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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

domingo, 29 de agosto de 2021

Todos os Dias, são Dias de Festa para o Cristão.



Deus ordenou aos judeus que celebrassem três festas apenas; a nós Ele mandou celebrá-las incessantemente. Pois, para nós, cada dia é um dia de festa. Para ensinar-se que assim é de fato, vou enunciar o que dá motivo as nossas festas, e vereis que todos os dias são dias de festa.


Comunhão da Virgem Maria
A primeira de nossas festas é a Epifania. Qual o motivo de sua celebração? O fato de Deus, o Filho Unigênito de Deus, ter estado entre nós. Ora, Ele está no meio de nós constantemente. Está escrito: “Eu estou convosco todos os dias até ao fim do mundo”.1 Pode-se, portanto, celebrar a Epifania todos os dias. E a festa da Páscoa, que significa? Qual o seu motivo? Proclamamos, então, a morte do Salvador, e é isto que constitui a Páscoa, que também não é celebrada por nós apenas em determinada época do ano; Paulo, querendo libertar-nos da sujeição das datas e mostrar que é possível festejar a Páscoa a todos os momentos, disse: “Todas as vezes em que comeis deste pão e bebeis deste cálice, anunciais a morte do Senhor”.2 Já que nos é possível proclamar a todos os momentos a morte do Senhor, podemos realizar a Páscoa a todos os momentos. Quereis saber que também a festa de hoje pode ser celebrada todos os dias, ou melhor, que ela é celebrada todos os dias? Vejamos qual o seu motivo. Por que ela é celebrada? Porque o Espírito veio a nós. Mas, do mesmo modo que o Filho Unigênito de Deus está com os homens fiéis, do mesmo modo o está o Divino Espírito Santo. E eis quem o prova, como está escrito: “Se me amares, guardareis meus Mandamentos. Eu pedirei ao Pai, e Ele vos dará um novo Consolador para estar convosco para sempre, o Espírito da Verdade”.3 Assim, como o Cristo disse de Si mesmo: “Eu estou convosco até o fim do mundo”, e como podemos, a todos os momentos, celebrar a Epifania; de modo semelhante, Ele disse do Espírito, que Ele estava conosco todos os dias, e podemos a todos os momentos celebrar o Pentecostes.


Para bem compreender que devemos estar sempre em festa, que não há, para isso, data determinada e que não estamos limitados a uma necessidade de tempo, escutai o que diz Paulo: “Sede alegres sempre.4 Ora, quando ele escreveu estas palavras não era um dia de festa; não era o dia de Páscoa, nem de Epifania, nem de Pentecostes, mas Paulo demonstrava que o que constitui a condição essencial do contentamento não é a data, mas a pureza da consciência. Uma festa, de fato, não é mais que alegria, mas a alegria espiritual, a alegria da alma, não possui outra fonte além da consciência das boas ações; aquele que tem uma boa consciência e que é o autor de boas ações tem o direito de estar alegre sempre.5



Contra uma Falsa Concepção das Festas


O Pentecostes passou, mas a festa não passou; pois toda santa reunião é uma festa. Que é que o prova? As próprias palavras do Cristo, ao dizer: “Onde estão dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”.6 Uma vez que o Cristo está no meio dos fiéis reunidos, que mais podeis exigir, que melhor caracterize uma festa. Onde quer que se encontrem ensinamentos e orações, a bênção dos pais e a audiência das Leis Divinas, a assembleia dos irmãos e os laços do verdadeiro amor, a conversão dos homens com Deus, palestra de Deus com os homens, como não teríamos aí uma festa, e uma festa solene? O que faz as festas, não é a numerosa assistência, mas a virtude dos que se reúnem; não são as vestes suntuosas, é o ornamento da piedade; não é uma mesa opulenta, é o cuidado que se tem com a alma; a maior de todas as festas consiste em possuir-se uma boa consciência… Aquele que vive praticando a justiça e as boas obras está sempre alegre sem que haja festa consagrada, porque ele recolhe o prazer sem mácula que lhe dá a consciência. Mas aquele que passa o tempo na prática do mal e da perversidade, aquele que tem muitas coisas pesando sobre a consciência, mesmo por ocasião de uma festa, mais que ninguém ignora a alegria da festa. Podemos, pois, se o quisermos, estar em festa todos os dias, contanto que nos apliquemos à virtude, e purifiquemos nossa consciência.7



Fonte: O Esplendor Cristão”, Vol. I, Terceira Parte, Cap. II, pp. 145-147. Ação Carismática Cristã, Fundação São João Crisóstomo, Rio de Janeiro, 1978.


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1.  Mat. 28, 20.

2.  I Cor. 11, 26.

3.  Jo. 14, 15-17.

4.  I Tes. 5, 16.

5.  São João Crisóstomo, “I Homilia sobre o Pentecostes”, 1 – 2.

6.  Mat. 18, 29.

7.  São João Crisóstomo, “V Sermão sobre Ana”, 1.


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