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A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
A SERVIÇO DO CATOLICISMO
SALMO 109(110)
Disse o Senhor ao meu Senhor: "Senta-te à minha direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés".
O Senhor estenderá o cetro do teu poder (do alto) de Sião: "Impera no meio dos teus inimigos!
Contigo está o principado, no dia do teu nascimento, entre os resplendores da santidade: antes da aurora, como orvalho, eu te gerei".
Jurou o Senhor, e não se arrependerá: “Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedec”.
O Senhor está à tua direita; esmagará os reis no dia da sua ira.
Julgará as nações, amontoará cadáveres; esmagará cabeças sobre um vasto campo.
Beberá da torrente no caminho, por isso levantará a sua cabeça.
1ª Parte
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O que os Santos Padres da Igreja
comentaram sobre o Salmo 109?
O Salmo 109 (ou 110, conforme a numeração hebraica) é um dos mais comentados pelos Santos Padres da Igreja, especialmente por seu caráter messiânico e por ser amplamente citado no Novo Testamento. Aqui está um panorama do que alguns deles disseram:
Santo Agostinho
Comentou extensivamente o Salmo 109 em suas Enarrationes in Psalmos, interpretando-o como uma oração do Cristo pobre e sofredor, que assume a condição humana para redimir a humanidade.
Ele vê o “pobre” do título como o próprio Cristo, que se fez servo e assumiu nossa fraqueza.
S. Agostinho também destaca a união entre Cristo e a Igreja, dizendo que ambos falam com uma só voz no Salmo.
Orígenes, Atanásio, Basílio, Ambrósio e Jerônimo.
Esses Padres também se dedicaram ao estudo dos Salmos, embora Santo Agostinho tenha sido o mais prolífico (fecundo) nesse campo.
A leitura Patrística geralmente vê o Salmo, como uma profecia da Paixão de Cristo e da Sua vitória sobre os inimigos espirituais.
Bento XVI
Em sua Catequese de 2011, Bento XVI interpretou o Salmo como uma celebração do Messias glorificado à direita de Deus.
Ele destacou que o versículo “Senta-te à minha direita” é citado por Jesus e pelos Apóstolos como referência direta à Sua entronização após a Ressurreição.
O Papa também explicou que o Sacerdócio “segundo a Ordem de Melquisedec” aponta para Cristo como o verdadeiro e eterno Mediador entre Deus e os homens.
Aplicações no Novo Testamento
O Salmo é citado em Mateus 22, 44, Atos 2, 34-35, Hebreus 5, 6, Hebreus 7, entre outros.
Os Padres da Igreja viam essas citações como confirmação de que o Salmo se refere diretamente a Cristo.
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Mostre-me trechos específicos
dos comentários de Santo Agostinho.
Santo Agostinho comenta o Salmo 109 (ou 110, na numeração hebraica) em suas Enarrationes in Psalmos, e aqui vão alguns trechos marcantes que revelam sua profundidade teológica e espiritual:
Sobre o “Pobre” que reza no Salmo
“Eis que reza um pobre e não reza em silêncio. Podemos ouvi-lo e verificar quem é. Não seria Aquele de quem fala o Apóstolo: ‘Que por causa de vós se fez pobre, embora fosse rico, para vos enriquecer com a sua pobreza’?” S. Agostinho identifica o “pobre” como o próprio Cristo, que assumiu a condição humana para salvar a humanidade.
Sobre a Encarnação do Verbo
“O Verbo se fez carne, e habitou entre nós... No seio da virgem ele assumiu, digo, a condição de escravo, ali se revestiu de nossa pobreza, ali se depauperou para nos enriquecer.” Ele vê a encarnação como o momento em que Cristo se une à nossa pobreza, tornando-se solidário com a humanidade.
Sobre a união entre Cristo e a Igreja
“Ouçamos, portanto, a Cristo pobre em nós, conosco, por nossa causa... Cristo e a Igreja são um só corpo, um só homem perfeito na condição de sua plenitude.” Agostinho interpreta o salmo como uma oração conjunta da Cabeça (Cristo) e do Corpo (Igreja), revelando a íntima união entre ambos.
Esses trechos vêm do Sermão de S. Agostinho sobre o Salmo 109, que aparece na terceira parte de sua obra Comentário aos Salmos (101–150).
2ª Parte
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Quais os Comentários dos Santos Padres sobre o interrogatório de Jesus junto aos Fariseus, citando o Evangelho de São Mateus 22, 41-46?
Boa pergunta! Vamos situar o trecho:
No Evangelho segundo São Mateus 22, 41-46, Jesus, depois de ser interrogado repetidas vezes pelos fariseus e saduceus, faz Ele mesmo uma pergunta:
“Que vos parece do Cristo? De quem é filho?”
Responderam: “De Davi”.
Ele lhes disse: "Como então Davi, movido pelo Espírito, o chama Senhor, dizendo: ‘Disse o Senhor ao meu Senhor: Senta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés?’
Se Davi, pois, o chama Senhor, como pode ser seu filho?
E ninguém pode lhe responder uma palavra; nem ousou mais ninguém, desde aquele dia, interrogá-lo".
Esse é o Salmo 109(110), 1 na numeração hebraica (ou Salmo 109, 1 na Vulgata), que Jesus aplica a Si mesmo para demonstrar, que o Messias não é apenas “filho de Davi”, mas também “Senhor de Davi”, revelando sua Divindade.
Os comentários dos Santos Padres sobre o interrogatório de Jesus aos fariseus em Mateus 22, 41-46 — revelam profundas reflexões teológicas sobre a identidade do Messias. Aqui estão algumas das principais interpretações Patrísticas:
Comentários dos Santos Padres
1. Santo Hilário de Poitiers (In Matthaeum, cap. 22).
S. Hilário destaca que o salmo demonstra a dupla natureza de Cristo: Ele é verdadeiramente descendente de Davi segundo a carne, mas é também Senhor de Davi segundo a Divindade.
“Se o Filho de Davi é chamado também Senhor por Davi, isto só é possível porque aquele que nasceu segundo a carne é o mesmo que subsiste desde sempre no poder divino.”
2. São João Crisóstomo (Homilia sobre Mateus 71, 2).
S. João Crisóstomo vê aqui a pedagogia de Cristo: Ele não responde apenas com palavras, mas conduz os fariseus a reconhecerem a contradição de sua interpretação meramente humana do Messias.
“O Senhor não nega ser filho de Davi, mas os leva a compreender que Ele é mais do que isso: é o Senhor de Davi. [...] Com uma só pergunta, cala a boca dos inimigos e mostra a sublimidade de sua natureza”.
A sabedoria de Jesus: S. João Crisóstomo admira a maneira como Jesus inverte o interrogatório, mostrando que os fariseus não compreendiam plenamente as Escrituras que tanto reverenciavam.
O Salmo 110 como chave messiânica: Ele afirma que Jesus usa esse salmo para revelar que o Messias não é apenas um rei terreno, mas alguém que compartilha da autoridade divina.
3. Santo Agostinho (Enarrationes in Psalmos 109, 1).
Agostinho explica que Cristo é “filho de Davi” porque nasceu de Maria, descendente de Davi; mas é “Senhor de Davi” porque no princípio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus.
“Cristo é ao mesmo tempo filho e Senhor de Davi: filho, pela condição da carne; Senhor, pela dignidade da Divindade. Ele é a raiz e o rebento de Davi (Ap. 22, 16)”.
Cristo como Senhor e Filho de Davi: S. Agostinho destaca que Jesus, sendo descendente de Davi segundo a carne, é também Senhor de Davi segundo a Divindade. Isso confirma a união das duas naturezas de Cristo — Humana e Divina.
Silêncio dos fariseus: Ele vê o silêncio dos fariseus como prova da cegueira espiritual deles, incapazes de reconhecer o Messias mesmo diante da evidência profética.
4. São Jerônimo (Comentário sobre Mateus 22, 41).
Jerônimo interpreta que Jesus quis mostrar que a esperança messiânica não deveria ser reduzida a um reinado político de descendência davídica.
“Eles esperavam um rei terreno da linhagem de Davi; o Senhor os instrui que o Messias é mais que rei: é o Senhor eterno, sentado à direita do Pai”.
5. Santo Ambrósio
(Exposição sobre o Salmo 43 e Comentários sobre Lucas).
Ambrósio afirma que o testemunho do próprio Davi no salmo é inspirado, e que sua profecia não pode ser lida senão em Cristo.
“Davi não poderia chamar seu descendente de Senhor, a não ser que tivesse visto em espírito que aquele que nasceria dele é maior do que ele, sendo Deus verdadeiro”.
6. Orígenes.
Interpretação espiritual: Orígenes vê o Salmo 110 como uma revelação do Mistério da Trindade, onde o “Senhor” (Deus Pai) fala ao “meu Senhor” (o Filho).
A escatologia do escabelo: Ele interpreta “até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés” como uma profecia da vitória final de Cristo sobre o mal.
7. São Gregório de Nissa.
Cristo como Rei eterno: S. Gregório enfatiza que o trono à direita de Deus é símbolo da realeza eterna de Cristo, não limitada ao tempo ou à linhagem humana.
A falha dos fariseus: Ele vê o episódio como um momento em que a sabedoria divina expõe a limitação da sabedoria humana.
Esses comentários mostram como os Padres da Igreja viam esse momento como uma revelação da verdadeira identidade de Jesus — não apenas como descendente de Davi, mas como o Senhor eterno, Co-igual ao Pai.
Síntese Patrística
Os Santos Padres insistem em três pontos principais:
1. Cristo é Filho de Davi segundo a carne, mas Senhor de Davi segundo a divindade.
2. Jesus usa o Salmo para corrigir a visão estreita messiânica dos fariseus, que esperavam apenas um líder político.
3. O Mistério da Encarnação se revela aqui: em uma só pessoa, a humanidade recebida de Davi e a divindade eterna do Filho.
3ª Parte
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Reflexões dos Autores Medievais ou da
Tradição Oriental sobre esse mesmo trecho.
Vamos explorar como autores medievais e da tradição oriental interpretaram o desafio de Jesus aos fariseus em Mateus 22, 41-46, quando Ele cita o Salmo 109, 1 (“Disse o Senhor ao meu Senhor…”). Esse trecho foi profundamente comentado por teólogos, tanto do Ocidente medieval quanto da Igreja Ortodoxa Oriental.
Autores Medievais Ocidentais
Tomás de Aquino (1225–1274)
Cristo como Deus e Homem: Em sua Catena Áurea, Tomás reúne comentários dos Padres sobre esse trecho e destaca que Jesus revela sua natureza divina ao mostrar que, embora seja filho de Davi segundo a carne, é Senhor de Davi segundo a Divindade.
Autoridade das Escrituras: Ele enfatiza que Jesus usa a Escritura (Salmo 109) como prova incontestável, reconhecida até pelos fariseus, para revelar verdades mais profundas sobre o Messias.
Anselmo de Cantuária (1033–1109)
O paradoxo da encarnação: Anselmo vê nesse trecho uma chave para entender o mistério da união hipostática — como Cristo pode ser inferior a Davi em genealogia, mas superior em essência.
A lógica divina: Ele admira a forma como Jesus desmonta os raciocínios humanos com uma simples pergunta, revelando a limitação da razão sem fé.
Tradição Oriental (Ortodoxa)
João Damasceno (c. 675–749)
Cristo entronizado: Em sua obra Exposição da Fé Ortodoxa, João Damasceno interpreta o “sentar-se à direita” como símbolo da igualdade do Filho com o Pai, não como posição física, mas como participação plena na glória divina.
O Salmo como profecia trinitária: Ele vê o Salmo 110 como uma revelação do relacionamento eterno entre o Pai e o Filho, antecipando o dogma da Trindade.
Teófilo de Antioquia
(século II, influente na tradição oriental)
Cristo como Logos: Embora anterior ao período medieval, sua influência perdura. Ele interpreta o “Senhor ao meu Senhor” como o Pai falando ao Logos eterno, que se encarnaria como Jesus.
Reflexões Comuns
Unidade das naturezas: Tanto Oriente quanto Ocidente veem esse trecho como uma afirmação da união entre a natureza Humana e Divina de Cristo.
Silêncio dos fariseus: É interpretado como símbolo da derrota da sabedoria humana diante da Revelação divina.
O Salmo 110 como chave messiânica: É unanimemente considerado um dos textos mais poderosos para provar a Divindade de Cristo.
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CATENA ÁUREA
São Mateus — 22, 41-46.
41. Estando juntos os fariseus, Jesus interrogou-os:
42. “Que vos parece do Cristo? De quem é ele filho?” Responderam-lhe: "De David."
43. Jesus disse-lhes: "Como, pois, lhe chama David, inspirado pelo Espírito, Senhor, dizendo:
44. Disse o Senhor ao meu Senhor: Senta-te à minha mão direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés ? (Ps. 109, 1).
45. Se, pois, David o chama Senhor, como é ele seu filho ? "
46. Ninguém podia lhe responder uma só palavra. E daquele dia em diante não houve mais quem ousasse interrogá-lo.
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São
João Crisóstomo
Chrysostomus
in Matth. (Chrysostomus in Matth)
Os judeus, julgando que Cristo era apenas um homem, tentavam-no; e não o teriam tentado se acreditassem que era o Filho de Deus. Querendo, pois, Cristo mostrar que conhecia a falsidade de seus corações e que era Deus, nem quis manifestamente dizer a verdade, para que os judeus, encontrando ocasião de blasfêmia, não se enfurecessem mais, nem quis calar-se completamente, porque viera para anunciar a verdade. Por isso, propôs-lhes tal interrogação que a própria pergunta lhes mostrasse quem era Ele; por isso se diz: "E estando reunidos os fariseus, Jesus os interrogou, dizendo: Que vos parece do Cristo? De quem é filho?"
✠
Aos discípulos, primeiramente interrogou sobre o que os outros diziam de Cristo, e então o que eles mesmos diziam; mas a estes não perguntou assim. Certamente teriam dito que Ele era um sedutor e mau. Consideravam que Cristo era um mero homem, e por isso disseram que Ele era filho de David; e isto é o que se segue: "Dizem-lhe: De David". Ele, porém, repreendendo isto, introduz o profeta testemunhando o seu domínio e a propriedade da filiação, e a Co-honra que tem com o Pai; por isso diz: "Como, pois, David em espírito o chama Senhor, dizendo: Disse o Senhor ao meu Senhor: senta-te à minha direita, até que eu ponha".
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São Jerônimo,
et
cetera. Hieronymus.(Hieronymus)
Este testemunho foi tomado do Salmo 109, 1. É chamado Senhor por Davi, não por haver nascido dele, mas porque, nascido do Pai, subsistiu sempre, antecipando-se ao seu pai segundo a carne. E o chama seu Senhor, não por erro de dúvida, nem por sua própria vontade, mas porque assim lhe dita o Espírito Santo.
✠
Remígio
de Auxerre.
Remigius.(Remigius)
Quando diz “senta-te à minha direita”, não se deve entender que Deus seja corpóreo, de modo que tenha direita ou esquerda; mas estar sentado à direita de Deus significa permanecer na honra e na igualdade da dignidade paterna.
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São João Crisóstomo.
Chrysostomus
super Matth.(Chrysostomus super Matth)
Creio também que esta interrogação Ele propôs não somente contra os fariseus, mas também contra os hereges: pois segundo a carne era verdadeiramente filho de David, mas Senhor segundo a Divindade.
✠
São João Crisóstomo.
Chrysostomus
in Matth.(Chrysostomus in Matth)
Mas não se detém aqui; mas para que temam, acrescenta: "até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés"; certamente para que os conduza.
✠
Orígenes de Alexandria.
Origenes
in Matth.(Origenes in Matth)
Deus também não coloca os inimigos dele como escabelo dos pés de Cristo somente para sua perdição, mas para a salvação deles próprios.
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Remígio de Auxerre.
Remigius.(Remigius)
Contudo, o "até" é colocado para significar o infinito, para que o sentido seja: senta-te sempre, e teus inimigos estarão eternamente sujeitos aos teus pés.
✠
Glossa Ordinária.
Glossa.(Gloss)
Que os inimigos sejam submetidos ao Filho pelo Pai, não significa a fraqueza do Filho, mas a unidade de natureza; pois também o Filho sujeita os inimigos ao Pai, porque glorifica o Pai sobre a terra. E desta autoridade conclui: “Se, pois, Davi o chama Senhor, como é seu filho?”
✠
São Jerônimo
Hieronymus.(Hieronymus)
Esta interrogação nos aproveita até hoje contra os judeus: pois estes que confessam que o Cristo há de vir, afirmam que é um homem simples e santo varão da linhagem de Davi. Interroguemos, pois, a eles, instruídos pelo Senhor: se é um homem simples, e somente filho de Davi, como Davi o chama seu senhor? Os judeus, para desvanecer a verdade da interrogação, forjam muitas frivolidades, assegurando que era um servo de Abraão, cujo filho foi Damasco Eliezer, e que acerca de sua pessoa foi escrito o Salmo, que depois da matança dos cinco reis, o Senhor Deus havia dito ao senhor seu Abraão: "senta-te à minha direita, até que eu ponha", etc. A estes perguntemos como Abraão disse aquilo que segue; e os obriguemos a responder quando Abraão foi gerado antes da estrela da manhã, e como teria sido sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, por quem Melquisedeque ofereceu pão e vinho, e de quem recebeu os dízimos do espólio.
✠
São João Crisóstomo.
Chrysostomus
in Matth.(Chrysostomus in Matth)
Isto colocou um fim às suas disputas, como algo grande e suficiente para fechar suas bocas. Por isso segue: “E ninguém podia lhe responder palavra, nem algum desde aquele dia ousou mais interrogá-lo”. Calaram-se então, não por vontade própria, mas por não terem mais o que dizer.
✠
Orígenes de Alexandria.
Origenes.(Origenes)
Se a pergunta deles tivesse sido motivada pelo desejo de aprender, nunca lhes teria proposto tais questões para que não mais ousassem interrogá-lo.
✠
Rábano Mauro.
Rabanus.(Rabanus)
Por
isto compreendemos que o veneno da inveja pode ser vencido, mas
dificilmente será extinto.
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Fonte:
https://www.liriocatolico.com.br/catena_aurea_online/sao_mateus/?capitulo=22&leitura=5
4ª Parte
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Reflexões litúrgicas ou iconográficas orientais que representam esse momento.
A tradição oriental — especialmente a Ortodoxa — oferece interpretações ricas e simbólicas do episódio de Mateus 22, 41–46, em que Jesus interroga os fariseus e cita o Salmo 110, 1. Essas reflexões se manifestam tanto na liturgia quanto na iconografia, revelando dimensões espirituais profundas.
Reflexões Litúrgicas Orientais
Uso do Salmo 109 na Liturgia Bizantina
O Salmo 109 (“Disse o Senhor ao meu Senhor…”) é frequentemente cantado nas Vésperas e nas Grandes Festas, especialmente na Ascensão do Senhor.
Ele é interpretado como uma profecia do Cristo glorificado, entronizado à direita do Pai após sua ressurreição e ascensão.
A frase “até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés” é vista como o triunfo escatológico de Cristo sobre o pecado e a morte.
Teologia da Sabedoria Divina
O episódio do interrogatório é lembrado como um momento em que Cristo, Sabedoria encarnada, silencia os mestres da Lei.
Em hinos litúrgicos, esse evento é associado à Kenosis (autoesvaziamento de Cristo), pois Ele revela sua glória não por força, mas por sabedoria.
Reflexões Iconográficas Orientais
Ícone da Ascensão
Embora não represente diretamente o diálogo com os fariseus, o ícone da Ascensão é a principal imagem que visualiza o cumprimento do Salmo 109.
Cristo é mostrado sendo elevado aos céus, entronizado em glória, rodeado por anjos — uma representação visual do “sentar-se à direita de Deus”.
Ícones da Sabedoria
Em algumas tradições russas e gregas, há ícones de Cristo como Sabedoria Divina (Sofia), onde Ele é representado em tronos celestiais, com o livro das Escrituras aberto — símbolo de sua autoridade sobre a Lei e os Profetas.
Esses ícones evocam o momento em que Ele revela aos fariseus que o Messias é mais do que um descendente humano: é o Senhor eterno.
Ícones da Disputa no Templo
Algumas representações mostram Jesus ensinando no Templo, cercado por fariseus e escribas. Embora não seja sempre específico ao Salmo 109, esse tipo de ícone ilustra o confronto entre a sabedoria divina e a sabedoria humana.
Cristo é geralmente representado em posição central, com gesto de ensino, enquanto os fariseus aparecem em atitude de dúvida ou confusão.
Síntese Espiritual
Na tradição oriental, esse momento é menos visto como um debate teológico e mais como uma epifania da verdade divina. A liturgia e a arte não se concentram na derrota dos fariseus, mas na revelação da identidade messiânica de Cristo — o Filho de Deus, entronizado, eterno, e glorioso.
5ª Parte
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Como aplicar esta doutrina que Jesus tentou esclarecer aos Fariseus, na vida prática diária do Cristão?
Excelente caminho de aplicação espiritual!
A cena do diálogo de Jesus com os fariseus (Mt. 22, 41-46), iluminada pela Patrística, não é só uma questão de exegese bíblica: ela nos fala sobre como devemos viver diante do Mistério de Cristo.
Doutrina Central do Texto
Jesus revela que Ele é ao mesmo tempo:
Filho de Davi → plenamente humano, solidário conosco, participante da nossa história.
Senhor de Davi → plenamente divino, digno de adoração, fonte da salvação.
Ou seja: o Cristo é homem como nós, mas também é Deus acima de nós.
Aplicações práticas para a vida do cristão
1. Viver a fé na Humanidade e Divindade de Cristo
Na prática: quando busco Jesus, não apenas procuro um modelo humano de virtude, mas também reconheço Nele o meu Senhor, capaz de transformar minha vida.
Exemplo diário: rezar diante de uma dificuldade não só lembrando que Ele sofreu como eu (filho de Davi), mas também confiando que Ele pode me dar a vitória e a graça (Senhor de Davi).
2. Não reduzir Jesus a uma visão “terrena”
Os fariseus esperavam um Messias político. Hoje, muitos reduzem Jesus a um sábio, mestre moral ou ativista.
Na prática: não posso seguir Jesus apenas porque “me inspira” ou “me consola”: devo adorá-lo como Senhor, deixando que Ele reine em minhas decisões.
Exemplo diário: antes de tomar uma decisão no trabalho ou na família, perguntar: “O que o Senhor da minha vida deseja que eu faça?”.
3. Reconhecer a humildade e o Senhorio de Cristo
Ele é humilde ao ser chamado “filho de Davi”, mas é glorioso porque é “Senhor de Davi”.
Na prática: aprender a unir humildade e grandeza também em minha vida.
Exemplo diário: servir em casa, no trabalho ou na comunidade com humildade, mas sem perder a dignidade de quem é filho de Deus.
4. Adoração e confiança
Davi chama seu próprio descendente de “Senhor”: isso é adoração.
Na prática: cultivar a oração de adoração (não só pedir, mas contemplar e louvar).
Exemplo diário: parar alguns minutos diante do Santíssimo Sacramento ou mesmo em casa, e dizer: “Tu és o meu Senhor, acima de tudo o que sou e tenho”.
5. Unidade de fé e vida
Se Cristo é Senhor, não posso compartimentar (dividir) a vida em: fé de um lado, trabalho, lazer e decisões do outro.
Na prática: integrar fé em todas as escolhas.
Exemplo diário: agir com justiça no trabalho, mesmo que ninguém veja; educar os filhos com verdade; não negociar princípios do Evangelho por conveniência.
Em resumo:
O cristão aplica essa doutrina vivendo na confiança e na adoração de Cristo, que é ao mesmo tempo, próximo (filho de Davi) e transcendente (Senhor de Davi).
6ª Parte
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O que os Santos Padres comentaram sobre Atos 2, 34-35?
O trecho de Atos 2, 34-35 é a citação de São Pedro no discurso de Pentecostes:
“Pois Davi não subiu ao Céu, mas ele mesmo diz:
‘O Senhor disse ao meu Senhor: Senta-te à minha direita,
até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés’ (Sl 109[110], 1)”.
Este texto foi fundamental para a Teologia Cristológica da Igreja primitiva. Os Santos Padres comentaram bastante, relacionando o Salmo com a exaltação de Cristo após a Ressurreição e Ascensão. Vou reunir alguns testemunhos principais:
1. São João Crisóstomo
(Homilias sobre os Atos dos Apóstolos, Homilia VI)
Ele sublinha que Pedro mostra que Davi não falava de si mesmo, mas profetizava a respeito do Cristo.
Ressalta que o “assentar-se à direita” significa a igualdade de honra e glória com o Pai, não um lugar físico.
O “escabelo dos pés” indica a total submissão dos inimigos espirituais (Pecado, Morte, Demônios) sob o domínio de Cristo.
2. Santo Agostinho (Enarrationes in Psalmos, Sl 109)
Cristo é Senhor de Davi não segundo a carne, mas segundo a Divindade.
O Pai diz ao Filho: “Senta-te à minha direita”, ou seja, reina Comigo, pois o Filho é consubstancial ao Pai.
Os inimigos de Cristo são tanto os Demônios quanto os pecadores que resistem à sua graça.
Para S. Agostinho, este versículo anuncia o triunfo final de Cristo e a Consumação no Juízo: a vitória que já começou na Ressurreição se manifestará plenamente no fim.
3. Santo Irineu de Lião (Contra as Heresias, III, 6, 1)
Mostra que o Salmo não se refere a Davi, mas ao Messias que deveria vir.
Afirma que Pedro cita este texto em Pentecostes para demonstrar que Jesus é o Senhor anunciado pelos Profetas, e não um simples descendente terreno de Davi.
A “sessão à direita de Deus” é sinal da exaltação messiânica de Cristo.
4. São Cirilo de Jerusalém (Catequeses, XV, 24)
Explica que a promessa feita no Salmo se cumpre na Ascensão de Cristo.
O “assentar-se” é símbolo da estabilidade e poder eterno de Cristo no Reino.
Enfatiza que não se trata de dois deuses, mas de uma só Divindade compartilhada entre Pai e Filho.
5. Orígenes (Comentário aos Salmos, fragmentos)
Vê no “escabelo dos pés” uma imagem espiritual da Igreja, pois os inimigos são vencidos e integrados quando se convertem, tornando-se base firme para os pés de Cristo.
Outros, permanecendo rebeldes, são reduzidos à sujeição final no juízo.
Resumo da Doutrina Patrística sobre Atos 2, 34-35:
Davi não falava de si, mas do Cristo.
O “assentar-se à direita” exprime a glória e a igualdade do Filho com o Pai.
O “escabelo dos pés” simboliza a vitória de Cristo sobre todos os inimigos: pecado, morte, demônios e incrédulos.
Pedro usa este Salmo em Pentecostes para provar que Jesus é o Messias, exaltado pelo Pai, e não simplesmente um rei terreno da descendência davídica.
7ª Parte
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Aplicação Prática e Espiritual,
mostrando como viver este texto na vida diária.
Vamos então pegar a luz dos Santos Padres sobre Atos 2, 34-35 e traduzi-la para a vida espiritual prática do cristão:
1. Senta-te à minha direita” – viver na presença de Deus.
Para os Santos Padres, sentar-se à direita é partilhar da glória e da intimidade com o Pai.
Aplicação: O cristão, unido a Cristo, é chamado também a “sentar-se à direita” pela oração e vida da graça. Quando colocamos nossa vida diante de Deus, nos desapegando da vaidade e buscando o Céu, participamos da intimidade divina.
Prática: reservar um momento do dia para estar só com Deus, “sentado à sua direita” no silêncio da oração, entregando as lutas e recebendo força.
2. “Até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés” – confiar na vitória de Cristo.
Os Padres veem aqui a vitória sobre o pecado, a morte e os demônios.
Aplicação: Muitas vezes experimentamos nossas fraquezas, tentações e perseguições. O cristão deve confiar que Cristo já venceu, e que até os inimigos mais fortes serão colocados sob seus pés.
Prática: diante de uma tentação ou sofrimento, rezar com fé: “Senhor, coloca este inimigo debaixo de teus pés!” – lembrando que não lutamos sozinhos.
3. Davi não subiu ao céu – humildade contra a vanglória.
Pedro destaca que Davi, apesar de ser rei e profeta, não foi exaltado como Cristo.
Aplicação: A vida cristã nos pede humildade. Mesmo que façamos obras boas, não somos nós que subimos por nossas forças, mas Cristo que nos leva ao Pai.
Prática: após um êxito ou uma boa obra, reconhecer em oração: “Não a mim, Senhor, mas a Ti a glória!” (cf. Sl 113b, 9).
4. Cristo exaltado à direita do Pai – esperança escatológica.
Os Padres lembram que o triunfo pleno virá no fim dos tempos, quando todos os inimigos serão vencidos definitivamente.
Aplicação: Nossa esperança não está nas vitórias passageiras, mas no Reino eterno. Isso dá paciência nas lutas presentes.
Prática: meditar cada dia no fim último, recitando: “Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22, 20), para manter viva a esperança.
Síntese espiritual: Viver At 2, 34-35 é:
permanecer em oração diante de Deus,
confiar que Cristo vence nossos inimigos,
ser humilde como Davi,
e alimentar a esperança na vitória final.
Assim, o cristão aprende a viver já “à direita do Pai”, participando da vitória de Cristo sobre todo mal.
8ª Parte
✠
Oração Devocional Breve, em estilo Patrístico e Carmelita, para rezar este Mistério na vida cotidiana?
Aqui está uma oração breve, com ressonâncias patrísticas (Cristo vencedor, sentado à direita do Pai) e carmelitas (silêncio, interioridade, presença de Deus):
Oração
Senhor Jesus Cristo,
assentado à direita do Pai na glória,
atraí também meu coração para junto de Ti.
Faz de minha alma um Carmelo interior,
onde eu me sente em silêncio aos Teus pés,
confiando que todo inimigo será vencido
pela força da Tua Cruz e da Tua Ressurreição.
Tu que és Senhor de Davi e Rei eterno,
coloca sob Teus pés as minhas fraquezas,
transforma minhas lutas em degraus de vitória,
e dá-me permanecer humilde e escondido em Ti,
até que, no último dia, eu contemple Tua face
na paz sem fim do Teu Reino.
Amém.
✠
Aqui está uma jaculatória breve, simples de memorizar e repetir muitas vezes ao longo do dia, no espírito patrístico e carmelita:
Jaculatória
“Senhor Jesus,
assenta-me Contigo à direita do Pai,
e põe sob Teus pés os meus inimigos”.
✠
Aqui vai uma pequena coleção de jaculatórias inspiradas em Atos 2, 34-35, para rezar ao longo do dia, pela manhã, tarde e noite, no estilo patrístico e carmelita:
Pela manhã (oferecendo o dia):
“Senhor Jesus, faze de mim hoje o escabelo de teu amor, e reina em meu coração”.
Ao meio-dia (no trabalho e lutas):
“Reina, Cristo, à direita do Pai, e vence em mim todo inimigo oculto”.
À tarde (na fadiga e tentação):
“Coloca, Senhor, minhas fraquezas debaixo de teus pés vitoriosos”
À noite (descanso e esperança):
“Assenta-me contigo, ó Cristo, na paz do Pai, e guarda-me até o fim”.
✠
Estrutura litúrgico-devocional completa para integrar ao Devocionário sobre Elias, conectando a visão do Profeta com a plenitude de Cristo em Atos 2, 34-35. Está no estilo de um Ofício Espiritual Carmelita, com Salmo, Leitura Patrística, Hino, Ladainha e Oração Final.
Ofício de Cristo à Direita do Pai
(em memória de Elias, que viu no Carmelo a nuvem da promessa)
1. Invocação inicial
℣. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
℟. Senhor, apressai-vos em me socorrer.
℣. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
℟. Assim como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Antífona: O Senhor exaltou o Filho amado: sentado à direita do Pai, reina até que seus inimigos se prostrem a seus pés.
2. Salmo – Sl 109(110), 1-4
O Senhor disse ao meu Senhor:
“Senta-te à minha direita,
até que eu ponha teus inimigos
como escabelo de teus pés.
O Senhor estenderá desde Sião
o cetro do teu poder:
domina entre teus inimigos!
Tu és sacerdote para sempre,
segundo a ordem de Melquisedec.”
Glória ao Pai.
Antífona: O Senhor exaltou o Filho amado: sentado à direita do Pai, reina até que seus inimigos se prostrem a seus pés.
(breve silêncio meditativo, no estilo carmelita)
3. Leitura Patrística –
Santo Agostinho, Enarrationes in Psalmos 109.
“Cristo é Senhor de Davi, não segundo a carne, mas segundo a divindade.
O Pai diz ao Filho: ‘Senta-te à minha direita’: isto é, reina comigo.
Não se trata de dois deuses, mas de uma só glória compartilhada.
Os inimigos serão postos sob seus pés,
não para serem aniquilados, mas para serem submetidos,
até que tudo seja consumado em Cristo, Cabeça e Corpo”.
5. Ladainha de Cristo à Direita do Pai
Senhor Jesus, assentado à direita do Pai, sede a nossa paz.
Filho de Davi, Senhor de Davi, reinais para sempre.
Rei vencedor da morte e do pecado, submetei nossos inimigos.
Colocai sob vossos pés nossas fraquezas, fortalecei-nos em vosso Espírito.
Fazei de nossas almas um Carmelo interior, onde reine vosso silêncio e vossa luz.
Vós que vindes julgar vivos e mortos, sustentai-nos na esperança.
Senhor Jesus, assentai-nos convosco na glória do Pai.
Senhor Jesus, assentado à direita do Pai, sede a nossa paz.
Senhor Jesus, assentai-nos convosco na glória do Pai.
✠
Pequeno Ofício Carmelita composto das três Antífonas e ligado a Atos 2, 34-35, organizado e distribuído nas Horas principais do dia (Laudes, Vésperas e Completas).
Pequeno Ofício de Cristo à Direita do Pai
Laudes – Manhã
Hino – Cristo à Direita do Pai.
No silêncio do alto Carmelo,
teu Espírito sopra em brisa leve,
e a alma se inclina, em adoração,
ao Rei que reina à direita do Pai.
Elias viu a nuvem pequenina,
prenúncio da chuva de vida;
nós vemos o Filho glorificado,
Senhor de Davi, vencedor da morte.
Ó Cristo, escabelo dos inimigos,
coloca sob teus pés nossas quedas;
transforma em degraus de vitória
as fraquezas que trazemos no peito.
Assenta-nos contigo na intimidade,
ensina-nos a orar no escondimento,
a esperar tua vinda gloriosa,
até que tudo se consuma no Amor.
Glória a Ti, Senhor exaltado,
que reinas com o Pai na eternidade,
no Espírito Santo que vivifica,
agora e pelos séculos dos séculos. Amém.
Antífona: “O Senhor exaltou o Filho amado: sentado à direita do Pai, reina até que seus inimigos se prostrem a seus pés”.
Salmo 109(110)
Disse o Senhor ao meu Senhor: "Senta-te à minha direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés".
O Senhor estenderá o cetro do teu poder (do alto) de Sião: "Impera no meio dos teus inimigos!
Contigo está o principado, no dia do teu nascimento, entre os resplendores da santidade: antes da aurora, como orvalho, eu te gerei."
Jurou o Senhor, e não se arrependerá: “Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedec.”
O Senhor está à tua direita; esmagará os reis no dia da sua ira.
Julgará as nações, amontoará cadáveres; esmagará cabeças sobre um vasto campo.
Beberá da torrente no caminho, por isso levantará a sua cabeça.
Glória ao Pai.
Antífona: “O Senhor exaltou o Filho amado: sentado à direita do Pai, reina até que seus inimigos se prostrem a seus pés”.
Leitura breve: O trecho de Atos 2, 34-35 é a citação de São Pedro no discurso de Pentecostes:
"Pois Davi não subiu ao Céu, mas ele mesmo diz:
“O Senhor disse ao meu Senhor: Senta-te à minha direita,
até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés” (Sl 109(110), 1).
R. Graças a Deus!
Antífona do Benedictus: “Bendito seja o Senhor que exaltou o Filho amado: assenta-nos com Ele, para que sirvamos em santidade e justiça todos os nossos dias”.
Benedictus
"Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e resgatou o seu povo;
e
suscitou uma força para nos salvar, na casa de seu servo David,
conforme anunciou pela boca dos seus santos, de seus profetas, desde os tempos antigos;
que nos livraria de nossos inimigos, e das mãos de todos os que nos odeiam;
para exercer a sua misericórdia a favor de nossos pais, e lembrar-se da sua santa aliança,
segundo o juramento que fez a nosso pai Abraão, de nos conceder
que, livres das mãos dos nossos inimigos, o sirvamos sem temor,
(andando) diante dele com santidade e justiça, durante todos os dias da nossa vida.
E tu, menino, serás chamado o profeta do Altíssimo, porque irás adiante da face do Senhor, a preparar os seus caminhos;
para dar ao seu povo o conhecimento da salvação, pela remissão dos seus pecados,
graças à terna misericórdia do nosso Deus, que nos trará do alto a visita do sol nascente,
para
alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte; para dirigir os
nossos pés no caminho da paz."
Glória
ao Pai.
Antífona do Benedictus: “Bendito seja o Senhor que exaltou o Filho amado: assenta-nos com Ele, para que sirvamos em santidade e justiça todos os nossos dias”.
V. Ouvi, Senhor, a minha oração.
R. E chegue até Vós o meu clamor.
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Demos graças a Deus.
V. O Senhor nos abençoe, † nos livre de todo o mal e nos conduza a vida eterna.
R. Amém.
V. E que as almas dos fiéis defuntos, pela misericórdia de Deus descansem em paz.
R. Amém.
Vésperas – Tarde
Antífona: “Da nuvem pequenina do Carmelo nasceu Maria, e dela surgiu o Sol da justiça, Cristo glorificado à direita do Pai”.
Salmo 44(45) ou Cântico do Magnificat
Saiu do meu coração uma palavra sublime: eu dedico ao rei este meu poema; a minha língua é (como) pena de ágil escrivã.
Ultrapassas em formosura os filhos dos homens, a graça derramou-se nos teus lábios: por isso te abençoou Deus para sempre.
Cinge a tua espada ao teu lado, ó (rei) poderosíssimo, tua gala e teu ornato!
Avança triunfante em prol da fé e da justiça, e a tua destra te ensine gloriosas façanhas.
As tuas setas são agudas, os povos submetem-se a ti, os inimigos do rei perdem o ânimo.
O teu trono, ó Deus, subsistirá por todos os séculos; o cetro do teu reino é um cetro de equidade.
Amas a justiça e aborreces a iniquidade: por isso te ungiu Deus, o teu Deus, com óleo de alegria, de preferência aos teus companheiros.
(Perfume de) mirra, de aloés e cássia (exalam) as tuas vestes; dos palácios de marfim o som das cítaras te alegra.
Filhas de reis saem ao teu encontro, a rainha está à tua destra, ornada com ouro de Ofir.
Escuta, ó filha, e vê, inclina o teu ouvido, e esquece-te do teu povo e da casa de teu pai.
O rei desejará a tua beleza: ele é o teu Senhor, presta-lhe homenagem.
O povo de Tiro vem com presentes; o teu favor imploram os grandes do povo.
A filha do rei entra toda formosa; tecidos de ouro são os seus vestidos.
E apresentada ao rei coberta de recamadas vestes; as virgens que formam o seu séquito, suas companheiras, são-te conduzidas (ó rei).
São conduzidas com alegria e com regozijo, entram no palácio do rei.
Aos teus pais sucederão os teus filhos; estabelecê-los-ás príncipes sobre toda a terra.
Recordarei o teu nome por todas as gerações; por isso os povos te louvarão pelos séculos dos séculos.
Glória ao Pai.
Antífona: “Da nuvem pequenina do Carmelo nasceu Maria, e dela surgiu o Sol da justiça, Cristo glorificado à direita do Pai”.
Leitura breve: 1Cor 15, 24-25.
Depois será o fim, quando (Cristo) tiver entregado o reino a Deus Pai, quando tiver destruído todo o principado, dominação e poder.
Porque é necessário que ele reine, até que ponha todos os inimigos debaixo de seus pés (Ps. 109, 1).
R. Graças a Deus!
Antífona do Magnificat: “Minha alma engrandece o Senhor que elevou Maria, a nuvem do Carmelo, e nela fez nascer o Rei eterno, sentado à direita do Pai.”
Magnificat
"A minha alma glorifica o Senhor;
e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador,
porque lançou os olhos para a baixeza da sua serva. Portanto, eis que, de hoje em diante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada.
Porque o Todo-poderoso fez em mim grandes coisas, o seu nome é santo.
E a sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o temem.
Manifestou o poder do seu braço, dispersou os homens de coração soberbo.
Depôs do trono os poderosos, e elevou os humildes.
Encheu de bens os famintos, e despediu vazios os ricos.
Tomou cuidado de Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia;
Conforme tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua posteridade para sempre".
Glória ao Pai.
Antífona do Magnificat: “Minha alma engrandece o Senhor que elevou Maria, a nuvem do Carmelo, e nela fez nascer o Rei eterno, sentado à direita do Pai.”
V. Ouvi, Senhor, a minha oração.
R. E chegue até Vós o meu clamor.
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Demos graças a Deus.
V. O Senhor nos abençoe, † nos livre de todo o mal e nos conduza a vida eterna.
R. Amém.
V. E que as almas dos fiéis defuntos, pela misericórdia de Deus descansem em paz.
R. Amém.
Completas – Noite
Antífona: “Assentado à direita do Pai, Cristo espera até que tudo Lhe seja sujeito; e nós, em esperança vigilante, aguardamos ser glorificados com Ele”.
Salmo 90(91)
Bom é
louvar o Senhor, cantar salmos ao teu nome, ó Altíssimo:
anunciar pela manhã a tua misericórdia, e a tua fidelidade durante a noite.
com o saltério de dez cordas e a lira, com cântico ao som da cítara.
Em realidade me alegras, Senhor, com as tuas obras, eu exulto com as obras das tuas mãos.
Quão magníficas são, Senhor, as tuas obras! Quão profundos são os teus pensamentos!
O homem insensato não conhece, e o néscio não compreende estas coisas.
Embora os ímpios floresçam como a erva, e brilhem todos os que fazem o mal, estão destinados a eterno extermínio;
ao contrário, tu, Senhor, és eternamente excelso.
Pois eis que os teus inimigos, Senhor, eis que os teus inimigos perecerão: serão dispersados todos os que praticam o mal.
Exaltaste a minha força como a de um búfalo; ungiste-me com azeite puríssimo.
E os meus olhos olharam com desprezo para os meus inimigos, e os meus ouvidos ouviram alegres novas, acerca dos malignos que se levantam contra mim.
O
justo florescerá como a palma, como o cedro do Líbano crescerá.
Plantados (os justos) na casa do Senhor, florescerão nos átrios do nosso Deus.
Darão frutos mesmo na velhice, estarão cheios de selva e de vigor,
para anunciar quão recto é o Senhor, minha Rocha, e que não há nele iniquidade.
Glória ao Pai.
Antífona: “Assentado à direita do Pai, Cristo espera até que tudo Lhe seja sujeito; e nós, em esperança vigilante, aguardamos ser glorificados com Ele”.
Leitura breve: Ap. 22, 20.
O que dá testemunho destas coisas, diz:
“Sim, venho sem demora.” Amém.
Vem, Senhor Jesus.
Graças a Deus!
Antífona do Nunc Dimittis: “Guardai-nos, Senhor da vitória, Vós que estais à direita do Pai; na noite da espera sustentai-nos, até que vejamos vossa luz sem fim”.
Nunc Dimittis (Lc. 2, 29-32)
"Agora, Senhor, podes deixar partir o teu servo em paz, segundo a tua palavra;
porque os meus olhos viram a tua salvação,
a qual preparaste em favor de todos os povos;
luz para iluminar as nações, e glória de Israel, teu povo".
Glória ao Pai.
Antífona do Nunc Dimittis: “Guardai-nos, Senhor da vitória, Vós que estais à direita do Pai; na noite da espera sustentai-nos, até que vejamos vossa luz sem fim”.
Oração final
Senhor Jesus Cristo,
que fostes exaltado à direita do Pai
e recebestes o nome acima de todo nome,
acolhei-nos em vosso silêncio divino,
fortalecei-nos contra nossos inimigos
e fazei de nós templos vivos do vosso Espírito.
Assim como Elias contemplou no Carmelo
o sinal da nuvem pequenina,
concedei-nos ver, na fé,
a vitória da vossa Cruz
até o dia em que reinaremos convosco
na glória sem fim.
Vós que viveis e reinais com o Pai
na unidade do Espírito Santo,
pelos séculos dos séculos. Amém.
V. Ouvi, Senhor, a minha oração.
R. E chegue até Vós o meu clamor.
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Demos graças a Deus.
V. O Senhor nos abençoe, † nos livre de todo o mal e nos conduza a vida eterna.
R. Amém.
V. E que as almas dos fiéis defuntos, pela misericórdia de Deus descansem em paz.
R. Amém.
✠
Assim, cada Hora do dia contempla o mistério sob uma faceta:
Manhã: Cristo exaltado na glória (força para o dia).
Tarde: Maria como nuvem fecunda do Carmelo (esperança no meio da luta).
Noite: Escatologia e vigilância (descanso na esperança da vinda final).
Com isso, o Pequeno Ofício de Cristo à Direita do Pai fica completo.
Assim, cada Hora do dia é selada com a contemplação do Cristo glorificado, em chave carmelita (silêncio, Maria como nuvem, esperança escatológica).
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