AGOSTINHO LUIZ CAUCHY
Amigo do Pe. de Ravignan e dos Jesuítas, escreveu Cauchy duas brochuras para defendê-los quando ameaçados de expulsão no reinado de Luiz Felippe. Numa delas é que se acha a seguinte profissão de fé do imortal geômetra:
"Sou cristão, isto é, creio na Divindade de Jesus Cristo com Descartes, Copérnico, Tycho Brahé, Fermat, Newton, Pascal, Euler, Guldin, Gerdil, Grimaldi, Boscovich, com todos os grandes astrônomos, todos os grandes físicos, todos os grandes geômetras dos séculos passados. Sou até católico como a maior parte deles, e se me perguntassem a razão, de bom grado a daria.
Veriam que minhas convicções são o resultado, não de preconceitos de nascimento, mas de profundo exame. Sou católico sincero, como o foram Corneille, Racine, La Bruyère, Bossuet, Bourdaloue, Fénelon, como o foram e ainda o são em grande número os homens mais distintos da nossa época, os que mais honra fizeram à ciência, à literatura, à filosofia, os que mais ilustraram as nossas Academias.
Partilho as profundas convicções que, em suas palavras, ações e escritos, manifestaram tantos sábios de primeira ordem, Ruffini, Haüy, Laënnec, Ampère, Pelletier, Freycinet, Coriolis; e se deixo de citar os sobreviventes, posso dizer contudo, que com satisfação encontrei toda a nobreza, toda a generosidade da fé cristã em meus ilustres amigos, no criador da cristalografia (Haüy), no imortal autor da eletricidade dinâmica (Ampère)".
Em outro lugar escreveu Cauchy:
"Cultivai com ardor as ciências abstratas e naturais; estudai a matéria; desvendai ante nossos olhares admirados as maravilhas da natureza; explorai, se puderdes, todas as partes deste universo; pesquisai depois nos anais das nações, nas histórias dos povos antigos; consultai em toda a superfície do globo os velhos monumentos dos séculos passados.
Muito longe de me assustarem estas pesquisas, eu sempre mais as provocarei, animá-las-ei com meus esforços e votos. Nunca recearei que a verdade se possa achar em contradição consigo mesma, ou que os fatos e documentos por vós acumulados possam jamais achar-se em desacordo com os Livros Sagrados".
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Fonte: Rev. Pe. Desidério Deschand, C.M., "Os Grandes Sábios e a Fé na Época Contemporânea", Cap. I, pp. 34-35. Sociedade de São João Evangelista, Desclée e Cia, Tournai, Bélgica.
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