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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

A EUCARISTIA – BOSSUET. 3


3ª Meditação


Tendo Jesus Cristo comido a Páscoa conosco,

devemos comê-la com Ele: é o único meio

de pensarmos em Deus,

de nos revestirmos de

Nosso Senhor e de

vivermos no Céu.


Jesus, que nos instituiu um Batismo, quis antes de tudo recebê-Lo conosco. Ele é nosso Chefe, compreendamo-Lo bem; pois é este o grande Mistério da nossa Salvação. Ele é no Chefe, e o que é feito para nós Ele próprio o toma. Inicia em Sua Pessoa o uso da Eucaristia. Quando é batizado, somos batizados Nele; recebemos também Nele a Eucaristia que Ele recebe. Não devemos, pois, duvidar de que, instituindo-a, Ele a receba; não devemos, digo, duvidar de que Ele tenha comido o que apresentou aos Seus Discípulos.

Como então, teria Ele comido a própria Carne? Isto faz horror. Homem carnal! Que receais? E nunca cessareis de escutar os vossos sentidos? Ignorais o poder Daquele que Vos fala? Se Ele próprio se dá a comer aos Seus, de um modo que, longe de lhes fazer horror, lhes inspira confiança, respeito e amor, quem duvidará de que Ele possa ter-se comido desse modo? Sem o que, não teria dito: Desejei com ardor comer convosco esta Páscoa. Ora, essa Páscoa, esse cordeiro pascoal, vimos que era o Seu próprio Corpo. Come-o Ele, pois, de maneira tão real, e conjuntamente tão elevada acima dos sentidos, quanto no-lo dá, e é essa a sua Páscoa e a nossa, é a sua passagem e a nossa. Vou-me, diz Ele, subo para meu Pai e para o vosso, para meu Deus e para o vosso. Subo para Ele porque Ele é meu Pai e meu Deus; a Ele subireis também Comigo, porque Ele é, posto que de outro modo, vosso Pai e vosso Deus. Temos, pois, vós e Eu, que efetuar essa passagem, em que passamos do mundo a Deus.

Mas quando Jesus volta a Deus, volta ao seio de seu Pai, ao lugar da sua origem, ao seu lugar natal, por assim dizer, onde está sempre, e que nunca pode deixar; torna ao seu próprio bem, à própria glória; torna de alguma sorte a Si próprio; vive de Si próprio. A vida estava Nele, como estava no Pai; Ele próprio é a vida; é a nossa; é a sua; é a nossa, e nós precisamos comê-Lo; é a sua, e Ele só precisa, por assim falar, de se comer a Si próprio. É o Mistério que Ele cumpre por essa Páscoa que Ele tanto desejava comer com seus Discípulos. Comemo-Lo, vivemos Dele; Ele se come, vive de Si próprio, e volta a seu Pai, para gozar em seu seio dessa vida; e é por isto que Ele acrescenta: “Digo-vos em verdade, que não comerei desta Páscoa tão desejada até que o Mistério dela se cumpra no reino de Deus”. Nesse bem-aventurado reino, minha páscoa será cumprida, porque terei passado do mundo a meu Pai. Porém, minha Páscoa é também a vossa; e porque Sou Vosso Chefe, e vós sois meus membros, cumpre que façais a mesma passagem. Comei, pois, a Vítima da passagem, comei o meu Corpo, e passai a Deus Comigo; começai a passar-lhe em espírito; passareis a Ele um dia em pessoa e segundo o corpo, quando ressuscitardes pela virtude do meu Corpo, que terá santificado o vosso. Então a Páscoa será cumprida em vós como o vai ser em Mim; passareis à minha glória; vosso corpo a ela passará como vossa alma, e será revestido de imortalidade; e todos juntos, Chefe e membros, gozaremos da glória e da felicidade da nossa passagem, e nada mais haverá a desejar para o perfeito cumprimento da nossa Páscoa. Celebremos-lhe, pois, nesse ínterim, o sagrado símbolo na Eucaristia, e comamos com Jesus Cristo a Páscoa tão desejada.

Meu Salvador, por quantos prodígios assinalais aí o Vosso amor para conosco! Sois Vós que nos dais esse sagrado banquete. Sois a vianda que nele se come: Sois Aquele que a come, visto como são Vossos membros os que a comem, quer dizer, são outros Vós mesmo.

Enchamo-nos, pois, de Jesus Cristo: somos-lhe unidos nesse banquete corpo a corpo, alma a alma, espírito a espírito. Quem é digno dessa união senão aquele que pode dizer com o Apóstolo: “Vivo, já não sou eu; mas Jesus Cristo vive em mim”? Aquele que já é de alguma forma um Jesus Cristo, para vir a sê-lo ainda mais unindo-se a Ele? Nada mais de humano haja, pois, em nós. Revistamo-nos, como diz São Paulo, de Nosso Senhor Jesus Cristo, da sua paciência, do seu zelo, da sua imensa caridade; só respiremos o Céu, onde Jesus Cristo está sentado à direita de seu Pai. Só o nosso corpo esteja na terra, porém nós, vivamos no Céu, como sendo cidadãos dele.

Sejamos famintos de Jesus Cristo, do seu reino, da sua justiça, pois Ele também é faminto de nós; deseja com grande desejo comer conosco essa Páscoa, unir-nos a Si, e agir incessantemente sobre nós e em nós pelo seu Espírito, para tornar-nos cada vez mais conformes a Si, até que, pondo-nos inteiramente Consigo, lhe sejamos totalmente semelhantes, vendo-O face a face, e tal qual Ele é. E é esta a Páscoa que Ele realizará no reino de Deus, no texto que meditamos. Amém! Amém!


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Fonte: Jacques-Bénigne Bossuet, Bispo de Meaux, “Meditações sobre o Evangelho” – Opúsculo Eucaristia”, Cap. III, pp. 19-23. Coleção Boa Imprensa, Livraria Boa Imprensa, Rio de Janeiro/RJ, 1942.


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