Pensamentos
Escolhidos do Cura d’Ars
Deus
dirá aos réprobos: Ide, malditos!…
– Amaldiçoados
por Deus! Ah! Que horrível desgraça! Compreendeis, meus filhos?
Amaldiçoados por Deus!… por Deus que só sabe abençoar!
Amaldiçoados por Deus, que é todo amor! Amaldiçoados por Deus, que
é a própria bondade! Amaldiçoados sem remissão! Amaldiçoados
para sempre! Amaldiçoados por Deus!…
Quando
nos cansarmos dos nossos exercícios de piedade e quando a
conversação com Deus nos aborrecer, vamos à porta do Inferno,
vejamos aqueles pobres condenados que não podem mais amar a Deus.
Se
um condenado pudesse dizer uma só vez: “Meu Deus, amo-Vos!”,
não mais haveria Inferno para ele… Mas, ai! Essa pobre
alma! Essa pobre alma perdeu o poder de amar que havia recebido, e de
que não soube servir-se. O coração dela está seco como a uva
quando passou pelo lagar. Não há mais felicidade nessa alma, não
há mais paz, porque não há mais amor!
Os
condenados serão envolvidos pela cólera de Deus, como o peixe na
água.
Há
uns que perdem a fé e só veem o Inferno ao entrarem nele… Bem se
crê que há um Inferno, mas vive-se como se o não houvesse;
vende-se a própria alma por algumas moedas.
Não
é Deus quem os condena, somos nós que nos condenamos pelos nossos
pecados. Os condenados não acusam a Deus, acusam-se a si mesmos;
dizem: “Perdi Deus, minha alma e o Céu, por minha
culpa!”.
Por
um Instante de Prazer,
uma
Eternidade de Suplícios!
Meus
filhos, nós temos medo da morte… bem o creio! O pecado é que nos
faz ter medo da morte; o pecado é que torna a morte horrenda,
espantosa; o pecado é que assusta o mau na hora do terrível
trânsito. Ai! Meu Deus! Realmente, há bem de que ficar assustado…
Pensar que se é amaldiçoado! E amaldiçoado por Deus!… isto faz
tremer… Amaldiçoado por Deus! E por quê? Por que é que os homens
se expõem a ser amaldiçoados por Deus? Por uma blasfêmia, por um
mau pensamento, por uma garrafa de vinho, por dois minutos de
prazer!… Por dois minutos
de prazer perdem Deus, sua alma, o Céu para sempre!… Veremos subir
ao Céu em corpo e alma esse pai, essa mãe, essa irmã, esse vizinho
que estavam lá perto de nós, com
os quais vivíamos, mas a quem não imitamos; ao passo que nós
desceremos em corpo e alma ao Inferno para ali ardermos. Os Demônios
rolar-se-ão sobre nós. Todos aqueles cujos conselhos houvermos
seguido virão atormentar-nos.
Meus
filhos, se vísseis um homem armar uma grande fogueira, empilhar
gravetos uns sobre os outros, e se, perguntando-lhe o que ele estava
fazendo, ele vos respondesse: “Estou preparando o fogo
que me deve queimar”, que
pensaríeis? E, se vísseis esse mesmo homem aproximar a chama da
fogueira, e, uma vez esta acesa, precipitar-se-lhe dentro… que
direis?… Cometendo o pecado, é assim que fazemos. Não é Deus
quem nos lança no Inferno, somos nós que nos lançamos nele pelos
nossos pecados. O condenado dirá: “Perdi Deus, minha
alma e o Céu: foi por minha culpa, por minha culpa, por minha máxima
culpa!…” E elevar-se-á do
braseiro para tornar a cair nele…
Não,
realmente, se os pecadores pensassem na eternidade, nesse terrível
sempre!…
converter-se-iam incontinente… Há mais de seis mil anos que Caim
está no Inferno, e apenas ali acabou de entrar.
_____________________
Fonte:
Rev.
Pe. Alfredo Monnin, “Florinhas de Ars”, Caps.
VII-VIII,
pp. 49-54.
Coleção Popular de Formação Espiritual, Editora Vozes Ltda.,
Petrópolis/RJ, 1952.
Nenhum comentário:
Postar um comentário