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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Ansiosos Desejos de Padecer por Cristo.


Ansiosos Desejos de Padecer por Cristo


Ah meu Deus! Exclama com voz ardente a minha alma. Oh boa Cruz! Oh doce padecer! Quando serei eu digna de te conseguir, de te abraçar, de estar em ti pendente? Oh doce amor! Eis aqui como nos olhos de tua serva1 já não é Cruz a mesma Cruz: porque a Cruz para o seu coração é ramalhete de flores perfumadas. Ah coração meu! Que com abrasados desejos a procura, a deseja, a suspira, e solicita, e não se vê satisfeito das doçuras que derrama, por mais que entre seus braços a aperta. A ti, dulcíssimo Esposo meu, voa a alma transportada nas ânsias do padecer, e ser Contigo crucificada; porém, não acha o padecer, porque a Tua seta, que está em meu coração atravessada, tem privado o padecer do mesmo padecer, e me faz morrer enferma, e desfalecida dos sobejos de penar; porque martirizando-me com doce e fogosíssimo amor, me faz enfermar e desfalecer. Oh doce Cruz! A ti me converto, contigo falo, a ti me queixo. Ai de mim! Dize-me, quando me oferecerás sacrificada e morta ao Rei da Glória, a quem perdendo em ti a vida, serviste de trono para entrar na possessão do seu Reino? Ouvi-me, pois, ó Cruz doce e preciosa: se tão tarde te conheci, se tão tarde te desejei, agora mais ansiosamente cobiço o desfalecer em teus braços, ou enfermar abraçando-te nos meus. Só tu podes confortar a minha vida; porque só tu podes vivificar-me estando eu morta. Oh doce Cruz? Em meu coração te entranho e aperto, contigo me regalo; porque enamorada de tua incrível formosura, desejo permanecer em ti crucificada eternamente. Vês aqui, como com os cravos de meu amor dulcíssimo, encravo em ti, não só meus braços, mas o meu coração todo. Mas ai de mim! Que são tão doces, tão amáveis e tão preciosos para mim os gozos, que em ti sinto quando te acho; que me privam das doçuras dos teus tormentos, que são as que ansiosamente solicito. Porque escondendo meu Senhor tua dureza e aspereza em seu amor ardentíssimo, e havendo apagado em ti o meu opróbrio, ao rasgar a escritura da escravidão, a que me condenou meu pecado, não te encontro já, senão deliciosa cama do meu Esposo, doce suavidade e preciosidade do meu coração, coroa preciosa de minha cabeça. Com que, imaginando achar em ti um puro padecer, que é o meu desejo; não te acho senão alimento do meu amor tão saboroso, como estimável; porque em ti, ó doce Cruz, o padecer se tem convertido em gozar.


Fonte: Ven. Pe. Manuel Bernardes, Oratoriano, “Luz e Calor” – Obra Espiritual para os que Tratam do Exercício de Virtudes e Caminho de Perfeição, 2ª Parte, Opúsculo IV, Solilóquio XVII, p. 442. Nova Edição, Lisboa, 1871.


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1.  São da V. M. Soror Maria Villani, como se lê na sua vida, lib. 1. c. 36.



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