Promessas
Divinas
“Porei
inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua posteridade e a
posteridade dela. Ela te pisará a cabeça, e tu armarás traições
ao seu calcanhar.”
“Este povo que andava nas
trevas, viu uma grande luz; aos que habitavam na região da sombra da
morte nasceu-lhes o dia.
Porquanto, um Menino nasceu
para nós, e um Filho nos foi dado e foi posto o Principado sobre o
seu ombro; e será chamado Admirável, Conselheiro, Deus Forte, Pai
do século futuro, Príncipe da Paz.
O seu Império se estenderá
cada vez mais, e a paz não terá fim;
sentar-se-á sobre seu Reino, para o firmar e fortalecer
pelo direito e pela justiça, desde agora e para sempre;
fará isto o zelo do Senhor dos Exércitos.”
“… Então a glória do
Senhor se manifestará, e todos os homens verão ao mesmo tempo o que
a boca do Senhor falou...”
“Ouvi,
pois, casa de Davi: … Pois por isso, o mesmo Senhor vos dará este
sinal: Uma Virgem conceberá e dará à luz um Filho, e o
seu nome será Emanuel.”
Realizações das Promessas
Divinas
“E,
(estando Isabel)
no sexto mês, foi enviado por Deus o Anjo Gabriel a uma cidade da
Galileia,
chamada Nazaré, a uma Virgem desposada com um varão, que se chamava
José, da casa de Davi, e o nome da Virgem era Maria. E, entrando o
Anjo onde Ela estava, disse-lhe: Deus te salve cheia de graça, o
Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres.
E Ela, tendo ouvido estas
coisas, perturbou-se com as suas palavras, e discorria pensativa que
saudação seria esta. E o Anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois
achaste graça diante de Deus; eis que conceberás no teu ventre, e
darás à luz um filho, e por-lhe-ás o nome de Jesus. Este será
grande, e será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará
o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó; e o
seu reino não terá fim.
E Maria disse ao Anjo: Como
se fará isso, pois Eu não conheço varão? E,
respondendo o Anjo, disse-lhe: O Espírito Santo descerá sobre ti, e
a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. E, por isso
mesmo, o Santo, que há de nascer de ti, será chamado Filho de Deus.
Eis que também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua
velhice; e este é o sexto mês da que se diz estéril; porque a Deus
nada é impossível. Então disse Maria: Eis aqui a escrava do
Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra. E o Anjo afastou-se
dela…
E, naqueles dias, saiu um
edito de César Augusto, para que se fizesse o recenseamento de todo
o mundo. Este primeiro recenseamento foi feito por Cirino, governador
da Síria. E iam todos recensear-se, cada um à sua cidade. E José
foi também da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade
de Davi, que se se chamava Belém, porque era da casa da família de
Davi, para se recensear juntamente, com Maria, sua esposa, que estava
grávida.
E, estando ali, aconteceu
completarem-se os dias em que devia dar à luz. E deu à luz o seu
Filho Primogênito, e O enfaixou, e reclinou numa manjedoura; porque
não havia lugar para eles na estalagem.
Ora, naquela mesma região,
havia uns pastores que velavam e faziam de noite a guarda ao seu
rebanho. E eis que apareceu junto deles um Anjo do Senhor, e a
claridade de Deus os cercou, e tiveram grande temor. Porém, o Anjo
disse-lhes: Não temais; porque eis que vos anuncio uma grande
alegria, que terá todo o povo. Nasceu-vos na cidade de Davi um
Salvador, que é o Cristo Senhor. E eis o (que vos servirá
de) sinal: Encontrareis um
Menino envolto em panos, e deitado numa manjedoura. E, subitamente,
apareceu com o Anjo uma multidão da milícia celeste louvando a
Deus, e dizendo: Glória a Deus no mais alto dos Céus, e paz na
terra aos homens, (objeto)
da boa vontade (de Deus).”
1ª
Meditação
Jesus
nascendo mostra-se nosso Salvador
Havia
quatro mil anos que o mundo esperava um Salvador; os Patriarcas e os
Profetas O chamavam com
os seus suspiros e as suas lágrimas: porque, se não viesse,
estaríamos todos perdidos. Ele desce finalmente ao presépio, onde o
seu primeiro cuidado é salvar-nos, satisfazendo pelos nossos
pecados.
Se do seu berço eleva as suas mãozinhas ao Céu, é para aplacar a
justiça de seu Pai; se verte lágrimas, é para lavar as nossas
máculas e extinguir o fogo da ira celeste; se solta vagidos, é para
chamar sobre nós a misericórdia divina. A sua voz é ouvida. Ó
espetáculo admirável! Jesus está no presépio satisfazendo por
nós; e Deus está em Jesus aceitando esta satisfação. Jesus está
no presépio, pobre e humilhado; e Deus está em Jesus aceitando
essas humilhações e pobreza em expiação da nossa soberba e do
nosso amor das riquezas. Jesus está no presépio, padecente, manso,
obediente, e Deus está em Jesus aceitando esse padecimento, essa
mansidão, essa obediência, em expiação dos nossos prazeres, das
nossas impaciências e das nossas revoltas.
É
assim que, desde a sua entrada no mundo, o Homem-Deus se apressa em
sofrer e fazer penitência em nosso lugar. Ó primeiras lágrimas que
o meu Salvador derramou sobre os meus pecados, eu adoro-vos e
venero-vos; primeiros grito que Ele fez ouvir por mim a seu Pai, como
preludio desse grande grito, pelo qual devia, ao morrer, consumar o
seu Sacrifício e a nossa Redenção, oxalá retumbeis até ao fundo
do meu coração, o enterneçais, o comovais, e me façais tomar a
minha salvação mais a sério!
2ª
Meditação
Jesus
nascendo mostra-se nosso Mestre
Os
mais sábios filósofos de Atenas e de Roma não fazem mais do que
gaguejar ao pé desse divino Menino, e as suas mais doutas lições
empalidecem na presença do presépio. Ali Jesus prega a sabedoria
não com palavras, mas com fatos.
Ele que podia obter todos os gozos da vida, alimenta-se das suas
lágrimas, dorme no chão, treme com frio, e entrega aos rigores da
estação o seu Corpo delicado, tão sensível às impressões da
dor, principalmente nesta idade. É assim que nos ensina a não
lisonjearmos os nossos sentidos, a não buscar as nossas comodidades,
a nossa sensualidade, os nossos gostos, e a não sermos impacientes
nos incômodos. Ele que,
Senhor do Céu e da terra, podia nascer no seio da opulência, nasce
na extrema pobreza, nos embaraços de uma viagem, em que os mais
cautelosos carecem de muitas
coisas, no meio da noite, em um presépio abandonado. É assim que
Ele nos ensina a não sermos tão ávidos das riquezas, a arrancar do
nosso coração a paixão de acumular, princípio de todas as
injustiças. É assim que Ele, o Rei da glória, baixa ao mais ínfimo
grau da humilhação, parece ter dificuldade em achar um lugar
bastantemente desprezível para fazer a sua entrada no mundo: desce a
uma estrebaria meio arruinada, que encontra no seu caminho. É assim
que Ele nos ensina a não cedermos à paixão da honra e da
estimação, ao desejo de nos fazermos conhecidos, e a aceitarmos o
abandono e o desprezo, quando se apresentarem. Ó Jesus, quão
admiráveis são as vossas lições! Quem poderia, diante de vosso
presépio, desejar ainda prazeres, riquezas e glória!
3ª
Meditação
Jesus
nascendo mostra-se o enlevo do nosso coração
Quando
contemplo, dizia São Bernardo, o Filho de Deus no seio de seu Pai,
sinto-me penetrado de respeito, e tremo de assombro diante da sua
incomparável Majestade; mas, quando O vejo no presépio, não posso
já temê-lO: não posso senão amá-lO.
Amo-O ocultando essa Majestade, que assombra, encobrindo essa glória,
que surpreende, abaixando essa elevação, que espanta, para não
descobrir senão o amor e a bondade, que atraem. É um Menino
recém-nascido; quem O temeria?
Basta que nos aproximemos d'Ele para O amarmos, para nos
enternecermos.
Se as lágrimas de um menino abandonado, ainda que fosse para nós um
estranho, um desconhecido, nos comoveriam; quanto mais não devemos
comover-nos, vendo este Menino Deus, terna Vítima, que padece e
chora em nosso lugar, que estende amorosamente para nós as suas
mãozinhas, a fim de nos pedir o nosso coração e nos dizer com a
sua vista, na falta da palavra: Meu
filho, dá-Me o teu coração.
Quem
ousaria, com a sua covardia e tibieza, entristecer este divino
Menino, e arrancar dos seus inocentes olhos novas lágrimas? Ah!
Vamos antes ao altar recebê-lO com grande amor, apertá-lO ao nosso
peito, pedir-lhe que venha nascer em nós e fazer do nosso coração
o seu berço. Do altar como do presépio pode-se dizer: Em sua
pequenez, quanto é amável!
E, todavia, como temos nós O amado até agora? Como O amamos ainda?
Ó meu coração, ama, pois, finalmente, um Deus tão amável; não
respires já senão amor para com o Deus do presépio; e inaugure
para ti, a grande Festa do Natal, uma vida toda de amor.
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