"Três outras aparições aconteceram ainda no próprio dia da Ressurreição, mas o texto sagrado nada fala sobre elas...
A terceira das aparições, sobre as quais os Evangelistas nada falam, deu-se à Virgem Maria. A Igreja romana parece aprovar essa opinião, já que a Estação litúrgica do dia de Páscoa ocorre na igreja de Santa Maria Maior. Se não concordarmos com tal ideia, tendo em vista que nenhum dos Evangelistas a menciona, isso significará que Cristo nunca apareceu à Virgem depois de ter ressuscitado. Mas descartamos a ideia de que tal mãe tenha sido assim negligenciada e desonrada por um Filho como Aquele. Os Evangelistas devem ter silenciado a esse respeito porque seu objetivo era fornecer testemunhos da Ressurreição, e não era conveniente que uma mãe fosse chamada a testemunhar por seu filho. Se o relato das outras mulheres que tinham ido ao sepulcro parecia devaneio, com mais razão se poderia dizer que a mãe estava delirando por amor ao filho, daí porque os Evangelistas não escreveram sobre o fato, considerando-o evidente. A primeira alegria da Ressurreição deve ter sido proporcionada à sua Mãe, que sofreu mais que ninguém com a morte do Filho, de forma que Ele, que consolava outras pessoas, não iria se esquecer de consolar sua Mãe. Esta é a opinião de Ambrósio na terceira parte de seu livro 'A Virgindade': 'A Mãe viu a Ressurreição e foi a primeira que viu e que acreditou, enquanto Maria Madalena viu mas não O reconheceu de imediato'.
Sedúlio falou assim dessa aparição de Cristo:
'A sempre Virgem espera, mais que ninguém, o amanhecer,
E a luz do Senhor aparece para a boa Mãe,
Testemunha de imensos milagres, canal de sua vinda ao mundo,
A primeira a saber que havia ressuscitado'."
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Fonte: Beato Jacopo de Varazze, O.P., "Legenda Áurea - Vida de Santos", Cap. 52 - A Ressurreição do Senhor, pp. 344-345. Companhia das Letras, São Paulo/SP, 2003.
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