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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

terça-feira, 15 de setembro de 2020

FESTA DE NOSSA SENHORA DAS DORES.


(15 de Setembro)


Há duas festas das Dores de Maria. Uma que foi instituída em Colônia, durante o século XV, por um piedoso Arcebispo, Tierri de Meurs, a fim de reparar os ultrajes praticados pelos hereges Hussitas1 contra as imagens da Santíssima Virgem, é celebrada na Sexta-feira da semana da Paixão. Mais adiante, o Papa Bento XIII decretou que ela fosse inscrita no Catálogo das Festas litúrgicas, para todo o mundo católico, sob o título de Festa das Sete Dores de Maria.

Foi a 22 de agosto de 1727. Porém, esta festa vem de mais longe. Conta uma antiga tradição, que na terrível manhã de Sexta-feira Santa, Maria, afastada do Seu divino Filho por causa do tumulto da cidade, O voltara a encontrar na encosta do Calvário, coberto de Sangue e pó, coroada a fronte de espinhos e acabrunhado ao peso da Cruz, fúnebre instrumento do Seu suplício. Ao vê-lO em tão lastimoso estado, o Coração da Virgem partiu-se de dor; desfaleceu como Jesus no Jardim das Oliveiras e caiu por terra sob o peso de um espasmo doloroso e terrível, do qual se libertou para ir ao Calvário dizer generosamente como o Salvador: “Levantai-vos e vamos daqui, Surgite, eamus hinc!”.

Este fato da vida de Nossa Senhora foi honrado por uma festa, conhecida com diversos nomes: Nossa Senhora da Piedade, a Compaixão de Nossa Senhora, e depois, sobretudo com o decreto de Bento XIII, Nossa Senhora das Dores. Esta última designação deriva do fato de nesta Solenidade se memorar, não só a aflição particular a que nos vimos referindo, mas também todos os sofrimentos de Maria, os quais se conglobam em sete principais, a saber: a profecia de Simeão, a fuga para o Egito, a perda de Jesus no templo, o levantamento da Cruz, a crucificação, a descida da Cruz e a sepultura. Fundou-se uma Ordem religiosa, a dos Servos de Maria,2 que teve, por fim, principal honrar as Dores desta divina Mãe. Os Sete Fundadores tomaram sobre si este encargo, honrando cada um uma dor em especial; e para tornar mais sensível a sua devoção, representaram a Virgem na atitude da Dor, tendo transpassado o Coração por Sete Espadas.

A segunda festa da Compaixão ou das Dores de Maria, tem uma origem mais recente. Instituiu-a Pio VII, em 1814; fixou-a no Terceiro Domingo de Setembro.

Estabeleceu esta festa em memória das dores imensas em que estivera submersa a sua alma, quando, numa perseguição sem exemplo nos anais eclesiásticos, fora arrancado de Roma, sua Capital, pelo poderoso Imperador Napoleão, internado na Savana e em Fontainebleau e separado de algum modo da Igreja, que já não podia governar livremente.

Se a autoridade eclesiástica excita os nossos espíritos e corações a venerar as Dores da Santíssima Virgem, é que esta devoção é gratíssima a Maria, seguríssima nas suas bases, e fecundíssima nos seus frutos de salvação. Com efeito, segundo um célebre panegirista das glórias de Maria, Marchère, Nosso Senhor prometera à Santíssima Virgem, segundo uma revelação feita por São João Evangelista, para aqueles que desejarem compartilhar as Dores de Sua Mãe: uma contrição perfeita dos seus pecados antes de morrer, uma proteção especial na hora precisa do transpasse, a assistência particular da Rainha dos Céus nos seus derradeiros instantes. Santa Brígida conta nas suas Revelações, que numa visão, havida em Santa Maria Maior, em Roma, lhe foi mostrado quão grande apreço o Céu ligava à meditação das Dores de Maria. Gianius, na história dos Servos, narra que o Papa Inocêncio IV, tendo qualquer desconfiança acerca da nova Ordem dos Servos, encarregou São Pedro, o Mártir, de inquirir se eles possuíam perfeita integridade de fé. A Santíssima Virgem apareceu ao religioso numa visão. São Pedro viu um monte elevado, coberto de flores e iluminado por uma viva luz. No cume, Maria estava sentada sobre um trono de glória; e os Anjos traziam diante d’Ela grinaldas de flores. Apresentaram-Lhe em seguida sete açucenas, que Ela colocou por momentos sobre o Coração, e em seguida teceu em forma de diadema sobre a Sua cabeça. As sete açucenas, segundo a explicação que a Virgem deu a Pedro, eram os Sete Fundadores dos Servos, aos quais Ela mesmo inspirara o pensamento de instituir a nova Ordem, em honra dos sofrimentos que suportara na Paixão e Morte de Jesus.

Atualmente celebra-se esta festa a 15 de Setembro.




Sequência
(Stabat Mater Dolorósa)

Estava a Mãe dolorosa
Ao pé da Cruz lacrimosa
E o Filho pendente dela.
Dura espada lhe rasgava
A alma pura, e Lha ensopava
Com dor, tristeza e gemidos.
Oh! Quão triste, quão aflita
Foi a donzela bendita,
Mãe do Unigênito Filho.
Dor e angústia a possuía,
E toda trêmula via
As penas do ínclito Filho.
Que homem ali, não choraria,
Se a Mãe do Cristo observasse
Padecendo tal suplício!

Que peito não se partiria,
Quando a Mãe piedosa visse
O Seu Filho suspirando!

Porque o povo delinquiu,
Jesus em tormentos viu
Sofrendo cruéis flagelos.
Viu o Filho seu amado,
Morrendo desamparado,
Lançar o espírito extremo.
Eia, Mãe, fonte de amores,
Fazei que estas fortes dores
Eu sinta e conVosco chore.
Fazei que a alma se me inflame
Porque a Cristo-Deus só ame,
E só busque o seu agrado.
Santa Mãe, isto Vos peço,
Fique o peito bem impresso
Das chagas do Crucifixo.
De Vosso Filho chagado,
O que por mim se há dignado
Sofrer, reparti comigo.
Fazei-me, enquanto viver,
Com o meu Jesus condoer,
ConVosco chorar deveras.
Junto à Cruz conVosco estar,
Vosso pranto acompanhar
Unicamente desejo.
Virgem das Virgens preclara,
Não sejais comigo avara,
Fazei-me chorar conVosco.
Fazei que eu seja consorte
Das chagas, Paixão e morte
De Cristo, e que em mim se vejam.
Fazei-me delas chagado,
Desta Cruz embriagado,
Por amor do doce Filho.
Para que a chama não me queime,
Doce Virgem defendei-me
No derradeiro Juízo.
Ao sair do corpo esta alma,
Dai-me da vitória a palma
Por Vossa Mãe, ó Jesus.
Quando a morte me levar,
Fazei que a alma vá gozar
A glória do Paraíso.
Amém.


Oremos: Ó Deus, em cuja Paixão, uma espada de dor varou, conforme o predissera Simeão, a Alma santíssima de Maria Virgem e Mãe, fazei por Vossa misericórdia que, celebrando as dores da acerba transfixação que sofreu, logremos, por Seus merecimentos e pelos de todos os Santos que rodeiam fielmente a Cruz, recolher os ditosos frutos da Vossa Paixão. Vós que viveis e reinais por todos os séculos dos séculos. Amém.


_____________________

Fonte: Pe. Croiset, “Ano Cristão”, traduzido do Francês pelo Pe. Matos Soares, Vol. IX, 15 de Setembro, pp. 183-184. Tip. “Porto Médico”, Ltda. Porto, 1923.

1.  Movimento revolucionário do herege teólogo João Huss, condenado com suas heresias pelo Concílio de Constança, em 1415. Huss manteve uma posição muito crítica perante o poder eclesiástico, posições muito próximas às de John Wyclif e os Valdenses (hereges), opiniões que influenciaram Martinho Lutero (heresiarca).

2.  Os Servitas.



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