em Teus Anjos;
No
seio dos trovões emites Tua lei!...
Em
Teu Coração Sagrado, Jesus, me escondo,
E
nada temo, minha virtude és Tu!...
Para
poder contemplar Tua glória,
Eu
sei que deverei passar pelo fogo,
Mas
escolho sofrer a chama purgatória
Do
Teu ardente Amor, Coração de Meu Deus!
A
minha alma, ao deixar o exílio desta vida,
Quer
fazer um ato de puro amor,
E
voando ao Céu, sua Pátria,
Entrar
no Teu Coração sem olhar para trás.
Outubro
ou Junho de 1895.
São
Luís Maria Grignion de Montfort,
Pregador
do
Sagrado Coração de Jesus.
“Saúdo
com muito profundo respeito o Sr. Du Portail, e
todas estas boas almas que entram conosco na caridade
do Coração de Jesus, o mais crucificado dentre os homens”.
E,
neste outro lugar: “Adoro a disposição justa e amorosa da Divina
Sabedoria sobre o meu pequeno rebanho, que está alojado bem estreito
entre os homens para ser alojado e escondido bem ao largo no Seu
Divino Coração, que acaba de ser transpassado para este fim. Oh!
Como este Sagrado Recinto é salutar e agradável para uma alma
verdadeiramente sábia. Ela saiu com o Sangue e a Água quando a
lança O feriu, ela encontra aí o seu refúgio garantido quando é
perseguida por seus inimigos, e ela aí permanece oculta com Jesus
Cristo em Deus, porém, mais conquistadora que os heróis, mais
coroada que os reis, mais brilhante que o sol e mais elevada que os
Céus.
Se
sois discípula da Sabedoria e a eleita entre mil, como vossos
abandonos, vossos desprezos, vossa pobreza e vosso pretenso cativeiro
vos parecerão doces, já que, com todas estas coisas preciosas,
comprais a Sabedoria, as riquezas, a liberdade, a Divindade do
Coração de Jesus Crucificado.
São
João Bosco, exímio propagador
da
Devoção ao Sagrado Coração de Jesus
“Propaguem
esta devoção que resume todas: a devoção ao Sagrado Coração de
Jesus” (XV, 195). “Propaguem a devoção ao Sagrado Coração de
Jesus. Tenham sempre diante o pensamento do amor de Deus” (XVI,
195).
“Ó
Coração pacientíssimo de meu Jesus, venero humildemente a
invencível paciência que teve para suportar, por meu amor, tantas
dores na Cruz. Já que não posso lavar com o meu sangue aqueles
lugares onde foi tão maltratado, prometo-lhe usar de todo o meio
para ressarcir seu Divino Coração de tantas ofensas” (Uma das
orações sugeridas por Dom Bosco, no O
Jovem Instruído).
“Entre
seus Corações, Jesus e Maria, ponham meu pobre coração, para que
se inflame de todo seu amor” (de O
Jovem Instruído).
Santo
Cura D'Ars
o
catequista do Sagrado Coração de Jesus
“No
Céu, a fé e a esperança não existirão mais; porquanto as névoas
que nos obscurecem a razão serão dissipadas. O nosso espírito terá
a inteligência das coisas que lhe são ocultas neste mundo.
Não esperaremos mais
nada, visto que teremos tudo. Ninguém espera adquirir um tesouro que
possui... Mas o amor! Oh! Seremos inebriados dele! Seremos afogados,
perdidos nesse oceano de amor divino, aniquilados nessa imensa
caridade do Coração de Jesus!... Por isto, a caridade é um
antegozo do Céu. Se soubéssemos compreendê-la, senti-la,
saboreá-la, oh! como seríamos felizes! O que faz que sejamos
infelizes, é não amarmos a Deus.”
"Se não amarmos o Coração de Jesus,
que havemos de amar? Só há amor nesse Coração. Como é
possível não se amar aquilo que é tão amável?"
Fonte: Rev. Pe. Alfredo Monnin, "Florinhas de Ars" - Pensamentos Escolhidos do Cura de Ars, Cap. XXXI, p. 91. Editora Vozes Ltda., Petrópolis/RJ, 1952.
Santa
Faustina
a
Confidente do
Sagrado
Coração de Jesus
No
começo do retiro disse-me Jesus: Nesse retiro Eu mesmo guiarei
tua alma; quero confirmar-te na paz e no amor. – E assim passei
os primeiros dias. No quarto dia começaram a atormentar-me dúvidas
se por acaso não me encontro em alguma falsa paz? – Então ouvi
estas palavras: Minha filha, imagina que és a soberana da terra
toda e tens o poder de dispor de tudo de acordo com a tua vontade,
tens toda a possibilidade de fazer o bem de acordo com a tua vontade
e então bate a tua porta uma criancinha, toda tremendo, com
lágrimas nos olhos, mas com muita confiança em tua bondade, e pede
um pedaço de pão, para não morrer de fome, como procederias com
esta criança? Responda-me Minha filha. – E eu disse: “Jesus,
dar-lhe-ia tudo que me pede e mil vezes mais”. E disse-me o Senhor:
Assim Eu procedo em relação à tua alma. Neste retiro não
apenas estou te concedendo paz, mas uma tal disposição de alma que,
mesmo que quisesses inquietar-te, não poderias. O Meu amor tomou
conta da tua alma e quero que te confirmes nele. Aproxima o teu
ouvido do Meu Coração e esquece de tudo e reflete sobre a Minha
inconcebível misericórdia. O Meu amor te dará a força e a coragem
que te são necessárias nessas questões...
Com
alegria e desejo aproximei os lábios do amargor do cálice que tomo
diariamente da Santa Missa. É o quinhão que Jesus me destinou para
todo o tempo, e esse não entregarei a ninguém. Consolarei sem
cessar o Dulcíssimo Coração Eucarístico, tocarei canções de
gratidão nas cordas do meu coração; o sofrimento é a melodia mais
graciosa. Procurarei sentir diligentemente com que poderei hoje
alegrar o Vosso Coração.
Os
dias na vida são uniformes; quando nuvens negras me cobrem o sol,
procurarei atravessar a onda como uma águia e dar a conhecer aos
outros que o sol não se apaga...
Jesus,
Vós sabeis como desejo ardentemente ocultar-me para que ninguém me
conheça, apenas o Vosso Dulcíssimo Coração. Desejo ser uma
pequenina violeta oculta na grama, desconhecida em meio ao magnífico
jardim fechado onde crescem belas rosas e lírios. A bela rosa e o
maravilhoso lírio podem ser vistos de longe, mas para ver a pequeno
violeta é preciso inclinar-se bastante – apenas o perfume a
denuncia. Oh, como me alegro por poder ocultar-me assim. Ó meu
divino Esposo, é Vossa a flor do meu coração e o perfume do meu
amor puro. A minha alma mergulhou em Vós, Deus eterno; desde o
momento em que Vós mesmo me atraístes a Vós, ó meu Jesus, quanto
mais Vos conheço tanto mais ardentemente Vos desjo. Conheci no
Coração de Jesus que para as almas escolhidas no Céu mesmo existe
um outro Céu, aonde nem todos tem acesso, mas apenas as almas
escolhidas. Felicidade inconcebível em que a alma estará submersa.
Oh, meu Deus, não sou capaz de descrevê-lo, ainda que na mínima
parte. As almas estão embebidas da Sua divindade, passam de
claridade em claridade, uma luz imutável mas nunca monótona, sempre
nova e sempre sem mudança. Ó Santíssima Trindade, dai-Vos a
conhecer às almas...
25/03/1937.
Quinta-feira santa. Durante a Santa Missa vi o Senhor, que me disse:
Reclina a tua cabeça no Meu peito e descansa. – O
Senhor estreitou-me ao Seu Coração e disse: Dar-te-ei uma
parcela da Minha Paixão, mas não tenhas medo e sê corajosa. Não
busques alívio, mas aceita tudo com submissão à Minha vontade...
+
J.M.J.
Saúdo-Vos,
Coração misericordiosíssimo de Jesus,
Fonte
viva de todas as graças,
Nossa
única proteção e refúgio,
Em
Vós tenho o brilho da esperança.
Saúdo-Vos,
Coração misericordiosíssimo de meu Deus,
Inescrutável
fonte viva de amor,
Da
qual brota a vida para o homem pecador,
E
a fonte de toda a doçura.
Saúdo-Vos,
Chaga aberta do Coração Santíssimo,
Do
qual saíram os raios da misericórdia,
E
da qual foi-nos dado haurir a vida,
Instrumento
de confiança único.
Saúdo-Vos,
bondade divina, inconcebível,
Jamais
medida nem aprofundada,
Cheia
de amor e misericórdia, mas sempre santa,
E
no entanto, estais como uma boa mãe, para nós inclinada.
Saúdo-Vos,
trono de misericórdia, Cordeiro de Deus,
Que
por mim destes a vida em sacrifício,
Diante
do qual minha alma todos os dias se humilha,
Vivendo
em fé profunda...
Ó
Jesus, eu me fecho em Vosso Coração misericordiosíssimo como numa
fortaleza inexpugnável contra os ataques dos inimigos...
Hoje
durante a hora santa Jesus se queixou diante de mim da ingratidão
das almas.
– Pelos
benefícios, recebo a ingratidão; pelo amor, recebo o
esquecimento e a indiferença. O Meu Coração não pode suportar
isso.
Santa
Bernadette Soubirous
devotíssima
do Sagrado Coração
A
seguinte carta foi escrita por Santa Bernadette no convento Saint
Gildard de Nevers, em 17 de dezembro de 1876.
A
santa já sofria o mal que a levaria deste mundo dois anos e quatro
meses depois.
O
Beato Pio IX também faleceu não muito depois: em 7 de fevereiro de
1878. Ele deixou a Terra em meio a grandes sofrimentos provocados
pelos inimigos da Igreja que invadiram e usurparam os Estados
Pontifícios, dos quais o Papa é rei.
Naquela
data brilharam pelo seu heroísmo os zuavos pontifícios, muitos dos
quais morreram em combate defendendo o reino do Papa.
A
eles se refere Santa Bernadette quando diz “há já alguns anos que
eu me constituí pequeno zuavo”. Seu coração estava junto
com aqueles bravos soldados que davam sua vida pela Igreja no campo
de batalha.
Para
os inimigos da Igreja Santa Bernadette tem essa frase de conteúdo
profético que faz pensar em La Salette e Fátima: Nossa Senhora “se
dignará colocar ainda mais uma vez Seu pé sobre a cabeça da
Serpente maldita, e dar assim um termo às cruéis
provações da Santa Igreja e às dores de seu Augusto
e Bem-amado Pontífice”.
Eis
a carta:
“Santíssimo
Padre, eu jamais teria ousado tomar a caneta para escrever a Vossa
Santidade, eu, pobre Irmãzinha, se nosso digno bispo, Mons. de
Ladoue, não me tivesse encorajado. (…)
Eu
temi, de início, ser demasiado indiscreta; depois me veio ao
pensamento que Nosso Senhor ama de ser importunado, tanto pelos
pequenos quanto pelos grandes, pelo pobre e pelo rico, e que Ele se
dá a cada um de nós sem distinção.
Esse
pensamento me deu coragem e, portanto, não tenho mais medo.
Aproximo-me de Vós, Santíssimo Padre, como uma criancinha pobre até
ao mais tenro dos Pais, cheia de abandono e de confiança.
O
que poderia eu fazer, Santíssimo Padre, para Vos testemunhar o meu
amor filial?
Eu
não posso senão continuar o que fiz até o presente, isto é,
sofrer e rezar.
Há
já alguns anos que eu me constituí, apesar de indigna, pequeno
zuavo [tropa de elite do exército pontifício] de Vossa
Santidade; minhas armas são a oração e o sacrifício, que
conservarei até o meu último suspiro.
Somente
então cairá a arma do sacrifício, mas a da oração me acompanhará
até o Céu, onde será bem mais poderosa do que nesta terra de
exílio.
Eu
rezo todos os dias ao Sagrado Coração de Jesus e ao Coração
Imaculado de Maria para que Vos conservem ainda por muito tempo
entre nós, porquanto, Vós Os fazeis conhecer e amar tão bem.
Eu
tenho a doce confiança de que esses Corações Sagrados se dignarão
de atender este desejo, que é o mais querido do meu coração.
Parece-me,
quando rezo nas intenções de Vossa Santidade, que do Céu a
Santíssima Virgem deve com frequência pousar seu olhar materno
sobre Vós, Santíssimo Padre, porque Vós A proclamastes Imaculada.
Gosto
de pensar que Vós sois particularmente amado por esta boa Mãe
porque, quatro anos depois, Ela própria veio a esta terra para
dizer: “Eu sou a Imaculada Conceição”.
Eu
não sabia o que isso significava, eu nunca havia ouvido esta
palavra.
Depois,
refletindo, eu me disse com frequência: como é boa a Santíssima
Virgem. Dir-se-ia que Ela veio confirmar a palavra do nosso Santo
Padre.
É
isso que me faz acreditar que Ela deve Vos proteger muito
especialmente.
Espero
que esta boa Mãe tenha piedade de seus filhos, e que Ela se dignará
colocar ainda mais uma vez Seu pé sobre a cabeça da Serpente
maldita, e dar assim um termo às cruéis provações da Santa Igreja
e às dores de seu augusto e Bem-Amado Pontífice.
Ósculo humildemente os vossos pés e sou, com o mais profundo respeito,
Santíssimo Padre, de Vossa Santidade a humílima e muito submissa
filha.
Irmã
Marie-Bernard Soubirous
Ven.
Pe. Manuel Bernardes
irradia-nos
Luz e Calor
sobre
o Sagrado Coração de Jesus
É
próprio de quem espera, pôr-se à porta. O mendigo põem-se à
porta do rico, esperando esmola; o litigante à do ministro,
esperando despacho; o amante à da esposa, esperando a fala. Logo, se
neste mundo só vivo das esperanças de algum dia ver a Deus,
Expectantes
beatam spem, et adventum gloriae magni Dei;
quero
pôr-me também às portas da Divindade, que espero se me há de
revelar. Quais são estas, senão as preciosas Chagas de meu Jesus
Crucificado? Cinco são as portas deste sagrado Templo: dai-Me,
Senhor, licença para me chegar à principal; não porque eu me veja
mais digno, senão porque a vejo mais aberta. Chegarei pecador, e
poderá ser que entre justo: pecador por misericórdia Vossa: Haec
porta Domini, justi intrabunt in eam.
Aqui farei a minha assistência e morada: como lá Mardoqueu fez a
sua à porta do Palácio de Assuero: Mardocheus
manebat ad januam Regis.
Adoro-te
ó Chaga preciosíssima do Lado de meu Senhor Jesus Cristo. Tu
és verdadeiramente a porta do meio, que disse o Profeta Jeremias:
Porta
media;
pois,
foste à violência de uma lança rasgada no meio do Corpo do Senhor,
e no meio das outras quatro portas. E, contudo, também és
verdadeiramente a porta do Ângulo: Porta
anguli;
porque és porta daquele Divino Coração, em cuja caridade se
juntam, e concorrem, como em pedra angular, as linhas do edifício
místico da Igreja dos Anjos e dos homens, dos Israelitas e das
Gentes: Lapis
angularis qui facis utraque unum.
Adoro-te,
e te dou reverentes ósculos, ó Chaga de meu amorosíssimo Jesus;
porque Tu és a porta do juízo que diz a Escritura: Porta
judicij;
pois,
em ti e por ti podem os homens fazer juízo do amor que nos teve este
Senhor: e este Senhor o fará da ingratidão com que O tratam os
homens.
Adoro-te
e glorifico, ó Chaga amorosíssima e suavíssima, em ti assento os
fundamentos da minha esperança; porque tu verdadeiramente és a
porta do fundamento: Porta
fundamenti;
pois, de ti saiu Sangue e Água; Sangue, que é o fundamento de nossa
Redenção; e Água, que representa o Batismo, fundamento de toda a
Religião Cristã.
Adoro-te
e te dedico todos os meus afetos, ó Chaga amorosíssima e
suavíssima, porque tu és a porta que leva e guia para o jardim do
Rei: Porta quae ducit ad hortum Regis.
Pois, guias e levas, para o Coração de Cristo, que é o jardim das
delícias de Deus; guias e levas para a Divindade, que é o jardim
onde o Rei da Glória introduz as almas puras.
Adoro-te,
ó Chaga preciosíssima, em ti me banho e refresco, porque tu és mui
propriamente a porta da fonte e aqueduto real: Porta fontis et
aquaedctus Regis;
pois, por ti sairão e se nos comunicarão as fontes do Salvador,
donde bebem e se refrigeram
todos os que tem sede da vida eterna.
Adoro-te,
ó Chaga formosíssima, e contigo me abraço confiadamente, em ti me
revejo, consolo e glorio: porque tu és certamente a porta de
Jerusalém fabricada de safira e esmeralda, como disse Tobias: Porta
Jerusalem ex sapphiro et smaragdo;
pois, em ti temos a esperança de lograrmos o Céu, e
no Céu ver ao mesmo Deus, que é visão de paz: Jerusalem,
id est visio pacis; e também,
porque em ti se mostra a Divindade e a Humanidade de Cristo; aquela
figurada na cor celeste da safira, esta na cor terrena da esmeralda.
Adoro-te
e te magnífico, ó Chaga santíssima de meu Senhor Jesus Cristo;
junto a ti quero assistir e morar, porque tu és a porta da Casa do
Deus das Conversões e Sumo Sacerdote: Porta domus Eliasib,
Sacerdotis magni.
Ó quantas conversões admiráveis, tem feito Deus desde a porta
desta casa e com a Chaga do seu Lado! Oh,
quantas almas chama desta porta, e reconcilia com Deus, este Sumo
Sacerdote!
Adoro-te,
e de todo meu coração te amo, ó Chaga formosíssima e nobilíssima;
tu me arrebatas os olhos e os afetos, porque tu és verdadeiramente a
porta especiosa, que estava no Templo de Salomão;
não só por tua incomparável formosura, senão, porque junto a ti
se põem os necessitados a pedir esmola dos favores e graças
celestiais.
Adoro-te,
ó Chaga seguríssima do Lado de meu Salvador Jesus Cristo: por ti e
em ti quero me recolher, porque tu és a porta do rebanho: Porta
gregis;
pois, por ti entram nos pastos da vida eterna todas as ovelhas do
rebanho escolhido do Senhor: Per me si quis ingredietur,
inveniet pascua.
Adoro-te,
ó Chaga amabilíssima e suavíssima do Lado de meu Senhor Jesus
Cristo: em ti quero me recolher, defender e assegurar dos perigos
deste mundo, porque tu és a porta dos arraiais em campo: Porta
castrorum;
pois, em ti se recolhem, alojam e fortificam todos os justos da
Igreja militante, a quem o mesmo Senhor comparou a arraiais em campo
e esquadrões formados: Ut castrorum acies ordinata.
Eu
vos adoro, glorifico e exalto, ó Chagas Santíssimas, cinco siclos
da Redenção humana,
cinco pedras de Davi figurado, cinco pórticos da melhor piscina,
cinco talentos da negociação das almas. Em meu peito guardo as
esperanças de algum dia ver-vos e tocar na Pátria bem-aventurada,
porque vós sois as portas eternas: Portae aeternales
da Jerusalém viva, que é a
Humanidade sacrossanta de meu Salvador Jesus Cristo, as quais não se
hão de fechar jamais: Portae ejus non claudentur;
pois, vos conservará para sempre o Senhor em seu Corpo sacratíssimo,
para selos do seu amor e memorial da nossa Redenção.
Agora,
Senhor, já que estou aqui a
vossa porta como mendigo,
mandai-me dar esmola da vossa graça: não despeças este pobre
desconsolado. Já que espero a vossa porta, como litigante ou
pretendente, sede servido de despachar minhas súplicas, fundadas na
vossa justiça que me concedestes por vossa misericórdia. Peço,
amorosíssimo Jesus, que me ponhais no número de vossos fiéis
servos; peço que me deis coração benigno, manso, fiel, humilde,
sofredor e constante; peço que se logre em minha alma o fruto dos
Sacramentos que desse Lado saíram. Finalmente, já que estou a vossa
porta esperando como amante (ou
como quem o deseja ser) abri-me, Senhor, e fazei-me digno de que ouça
eu a vossa voz suave e doce, e de que sinta a vossa presença santa e
amável; para que me unais convosco por transformação de amor
perfeito.
____________________________
Nenhum comentário:
Postar um comentário