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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

terça-feira, 22 de setembro de 2020

A EUCARISTIA – BOSSUET. 2


2ª Meditação


Jesus é a nossa Páscoa, isto é,

a Vítima imolada e comida na Santa Mesa.

Tenhamos fome dessa celestial comida.


O Filho de Deus, querendo estabelecer a nova Páscoa pela instituição da Eucaristia, começou-a por estas palavras: “Desejei com grande desejo comer esta páscoa convosco, antes de sofrer”; o que foi seguido da instituição da Eucaristia; e esta instituição, e esse grande desejo que Ele nos testemunha nesse lugar, de fazer conosco essa páscoa antes de sofrer, faz parte do amor imenso com que Jesus, “que sempre amara os seus, os amou, como diz São João, até o fim”.

Portanto, para lhe entrar nos desígnios e em disposições convenientes às Suas, lembremo-nos de que a Páscoa, a Santa Vítima donde devia sair o Sangue do livramento, devia, com muitas outras vítimas da antiga Aliança, não só ser imolada, mas ainda comida, e de que Jesus Cristo quis dar a Si esse caráter de vítima dando-nos a comer, a perpetuidade, aquele mesmo Corpo que devia ser uma só vez oferecido por nós na morte; é por isto, que Ele dizia: Desejei com ardor comer convosco esta páscoa antes de morrer. Não era a páscoa legal, que ia findar, que Jesus Cristo desejava com tanto ardor comer com seus Discípulos: celebrara-a Ele muitas vezes e a comera com eles; a outra páscoa era aqui objeto do Seu desejo. E é por isto que, quando Ele diz: Desejei com ardor comer convosco esta páscoa, a páscoa da nova Aliança, é a mesma coisa que se Ele dissesse: Desejei ser eu mesmo a vossa páscoa, ser o cordeiro imolado por vós, a vítima do vosso livramento; e, pela mesma razão por que desejei ser uma vítima verdadeiramente imolada, desejei também ser uma vítima verdadeiramente comida, o que Ele cumpriu por estas palavras: “Tomai, comei: isto é meu corpo dado por vós”; é a páscoa donde deve sair o Sangue do vosso livramento. Saireis do Egito, e serei livres, logo depois que este Sangue tiver sido derramado por vós; nada mais vos restará senão comerdes, a exemplo do antigo povo, a vítima donde ele saiu. É o que efetuareis na Eucaristia que Eu vos deixo ao morrer, para ser eternamente celebrada depois da Minha morte.

Comer as carnes do cordeiro pascoal era para os Israelitas um penhor sagrado de haver ele sido imolado por eles. A manducação da vítima era uma maneira de participar desta; e era desse modo que se participava dos sacrifícios pacíficos, ou de ação de graças, como é assinalado na lei. São Paulo diz também que “os Israelitas que comiam a vítima, por essa forma eram tornados participantes do altar e do sacrifício, e se uniam mesmo a Deus, a quem ele era oferecido; do mesmo modo os que comiam as vítimas oferecidas aos Demônios, entravam em sociedade com estes”. Portanto, se Jesus é a nossa Vítima e se é a nossa páscoa, deve ter estes dois caracteres: um de ser imolado por nós na Cruz, outro de ser comido na Santa Mesa como a Vítima da nossa salvação. E era o que Ele desejava, com tanto ardor, cumprir com Seus Discípulos. Ambos esses caracteres deviam ser igualmente realizados na Sua Pessoa. Como Ele devia ser imolado no próprio Corpo e na própria substância, cumpria que fosse comido assim também: Tomai, comei; isto é meu Corpo entregue por vós; tão verdadeiramente comido quão verdadeiramente é entregue; tão presente na mesa onde O comem, como na Cruz onde O entregam à morte, onde Ele se oferece esgotado de Sangue por amor de vós.

Entremos, pois, como diz São Paulo, nas mesmas disposições em que esteve o Senhor Jesus. Se Ele desejou com tanto ardor celebrar essa Páscoa conosco, tenhamos o mesmo desejo de fazer a páscoa com Ele. Essa Páscoa é a Comunhão; Jesus tem fome por nós dessa carne celeste; deseja ser comido, e, por este meio, ser em todo ponto a nossa Vítima. Tenhamos o mesmo ardor de participar do Seu Sacrifício, comendo esse divino Corpo imolado por nós. Se Ele é a nossa Vítima, sejamos a Dele. “Ofereçamos os nossos corpos, como diz São Paulo, assim como uma hóstia viva, santa e agradável. Mortifiquemos os nossos maus desejos: extingamos em nós toda impureza, toda avareza, todo orgulho”; humilhemo-nos com Aquele que, “sentindo-se igual a Deus, não deixou de aniquilar-se a Si próprio, fazendo-se obediente até à morte, e morte de Cruz”. Tomemos sentimentos de morte: “Se somos de Jesus Cristo, se O comemos, crucifiquemos a nossa carne com seus vícios e cobiças”. É esta a nossa Páscoa; a nossa Páscoa é estarmos unidos com Ele para passarmos desta vida a outra melhor, dos sentidos ao espírito, do mundo a Deus. É à custa disto que poderemos tornar-nos dignos de comer com Jesus Cristo a Páscoa que Ele tanto desejou, e de nos alimentarmos da Carne do Seu Sacrifício.


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Fonte: Jacques-Bénigne Bossuet, Bispo de Meaux, “Meditações sobre o Evangelho” – Opúsculo Eucaristia”, Cap. II, pp. 15-18. Coleção Boa Imprensa, Livraria Boa Imprensa, Rio de Janeiro/RJ, 1942.


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