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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

sábado, 13 de março de 2021

MARIA, ANTES DOS ESPONSAIS COM SÃO JOSÉ.


Enquanto São José vivia no recolhimento, entregue ao trabalho e a oração, vivia em Nazaré uma parente sua, provavelmente prima, chamada Maria. Era filha única de São Joaquim e de Sant’Ana e constituía toda a sua consolação.

O nome de Maria significa: Virgem, Senhora, Rainha; e verdadeiramente, a Mãe de Deus é uma Senhora e grande Rainha, diante da qual prostram-se reverentes o Céu e a terra. E o Inferno treme ao ouvir esse nome poderoso.

Diz São Jerônimo que, “Maria significa Estrela do Mar”. Os Santos explicam tal significado comparando Maria à estrela que guia os navegantes, através do mar, pela noite escura, estrela que guia os cristãos ao porto da salvação eterna. Seguir essa estrela significa viver a vida de Maria seguindo-lhe os exemplos.

Outro significado de Maria é: Mar, lugar imenso onde se reúnem todas as águas da terra; na verdade, Maria reúne em Si todos os dons de virtude e de graça, distribuídos pelas outras criaturas: homens, Anjos, Patriarcas, Profetas, Apóstolos, Mártires, Confessores e Virgens. Diz São Bernardo: “Assim como no mar se reúnem todas as águas do globo, assim em Maria entrou toda graça; e como a terra que de modo algum se comunica com o mar, permanece árida e sem frutos, assim as almas que se afastam da proteção da Virgem, não têm força para produzir frutos de vida eterna”.

Dizia Santo Antônio de Pádua: “O nome desta Virgem Mãe, é alegria para o coração, mel para os lábios, melodia para os ouvidos de seus devotos”.

São Bernardo, o grande devoto de Maria, assim escreveu a respeito do nome da Virgem Mãe de Deus: O nome de Maria foi sempre invocado pelos cristãos em todos os perigos da vida, nas lágrimas e na alegria, nos dias de luta e de paz, nas batalhas e após as vitórias, e foi sempre auxílio e conforto, especialmente na hora da morte”.

O nome de Maria é júbilo no Céu, paz e esperança para os seus devotos, terror para o Inferno e para os inimigos do povo cristão.

A pequena Maria vivia em uma casinha em Nazaré, e formava a alegria de seus pais, que a contemplavam e consideravam como um verdadeiro dom do Senhor, tanto mais quanto a menina, através da singular beleza do semblante, deixava transparecer a maior beleza da alma imaculada, revestida por Deus com todos os dons, virtudes e graças.

Maria contava três anos apenas, quando seus pais, para cumprirem um voto, feito ao Senhor, de consagrar a Seu serviço a prole, se a tivessem, conduziram-Na ao Templo de Jerusalém.

Em Jerusalém, junto ao Templo, havia um Colégio de meninas hebreias, que serviam ao Senhor e faziam voto temporário de conservar a virgindade. Viviam retiradas e sob a direção de mestras experimentadas; ocupavam-se em trabalho adequados à sua idade e passavam parte do dia no Templo assistindo aos sacrifícios, cantando salmos e louvores ao Senhor.

Contam Santo André de Creta e São Jorge de Nicomédia que, ao entrar Maria no Templo, abria-lhe alas uma multidão de Anjos, atirando diante Dela flores cheias de fragrâncias, solenizando sua chegada ao Templo com harmoniosas melodias.

Maria permaneceu no retiro do Templo até os quinze anos, aproximadamente. Cada dia, crescia em saber, em graça, e, ao primeiro sacrifício feito ao Senhor pela dolorosa separação de seus pais à porta do Templo, acrescentara uma longa cadeia de obséquios, feita de obediência, de mortificações, de preces e bons exemplos, pois com a sua inteligência sabia recolher perfumadas flores de virtude em todo lugar para onde A chamava a obediência.

As pias senhoras que dirigiam a educação das meninas, encontraram em Maria os sinais de uma criatura privilegiada; receberam-Na com amor, educaram-Na com cuidado e, se soubessem a que altíssima missão Deus A preparava, ter-se-iam sentido mais que orgulhosas de tê-La entre as suas discípulas, te-La-iam observado com mais atenção no cumprimento de seus deveres, no santo recolhimento da oração.

Passava as primeiras horas da manhã com suas companheiras no Templo, e, enquanto ardia no altar a vítima do sacrifício, suplicava ao Senhor, com insistentes preces, enviasse o Messias prometido.

Estava completamente abismada na graça que o Senhor Lhe fizera ao conduzi-La como esposa ao Templo a Ele consagrado e mostrou-se reconhecida, oferecendo-se toda a Ele, mente e coração, alma e corpo, e tanto se inflamou no amor divino que sua alma se achava inebriada de luz e consolação.

Elevando seu pensamento a coisas puramente celestes, Maria compreendeu uma verdade que o mundo ignorava, antes calcava aos pés, e prelibando-lhe o altíssimo mérito e valor, consagrou a Deus a própria virgindade, o próprio corpo e a própria vida, elevando-se com este grande sacrifício acima da natureza humana, para unir-se ao Senhor com o mais estreito vínculo, possível a uma criatura.

Afirma o Abade Ruperto, que Maria foi a primeira a fazer o voto de virgindade e será, por esta razão, através dos séculos, a guia de uma inumerável multidão de virgens que, em todos os tempos e em todas as partes do mundo, acharão o meio de satisfazer o amor ardente do coração, consagrando-se, como esposas, ao Senhor, e unindo-se a Ele com vínculos que não poderão ser quebrados nem pelos tormentos do martírio, nem pela própria morte, pois também no Céu seguirão o Esposo, o Cordeiro divino, cantando o hino reservado às virgens.

Muitos pintores cristãos gostam de representar Sant’Ana colocando diante da pequenina Maria o livro da Sagrada Escritura. E podemos crer que Maria começou, desde os primeiros anos, a compreender as verdades contidas nesse livro, formando depois, no Retiro do Templo, de seu estudo a ocupação predileta e tendo a tal respeito tão perfeito conhecimento, também das passagens referente à próxima vinda do Messias, a ponto de sentir-Se abrasada pelo desejo de viver no tempo de seu aparecimento na terra. E, enquanto todas as jovens da casa de Judá tanto desejavam receber de Deus a honra elevadíssima de se tornar Mãe do Messias, que consideravam uma desonra não terem filhos, Maria, em sua humildade, não se julgava digna de ser a preferida, e desejava apenas servir Aquela que houvesse de ser a Mãe de Deus.

Eis o belíssimo retrato de Maria, feito por Santo Ambrósio: “Maria, como no corpo, era virgem no pensamento e nenhum afeto desordenado ofuscava seu amor a Deus. Era humilde de coração, grave nas palavras, prudente no falar, ávida de ler as Sagradas Escrituras, e encerrava toda a sua esperança na oração e na virtude. Atenta ao trabalho, modesta no dizer; não ofendia a ninguém, respeitava os superiores, não tinha invejas, fugia das vaidades. Seu olhar era sempre límpido, nada de rude nas palavras, nada de negligente nas ações; seu gesto conveniente, tranquilo o caminhar, comedida a voz, o porte externo de sua pessoa era sinal da modéstia da alma, que aparecia através dos traços corporais. Multiplicava os jejuns e, quando tomava alimento, era este muito comum, de modo a sustentar as forças sem satisfazer à gula. O repouso era regulado pela necessidade, e, se dormia o corpo, velava o espírito na visão do bem realizado e no desejo de realizar outro. Maria era um lucidíssimo espelho de pureza e castidade, um modelo perfeito de toda virtude”.

Rendamos graças ao Senhor por haver tão admiravelmente enriquecido de graças a Santíssima Virgem e por havê-La destinado a Esposa de São José. Que graças não terá Ela derramado no coração de São José; Nela teve o prêmio de sua bondade, de suas virtudes e de suas boas obras.


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Fonte: Rev. Pe. Tarcísio M. Ravina, da Pia Sociedade de São Paulo, São José – na Vida de Jesus Cristo, na Vida da Igreja, no Antigo Testamento, no Ensino dos Papas, na Devoção dos Fiéis e nas Manifestações Milagrosas;1ª Parte, pp. 21-26. Edições Paulinas, Recife, 1954.


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