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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

sábado, 16 de novembro de 2019

A Piedade na Vida da Mãe de Santa Teresinha


Santa Zélia Martin
e o Amor à Igreja,
e a Eficácia da Oração.1


A nossa Mãe tinha verdadeiro culto pela Igreja, pelo Papa e pelo Sacerdócio em geral. Afligia-se muito por saber que o Santo Padre estava exposto a perseguição e prisioneiro no Vaticano. Do mesmo modo, ficou sobressaltada quando lhe narraram os acontecimentos da Comuna de Paris com o massacre dos reféns. As suas orações pela Igreja e pela França eram então muito frequentes.

Nunca minha mãe criticava o Clero. Em nossa casa não se pensava sequer em falar dos defeitos dos Sacerdotes.

Como já disse, ela seguia à letra os Preceitos da Igreja. Evitava por isso, de comprar e de viajar ao Domingo. Tomava a peito o alívio da Igreja padecente e mandava celebrar Missas pelas Almas do Purgatório. À morte de seu Pai, encomendou imediatamente cento e cinquenta, propondo-se mandar dizer mais.

Quando faleceu sua irmã Maria Dositeia, apressou-se a enviar dinheiro à Visitação para que se mandassem dizer Missas o mais breve possível.

O seu amor pela Igreja levava-a a interessar-se pela Propagação da Fé, para a qual, de acordo com o nosso Pai, dava todos os anos uma esmola generosa. Todas as manifestações de Fé católica a faziam vibrar e os esforços da franco-maçonaria para descristianizar as almas em França, indignavam-na imensamente.

O seu grande desejo teria sido o de dar um Sacerdote ao Senhor, sobretudo um Missionário. Assim, qual não foi a sua alegria quando o seu primeiro Maria José Luís nasceu a 20 de Setembro de 1866! Escrevia ela “julgo completa a minha felicidade”, e dizia a nosso Pai, com admiração: “Oh, como são bem feitas as suas mãos! Como será bonito quando subir ao altar ou quando pregar!”. Pensava já no seu orgulho maternal, na alva em Ponto d’Alençon que havia de bordar para ele.

A criança morreu, e a Mamãe teve o pensamento de lhe pedir a cura de sua irmãzinha Helena, que sofria de uma otite resistente a todos os remédios. A sua petição foi imediatamente atendida como testemunham estas linhas dirigidas a sua cunhada, cinco anos mais tarde: “Um dia, vindo com ela do doutor, que nada me disse de bom, vendo a impotência de todos, tive a inspiração de me dirigir a meu pequeno José que morrera há cinco semanas. Tomo pois a pequena e mando-a rezar a seu irmãozinho. No dia seguinte, o ouvido estava perfeitamente curado. A purgação tinha passado imediatamente e a criança nunca mais sentiu nada. Obtive ainda várias outras graças, mas menos sensíveis que esta”.2

Depois da morte de seu primeiro filho, a nossa Mãe fez uma Novena a São José para ter um outro padrezinho. Nove meses mais tarde, dia a dia, realizou-se o seu desejo, mas para pouco depois perder também este filho querido.

Maria conta nas suas notas íntimas: “Quando a nossa Mãe me levava com Paulina à Visitação de Mans, no momento em que o comboio passava diante do cemitério, ela levantou-se para ver de longe o túmulo de seus anjinhos. Quando não estava ninguém na carruagem, rezava-lhes alto”.

Foi uma graça, obtida do Céu, que não é menor que a relatada mais acima, embora de outra ordem, mas da qual não viu os admiráveis efeitos. Em 1873, escreve às suas filhas mais velhas: “Conto que comungareis ambas em 8 de Dezembro, dia da Imaculada Conceição. Não vos esqueçais de rezar por Leônia”.3

Sabemos como terminou a vida desta criança e como os duros combates foram coroados de magnífica vitória…

Apesar das suas grandes decepções oferecidas a Deus com heroica conformidade à sua santíssima vontade, a nossa Mãe desejou, pelo menos, oferecer os seus filhos à vida religiosa. Lendo a biografia da senhora Acarie, cujas três filhas entraram para o Carmelo, ela deixou escapar este grito de entusiasmo: “Todas as suas filhas Carmelitas! É possível que uma Mãe tenha honra tão grande?”.

Contudo, ela abstinha-se de exercer neste sentido pressões indiscretas, mas criava, em casa, um clima, ao mesmo tempo de piedade e de respeito por tudo o que se referia a Deus. As almas eram espontaneamente orientadas para Ele.

Com Paulina, sua íntima, ela falava disso muitas vezes, confidencialmente, como a uma superiora. Esta recorda-se sempre de suas conversas sobre a coroa branca reservada só às virgens que, seguirão o Cordeiro para onde quer que Ele vá, cantando um cântico novo que as outras não poderão cantar”.4

A nossa Mãe tendo pensado um instante que Maria seria religiosa, abre-se a Paulina e escreve-lhe: “… Não lhe digas isso. Ela julgaria que o desejo e na verdade não o desejo, se não for a vontade de Deus. Ficarei satisfeita contanto que siga a vocação que Ele lhe der”.5

Uma carta, a sua cunhada, faz-nos penetrar a fundo os seus sentimentos acerca disso: “… Apesar do meu vivo desejo de as dar a Deus, se Ele mo pedir, desde agora, estes dois sacrifícios faço-os da melhor vontade, mas não sem custo!”.6

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1A Mãe de Santa Teresa do Menino Jesus, pela Irmã Genoveva da Sagrada Face e de Santa Teresa, O.C.D., Cap. I, pp. 61-65. Tradução Portuguesa do Prof. Bret Júnior, Livraria Apostolado da Imprensa, Porto, 1960.
2Carta de 17 de Outubro de 1871.
3Carta de 30 de Novembro de 1873.
4Apoc. XIV, 3-4.
5Carta de 5 de Dezembro de 1875.
6Carta de 9 de Julho de 1876.

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