O
que significam estas palavras
de São Paulo:
“E
assim mesmo o Espírito ajuda
também a nossa fraqueza;
porque
não sabemos
o que havemos de pedir,
como convém;
mas
o mesmo Espírito ora por nós
com gemidos inexplicáveis...”
(Rom.
8, 26-27).
Elas
querem significar
o Dom das Línguas?
Resposta
dos
Erros
Modernos
"Você
não imagina a importância dessa oração, o seu valor! Porque
não somos nós orando simplesmente. É o Espírito Santo orando em
nós! ... Quando você ora no Espírito, Ele está pedindo primeiro
de acordo com a necessidade; depois, de acordo com aquilo que Deus
sabe, com aquilo que Deus quer e sabe ser o melhor. Portanto,
a oração em línguas é infalível: daí seu valor.
Com ela, você intercede primeiro por si mesmo: louva, agradece,
bendiz, mesmo sem estar entendendo o que fala... Somos apenas as
vitrolas, os altos-falantes para que o Espírito ore em
nós; emprestamos ao Senhor nossa garganta, nossas cordas vocais,
nossa língua, nossa boca, para clamar os sons de louvor ao
Senhor; os sons de súplica, de intercessão, em que o Espírito
está intercedendo por nós, pelos outros, pela Igreja... O Espírito
Santo diz coisas misteriosas que não entendemos nem podemos
entender, porque são coisas próprias do governo, da direção deste
universo, da condução da humanidade. Quando oramos em línguas,
não estamos orando apenas por coisas domésticas. Claro que
oramos também por coisas domésticas, por coisas familiares,
mas a nossa oração toma uma dimensão muito maior. O Espírito
Santo está tratando com Deus, em oração com o Pai, com Jesus,
coisas próprias da Igreja inteira, do comando da Igreja, do seu
governo, do seu direcionamento; da condução do mundo, dos
destinos do mundo, dos destinos das nações” (R.
Pe. Jonas Abib, ob. cit., PP. 54, 56, 60, 67, 68).
► “Não entendemos
o que dizemos… normalmente as pessoas não compreendem o
significado das palavras ou sílabas que dizem quando oram em
línguas (por
isso S. Paulo as chama de ‘gemidos inefáveis’).
Isto pode acontecer em um louvor comunitário ou na
oração pessoal, ou
ainda quando se impõe as mãos sobre alguém e se intercede por
ele em línguas, como mandou Jesus em Mc. 16, 17 ... A coisa mais
importante não é ‘saber acerca do Dom de Línguas’,
mas vivê-lo! ... o respeito humano e o racionalismo são as
maiores barreiras para abrir-se ao Dom... No Dom de Línguas não
entendemos o que dizemos...” (Emmir
Nogueira, ob. cit.).
Respostas
dos
Ensinamentos
Tradicionais
da
Igreja
Católica
♣
Não.
Estas palavras não querem significar a Glossolalia, e sim a Graça
Atual Interna.
Vejamos:
"A vida da Graça constitui o objeto principal de nossa passagem por
este mundo... De maneira nenhuma pode haver objeto mais digno de
se desejar do que a posse, conservação e aumento da Graça,
das Virtudes e dos Dons... Correspondendo fielmente às
inspirações do Espírito Santo, que nos convida a
preparar-nos para recebê-la, se ainda a não possuímos e a
aumentá-la incessantemente, se já temos a dita de
possuí-la... a moção ou a inspiração do Espírito Santo que
nos proporciona os meios de dispor-nos para receber a Graça
Santificante e para aumentá-la, uma vez adquirida,
chama-se Graça Atual... e para produzir o seu efeito, é
necessário que o nosso livre-arbítrio coopere com a sua ação...
adquirindo assim, a qualidade de Ato Meritório... que dá
direito estrito e de justiça à recompensa (eterna)... E quanto
trabalhe e se afadigue, em outras circunstâncias, é inútil,
de nenhum proveito para merecer a recompensa eterna” (R. Pe.
Tomás Pègue, O.P., “A Suma Teológica de S. Tomás em forma de
Catecismo, para uso de todos os fiéis”, Part. II, Secç. 1ª,
Cap. XX).
►
Partindo desse pressuposto,
comentamos com o R. Pe. Eusébio Tintori, O.F.M.: “O
Espírito Santo nos faz rezar com gemidos inefáveis, porquanto
sobrenaturais”; ou
seja, por moção ou inspiração do Espírito Santo, somos
impelidos a rezar pelo que mais nos convém, em vista da
nossa eterna salvação.
►
E o R. Pe. Matos Soares confirma
dizendo: “O Espírito
ora por nós, isto é, move-nos a orar” (S.
Mat. 10, 20), pondo em nossos lábios palavras inspiradas, de
interesse do nosso corpo, de nossa alma e da glória de
Deus (cfr. At. 1, 24; 15, 8; I Cor. 4, 5).
►
E mais claramente, Mons. Ronald
Knox expõe assim este ensinamento: “Ele dissera-lhes:
‘Não vos inquieteis com o que haveis de dizer. Quando chegar a
hora, não sereis vós que falareis, mas o Espírito do vosso Pai
Celestial, (é) que falará em vós’. Foi esse o papel
imediato do Espírito Santo quando veio à terra no dia de
Pentecostes – o de iniciar uma nova distribuição de Dons,
tornando os Apóstolos capazes de se defenderem quando fossem
levados a julgamento nos tribunais. E foi essa a razão pela
qual Nosso Senhor lhes prometeu que lhes enviaria um
Paráclito... (que) significa primariamente o Advogado
que defende no tribunal... é esse o primeiro significado de
Paráclito... Mas, evidentemente, o seu papel não é só o que
referimos. O Amigo
na necessidade – é
este na realidade o significado da palavra Paráclito. Ora,
pelos escritos de S. Paulo, vemos que o Apóstolo não pensava que o
Espírito Santo se limitasse a sugerir-nos o que seria oportuno
dizer num tribunal: inspira-nos
também nas nossas orações.
Diz ele: ‘O Espírito ajuda a nossa fraqueza. Não sabemos rezar
como devemos, mas o próprio Espírito faz preces a nosso favor,
com murmúrios que não podem ser pronunciados’. Assim, já
vedes, não temos que pensar na assistência do Espírito Santo como
algo de que precisamos, quando temos que falar em público...
Precisamos da
assistência do Espírito Santo sempre que rezamos.
Se encararmos a realidade tal como ela é, compreenderemos que
todas as vezes que
dizemos as nossas orações, é o Espírito Santo que reza em nós.
O
que nos impede de compreendermos perfeitamente isto, é a nossa
dificuldade em distinguirmos entre as operações
Ordinárias e as Extraordinárias do Espírito Santo.
Só nos lembramos do Espírito Santo quando, através de
atuações exteriores, Ele manifesta a sua Presença. Lembremo-nos
que, quando fomos confirmados, recebemos exatamente o mesmo Dom
que Nossa Senhora e os Apóstolos receberam naquele primeiro dia
de Pentecostes. Mas não começamos
imediatamente a
louvar a Deus em Tamil ou em qualquer outra língua estranha.
Como se explica isto? Ordinariamente, o Espírito Santo não
costuma evidenciar a sua vinda com manifestações exteriores
fora do normal. Só o faz acidentalmente, quando, por algum motivo,
há um interesse especial em chamar a atenção para o que está
a acontecer.
Verificamos isto ao lermos as vidas dos Santos. Lemos que, quando
estavam a fazer orações, alguns Santos entravam em êxtases
durante cinco ou seis horas, ficando absolutamente inconscientes
do que se passava ao seu lado. Quando acontecem coisas destas,
reconhecemos imediatamente que o Espírito Santo tem que ver com o
caso. Mas, quando vós estais ajoelhados a dizer: ‘Santa Maria, Mãe
de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte’,
não pensais que o Espírito Santo tenha alguma coisa a ver com isso.
Pensais que sois vós sozinhas que estais a rezar, e, mesmo
assim, sem prestardes muita atenção ao que estais a fazer.
O
que importa compreendermos (e esforçarmo-nos para isso muito mais do
que o fazemos) é
que até essas orações tão rápidas são, na realidade,
oradas em nós –
se realmente chegam a ser orações – pelo
Espírito Santo. Sem
dúvida alguma que muitas vezes vos sentis inquietas e cheias de
distrações... Mas
o mesmo eco de Amor Divino, que despertou naquela criação
informe, quando o Espírito de Deus se moveu sobre a superfície
das águas, desperta em vós, quando orais.
O vento do Espírito Santo continua a soprar no mundo, e sois como
uma cana sussurrando com o vento. O movimento, a atividade,
é na realidade Dele, não vossa. Ou, falando mais corretamente,
a vossa atividade está unida com a Dele... Todos nós devíamos
pedir muito mais ao Espírito Santo, que nos ajudasse. Em
parte, a razão que nos leva a não o fazermos é esperarmos
demasiado Dele e por isso ficamos desapontados. Quando pedimos
ao Espírito Santo que nos mostre o que devemos fazer nesta ou
naquela ocasião, esperamos que uma iluminação repentina e
miraculosa nos surja no espírito, como se uma voz nos
segredasse ao ouvido o que devíamos fazer...
É provável que, mais cedo ou mais tarde, vos encontreis com um
determinado tipo de protestantes
um tanto excêntricos
que falam muito de ‘orientação’ e acham que não deveis fazer
absolutamente nada, nem sequer atravessar a rua ou comprar
um chapéu novo, sem uma inspiração súbita e imprevista de
que é vontade de Deus que façais isso. Eles
não acreditam que, se vos decidistes a fazer uma coisa depois
de refletirdes e raciocinardes, o Espírito Santo possa ter
parte nessa decisão. E isso, notai bem, é falta de Fé da parte
deles. Pensam que o Espírito Santo nunca pode interferir no
curso dos acontecimentos humanos, sem se manifestar de qualquer
modo extraordinário, comunicando às pessoas uma espécie de
certeza miraculosa do que tem a fazer. Eles não acreditam que
(Ele)
atua tanto de modo Extraordinário, como de modo Ordinário.
O
papel primário do Espírito Santo não é criar a maravilha de um
dia prodígio, aparecendo repentinamente em forma de
ventos impetuosos e línguas de fogo. Ele é o Amor Eterno, que
procede do Pai e do Verbo Divino, que faz surgir nas criaturas
humanas (a favor delas e sem que elas notem) uma resposta de amor ao
Amor Divino que as criou” (“O Credo”, Cap. XVIII).
►
“Não possuímos presentemente
essa glória porque não estamos ainda salvos, visto não
termos ainda terminado a vida na Graça de Deus; mas a
esperança nos merecimentos de Jesus Cristo, diz São Paulo, é
que nos trará a salvação: ‘Pela esperança é que fomos
salvos’ (Rom. 8, 24). Ele não deixará de nos conceder todo o
auxílio de que necessitamos para nos salvar, se lhe formos fiéis e
perseverantes em suplicar-lhe, segundo a Promessa do mesmo Jesus
Cristo de atender todo aquele que o suplicar: ‘Todo o que pedir,
receberá’ (S. Jo. 11, 10). Mas,
dirá alguém: eu não duvido que Deus se negue a ouvir-me
quando suplicar-lhe, mas receio que eu não o faça como devo.
Não, diz São Paulo, não há motivo para esse receio, porque,
quando rezamos, Deus mesmo ajuda a nossa insuficiência e nos faz
suplicar de maneira que sejamos atendidos: ‘O Espírito
ajuda a nossa fraqueza e pede por nós’ (Rom.
8, 26). Pede,
isto é, faz-nos pedir, explica Santo Agostinho” (S.
Afonso Mª de Ligório, “Reflexões sobre a Paixão de
Jesus Cristo expostas às almas devotas”, Cap. IX, Art. 3, Nº 2).
►
“Escreve São Bernardo: ‘O
Espírito Santo fala-nos tantas vezes quantos bons pensamentos
tivermos’ (“De
diversis”, sermo 23, 5; PL. 183, 602). Donde
a palavra do Profeta: ‘Ouvirei o que o Senhor Deus falar em
mim’ (Salm. 84, 9);
e deste modo eleva o
espírito para as alturas” (Santo
Antônio de Pádua, “Obras Completas – Sermões Dominicais
e Festivos”, Vol. I, Sermão do Domingo de Pentecostes,
III, Porto, 1987).
____________________
Fonte: Acessar o ensaio "Elucidário sobre o Dom das Línguas" no link "Meus Documentos - Lista de Livros".
Nenhum comentário:
Postar um comentário