"Em nome de que,
poderemos excluir uma moça da classe das mulheres perdidas e de
seu convívio, se o seu proceder é igual ao delas, se abusa, como
elas, do coração dos jovens, se rivaliza com elas em
petulância e despudor, se manipula os mesmos venenos, enche as
mesmas taças, prepara a mesma cicuta?
Ela não diz, certamente: 'Vem, embriaguemo-nos de amor'(Prov. 7,
18), nem 'Perfumei a minha cama com mirra, aloés e cinamomo'(Prov.
7, 17). Oxalá fosse
realmente a tua cama, e não as tuas vestes e o teu corpo! As
mulheres perdidas escondem suas seduções na sua morada; tu, vais
por toda a parte armando ciladas, passeias pela praça pública dando
rédeas soltas à volúpia. Mas se nada disseste, se não proferiste
como a prostituta: 'Vem, embriaguemo-nos de amor', se não o fizeste
com os teus lábios, fizeste-o com as tuas atitudes; tua boca não
disse nada, mas teu andar falou; tua voz não chamou, mas teus olhos
chamaram com mais clareza que a voz.
Se, depois de teres
chamado, não te deste, não estás por isto isenta de culpa.
trata-se de uma fornicação de outra espécie. Permaneceste
pura corporalmente, mas não quanto à alma; a falta foi por ti
consumada inteiramente, senão pelos contatos carnais, pelo menos
pelos olhares. E, diz-me, por que chamas os passantes? Por que
acendes a chama do desejo? Como julgas estar pura de pecado, se és a
causa de que ele seja inteiramente cometido? Daquele que se
deixou levar pelas tuas artimanhas, fizeste um perfeito
adúltero; como, pois, se tua obra está maculada pelo
adultério, não serias tu mesma adúltera?"
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Fonte: São João Crisóstomo, "As Mulheres Consagradas a Deus não Devem habitar com homens, 1"; sermão coletado da obra "O Esplendor Cristão - São João Crisóstomo", Vol. I, Part. II, Cap. II − A Sensualidade, pp. 63-64, 1978, da Fundação S. João Crisóstomo, Rio de Janeiro, 1978.
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