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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

quinta-feira, 15 de abril de 2021

A Morte da Reformadora do Carmelo.


A 2 de Outubro, a Madre anunciou a Ana de São Bartolomeu que estava próxima a sua morte. Pediu o Santíssimo Sacramento. O Rev. Pe. Vigário Provincial, Antônio de Jesus, ouviu-lhe a confissão ajoelhado junto do leito. No fim suplicou-lhe:

Madre, pedi ao Senhor que não vos leve. Não nos deixeis tão depressa…

Ouviram-na responder:

Calai-vos, Padre! Sois vós que me falais dessa maneira? Já não sou necessária neste mundo.1

Agora que a sua obra estava terminada, deixava-se aniquilar pelo amor de Deus e pelo desejo que tinha de se encontrar com Ele.



As recomendações às suas filhas foram breves:


Minhas filhas e minhas senhoras, peço-vos pelo amor de Deus, que observeis bem a Regra e as Constituições: se as guardardes pontualmente não precisareis de mais nenhum milagre para serdes canonizadas. Não imiteis os maus exemplos que vos deu esta má Religiosa, e perdoai-me”.2

Não se reuniam aqui as suas virtudes preferidas: o amor, a humildade, a obediência, o trabalho?

Repetiu muitas vezes, com nitidez e majestade: “Senhor, sou filha da Igreja”.3

Estava tão mal que eram precisas duas Religiosas para a moverem na cama. Mas, quando viu entrar o Santíssimo Sacramento, ergueu-se dum salto e pôs-se de joelhos: o rosto inflamou-se-lhe de amor e alegria.

A última comunhão fez-lhe brotar dos lábios as derradeiras exclamações: “Meu Esposo e Senhor! Chegou a hora desejada. É hora de nos vermos, meu Amado, meu Senhor. É tempo de me pôr a caminho. Partamos, é a hora…”.4

Quando o Pe. Antônio de Jesus lhe perguntou se queria que lhe levassem o corpo para Ávila, esboçou um sorriso naqueles lábios que tanto haviam louvado a alegria como pregado a renúncia:



Jesus! Isso é coisa que se pergunte, meu Pai? Eu tenho alguma coisa que me pertença? Não me farão a esmola de me dar aqui um pouco de terra?.5

Toda a noite passou em beatitude extática, repetindo o versículo dum Salmo; ela, porém, que tantas vezes declarava não querer freiras latinistas, pronunciou-o na sua língua castelhana: “Um ânimo aflito é um sacrifício agradável ao Senhor… Meu Deus! Vós não desprezais um coração arrependido!”6

Voltava muitas vezes às palavras “coração arrependido” e parecia sentir prazer em as acentuar.

Na madrugada do dia seguinte, festa de São Francisco, deitou-se de lado, “na posição em que é representada Maria Madalena”; as Irmãs puderam-na contemplar: as rugas cavadas pela idade e pela doença haviam desaparecido; o rosto, transfigurado, estava tão calmo e luminoso “que parecia uma lua cheia”.7

As que a tinham visto em êxtase, afirmavam que estava na presença de Deus.

Só uma vez o seu se voltou para o mundo: o Pe. Antônio de Jesus acabava de ordenar a Ana de São Bartolomeu que fosse comer alguma coisa – havia vários dias que a pobre Religiosa não provava nem sono nem alimento. A Madre abriu os olhos inquietos e esforçou-se por voltar a cabeça como a procurar alguém. Teresita compreendeu e correu a chamar a Irmã de véu branco. Ao vê-la entrar, a Madre sossegou, pegou-lhe nas mãos e, com um sorriso que não mais se apagou, deitou a cabeça nos seus braços.



Foi assim, amparada por uma camponesa castelhana, que ela esperou o momento de ser arrebatada para além das Sétimas Moradas, pela “águia impetuosa da Majestade de Deus”.8 Emanava dela admirável perfume.

Expirou com três gemidos muito fracos, muito doces. O rosto de Teresa de Jesus conservou-se tão belo, na morte, tão resplandecente, “que se diria um sol deslumbrante”.9

A duquesa de Alba mandou cobrir com um pano dourado o corpo daquela que havia preferido viver vestida de burel.



Fonte: Marcelle Auclair, “Santa Teresa de Ávila – A Dama Errante de Deus”, V Parte, Cap. VI, pp. 451-453. Livraria Apostolado da Imprensa, Porto, 1959.


_____________________________

1.  MF (Maria de S. Francisco) ct (citado por) SEC (S. Teresa, edição crítica das suas obras, pelo P. Silvério de Santa Teresa) t. (Tomo) II p. (página) 242.

2.  MF ct SEC t. II p. 242

3.  Idem.

4.  Idem.

5.  Idem.

6.  Idem.

7.  Idem.

8.  SEC E (Exclamaciones) XIV.

9.  MF ct SEC t. I p. 243.


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