Blog Católico, para os Católicos

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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

domingo, 29 de abril de 2018

LAMPEJOS DE SABEDORIA.



Perigos e Efeitos Funestos do Desânimo

O desânimo é a tentação mais perigosa que o Inimigo da salvação dos homens possa colocar por obra. Nas outras tentações, ele só ataca uma virtude em particular e mostra-se a descoberto; no desânimo, ataca-as todas, e esconde-se.

Nas outras tentações, vê-se facilmente a cilada: na Religião, não raro na própria razão, e numa educação cristã, achamos sentimentos que as condenam: a vista do mal que não podemos disfarçar, a consciência, os princípios da Religião que despertam, servem de apoio para nos sustentarmos. No desânimo não achamos socorro algum; sentimos que a razão não basta para praticar todo o bem que Deus pede; por outro lado, não esperamos achar junto a Deus a proteção de que havemos necessidade para resistirmos às paixões. Achamo-nos, pois, sem coragem, prontos a tudo abandonar; e é até aí que o Demônio quer conduzir a alma desanimada.

Nas outras tentações, vemos claramente que seria mal aderirmos a elas por um sentimento refletido: no desânimo, disfarçado sob mil formas, acreditamos ter razões as mais sólidas para nos deixarmos guiar por esse sentimento, que não consideramos como uma tentação. Entretanto, esse sentimento faz considerar como impossível a prática constante das virtudes, e expõe a alma a se deixar vencer por todas as paixões. É, pois, importante evitar essa cilada.

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Fonte: “Tratado do Desânimo nas Vias da Piedade”, obra Póstuma do Padre J. Michel, S.J., Cap. I, pp. 5-6; Editora Vozes Ltda, Petrópolis/RJ, 1952.

Obs: Recomendo vivamente a leitura de todo o “Tratado”.




As Tentações não são uma Prova de Abandono
da Parte de Deus, se as Vezes são uma Prova
da sua Cólera, é de uma Cólera
Dirigida pela sua Misericórdia.

As tentações perturbam as almas piedosas: arrastam ao precipício as almas dissipadas. Para prevenir o mal que delas pode resultar, é a propósito fazer-vos saber as razões que tendes de não as temer demasiado, os princípios sobre os quais podeis decidir-vos em muitas ocasiões, a maneira de vos comportardes no tempo em que elas vos atacam, e de vos premunirdes contra os efeitos delas; e mostrar-vos as vantagens que delas podeis tirar.

As tentações são ideias, sentimentos, inclinações, pendores que nos induzem a violar a Lei de Deus, para nos satisfazermos. Essas tentações não devem nem perturbar nem desanimar uma alma cristã. O Demônio declara guerra principalmente às almas que detestam o império dele, que combatem as suas próprias paixões, que são discípulas de Jesus Cristo tanto pela pureza dos seus costumes como pelo cunho inefável da sua regeneração; ou àquelas que pensam seriamente em sacudir o jugo sob o qual o Demônio as mantém. Pelas molas que faz funcionar contra elas, o Demônio só procura concitá-las a renunciar ao amor de Jesus Cristo, desprendê-las de Deus, tornando-as cúmplices da desobediência dele. Esta reflexão deve consolar as almas que são tentadas. É a oposição delas ao Inimigo da salvação, é o seu apego à piedade, à vontade de Deus, que lhes atrai essa perseguição doméstica. Um pouco de constância torná-las-á vitoriosas, firmá-las-á na virtude.

Almas naturalmente tímidas, ou aquelas que o Senhor por longo tempo conduziu na calma das paixões e nas doçuras da paz, imaginam que as tentações que elas às vezes experimentam são sinais da cólera de Deus sobre elas; e com isso chegam até a pensar que Deus as abandonou, quando as tentações são fortes e frequentes. Não podem persuadir-se de que Deus possa deitar olhares favoráveis sobre um coração violentamente agitado por sentimentos contrários à virtude. Esta cilada é o último recurso do Inimigo da salvação para derrubar uma alma que ele não pode vencer pelas vãs satisfações do vício. Rouba-lhe essa preciosa confiança que pode sustentá-la contra todos os esforços do Inferno.

Grosseiramente se enganam essas almas. As que são instruídas, as que conhecem melhor os caminhos de Deus, não se surpreendem com essa guerra que têm de sustentar. Pelos oráculos do Espírito Santo aprenderam que a vida do homem é um combate contínuo; que temos de nos defender incessantemente, por dentro contra os nossos gostos, as nossas inclinações, o nosso amor-próprio, esses inimigos domésticos tão capazes de nos seduzir pelas suas artimanhas e pretextos; por fora, contra a sedução dos maus exemplos, contra o respeito humano, contra as potências do Inferno, invejosas da felicidade do homem e conjuradas contra ele desde o começo do mundo; e aprenderam que só pelas vitórias que alcançamos com o socorro da graça é que abrimos caminho para chegarmos ao Céu; que, enfim, consoante o Apóstolo (2 Tim., 2, 5), só haverá coroa para aqueles que houverem fielmente combatido até o fim.

São Paulo não considerou como efeito da cólera e do abandono de Deus as tentações que continuou a experimentar, embora tivesse pedido ser livrado delas. Os Santos, por tanto tempo e tão vivamente atacados pelo Demônio até nos desertos e nos exercícios da mais austera penitência, não tiveram das tentações a mesma ideia que vós. Pelo contrário, consideraram-nas sempre como o objeto dos seus combates e a matéria dos seus méritos. Não ignoravam o que é dito nos Livros Sagrados: “Por isso, que éreis agradável a Deus, necessário se fazia fosseis provado pela tentação” (Tob., 2, 13). É esta a ideia que deveis fazer da tentação; é a única que seja justa nos princípios da Religião; e, destarte, não ficareis nem perturbada nem desanimada com ela.

Contudo, embora as tentações não sejam um sinal do abandono de Deus, porque Deus nunca abandona inteiramente o homem enquanto este estiver na terra; e embora essas tentações sejam, ordinariamente, provações para as almas justas, às vezes são também efeitos da Justiça divina, que pune certas fraquezas a que se deixam levar almas desaplicadas e presunçosas, certas aplicações naturais que dividem o coração. Mas, seja punição ou provação, a submissão em recebê-las, a fidelidade em lhes resistir devem ser as mesmas. Da parte do mais terno dos pais, a justiça é sempre acompanhada de misericórdia. A sua graça está sempre ligada à oração e à confiança. Ele não quer perder-nos, não quer punir-nos senão para nos reconduzir a Ele. Esta circunstância, bem longe de desanimar e de perturbar uma alma, deve, pelo contrário, animá-la ao combate pela vista do perdão que lhe é oferecido, se com coração contrito e humilhado, e com fidelidade inviolável, cumprir a penitência que Deus lhe impõe.

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Fonte: “Tratado das Tentações”, obra póstuma do Padre Michel, S.J., Cap. I, pp. 5-9; Editora Vozes Ltda. Petrópolis/RJ, 1952.

Obs: Recomendo vivamente a leitura de todo o “Tratado”.




O Amor é um Fundamento Seguro

Estamos numa época em que todos têm a preocupação de endireitar o mundo, mas poucos querem começar consigo mesmos, pelo aniquilamento completo e doação a Deus.

É a santidade que endireita o mundo e o salva. Enquanto os Apóstolos não estiveram no ponto da perfeição requerida pelo Espírito Santo, não se mexeram do Cenáculo, nem saíram pelos caminhos da terra para empreender a gigantesca obra da salvação e reforma dos homens.

Quantos apóstolos vemos iludidos através da história e estamos contemplando ainda hoje. Quiseram abrasar o mundo com um carvão apagado. É mais pelo sofrimento, pelo sacrifício, pela penitência e pela oração, que se salvam os homens, do que por muito ativismo exterior.

Para saturar-te de seu Espírito, o bom Deus te servirá bons pratos de sofrimento. Podes esperar mesmo todo gênero de tormentos. Sobretudo o exílio do coração, o isolamento, o abandono, a incapacidade, a incompreensão, as trevas e amarguras sem conta e sem medida.

Tirar-te-á o bom Deus toda alegria sobre a terra. As vezes, nem mesmo as alegrias da Bem-aventurança conseguirão consolar tua pobre alma.

Mas fica sabendo, Pusilóteo, que as almas pequeninas, aparentemente fracas e sem forças, estão na verdade, fundadas na rocha onde se adestram para o combate, ou antes, Deus as tem escondidas e Ele mesmo combate por elas.


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Fonte: Rev. Pe. Ângelo R. Lucena, “Infância Espiritual Segundo o Espírito de Santa Teresa de Lisieux”, Nº 12, pp. 21-22; Edições Paulinas, Caxias do Sul/RS, 1972.

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