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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

quarta-feira, 10 de março de 2021

A CONVERSÃO DE JEAN-FRANÇOIS DE LA HARPE, PELA LEITURA DA IMITAÇÃO DE CRISTO.


Se alguma vez ouviste criticar a nobre doutrina da Imitação de Cristo, e duvidas que sua leitura produza o saudável fruto de que te falo, ouve o que escreveu um filósofo, outrora alucinado com as vaidades do mundo, mas em quem não se apagara de todo a luz da fé.

"Estava preso, diz La Harpe, só, num quarto sombrio e profundamente triste. Havia já dias que tinha lido os Salmos, os Evangelhos e alguns bons livros. Seu efeito foi rápido, posto que, graduado. Estava já restituído à fé; via uma luz nova; mas ela me causava espanto e me consternava, mostrando-me um abismo, o de 40 anos de extravios! Via todo o mal, e nenhum remédio: nada em torno de mim me oferecia os auxílios da Religião. De um lado, minha vida estava diante de meus olhos, qual eu a via como o facho da verdade celeste; e de outro, a morte, a morte que todos os dias esperava, medonha e feia como então se recebia. Sobre o cadafalso já não se via o ministro de Deus, para consolar o padecente; não subia ali senão para morrer. Combatido meu coração por estas tristes ideias, eleva-se a Deus, a quem eu mal conhecia, e de meus lábios saíam a furto estas meias palavras: Que devo eu fazer? Que será de mim? Tinha eu em cima da mesa a Imitação; e tinham-me dito, que neste excelente livro acharia eu muitas vezes a resposta aos meus pensamentos. Abro-o, e deparou-me o acaso estas palavras: "Eis-me aqui, filho meu, venho a ti porque me invocaste". Não li mais: a impressão súbita que experimentei é acima de toda expressão, e não me é mais possível exprimi-la que esquecê-la. Caí com o rosto em terra, banhado em lágrimas, sufocado em soluços, dando gemidos e vozes entrecortadas. Sentia meu coração consolado e dilatar-se, mas ao mesmo tempo pronto a partir-se. Assaltado de um tropel de várias ideias e de sentimentos diversos, chorei largo tempo, sem que me reste outra lembrança desta situação a não ser que meu coração não experimentou nunca impressão mais violenta nem mais deliciosa, e que estas palavras, "Eis-me aqui, filho meu!" Não cessavam de retinir em minha alma e de comover poderosamente todas as minhas faculdades".


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Fonte: "Imitação de Cristo", tradução nova, pelo Presbítero J.-I. Roquette, Prólogo, pp. X-XII. Aillaud & Cia., Paris/Lisboa.


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