(Quarta-feira dentro da 2ª semana
depois da Oitava da Páscoa)
Nos primeiros séculos da Igreja, apesar de se celebrar, por instituição dos Apóstolos e dos Prelados que lhes sucederam, a memória da Virgem Maria e dos Mártires, que derramavam o seu sangue pela confissão de Jesus Cristo, não encontramos que se tributasse veneração alguma ao glorioso São José. Sem dúvida, as mesmas causas que moveram o nosso Deus a levar da terra o Santo Patriarca antes que o Filho de Deus manifestasse ao mundo a Sua doutrina e operasse na terra a nossa salvação, moveram-No também a que Seu pai putativo estivesse sem o culto dos fiéis durante muitos anos. A causa da Divindade de Jesus Cristo, que tantos hereges impugnaram, e a da Virgindade Perpétua da sua Sacratíssima Mãe, pediam que não se expusesse então aos olhos dos fiéis, ainda rudes e tenros na fé, a festividade de um justo com o nome de esposo da Virgem e de Pai de Jesus. Fortalecidos os cristãos na doutrina do Evangelho, e bem instruídos nos seus dogmas, a Igreja proveu-os de todos os auxílios que lhes podia subministrar a religião em seus trabalhos, e indicou-lhes quais as fontes onde podiam beber consolações dulcíssimas nas suas tribulações. Ensinou-lhes que os Bem-aventurados são, no Céu, uns poderosos intercessores para com o Pai das Misericórdias, por cujos merecimentos Lhes concede liberalissimamente o tesouro das Suas graças.
Embora se encontre o nome de São José em algumas liturgias gregas e latinas de tempos muito remotos, consta que a sua festividade não foi ordenada na Igreja latina antes da determinação do Papa Gregório XV, acomodando-se sem dúvida ao espírito da mesma Igreja, que celebrava já a memória deste grande Santo, desde tempo imemorial, como se deduz dos breviários Mosárabe, de Milão e de muitos outros. E é digno de notar-se que o fervor e cuidado do seu culto se encontra sempre com especialidade na Sagrada Ordem Mendicante dos Carmelitas, que tanto no Oriente, quando ali florescia a Cristandade, como no Ocidente, conservaram sempre uma devoção particular a São José, celebrando com sumo esmero a sua festividade. A experiência fez conhecer aos fiéis quão proveitosa lhes era a intercessão do esposo de Maria; e assim, para desafogarem os seus corações, pediram para que tivesse uma festividade própria o seu Patrocínio. Os intérpretes dos seus votos foram os CARMELITAS descalços que, seguindo fielmente o espírito de sua Santa Mãe Teresa de Jesus, dirigiram ao Sumo Pontífice os seus humildes rogos, para que concedesse a celebração da Festa do Patrocínio de São José. Com efeito, no dia 6 de Abril do ano de 1682, concedeu benignamente o Papa Inocêncio XI, que na terceira Dominga depois da Páscoa da Ressurreição, pudessem celebrar esta festividade, dando a todos os cristãos a consolação espiritual de enviar ao Céu os seus votos, alegrando-se com o poderoso patrocínio que desfrutam no santíssimo e virginal esposo da Mãe de Deus e Mãe dos pecadores.
Que os Santos que reinam com Cristo, dirigem a Deus as suas orações pelos homens, que é bom e útil invocá-los humildemente, e acolhermo-nos aos seus rogos, ao seu favor e auxílio para alcançar benefícios de Deus pelos merecimentos de seu Filho Jesus Cristo Nosso Senhor, que é o nosso único Redentor e Salvador, é um dogma de fé, conhecido sempre na Igreja, estabelecido nos Concílios, e particularmente no de Trento, ao qual pertencem estas palavras: (Sess. 25). Ignoramos o grau de glória e valimento que junto de Deus tem cada um dos Bem-aventurados; mas conjecturando prudentemente pelas suas virtudes e dignidade, que nos são notórias, podemos afirmar que o patrocínio de São José é dos mais poderosos que temos no Céu. De dois princípios podemos deduzir esta verdade: o poder e a vontade que o Santo tem de nos favorecer. Ambos estão afiançados na sua grande santidade, na dignidade de Pai putativo do Filho de Deus, à qual o destinou a eterna Sabedoria, e na prerrogativa de esposo da Rainha dos Anjos. Que dignidade não contém em si o ser esposo de Maria? Se o discípulo amado do Senhor é muito elogiado, só por ter tido a dita de A receber a seu cuidado, qual será a dignidade daquele que foi seu verdadeiro marido; que teve sobre Ela legítimo domínio e poder; que foi seu senhor e cabeça; que cuidou d’Ela, alimentou-A e teve-A na sua companhia até à sua ditosa morte? Se o Batista foi santificado no ventre de Santa Isabel logo que Maria a saudou, quanta graça, quantos dons, quanta santificação causaria a São José a conversação contínua de sua esposa? Se é grande a dignidade do discípulo amado porque lhe chamou mãe, quanta será a de São José, a quem a Virgem chamaria senhor e esposo? “Oh! É sumamente admirável a sublimidade de José! Oh, dignidade incomparável, que a Mãe de Deus, Rainha do Céu e Senhora do mundo, não se dedignasse chamar-lhe senhor!” Assim exclama o devotíssimo João Gérson. Esta dignidade manifesta-se com novo brilho de grandeza e de poder, se atendermos a que foi o próprio Deus que com uma particular providência o destinou para esposo de Maria. O mesmo Deus disse que a mulher havia de ser uma auxiliar do homem, feita à sua semelhança, daqui podemos fazer a seguinte reflexão: se Maria é semelhante a José, e é ao mesmo tempo a criatura, que mais graça, dignidade e poder teve e terá até a consumação dos séculos, quanta será a dignidade, a graça e o poder deste Santo, para dizer-se com verdade que é semelhante a sua esposa? E se a semelhança é causa de amor, quanto seria amado da Senhora, quem tanto se parecia com Ela nas virtudes e na graça?
“Maria, diz São Bernardino de Sena, sabia que São José lhe tinha sido dado pelo Espírito Santo por seu esposo, por guarda fiel da sua virgindade, e para ser participante no amor de caridade e solicitude da prole divina, que havia de nascer de seu seio; portanto, amava-o ternamente com todas as veras do seu Coração virginal. Além disso, pertencendo ao marido tudo o que pertence à esposa, creio que a Bem-aventurada Virgem Maria comunicava a seu esposo todo o rico tesouro do seu Coração, estendendo-se a sua liberalidade até onde chegava a capacidade do Santo”. Até aqui são palavras de São Bernardino; delas pode inferir-se qual a dignidade, grandeza e esclarecidos merecimentos do Bem-aventurado esposo. Se a mulher prudente é o modelo da sua família, como se diz nos Provérbios;1 se é Bem-aventurado o varão fiel que possui uma mulher honesta e virtuosa, e esta é o prêmio que o Senhor lhe concede em paga das suas boas obras, como diz o Eclesiástico,2quanta será a ventura, o mérito e a dignidade de quem mereceu a mais prudente, a mais santa de todas as mulheres, de quem mereceu a própria Mãe de Deus? Quanto será o seu poder, a sua virtude e o seu valimento? Meça-o aquele Deus de bondade, que soube e quis dar-lhe tanta graça; que a nós, os mortais, só nos é permitido admirá-lo sem chegar a compreendê-lo; e o melhor modo de chegar a conhecer a dignidade de São José, é a simplicidade com que fala São Gregório Nazianzeno das virtudes do marido de sua irmã Gorgônia. “Quereis saber, diz este Santo, quem foi este grande varão? Eu vo-lo direi em poucas palavras: Foi um digno marido de Gorgônia”. Da mesma maneira podemos dizer, e com muito mais razão: “Quereis saber quem é José? É um digno esposo de Maria; e com isto parece estar dito tudo quanto pode dizer-se para se fazer ideia da sua alta dignidade e da grandeza do seu patrocínio”.
Esta consideração ganha nova força, atendendo ao título que São José tem de Pai de Jesus Cristo. Prescindamos da glória e dignidade que poderia resultar-lhe de lhe convir este título de Pai, sem a adição de putativo. O sábio Cornélio à Lápide prova com muita erudição e acerto, que a São José convém com propriedade o título de Pai de Cristo, e, como prova do seu modo de pensar, cita muitos teólogos de reputação, e o grande Santo Agostinho. As razões que para tal fim apresenta são deduzidas da família e genealogia de Cristo, do legítimo direito com que o Santo possuía o Corpo Santíssimo da Virgem, e por conseguinte, aquele puríssimo Sangue de que foi formado o que tomou e uniu a Si o Verbo divino, do direito de posse comum ao esposo e à esposa acerca dos bens legitimamente adquiridos durante o Matrimônio, e do fato de Jesus ter o direito filial relativamente a São José, em virtude do qual lhe pertencia o Reino de Judá, e por conseguinte também São José havia de ter o direito paterno, são razões bem fundadas e que nenhum teólogo prudente poderá considerar frívolas. Mas sem recorrer a elas, o título de São José de Pai de Cristo, é suficiente para deduzir dele uma dignidade e um poder quase imenso, que tornam admirável o seu patrocínio.
Por este título estava Cristo sujeito a São José, como diz São Lucas;3 e assim como no Senhor acusa esta sujeição uma humildade infinita, diz Gérson, assim no Santo denota uma dignidade incomparável. Com razão exclama o grande Santo Agostinho:4 “Alegrai-vos, São José, alegrai-vos, com a virgindade de Maria, pois só vós merecestes possuir, juntamente, com as honras e privilégios do Matrimônio, a glória de um afeto virginal; pois por amor a esta virtude angélica, vos separastes por tal modo dos direitos que tínheis sobre a vossa Santíssima Esposa, que em prêmio sois chamado Pai do Salvador”. Quantos favores poderemos pensar que fazia Jesus a seu Pai putativo! Que dom, que privilégio lhe reservaria! Se encheu de graças o Discípulo amado só por se reclinar uma vez sobre o seu amoroso peito e porque o chamou filho de sua Mãe Santíssima; José, que lhe falava continuamente, que O tinha em seus braços, que O estreitava ao seu peito, e desfrutava os Seus dulcíssimos beijos, que privilégios, que dons não receberia! Por isso, diz João Gérson na oração da Natividade da Virgem, que pregou no Concílio de Constança, que se pode crer piedosamente que este Santo foi santificado no ventre de sua mãe; e afirma que assim se diz no Ofício Jerosolimitano deste Santo; e que não só este benefício, mas também o de haver subido em corpo e alma ao Céu, juntamente com Jesus Cristo. E na verdade, prossegue este piedoso varão, se o mesmo Cristo afirmou que, onde Ele estivesse, ali havia de estar o seu servo e ministro, sem dúvida que São José está em corpo e alma no Céu, e tanto mais próximo do trono da Majestade, quanto foi mais assíduo e esmerado no Ministério, com que O serviu na terra depois de Maria”.
De tudo quanto fica dito, se infere qual é o poder que São José tem de nos favorecer. E pode formar-se o seguinte raciocínio: Se o pai tem justo domínio sobre os bens do filho, pode dizer-se que este Santo Patriarca tem de certo modo ao seu arbítrio e nas suas mãos, todo o poder de Jesus Cristo, para favorecer os seus devotos; logo, tem um poder, a cuja extensão não pode pôr limites a necessidade ou calamidade que não seja inferior à sua beneficência; um poder, enfim que, junto a uma grande vontade com que está sempre pronto para escutar as nossas misérias, forma um patrocínio completo e perfeitíssimo, um patrocínio com tanta segurança e poderio, que as suas súplicas a Jesus e a Maria, se podem considerar quase como preceitos de um marido a sua esposa e de um pai a seu filho. Assim o diz o seu devoto João Gérson, na admirável obra que compôs sobre São José, poema precioso em verso latino, que dedicou ao seu herói.
Não basta que um indivíduo possa favorecer-nos e libertar-nos inteiramente de calamidades e de misérias, se a sua vontade não se inclinar a tão piedosa ação; assim como também não basta a qualquer, querer proteger a outro e dar-lhe auxílio em seus incômodos, se lhe falta poder e forças para pôr em obra o que quer.
Havendo pois mostrado quão grande é o poder e valimento do Patriarca São José, resta agora dizer qual a prontidão da sua vontade, para que se possa deste modo formar a ideia da grandeza do seu patrocínio e da razão com que a Santa Mãe Igreja o propõe em festividade especial aos fiéis, seus filhos, para a sua consolação e aproveitamento. Muitas razões se poderiam aqui apresentar para fazer ver que este Santo tem uma vontade sincera e decidida de favorecer os seus devotos; mas basta tomar em consideração a piedade do Santo Patriarca, para nos convencermos desta consoladora verdade.
A medida das nossas misérias, é que regula a sua generosidade para conosco.
Não quer isto dizer, que seja absolutamente necessário vivermos desditosos, para receber os benefícios do patrocínio de São José; não, o seu generoso Coração rege-se por motivos mais nobres. O assemelhar-se a sua Esposa sacratíssima, o seguir as pegadas d’Aquele que não se dedignou ser reputado seu filho e que colocou no nome de Jesus ou Salvador, todo o timbre de sua glória; o concorrer para que o Sangue, por Jesus Cristo derramado em nosso favor, logre toda a sua eficácia, e que não nos seja estéril a sua Paixão; a Sua mesma Alma, ricamente adornada de todas as virtudes e dons do Espírito Santo, são o motivo mais poderoso para termos segura garantia de seu patrocínio. Será possível que ele veja a sua dulcíssima Esposa tão pródiga em misericórdia, derramando o fruto da sua proteção ainda sobre os mais remissos em solicitar-lha, e permaneça contemplando tal piedade com rosto indiferente e entranhas de endurecido? Verá ele o seu Santíssimo Filho Jesus, oferecer-Se como Vítima pelo homem, tomá-Lo, como solícito Pastor, sobre seus ombros para o livrar da perdição, saltar montes e vales para o socorrer, e dar-lhe seu Sangue, esquecendo a suas ingratidões e seus erros, e não abrirá o cofre de suas misericórdias? E poderia o silêncio impedir-lhe a voz de interceder em nosso favor? Será possível que ele veja a nossa perdição, que veja desperdiçado em nós o precioso Sangue que alimentou com o seu trabalho, que pelo Céu lhe foi confiado como sendo de um valor infinito, e depois disto permaneça sem precaver, na medida do possível, os nossos precipícios, se nos socorrer em nossas misérias e sem mostrar o valor do seu patrocínio? Bem ao contrário, pois, segundo São Bernardo, é ele próprio que abre o seu peito, para que todos largamente se utilizem das suas liberalidades.
Dificultosa tarefa seria querer esgotar o assunto, ele por si mesmo se recomenda; além do mais, a experiência abona-o por tal forma que, ainda quando faltassem razões, ou estas não fossem bastantemente concludentes, supriria ela em milhares de casos. Homens, mulheres, velhos e novos podereis porventura negar, que não tem sido pronto o patrocínio de São José, se a ele recorrestes confiadamente? Todos os que são verdadeiros devotos deste Santo confessam, que muitas vezes os arrancou do precipício, os livrou da necessidade, lhes remediou as suas misérias, as suas desgraças e preveniu a sua total ruína. Os encarecimentos de Santa Teresa de Jesus, e suas recomendações sobre este ponto, são de tamanho peso, que bastará citar esta grande Santa, e não menor mestra do espírito, para que fique suficientemente provado com a autoridade e com os exemplos, tudo o que fica dito dito sobre o poderoso patrocínio de São José, sobre a solicitude com que favorece os que se lhe encomendam, e quanto é proveitosa para os males do corpo ou da alma a devoção a este Santo.
No capítulo sexto da vida de Santa Teresa de Jesus, escrita por ela mesma, depois de ter falado da necessidade, em que se encontrava, prossegue desta maneira e com estas eloquentíssimas palavras: “Tomei por Advogado e senhor o glorioso São José, e encomendei-me muito a ele; vi claramente que assim desta como de outras maiores necessidades, de apertos de reputação e perigos da alma, este Pai e senhor meu, me tirou com mais aumentos, do que eu lhe podia pedir.
Não me lembro até agora, de lhe haver feito um pedido, que não me haja concedido; é coisa pasmosa as grandes mercês que Deus me tem feito por intermédio deste Bem-aventurado Santo, dos perigos de que me têm livrado, assim no corpo como na alma. A outros Santos parece que Deus lhes deu poder para acudir a certas necessidades; a este glorioso Santo, tenho-o por experiência, deu o poder de socorrer em todas, e quer o Senhor dar-nos a entender que, assim como lhe foi sujeito na terra, assim no Céu faz tudo quanto Lhe pede… Quereria eu persuadir a todos que fossem devotos deste Santo, pela grande experiência que tenho dos bens que alcança de Deus.
Não conheci ainda pessoa, que seja verdadeiramente devota e faça particulares serviços a São José, que não a veja mais aproveitada na virtude.
Há alguns anos para cá, que em cada ano em seu dia, lhe tenho pedido uma coisa, e sempre a vejo cumprida; se a intenção é menos reta, ele a faz justa para meu maior bem. Só peço pelo amor de Deus que o experimente quem não me acreditar, e sentirá por experiência o grande bem, que é encomendar-se a este glorioso Patriarca e ter-lhe devoção. Especialmente as pessoas de oração sempre lhe deveriam ser afeiçoadas…
Quem não tiver mestre, que lhe ensine a orar, tome este glorioso Santo para mestre, e não errará no caminho”.
Todas as sábias e eloquentes obras desta grande Santa estão a recomendar a mesma devoção, com palavras semelhantes às que ficam aqui referidas, que não podem ser nem mais sólidas, nem mais sinceras, nem mais vivas, nem mais afetuosas, para recomendar o patrocínio de São José. A mesma Santa refere em diversos lugares de suas obras os particulares benefícios, que recebeu de Deus por intercessão deste grande Santo; mas entre todos, merece uma particularíssima atenção, o que ela refere em uma carta, que escreveu a um seu irmão, do cárcere de Toledo, onde se achava presa por ordem do Núncio, que a considerava uma mulher feiticeira, enganadora, como se explica a mesma Santa. Ali experimentou toda a delicadeza, com que este Santo Patriarca socorre os seus afeiçoados e devotos; ali, entre os horrores do cárcere, viu a Santa que se abriam os Céus e baixava São José, cercado de resplendores e de glória, a consolá-la e a dar-lhe a notícia do dia em que haviam de ter fim os seus trabalhos e em que começariam as suas prosperidades, como efetivamente se cumpriu; e em agradecimento de tamanho benefício, dedicou a Santa o Convento de Monjas Carmelitas de Toledo ao glorioso Patriarca São José. De tudo isto se conclui que, ou se atenda às razões, ou se consulte a autoridade e a experiência, sempre resulta para consolação dos cristãos, que São José é seu protetor, seu amparo e seu refúgio; que o seu patrocínio não só é seguro, mas é poderosíssimo. Demos pois infinitas graças a Deus, que quis preparar-nos em Seu pai putativo um protetor em nossas misérias e trabalhos. Demos graças a nossa mãe, a Santa Igreja, que, solícita e amorosa, nos propõe esta festividade para que dela tiremos copiosos frutos, não só para o corpo, senão também para a alma. E por último, procuremos aproveitarmo-nos da generosidade com que o Céu manifesta as suas misericórdias e beneficência conosco, bem seguros de que, se não recebemos em vão a graça de Deus, como admoesta o Apóstolo São Paulo, serão tão excelentes e copiosos os frutos, auferiremos do patrocínio de São José, que nem os assaltos do Inimigo comum poderão envolver-nos em seus laços, nem os passatempos e falsidades do mundo cativarão os nossos corações, nem o fogo da concupiscência enegrecerá com seu fumo pestífero as nossas almas, nem nos abaterão os trabalhos, misérias e desventuras, nem as prosperidades e boa fortuna nos encherão de vaidade e soberba. Numa palavra, com o patrocínio de São José seremos verdadeiramente venturosos, verdadeiramente felizes e verdadeiramente cristãos.
Oração
Ó Deus, que por uma providência inefável Vos dignastes escolher o Bem-aventurado José para esposo da Santíssima Virgem, concedei-nos que, já que na terra o veneramos como protetor, mereçamos tê-lo nos Céus como nosso intercessor. Vós que viveis e reinais com Deus Pai em união do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.
_____________________________
Fonte: Pe. Croiset, S.J., “Ano Cristão”, Vol. IV, pp. 428-434, 30 de Abril, Festa do Patrocínio de São José; Tradução do Francês pelo Pe. Matos Soares, Porto, 1923.
1. Prov. 14, 1.
2. Eclo. 26, 3.
3. Luc. 2, 51.
4. Serm. 24 de Nativ. Dom.
Nenhum comentário:
Postar um comentário