Pensamentos
Escolhidos do Cura d’Ars
Quer
se queira quer não, é preciso sofrer. Há pessoas que sofrem como o
bom ladrão, e outras como o mau. Ambos sofriam igualmente. Mas um
soube tornar meritórios os seus sofrimentos; e o outro expirou no
desespero mais horrendo.
Há duas maneiras de sofrer: sofrer amando e sofrer sem amar. Os Santos
sofriam tudo com paciência, alegria e perseverança, porque amavam.
Nós sofremos com cólera, despeito e lassidão, porque não amamos.
Se amássemos a Deus, sentir-nos-íamos felizes de poder sofrer por
amor d’Aquele que se dignou de sofrer por nós.
No
caminho da cruz, vede, meus filhos, só o primeiro passo é que
custa. O temor das cruzes é que, é a nossa maior cruz…
Não
temos a coragem de carregar a nossa cruz, e bem errados andamos;
porquanto, façamos o que fizermos, a cruz nos alcança, não podemos
escapar-lhe.
Que
temos a perder? Por que não amarmos as nossas cruzes e não nos
servirmos delas para irmos para o Céu?… Mas, ao contrário, a
maioria dos homens voltam as costas às cruzes, e fogem diante delas.
Quanto mais eles correm, tanto mais a cruz os persegue, tanto mais os
fere e os esmaga de pesos…
Se
Deus Nosso Senhor nos envia cruzes, nós nos agastamos, nos
queixamos, murmuramos; somos tão inimigos de tudo o que nos
contraria, que quereríamos estar sempre numa caixa de algodão; mas
numa caixa de espinhos é que deveríamos nos meter.
É
pela cruz que se vai para o Céu. As doenças, as tentações, as
penas são outras tantas cruzes que nos conduzem ao Céu. Tudo isso
em breve terá passado… Vede os Santos que lá chegaram antes de
nós… Deus Nosso Senhor não pede de nós o martírio do corpo,
pede-nos somente o martírio do coração e da vontade… Nosso
Senhor é o nosso modelo; tomemos a nossa cruz e sigamo-lO. Façamos
ainda como os soldados de Napoleão. Era preciso atravessar uma ponte
sobre a qual caia incessante metralha; ninguém ousava passar.
Napoleão pegou a bandeira e marchou em primeiro.
Façamos
assim também; sigamos Nosso Senhor, que marchou em primeiro.
A
cruz é a escada do Céu. Como é consolador sofrer sob os olhos de
Deus, e poder dizer a si mesmo, à noite, por ocasião do exame de
consciência: “Ela, minha alma! Tiveste hoje duas ou três horas
de semelhança com Jesus Cristo: foste flagelada, coroada de
espinhos, crucificada com Ele?...”
Oh! Que tesouro para a morte! Como é bom morrer quando se viveu na
cruz!
Se
alguém vos dissesse: “Eu quereria ficar rico; que devo
fazer?”, de certo lhe
responderíeis: “Deveis trabalhar”.
Pois bem! Para ir para o Céu é preciso sofrer.
Sofrer!
Que importa? É só um momento. Se pudéssemos ir passar oito dias no
Céu, compreenderíamos o preço desse momento de sofrimento. Então
já não acharíamos cruz bastante pesada, provação bastante
amarga…
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Fonte:
Rev.
Pe. Alfredo Monnin, “Florinhas
de Ars”,
Cap. XXIII, pp. 76-78. Coleção Popular de Formação Espiritual,
Editora Vozes Ltda., Petrópolis/RJ, 1952.
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