A
Caridade
Jamais
Deve Abafar
A
Verdade
(1ª
Parte)
O
QUE É DOGMA?
1.
Em sentido amplo, dogma é uma verdade contida na Revelação Divina.
2.
Em sentido estrito, dogmas são as verdades reveladas por Deus e que
estão contidas, ou na Sagrada Escritura, ou na Tradição, ou em
ambas, e que são propostas como tais aos fiéis pelo Magistério da
Igreja, com a obrigação de acreditarem nelas. Quem nega
ou põe em dúvida de modo pertinaz as verdades que devem ser
acreditadas, comete o pecado da Heresia.
O
QUE É HERESIA?
São
João Bosco: “…
o termo é usado para exprimir um erro condenado pela Igreja em
termos expressos e professados com conhecimentos de causa e vontade
deliberada. Chama-se herege, aquele que professa
doutrina contrária aos dogmas da Igreja; aquele que, conhecendo o
erro condenado pela Igreja, apesar de tudo o segue e professa”.
CNBB
– 1953: “Todos os que são verdadeiros hereges e fautores de
heresias, não podem ser admitidos à recepção dos Sacramentos, sem
que antes reparem os escândalos dados, abjurem da heresia cometida e
façam a Profissão de Fé”.
Código
de Direito Canônico – 1983 (Cânon 751):
“Chama-se de heresia a
negação pertinaz, após a recepção do Batismo, de qualquer
verdade que se deve crer com Fé divina e católica, ou a dúvida
pertinaz a respeito dela”.
D.
Boaventura Kloppenburg, O.F.M.: “O herege incorre
automaticamente em excomunhão,
isto é, deve ser
excluído da recepção dos Sacramentos,
e não pode ser padrinho
de Batismo,
nem da Confirmação
(Crisma),
e não lhe será lícito
receber o Sacramento do Matrimônio sem licença especial do Bispo,
e sem as condições
indicadas pelo cânon 1125. Também não pode ser membro de
Associação ou Irmandade católica.
Enfim, o católico que resolve tornar-se herege, por
este fato, exclui-se a si mesmo da Igreja Católica, perdendo todos
os direitos de católico”.
Também,
o herege fica sem sepultura eclesiástica
(Missa de 7º dia, e etc.).
A
HERESIA É UM PECADO CONTRA A FÉ?
Sim!
Pois a heresia destrói a Fé.
Vejamos: “Perde-se a Fé
pela Apostasia e pela Heresia, como por exemplo, se o batizado
rejeita uma ou mais verdades da Fé, ou as põe em dúvida por ato
deliberado”.
São
Tomás de Aquino afirma: “Os
hereges não podem crer com Fé sobrenatural!
Porque, embora admitam algumas verdades reveladas, não fundam o
assentimento na autoridade divina, senão no próprio juízo. Por
isso, os hereges estão mais afastados da verdadeira Fé do que os
ímpios, e do que os mesmos Demônios”..
A
HERESIA, É UM PECADO CONTRA DEUS ESPÍRITO SANTO?
Sim!
“Por isso vos digo: todo o pecado e blasfêmia serão perdoados aos
homens, porém, a blasfêmia contra o Espírito Santo não
será perdoado. E todo o que
disser alguma palavra contra o Filho do Homem, lhe será perdoada;
porém, o que a disser contra o Espírito Santo, não lhe
será perdoado, nem neste século
(neste mundo) nem no futuro
(no Purgatório)...”.
“Na
verdade vos digo que serão perdoados aos filhos dos homens todos os
pecado e as blasfêmias que proferirem; porém, o que blasfemar
contra o Espírito Santo, nunca, jamais terá perdão; mas
será réu de eterno delito...”.
A
doutrina Católica, que é a Lei de Nosso Senhor Jesus Cristo
ensinada pela Santa Madre Igreja, nos diz claramente que:
“Contradizer
(combater) a verdade conhecida como tal”, ou, em outras palavras,
“combater as verdades da Fé que a Igreja propõe ao mundo”, é
confirmadamente um dos pecados contra Deus Espírito Santo.
Santo
Tomás de Aquino, O.P., afirma que: “Comete este pecado quem,
conhecendo a verdade da Fé, nega-a, para mais livremente continuar a
pecar”.
São
Pedro Canísio, S.J., diz que: “Este pecado é contra o Espírito
Santo, porque o pecador, por malícia, remove o que o pode impedir de
pecar, desprezando a graça que se atribui particularmente ao
Espírito Santo, como fonte dos bens”.
São
Pio X ensina que: “Chama-se este pecado, particularmente, pecado
contra o Espírito Santo, porque se comete por pura malícia, o que é
contrário à bondade que se atribui ao Espírito Santo”.
E
POR QUE NÃO HÁ PERDÃO?
O
Catecismo dos Párocos, redigido por decreto do Concílio de Trento,
publicado por ordem do Papa São Pio V, ensina que: “Quando lemos,
nas Escrituras, que certos homens não conseguiram do Senhor nenhuma
misericórdia, apesar de a terem pedido com instância, devemos
entender que tal aconteceu, porque não tinham verdadeiro e sincero
arrependimento de seus pecados”. Exemplo:
“… E
assim, derribado com isto da sua grande soberba, começou a entrar no
conhecimento de si mesmo, estimulado pelo castigo de Deus, e
aumentando cada instante as suas dores. E, como nem ele mesmo pudesse
já suportar o seu mau cheiro, disse assim: ‘É justo que o homem
seja sujeito a Deus, e que quem é mortal não pretenda igualar-se
com o mesmo Deus’. Ora, este malvado orava ao Senhor, do qual
não havia de alcançar misericórdia…”.
Mas,
voltando ao Catecismo dos Párocos:
“Outrossim,
quando nas Sagradas Escrituras, ou nos Santos Padres, ocorrem
passagens em que parece afirmar-se que alguns pecados não podem ser
perdoados, devemos por elas entender que, é muito difícil
alcançar o perdão de tais pecados.
Assim
como uma moléstia é tida como incurável, se o paciente sente
horror ao remédio que lhe restitui a saúde; assim há também
certa espécie de pecados, para os quais não se dá nenhum perdão,
porque levam a repelir o remédio próprio da salvação, que é a
graça de Deus.
Neste
mesmo sentido se pronunciou Santo Agostinho: ‘Se alguém
que, pela graça de Cristo, chegou ao conhecimento de Deus, mas
combate seus irmãos na Fé, e resiste à própria graça com os
ardores da inveja, tão forte é a peçonha de seu pecado, que já
não tem a humildade de pedir perdão, embora seja forçado, pelos
remorsos de consciência, a reconhecer e confessar o pecado’”.
Perdão
dos Mais Graves Pecados
Não
há pois delito tão grave e abominável, que não seja apagado pelo
Sacramento da Penitência. Disso falou o Senhor, pela boca do Profeta
Ezequiel: “Se o ímpio fizer penitência de todos os
pecados por ele cometidos, se observar Meus Mandamentos, se proceder
com equidade e justiça, terá a vida, e não morrerá. De todas as
iniquidades que praticou, não guardarei lembrança”.
E
São João diz: “Se confessarmos nossos pecados, Ele é fiel e
justo, para nos perdoar nossos pecados”.
Logo
depois acrescenta: “Se alguém pecou
(não se exclui, pois, nenhuma espécie de pecado), temos junto ao
Pai um Advogado, Jesus Cristo, o Justo. Ele é a propiciação pelos
nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos pecados do
mundo inteiro”.
Portanto,
somente, não existe perdão, para os que rejeitam a graça do
perdão.
A
HERESIA É UM PECADO
CONTRA
O 1º MANDAMENTO DA LEI DE DEUS?
É
pecado mortal cometido contra o 1º Mandamento da Lei de Deus:
a)
Não crer na Religião Católica, a única revelada por Deus;
b)
Duvidar de alguma verdade revelada
(Dogma);
c)
Dar ouvidos a conversas ou discursos ímpios ou heréticos;
d)
Assistir a sessões espíritas ou ao culto dos Protestantes;
e)
Abandonar a única Igreja verdadeira, que é a Católica, para
abraçar as heresias dos Protestantes, ou a seita diabólica dos
espíritas, ou tornar-se incrédulo;
f)
Ler, assinar, publicar, emprestar livros, folhetos, artigos, revistas
ou jornais ofensivos a Deus e a Santa Religião;
g)
Falar contra Deus, a Virgem Maria e os Santos, contra a Igreja e seus
Ministros;
h)
Não querer saber de Deus nem de sua Lei, etc.
ANTES
MORRER CATÓLICO DO QUE HEREGE
A
esposa de São Tomás More, para induzi-lo a ceder à vontade do
Heresiarca Anglicano, soberano rei, Henrique VIII, foi visitá-lo no
cárcere, e pôs em campo toda indústria possível para convencê-lo
a que se salvasse a si mesmo e a sua família. São Tomás, porém,
falou-lhe intrepidamente desta maneira:
“Diz-me
mulher, se eu renuncio à minha Fé,
e recupero juntamente com minhas riquezas, a minha primeira
dignidade, quantos anos poderia eu ainda gozar delas? Talvez 20
anos”, respondeu sua tímida consorte. “Pois bem!”, acrescentou
o magnânimo São Tomás, “queres tu que por 20 anos de vida eu
perca uma eternidade de gozo no Céu, e me condene a uma eternidade
de tormentos no Inferno?”
DEUS
DETESTA OS HEREGES
Assim
falou Nosso Senhor Jesus Cristo à Madre Mariana de Jesus Torres:
“Malditos mil vezes, sejam os hereges e seus seguidores, que põem
em dúvida os Mistérios concernentes a Mim e à minha Mãe! Malditos
sejam! E seja a sua morada eterna o centro da terra, junto com o Pai
da mentira, Lúcifer, e seus Demônios, no meio do fogo criado pela
ira Divina, para os Anjos rebeldes e os homens que a eles seguirem,
apartando-se da verdade, fora da Igreja Católica”.
DA
SOBERBA DA HERESIA
Santo
Antônio de Pádua (ou de Lisboa), no Sermão do Domingo da
Sexagésima ensina: “A soberba do teu coração, ó religioso,
elevou-te, isto é, levou-te para fora de ti, para que vãmente
caminhasses sobre ti, tu que habitas nas fendas do rochedo. A pedra é
qualquer religião (Ordem Religiosa) da Igreja. Dela escreve
Jeremias: ‘Nunca faltará neve nos penhascos do campo’.
O campo é a Igreja; o penhasco do campo é a Religião fundada
sobre o rochedo da Fé. A neve é a alvura do entendimento e do
corpo, que não deve nunca abandonar a Religião. Mas, ai! Ai!
Quantas fendas, quantos cismas, quantas divisões e dissensões
existem no rochedo, isto é, na Religião! Se a semente da Palavra
divina cair sobre ela, não frutifica, porque não possui a umidade
da graça do Espírito Santo, que habita, não nas fendas da
discórdia, mas na mansão da unidade’. ‘Entre eles’, escreve
São Lucas, ‘havia uma só alma e um só coração’.
Na religião há fendas, de verdade, porque há contenda no capítulo,
dissonância no coro, murmuração no claustro, gastrimagia
no refeitório, petulância da carne no dormitório. Com muita razão,
pois, diz o Senhor: ‘E outra caiu sobre terreno pedregoso, e uma
vez nascida secou, porque’, como escreve São Mateus, ‘não tinha
raiz’, ou seja, humildade, raiz de todas as virtudes.
Disto abertamente se conclui que a fenda da religião se abre com
um coração soberbo. A religião não pode produzir fruto, porque
não têm em si a raiz da humildade.
Tal
religião é o armazém; de fato, depois das dissidências internas,
procuram os louvores externos. Com efeito, na praça pública, os
falsos religiosos vendem, como se fossem comerciantes, gêneros
sofísticos; sob o hábito religioso e à sombra de falso nome
apetecem ser louvados, revestem certo fingimento pessoal de perfeição
junto dos homens; querem parecer santos, mas não o querem ser,
infelizmente, a religião, que devia conservar as mercadorias das
virtudes, os aromas dos costumes, é destruída e transforma-se em
armazém público. Daí, a deploração de Joel: ‘Foram demolidos
os celeiros’, isto é, os claustros dos Cônegos, ‘arruinados os
armazéns’, isto é, as Abadias dos monges, ‘porque se perdeu o
trigo’.
No trigo, alvo no interior e avermelhado na casca, significa-se a
Caridade, que mantém a Pureza para consigo e o amor para com o
próximo. Por isso, este trigo perdeu-se, por ter caído sobre
terreno pedregoso; e uma vez nascido secou, por não ter a raiz da
humildade nem a umidade da graça septiforme. Daqui se deduz que, da
perda do trigo, isto é, da falta de Caridade, se destrói o armazém
de toda a religião”.
Ensina
o Rev. Pe. Manuel Bernardes, Oratoriano: “A heresia, como é
corrupção espiritual do entendimento, é contrária a luz da lei,
da razão e da verdade, sempre anda anexa à confusão e incoerência:
tudo embaralha e mistura; e ao mesmo tempo que se mostra escrupulosa
em pontos de menos momentos, concede e devora os maiores absurdos”.
E
em outra parte: “A Religião (Católica) é Céu, mas no Céu pecou
Lúcifer; é Paraíso, mas no Paraíso pecou Adão; é Colégio
(Apostólico) de Cristo, mas na companhia de Cristo pecou Judas.
Levando, uma religiosa ou religioso, consigo a sua carne, aí (na
carne) tem a Eva, que o tente; Lúcifer, e seus ministros, como
invisíveis, em qualquer parte podem entrar; e o apego aos bens deste
mundo, que lutam contra a aquisição da graça de Deus; e o nosso
Judas (o amor-próprio), que vende a Nosso Senhor por trinta moedas”.
A
Caridade
Jamais
Deve Abafar
A
Verdade
(2ª
Parte)
Verdades
Reveladas sobre os Falsos Profetas (Hereges)
1
– Profeta Moisés:
“Se
se levantar no meio de ti um profeta, ou alguém que diga que teve um
sonho, e predisser algum sinal ou prodígio, e suceder o que ele
anunciou, e te disser: ‘Vamos, e sigamos os Deuses estranhos, que
não conheces, e sirvamo-lo’, não ouvirás a palavra de tal
profeta ou sonhador, porque o Senhor vosso Deus vos põe à prova,
para se tornar manifesto se O amais ou não, de todo o vosso
coração e de toda a vossa alma. Segui o Senhor vosso Deus, e
temei-O, e guardai os seus Mandamentos, e ouvi a sua voz; a Ele
servireis, e a Ele vos unireis. E aquele profeta, ou inventor de
sonhos será posto à morte, porque vos falou para vos afastar do
Senhor vosso Deus, que vos tirou da terra do Egito, e vos
resgatou da casa da escravidão; e para te desviar do caminho que
o Senhor teu Deus te ordenou, e assim tirarás o mal do meio de ti”.
2
– Profeta Jeremias:
“Quanto
aos (falsos) profetas, o meu coração (diz Jeremias) está feito em
pedaços dentro de mim mesmo…, E como um homem cheio de vinho,
contemplando a face do Senhor, e à vista das suas santas palavras
(tão desprezadas pelo seu povo). Porque a terra está cheia de
adúlteros, porque a terra chora à vista da maldição… Porque
o profeta e o sacerdote se corromperam, e na minha casa encontrei os
males que eles lá cometeram, diz o Senhor. Por isso, o seu
caminho será como um caminho escorregadio nas trevas; serão
impelidos, e cairão nele; porque farei vir sobre eles males no tempo
em que Eu os visitar, diz o Senhor.
… Portanto,
isto diz o Senhor dos Exércitos aos profetas: Eis que os alimentarei
com absinto, e lhes darei a beber fel; porque dos profetas de
Jerusalém, é que se derramou a corrupção sobre toda a terra.
… Eu
não enviava estes (falsos)
profetas e eles
corriam; não lhes dizia nada,
e eles profetizavam. Se tivessem assistido ao meu Conselho, e
tivessem feito saber as minhas palavras ao meu povo, Eu os teria
certamente desviado do seu mau caminho e dos seus tão depravados
pensamentos… entregar-vos-ei a um opróbrio sempiterno, e
a uma eterna ignomínia, que nunca se apagará da memória”.
3
– Nosso Senhor Jesus Cristo:
“Guardai-vos
dos falsos profetas, que vêm a vós com vestidos de ovelhas, e por
dentro são lobos rapaces. Pelos seus frutos os conhecereis.
Porventura, colhem-se uvas
dos espinhos, ou figos dos abrolhos? Assim toda a árvore boa dá
bons frutos, e a árvore má dá maus frutos. Toda a árvore, que não
dá bom fruto, será cortada e lançada no fogo. Vós os conhecereis,
pois, pelos seus frutos”.
e
em outro lugar, o Senhor diz: “Então, se alguém vos
disser: Eis aqui o Cristo, ou ei-lO acolá, não deis crédito.
Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, e farão
grandes milagres e prodígios, de tal modo que (se
fosse possível) até os escolhidos se enganariam. Eis que
Eu vo-lo predisse”.
4
– São Lucas:
“Eu
sei que, depois da minha partida, se introduzirão entre vós lobos
arrebatadores, que não pouparão o rebanho. E dentre vós mesmos hão
de levantar-se homens a ensinar doutrinas perversas, para levarem
após de si discípulos. Por isso, estai vigilantes…” (At. 20,
29-31).
5
– São Paulo:
“Com
efeito a ira de Deus manifesta-se do Céu contra toda a
impiedade e injustiça daqueles homens que retém na injustiça a
verdade… Pelo que Deus os abandonou aos desejos do seu coração…
os que fazem tais coisas são dignos de morte; e não somente quem as
faz, mas também quem aprova aqueles que as fazem”.
Escreveu
também: “Rogo-vos, irmãos, acautelai-vos dos
que provocam dissensões e escândalos, contrariando o ensinamento
que aprendestes; afastai-vos deles. Esses tais não servem a Cristo,
nosso Senhor, mas ao próprio ventre. Com um palavreado bonito e
lisonjeiro, enganam os simples”.
Disse
mais: "Admiro-me de que, assim tão depressa,
passeis daquele que vos chamou à graça de Cristo, para outro
Evangelho. Evidentemente que não há outro (Evangelho diferente do
que eu vos preguei), mas há alguns que vos perturbam e querem
inverter o Evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um Anjo
do Céu vos anuncie um Evangelho diferente daquele que vos temos
anunciado, seja anátema. Como já vo-lo dissemos, agora de novo o
digo: SE ALGUÉM VOS ANUNCIAR UM EVANGELHO DIFERENTE DAQUELE QUE
RECEBESTES, SEJA ANÁTEMA. Porque, em suma, é a aprovação dos
homens que eu procuro, ou a de Deus? Porventura, é aos homens que eu
pretendo agradar? Se agradasse ainda aos homens, não seria servo de
Cristo.
Ora,
eu vos declaro, Irmãos, que o Evangelho, que tem sido pregado por
mim, não é segundo o homem; porque não O recebi, nem aprendi de
homem (algum), mas por revelação de Jesus Cristo".
Em
outro lugar: “Ora, as obras da carne são… as Seitas…,
sobre as quais vos previno, como já vos disse, que os que fazem tais
coisas não possuirão o Reino de Deus”.
E
num outro: “… E não tomeis parte nas obras infrutuosas das
trevas, mas, antes, condenai-as...”.
Em
outro escrito: “Como te roguei que ficasses em Éfeso… para que
admoestasses alguns que não ensinassem doutrina diversa (da que tem
sido ensinada por nós), nem se ocupassem em fábulas e genealogias
intermináveis, as quais servem mais para questões do que para
aquela edificação de Deus, que se funda na Fé… Apartando-se
alguns destas coisas, entregaram-se a discursos vãos, querendo ser
doutores da lei, não sabendo nem o que dizem, nem o que afirmam…
Ora, o Espírito diz claramente, que nos últimos tempos alguns
apostatarão da Fé, dando ouvido a espíritos enganadores e a
doutrina de Demônios, que com hipocrisia propagam a mentira, e têm
cauterizada a sua consciência… Se alguém ensina de modo
diferente, e não abraça as sãs palavras de Nosso Senhor Jesus
Cristo, e aquela doutrina que é conforme à piedade, é um soberbo,
que nada sabe, um espírito doente, que se ocupa de questões e
contendas de palavras, donde se originam invejas, contendas,
maledicências, más suspeitas, altercações de homens com o
espírito pervertido, que estão privados da verdade, e pensam que a
piedade é uma fonte de lucro… Porque os que querem enriquecer,
caem na tentação e no laço do Demônio, e em muitos desejos
inúteis e perigosos, que submergem os homens na morte e na perdição.
Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro, por causa do
qual alguns se desencaminharam da fé, e se enredaram em muitas
aflições… guarda o depósito (da Fé), evitando as
novidades profanas de palavras, e as contradições de uma ciência
de falso nome, professando a qual alguns se desviaram da Fé”.
Afirma
também que: “… Evita as conversas profanas e vãs, porque
contribuem muito para a impiedade; e a sua palavra lavra como
gangrena; entre os quais estão Himeneu e Fileto, que se extraviaram
da verdade, dizendo que já se deu a Ressurreição, e perverteram a
Fé de alguns… Afaste-se da iniquidade todo aquele que invoca o
Nome do Senhor… Ora, convém que o servo do Senhor… corrija
com modéstia os que resistem à verdade, na esperança de que Deus
lhes dará a graça de se converterem ao conhecimento da verdade, e
se desprendam dos laços do Demônio, que os tem escravos da sua
vontade… Sabe, porém, isto, que nos últimos dias sobrevirão
tempos perigosos; porque haverá homens egoístas… E, assim
como Janes e Mambres
resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade,
homens corrompidos do espírito, réprobos acerca da Fé, mas não
irão avante (com os seus maus desígnios), porque se tornará
manifesta a todos a sua loucura, como também se tornou a
daqueles...”.
Advertiu
ainda: “Porque muitos, de quem muitas vezes vos falei e também
agora falo com lágrimas, procedem (com a sua vida sensual) como
inimigos da Cruz de Cristo, o fim deles é a perdição; o deus deles
é o ventre; e fazem consistir a sua glória na sua própria
confusão, gostando somente das coisas terrenas”.
E,
por fim: “Porque há ainda muitos desobedientes, vãos faladores e
sedutores… Portanto, repreende-os asperamente, para que sejam
sãos na Fé, não deem ouvidos a fábulas judaicas nem a
mandamentos de homens que se afastam da verdade… Confessam que
conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e
rebeldes, e incapazes de toda a obra boa… Esta é uma verdade
infalível; e quero que afirmes isto… Foge do homem herege,
depois da primeira e segunda correção; sabendo que um tal homem
está pervertido e peca, como quem é condenado pelo seu próprio
juízo”.
6
– São Pedro:
“Ora,
assim como entre o povo (Hebreu)
houve falsos profetas, do mesmo modo haverá entre nós
falsos doutores (hereges), que
introduzirão Seitas de perdição, e renegarão Aquele Senhor que os
resgatou, atraindo sobre si mesmo uma pronta ruína. E muitos
seguirão as suas dissoluções, por causa dos quais será blasfemado
o caminho da verdade; e por avareza, com palavras fingidas, farão
negócio de vós; mas a sua condenação já desde há muito
(pronunciada na pessoa de
outros culpados) não repousa; e a sua perdição não
dorme… Eles são fontes sem água, e névoas agitadas por
turbilhões, para os quais está reservada a obscuridade das trevas…
Sabei antes de tudo que, nos últimos tempos, virão embusteiros
zombadores, vivendo segundo as suas concupiscências…
E crede que a longanimidade do Nosso Senhor é para vossa salvação,
conforme também nosso irmão
caríssimo Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada,
como também (faz) em todas as cartas, em que fala disto, nas
quais há algumas coisas difíceis de entender, que os indoutos e
inconstantes (na Fé) adulteram
(como também as outras
Escrituras) para sua própria perdição”.
7
– São João:
“Filhinhos,
é a última hora; e como ouvistes dizer que o Anticristo vem, também
já agora há muitos anticristos; donde conhecemos que é a
última hora. Eles saíram de entre nós, mas não eram dos nossos
(verdadeiros fiéis), porque, se tivessem sido dos nossos,
ficariam certamente conosco; mas (saíram de entre nós) para
que se conheça que nem todos são dos nossos… O que vós
ouvistes desde o princípio (da vossa conversão), permanece em vós.
Se em vós permanecer o que ouvistes desde o princípio, também vós
permanecereis no Filho e no Pai. E esta é a promessa que Ele mesmo
nos fez, a vida eterna. Isto vos escrevi acerca daqueles que vos
seduzem… Caríssimos, não queiras crer em todo o espírito (para
ver) se são de Deus; porque muitos falsos profetas vieram para o
mundo… Eles são do mundo; por isso, falam do mundo, e o mundo os
ouve… Quem conhece a Deus, ouve-nos; quem não é de Deus, não nos
ouve...”.
Falou
mais: “… e todo o espírito que divide Jesus, não é de Deus;
mas este é um Anticristo, do qual vós ouvistes que vem, e agora
está já no mundo (por meio dos seus precursores, os hereges)”.
E,
em outro lugar: “… Porque este é o Mandamento segundo o qual
deveis caminhar, como ouvistes desde o princípio; porque muitos
sedutores se tem levantado no mundo, que não confessam que Jesus
Cristo tenha vindo em carne; este tal é sedutor e anticristo. Estai
alerta sobre vós, para que não percais o fruto do vosso trabalho,
mas recebais uma plena recompensa. Todo o que se aparta e não
permanece na doutrina de Cristo, não tem (união com) Deus; o
que permanece na doutrina, este tem (união íntima com) o Pai
e o Filho. Se alguém vem a vós, e não traz esta doutrina, não o
recebais em vossa casa, nem o saudeis. Porque quem o saúda,
participa (em certo modo) das suas obras más”.
E
ainda isto: “Escreve ao Anjo da Igreja de Éfeso: Isto diz aquEle
que tem as sete estrelas na sua direita, e anda no meio dos sete
candeeiros de ouro: ...Isto, porém, tens, (de bom) que
aborreces as ações dos Nicolaítas (hereges), QUE
EU TAMBÉM ABORREÇO...”.
E
noutro escrito: “Mas, pelo que toca aos tímidos, e aos incrédulos,
e aos execráveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos
feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os mentirosos, a sua
parte será no tanque ardente de fogo e de enxofre, o que é a
segunda morte”.
8
– São Judas Tadeu:
“… Porque
se introduziram entre vós certos homens ímpios (dos
quais está escrito há muito tempo, que viriam a cair nesta
condenação)… da mesma maneira também estes
contaminaram a sua carne, e desprezam a dominação (de
Cristo), e blasfemam da Majestade… Ai, deles, porque
andaram pelo caminho de Caim,
e, por (causa de um
aviltante) lucro, precipitaram-se no erro de Balaão,
e pereceram na rebelião de Coré.
Eles
são máculas nos seus festins, banqueteando-se sem respeito,
apascentando-se a si mesmos, nuvens sem água, que os ventos levam de
uma parte para a outra, árvores do outono, sem fruto, duas vezes
mortas, desarraigadas, ondas furiosas do mar, que arrojam as espumas
da sua torpeza; estrelas errantes, para os quais está
reservada uma tempestade de trevas por toda a eternidade.
… Eis
que vem o Senhor entre milhares dos seus Santos a fazer juízo contra
todos, e arguir todos os ímpios de todas as obras da sua impiedade,
que impiamente fizeram, e de todas as palavras injuriosas, que os
pecadores ímpios, tem proferido contra Deus.
Eles
são uns murmuradores queixosos, que andam segundo as suas paixões e
a sua boca profere coisas soberbas, os quais mostram admiração
pelas pessoas segundo convém ao seu próprio interesse”.
A
Caridade
Jamais
Deve Abafar
A
Verdade
(3ª
Parte)
“Não
fui eu que vos escolhi
a
vós os doze?
E,
(contudo),
um
de vós é um Demônio”
(Jo.
6, 70)
Desde
os primeiros tempos da Igreja, tem sido esta a sua linguagem.
Se algum católico, hoje em dia, dissesse, falando dos hereges, que
são “como animais irracionais, destinados por natureza a serem
capturados e mortos”, a
indignação seria imensa em alguns de nossos círculos. São Pedro,
Apóstolo, entretanto, o disse.
Se algum católico
escrevesse, a verdade tradicional, sobre todas as seitas, dizendo:
“Eles são fontes sem água, e névoas agitadas por
turbilhões, para os quais está reservada a obscuridade das
trevas… Porque se realizou neles aquele provérbio verdadeiro:
voltou o cão ao seu vômito; e: A porca lavada tornou a revolver-se
no lamaçal”; se um católico,
repetimos, escrevesse tais coisas, o que lhe aconteceria? São Pedro,
entretanto, o disse.
Na
linguagem e conduta dos Santos, encontramos expressões idênticas.
Exemplos:
1.
Santo Inácio de Antioquia,
Mártir do século II, escreveu antes de seu martírio, várias
cartas a diversas igrejas. Nestas, lemos sobre os hereges, as
seguintes expressões:
“Bestas
ferozes”, “cães danados que atacam traiçoeiramente”
(Ef. VII).
“Ervas
do Diabo”
(Ef. X, 1).
“Plantas
destinadas ao fogo eterno”
(Ef. XVI, 2).
“Lobos
rapaces”
(Fil. II, 2).
“Feras
em forma de homens”
(Esmirn. IV, 1).
“Plantas
parasitas que o Pai não plantou”
(Tral. XI).
2.
Um dos mais diletos discípulos do Apóstolo do Amor, foi sem dúvida
São Policarpo,
por intermédio de quem soube Santo
Irineu
que, indo certa vez São
João,
Evangelista, aos banhos, retirou-se sem se lavar, porque aí vira
Cerinto, herege que negava a Divindade de Jesus Cristo, “dizia
com receio, que o prédio viesse abaixo, pois nele se encontrava
Cerinto, inimigo da Verdade”.
Pode-se imaginar que Cerinto
não se sentiu satisfeito!
O próprio São Policarpo, encontrando-se um dia com Marcião, herege
docetista, e Marcião perguntou-lhe se o conhecia, respondeu o Santo:
“Sim, sem
dúvida, és o primogênito de Satanás”.
Aliás, nisto seguiam o conselho de São
Paulo.
O mesmo São Policarpo, se casualmente se encontrava com hereges,
exclamava, tapando os ouvidos: “Deus
de bondade, por que me conservastes na terra a fim de suportar tais
coisas?”
E
fugia imediatamente, para evitar semelhante companhia.
3.
Falando, ainda, Santo Inácio de Antioquia sobre os hereges: “Não
só não deveis recebê-los, mas, se possível, sequer encontrá-los…
Eles se afastaram da Eucaristia e da oração, porque não professam
que a Eucaristia é a Carne de Nosso Salvador Jesus Cristo, que
sofreu por nossos pecados… convém para nós manter-se distantes
dessas pessoas e não falar com elas, seja em particular, seja em
público...”
.
4.
“Quem não
confessar que Jesus Cristo
veio na Carne, é anticristo; aquele que não d´testemunho
da Cruz, é do Diabo; aquele que distorce as palavras do Senhor
segundo seus próprios desejos… esse é primogênito de Satanás”.
5.
Santo Antão,
“não teve
nenhuma relação de amizade com
os maniqueus ou com os outros hereges, a não ser para
exortá-los a se converterem à piedade; pensava e declarava que a
amizade e o relacionamento com os hereges fazem mal à alma e a
arruínam. Abominava a heresia ariana e proibia a todos de se
aproximarem deles e de seguir sua fé pervertida… dizia que suas
palavras eram piores que o veneno das serpentes”.
6.
Quinto Setímio Florêncio Tertuliano,
ensinava que “sempre
existirão heréticos, porque os homens são livres e fracos”.
Tertuliano,
falando com os inventores de novas seitas, disse: “Quem sois vós?
De onde, e quando viestes? Onde estivestes escondidos até agora?”
“Mostrai-nos
as origens das vossas igrejas; ostentai-nos a sucessão dos vossos
pastores; provai que o primeiro remonta até o princípio e foi ou um
Apóstolo, ou um Delegado Apostólico”.
“De
diversas maneiras o Demônio mostra sua hostilidade à verdade.
Pretende por vezes golpeá-la
simulando defendê-la. Faz-se de campeão do Único Senhor,
Todo-poderoso, do Criador do mundo, mas para extrair da
divina unidade uma heresia”.
“Se
cada palavra de Deus se apoia sobre três testemunhas, quanto mais
não ocorre isso com seu dom! Por força da bênção batismal, temos
como testemunhas da Fé os mesmos Três que lhe conferem a promessa
da Salvação. O próprio número dos nomes divinos bastaria para
fundar a esperança de nossa Fé. Mas, o testemunho da Fé
e a promessa da Salvação incluem ainda a menção da Igreja, porque
onde estão os Três, o Pai, o Filho, e o Espírito Santo, também aí
está a Igreja, Corpo dos Três”.
7.
Dizia S. Agostinho,
que “parece-me salutar
essas recomendações aos jovens estudiosos, inteligentes e tementes
a Deus, que procuram a vida bem-aventurada: que não se arrisquem sob
o pretexto de tender à vida feliz e que não se
dediquem temerariamente a seguir doutrina alguma das que se praticam
fora da Igreja de Cristo”.
“Chamando-nos
de católicos, vos condenais a vós mesmos. Confessais que a verdade
não é do vosso lado”.
8.
“Necessariamente, pois, tais hereges, sendo cegos para a verdade,
mudam sempre de direção e daí disseminam suas doutrinas de modo
discordante e incoerente. Ao contrário, o caminho dos que pertencem
à Igreja Católica cerca o universo inteiro, possuindo a firme
Tradição dos Apóstolos, mostra-nos que todos possuímos a mesma
fé. Sim, todos ensinamos a
existência de um mesmo Deus Pai, temos idêntica Fé no plano da
Encarnação do Filho de Deus, reconhecemos o Dom do Espírito,
aplicamo-nos aos mesmos Preceitos, observamos na Igreja
Católica a mesma forma de oração,
esperamos a mesma vinda do Senhor e aguardamos a mesma salvação do
homem integral, isto é, da alma e do corpo.
9.
Santo Tomás de Aquino, o
plácido e angélico Doutor, qualificou da seguinte maneira Guilherme
do santo amor e seus sequazes: “Inimigos de Deus,
ministros do Diabo, membros do anticristo, inimigos da salvação do
gênero humano, difamadores, réprobos, perversos, ignorantes, iguais
a Faraó, piores que Joviniano e Vigilância”,
que eram hereges contrários à Virgindade de Nossa Senhora.
10.
São Boaventura, o Doutor
Seráfico, chamou Geraldo, seu contemporâneo, de “protervo,
caluniador, louco, envenenador, ignorante, embusteiro, malvado,
insensato, pérfido”.
11.
São Bernardo, o Doutor
Melífluo, disse de Arnaldo de Bréscia, que era “desordenado,
vagabundo, impostor, vaso de ignomínia, escorpião vomitado de
Bréscia, visto com horror em Roma, com abominação na Alemanha,
desdenhado pelo Romano Pontífice, louvado pelo Diabo, obrador de
inimigos, devorador do povo, boca cheia de maldição, semeador de
discórdias, fabricador de cismas, lobo feroz”.
12.
São Gregório Magno, disse
contra João, Bispo de Constantinopla, que tinha “um
profano e nefando orgulho, a soberba de Lúcifer, fecundo em palavras
néscias, vaidoso e escasso de inteligência”.
13.
Disse São Bernardo de Claraval: “Todo herege é ovelha na lã,
raposa nas entranhas, lobo nas obras”.
14.
Ensinou J. de
Maistre: “As
heresias deformam-se a si e reformam-nos a nós”.
15.
S. Optato de Milêvo,
ensina que os hereges “são
filhos sem pais, discípulos sem mestres, sucessores sem
predecessores, pastores sem rebanhos”.
16.
São Jerônimo, falando com
outro herege, disse: “Para que, ao cabo de 400 anos, trabalhas para
nos ensinar o que até agora não soubemos? Até o presente dia, sem
esta vossa doutrina, foi cristão o mundo”.
17.
Assim ensinou sobre os
hereges, o grande Oratoriano,
e uma das maiores glórias da
Literatura de Portugal:
– “Os
hereges são como as rãs: desde o charco de seus imundos pareceres e
opiniões não cessam de vozear molestamente.
E, assim, é necessário reprimir sua insolência com liberdade
evangélica, como ensinou São Paulo: ‘Repreende-os
asperamente, para que sejam sãos na fé’
– E como o mesmo
São Paulo com o mago Elimas, chamando-lhe também de filho do
Diabo,
porque, se lhe mostram medo,
ou respeito, ainda clamam com maior audácia, e interpretam a
modéstia alheia como sua vitória”.
– “O
pai de São Francisco de Sales,
vendo que muitos no seu tempo recebiam em Saboia a seita de Calvino,
disse abominando-a: Não
abraço religião que eu vi nascer, e é mais moça que eu 12 anos”.
– “Os
heresiarcas são dentes do dragão infernal, que ele mesmo semeou,
uns em Holanda, outros em Inglaterra, outros em França, Suécia,
Dinamarca, Alemanha, etc… Ontem nasceram, e já se gloriam de mui
crescidos, e nos querem vender suas doutrinas por antiquíssimas.
Porém, ainda que a Igreja não os vencesse e destruísse a todos,
eles mesmos, impugnando-se uns aos outros, se destroem”.
– Encontrando-se
Juliano Apóstata com São Pigmênio,
Presbítero romano, que era cego, e depois padeceu o martírio, como
quem o saudava benevolamente, disse o apóstata: “Glória
aos deuses e deusas imortais, que te cheguei a ver”
- Respondeu o Santo: “Glória
a meu Senhor, Jesus Cristo, nazareno crucificado, que cheguei a não
te ver?”
– Daqui
veremos a cautela, estranhes e ainda o desprezo com que nos
devemos portar com os hereges. É
dogma de São Paulo em vários textos,
e São João Evangelista proíbe até o saudá-los.
Como os hereges têm as
entranhas da intenção corruptas, é força que o bafo das palavras
seja pestilente; e se nos desviamos do ar que respira um apestado ou
tísico, para ressalvar a nossa saúde corporal, quanto
mais devemos evitar de um herege, para cautelar a saúde da alma.
O mesmo São João confirmou com o exemplo o que ensinou com a
palavra, pois não quis entrar no banho onde Cerinto, herege, se
lavava.
– Notável
é o caso que sucedeu a São Martinho,
Bispo. Por uma leve e quase inescusável comunicação que
teve com Itácio, herege, levou uma áspera repreensão do seu Anjo,
e dali por diante experimentou mais dificuldade e trabalho em curar
os energúmenos, e por 16 anos, que lhe restaram de vida, se absteve
de entrar em Sínodo.
– Estando
o Padre João da Gauda, S.J.,
em Bruxelas, comentando sobre a festa de Corpus Christi, o acometeram
mui orgulhosos dois hereges com este argumento: “que,
se o Sacerdote na procissão levava nas mãos a Cristo Real e
verdadeiramente, levava também a máquina de todo o mundo, a quem
Deus sustenta”.
Respondeu-lhe o Padre: “Não
vos espanteis, que também vosso irmão, o asno, levou a Cristo
entrando em Jerusalém, e também vosso pai, o Diabo
levou ao mesmo Senhor ao
pináculo do templo, e mais, nem o asno nem o Diabo levaram o mundo
às costas”.
– Rabi
Salomão, hebreu, disse que ‘o gigante Golias fora filho de 100
homens e um cão’. É delírio semelhante às outras fábulas
dos rabinos, para significar o vasto da sua corpulência e o
intrépido da sua ousadia; mas, o que se pode dizer com verdade, é
que a heresia dos nossos tempos é filha de 100 heresiarcas e do
Diabo, porque de todos participa alguma coisa; porém, sai a pedra da
funda de Davi, isto é, São Pedro, constituído pela mão de Cristo,
pedra primária do edifício místico da Igreja, a qual, vence e
prostra este soberbíssimo monstro de monstros, e nesta pedra se
funda a verdadeira Igreja, que é uma só, e tem uma só fé, que
tiveram os Apóstolos, e um só Mestre, que é o Espírito Santo”.
– Severo,
heresiarca, afirmava que Cristo é puramente Deus, e não juntamente
homem. Sucedeu que, Alamundaro, príncipe sarraceno, recebeu com o
sagrado Batismo a Fé ortodoxa. Enviou-lhe logo Severo dois bispos da
sua facção, para que o infeccionassem com o seu erro. O dito
príncipe, usando de cautela, lhe disse entre a prática, ‘que
naquele dia havia recebido cartas com as novas da morte de São
Miguel Arcanjo’. Adiantaram-se logo os bispos dizendo: “Quem
inventou essa quimera quis enganar-vos, e fazer irrisão, porque o
Príncipe São Miguel, sendo Anjo, e puro espírito, como podia
morrer?” – Respondeu Alamundaro: “Logo, também é
quimera e ficção o dizerdes vós outros que Cristo é puramente
Deus, e não homem, porque, se São Miguel não pode morrer, porque é
Anjo, como poderia morrer Cristo, sendo só Deus?”
Envergonharam-se
os bispos, e nisto tiveram muita razão, assim porque, vindo a
enganar, se viram enganados, como porque o raciocínio era claro, e
dado a Príncipes da Igreja por um homem secular recém-convertido do
Maometismo.
– Certo
ministro calvinista, pretendendo do Baxá de Buda, faculdade para
ensinar publicamente aos cristãos a sua seita, alegava, pelo adular,
que o calvinismo era mui parecido ao Alcorão. – Dizia, “porque
nós e vós negamos a intercessão dos Santos, e temos o Purgatório
por fábula, por ídolos as Imagens. Vós tendes muitas mulheres, e
nós não fazemos grande reparo em que uma mulher casada deixe o seu
esposo, e busque o de outra. Vós não venerais a virgindade, e nós
derrubamos os mosteiros das virgens. Vós fazeis dos templos dos
católicos estrebarias, nós o mesmo fazemos!” Ouvindo o Baxá
este longo palavreado disse: “Conforme eu vejo, facilmente
concordaríamos em tudo, se vós não vos embebedásseis, deixando só
a água para nós!”
– … Distintos
são o Alcorão e o Calvinismo; porém, como estão debaixo do mesmo
meridiano da infidelidade, desprezo do eterno e liberdade da carne,
não é de admirar que padeçam semelhantes eclipses da razão, e as
mesmas oposições dos dogmas da Igreja Católica… Envergonha-te,
maldito Calvinismo, que os teus amigos e semelhantes são os
maometanos, opróbrio do gênero humano; confunde-te, que teus
predicantes se conchavam com os seus baxás… Há mais outra
diferença bem lamentável e vergonhosa, e é que os maometanos estão
firmes na adoração de um só Deus; mas, os luteranos e calvinistas,
se os deixarem, todos propendem para o ateísmo”.
– João
Huss, outro heresiarca, que morreu queimado no ano de 1415, se
arremessou a fazer seu papel de profeta, porque, escrevendo desde
Constância, onde estava já encarcerado, e aludindo a seu sobrenome
“Huss”, que na língua boêmia quer dizer “Pato”, disse
assim: “Assarão o pato, mas daí a 100 anos virá um
cisne, que cantará melhor que ele, e não o poderão assar”.
Pegou daqui Lutero, dizendo “que São João – assim chama
a João Huss, canonizando-o mártir – profetizara dele, que era
o dito cisne, e que assim era força que o ouvissem cantar”.
Porém, um católico lhe respondeu que, “tão verdadeira era a
profecia, como ser o corvo cisne”.
18.
O Papa Inocêncio IV, ensina
que “os hereges são
assassinos de almas e ladrões dos Sacramentos de Deus”.
19.
Eusébio de Cesaréia, ensinou
que: “Na terceira Carta
sobre o Batismo, escrita a Filêmon, Sacerdote de Roma, acrescenta o
mesmo Dionísio o seguinte: ‘Eu, também, tomei
conhecimento das obras e das tradições dos hereges; durante algum
tempo, manchei a alma com suas abomináveis cogitações, mas daí
retirei a vantagem de refutá-las no meu íntimo e sentir horror
tanto maior”.
20.
S. Basílio ensina: “Dessa
gente (hereges) deveis
acautelar-vos, como gente estranha à Fé Evangélica e Apostólica,
e também à Caridade,
lembrados da palavra do Apóstolo: ‘Se alguém, dentre nós mesmos
ou até um Anjo do Céu, vos anunciasse um Evangelho diferente do que
vos temos anunciado, seja anátema’.
Lembrai-vos igualmente da palavra: ‘guardai-vos dos falsos
profetas’,
e desta outra:
‘mantende-vos à distância de todo irmão que vive de modo
irregular e não seguindo a Tradição recebida de nós’.
Conformai-vos à regra dos antigos, pois estais ‘edificados sobre o
Fundamento dos Apóstolos e dos Profetas, com Nosso Senhor Jesus
Cristo como Pedra Angular, Ele, em quem o edifício, perfeitamente
coordenado, se eleva para formar um Templo Santo no Senhor’”.
Ensinando
sobre os hereges, diz: “A meta comum de todos
os adversários, inimigos da sã doutrina, é abalar o fundamento da
Fé em Cristo, arrasando, fazendo desaparecer a Tradição
Apostólica. Por isso, eles, aparentando ser detentores de bons
sentimentos, recorrem a provas extraídas das Escrituras, e lançam
para bem longe, como se fossem objetos vis, os testemunhos orais dos
Padres”.
21.
S. Teófilo de Antioquia,
ensina que “no mar há
ilhas. Umas são habitáveis, têm boa água, um solo fértil,
margens abordáveis, portos de refúgio contra as tempestades; assim
foi que Deus deu ao mundo, agitado pelas tempestades dos pecados,
comunidades, queremos dizer santas igrejas, onde se acham, como nos
portos facilmente abordáveis das ilhas, as Doutrinas da Verdade; lá
se refugiam os que aspiram ser salvos, os que se fascinaram pela
Verdade e querem escapar à ira e ao julgamento de Deus.
E
há outras ilhas, rochosas, sem água, estéreis, selvagens,
inóspitas, onde se chocam os navios e perecem os que aí desejam
aportar; tais são as doutrinas do erro, quero dizer as heresias,
causadoras da ruína dos que se lhes avizinham, pois não estão sob
a Palavra da Verdade. Os
piratas enchem de passageiros seus navios para depois os despedaçarem
sobre os recifes e os fazerem perecer; assim, os que
erram longe da Verdade acham sua ruína nos próprios erros”.
22.
Hermas escreveu: “Senhora,
perguntei-lhe, queria saber a sorte e a significação das pedras.
… Eis
agora o que concerne às pedras na construção (da
Igreja)…
Queres
saber o que representam estas pedras que foram quebradas longe da
torre? São os filhos da iniquidade; sua fé é
apenas hipocrisia e não renunciaram totalmente ao mal. Também não
há para eles salvação, pois sua perversidade os torna impróprios
à construção. Foram quebrados em pedaços e jogados longe devido à
cólera do Senhor, a quem irritaram.
Quanto às outras pedras, que viste sobre o solo em grande quantidade
sem entrar na construção, umas, as que estão se desfazendo,
representam os homens que após haver conhecido a
Verdade, nela jamais perseveraram e não frequentam os santos: daí
sua inutilidade…
… Quanto
às outras pedras que tu viste, lançadas longe da torre, caindo
sobre a estrada e de lá rolando para lugares inacessíveis, são
os que, após terem abraçado a Fé, se deixaram em seguida arrastar
pelas dúvidas e abandonaram o caminho da Verdade. Crendo-se
capazes de encontrar uma via melhor, desgarram-se e cansam de
caminhar em países sem estradas.
As pedras que caem no fogo e aí queimam, são os
que se separam definitivamente do Deus vivo, jamais entrando em seu
coração o pensamento de fazer penitência, escravos de suas paixões
e das infâmias que cometeram...”.
23.
S. Atanásio, afirma que o
desprezo e a audácia dos hereges é “satânica”.
24.
Santo Hilário de Poitiers,
comentando sobre os erros dos heréticos, diz: “…
Exclui-se, evidentemente, das Promessas Evangélicas quem se exclui
da Fé das mesmas… A última loucura da impiedade é, ou não crer
nas coisas que conhece, ou corromper o conhecimento do que deve
crer”.
25.
Pe. Francisco Suarez, S.J.,
ensina que: “O Anticristo… esse nome evidentemente
designa um homem ímpio, inimigo de Cristo e contrário a Ele em
tudo… e que se esforça por arrancar sua Fé e Religião…
… Aquela
perseguição há de ser universalíssima, por todo o mundo, como
abertamente se conclui dos capítulos 13 e 20 do Apocalipse: ‘E
estenderam-se pela superfície da terra, e cercaram os acampamentos
dos Santos e a cidade querida’. Valendo-se desta passagem, nota
Santo Agostinho, que todos os homens maus, hereges e
seus semelhantes, se hão de unir com o Anticristo para perseguir por
todas as partes aos fiéis”.
26.
S. Francisco de Sales,
ensinando como devemos honrar e invocar os Santos, narra o seguinte
fato: “O grande Pedro
Fabro, primeiro
Sacerdote e primeiro pregador e leitor de Teologia da Companhia de
Jesus, e primeiro companheiro de Santo Inácio, seu Fundador, vindo
um dia da Alemanha, onde tinha feito grandes serviços para a glória
de Nosso Senhor, e passando por esta Diocese, lugar de seu
nascimento, recontava: ’Que tendo
atravessado muitos lugares heréticos, recebera milhares de
consolações, saudando na entrada de cada Paróquia os Anjos
protetores delas: os quais visivelmente conhecera serem-lhe
propícios, tanto para se salvar das emboscadas dos hereges, como
para tornar muitas almas brandas e dóceis a receber a Doutrina
saudável’. Isto dizia
com tanta asseveração, que uma donzela de pouca idade, ouvindo-o da
sua boca, o referia há quatro anos: isto é, mais de quarenta anos
depois, com um extremoso afeto. E eu neste ano passado, recebi a
consolação de consagrar um altar, no lugar onde Deus foi servido,
que nascesse este Bem-aventurado varão: no lugarejo de Villaret,
entre as nossas mais ásperas montanhas”.
A
Voz de Deus Espírito Santo:
OS
CONCÍLIOS ECUMÊNICOS.
27.
“A quem, com a
máscara de uma espiritualidade falsa, rejeita o Sacramento do Corpo
e do Sangue de Nosso Senhor, o Batismo das Crianças, o Sacerdócio e
mais Ordens Eclesiásticas, as Legítimas Alianças Conjugais, a
este, separamos da Igreja de Deus, condenamos como herege e
ordenamos que seja punido pelos poderes seculares”.
28.
“Pronunciamos o anátema contra todos estes hereges
(os albigenses) e suas intrigas perniciosas; nós as
punimos com o anátema, a elas e aos seus fautores.
Quanto aqueles que não respeitam as igrejas, nem os mosteiros,
sentenciamos contra eles e todos aqueles que os auxiliarem de
qualquer maneira, as mesmas penas impostas aos hereges, ordenamos que
eles sejam denunciados nas igrejas das regiões que assolaram”.
Ao
mesmo tempo, o Concílio desligou de toda homenagem e obediência os
súditos desses promotores de desordens e mandou aos fiéis que se
opusessem às suas depredações, protegendo pelas armas o povo
cristão; concedeu aqueles que morressem nesta guerra santa a mesma
indulgência que dava aos Cruzados. Referindo-se
aos hereges e aos fautores de heresia, diz: “Que já não
exercem sua maldade ocultamente como outros, mas que manifestam o seu
erro publicamente e atraem ao seu acordo os simples e débeis. A eles
e aos defensores deles e aos encobridores, decretamos que fiquem sob
excomunhão, e proibimos que, não os tenha ninguém em suas casas ou
em sua terra ou pretenda exercer negócio com eles, sob pena de
excomunhão. Mas aqueles
que tiverem caído neste pecado, nem sob pretexto de nossos
privilégios, nem pelos indultos, nem por qualquer outra causa, possa
ser feita oferenda
por eles, nem possam receber sepultura entre cristãos… mas os
Bispos ou Presbíteros, que não se oponham aos tais fortemente,
sejam castigados com privações de seu ofício, até que obtenham
misericórdia da Sé Apostólica”.
Outros
Rasgos sobre os Hereges
29.
São Roberto Belarmino
ensinou: “Os Santos Padres ensinam unanimemente, não
só que os hereges estão fora da Igreja, mas também, que estão
‘ipso facto’ privados de toda jurisdição e dignidade
eclesiásticas. São Cipriano
diz: ‘Afirmamos que
absolutamente todos os hereges e cismáticos não tem poder e direito
algum’;
e ensina também, ‘que
os hereges que retornam à Igreja devem ser recebidos como leigos,
ainda que tenham sido anteriormente Presbíteros ou Bispos na
Igreja’.
Santo Optato
ensina, ‘que os hereges e cismáticos não podem ter as chaves do
Reino dos Céus, nem ligar ou desligar’.
O mesmo ensinam Santo Ambrósio,
Santo Agostinho,
São Jerônimo…
O Concílio de Constância só trata dos excomungados, isto é, dos
que perderam a jurisdição por sentença da Igreja, ao
passo que os hereges já antes de serem excomungados estão fora da
Igreja e privados de toda jurisdição. Pois já foram condenados por
sua própria sentença, como ensina o Apóstolo,
isto é, foram cortados do Corpo da Igreja sem excomunhão, conforme
explica São Jerônimo...”.
30.
“Esta é a sentença de grandes doutores recentes, como
João Driedo,
o qual ensina que só se separam da Igreja os que
são expulsos, como os excomungados, e os que por si próprios dela
se afastam e a Ela se opõem, como os hereges e os cismáticos.
E, na sua 7ª afirmação, sustenta que naqueles que se afastaram da
Igreja, não resta absolutamente nenhum poder espiritual sobre os que
estão na Igreja, O mesmo diz Melchior Cano,
ensinando que os hereges não são partes, nem
membros da Igreja… e ensina no mesmo local, com palavras claras,
que os hereges ocultos ainda são da Igreja, são partes e membros…
O
fundamento desta sentença, é que o herege manifesto não é de modo
algum membro da Igreja, isto é, nem espiritual nem corporalmente, o
que significa que não o é nem por união interna nem por união
externa. Pois, mesmos os maus católicos estão unidos e são
membros, espiritualmente pela fé e pela participação nos
Sacramentos visíveis; os hereges ocultos estão unidos e
são membros, embora apenas por união externa;
mas, os hereges manifestos não pertencem de modo nenhum, como já
provamos”
31.
São Bruno, Bispo de Segni,
Abade de Monte Cassino, ensina: “Temos
os Cânones; temos as
Constituições dos Santos Padres, desde os tempos dos Apóstolos até
vós. (…) Os
Apóstolos condenam e expulsam da comunhão dos fiéis todos aqueles
que obtêm cargos na Igreja através do poder secular. (…)
Esta determinação dos
Apóstolos (…) é
santa, é católica, e quem quer que a ela contradiga, não é
católico. Pois somente são católicos os que não
se opõem à Fé e à Doutrina da Igreja Católica. E, pelo
contrário, são hereges os que se opõem obstinadamente à Fé e à
Doutrina da Igreja Católica.
(...)”.
32.
Pe. Pietro Ballerini,
teólogo italiano (séc. XVIII), afirma: “Para
qualquer pessoa, mesmo privada, valem as palavras de São Paulo à
Tito: ‘Evita o herege’,
depois da primeira e segunda correção, sabendo que um tal homem
está pervertido e peca, uma vez que foi condenado por seu próprio
juízo’.
Pois, a pessoa que,
advertida uma ou duas vezes, não se arrepende, mas mantém-se
pertinaz numa sentença contrária a um Dogma manifesto ou definido –
não podendo, em razão dessa pertinácia pública, ser escusada de
forma alguma da heresia propriamente dita, que requer a pertinácia –
essa pessoa declara a si mesma, abertamente, herege.
Revela que por própria vontade se afastou da Fé Católica e
da Igreja, de tal forma que já não é necessária nenhuma
declaração ou sentença de quem quer que seja para cortá-la do
Corpo da Igreja. É
muito claro nessa matéria o argumento dado por São Jerônimo à
propósito das citadas palavras de São Paulo: ‘Por isso, diz-se
que o herege condenou a si mesmo: porque o
fornicador, o adúltero, o homicida e os demais pecadores são
expulsos da Igreja pelos Sacerdotes; mas, os hereges proferem a
sentença contra si mesmos, excluindo-se da Igreja espontaneamente:
exclusão essa que é a sua condenação pela própria consciência”.
33.
D. Prosper Guéranger, Abade
Beneditino, escreveu: “Não
nos devemos espantar com a contradição que a heresia apresenta em
suas obras, quando consideramos que o 4º princípio, ou, se quiser,
a 4ª necessidade imposta aos sectários pela própria natureza do
seu estado de revolta, é uma contradição habitual com os seus
próprios princípios. Deve
ser assim, para confusão deles próprios no grande dia, que cedo ou
tarde há de vir, em que Deus revelará a nudez dos hereges aos olhos
dos povos que eles seduziram, e também, porque não é próprio ao
homem ser consequente: somente a verdade o pode ser. Assim, todos os
sectários, sem exceção, começam por reivindicar os direitos da
antiguidade; querem expurgar o Cristianismo de tudo aquilo que o erro
e as paixões dos hereges nele introduziram de falso e de indigno de
Deus. Nada desejam senão o primitivo, e pretendem retomar a
instituição cristã em seu berço. Para isso, eles mutilam,
destroem, cortam. Tudo cai a seus golpes. E quando se espera ver o
culto divino reaparecer em sua pureza primeira, eis que se é
atulhado de fórmulas novas, que não datam senão da véspera, e que
são incontestavelmente humanas, pois quem as redigiu vive ainda.
Todas as seitas estão sujeitas a essa necessidade.
Nós o vimos nos monofisitas e nestorianos, e
encontraremos a mesma coisa em todos os ramos de protestantes.
A ostentação com que pregam a antiguidade não conduz senão a
pô-los em condições de impugnar todo o passado. Depois eles se
colocam diante dos povos seduzidos e lhes juram que tudo está bem,
que as excrescências papistas desapareceram, que o culto divino
retornou à sua santidade primitiva. Notemos ainda algo de
característico nas modificações litúrgicas feitas pelos hereges:
em seu furor de inovações, eles não se contentam em mutilar as
fórmulas de estilo eclesiástico, por eles estigmatizadas como
palavra humana, mas estendem sua reprovação as próprias leituras e
preces que a Igreja tomou das Escrituras; eles mudam, substituem, não
querendo rezar com a Igreja, excomungando desse modo a si próprios,
temendo até a mínima parcela de ortodoxia que presidiu a escolha
dessas passagens”.
34.
José María Caro Rodríguez,
primeiro Cardeal chileno,
afirma em sua monumental obra sobre a Maçonaria: “… El
Protestantismo – como decía
la revista masónica alemana “HATOMIA” - es la mitad de
la Masonería”.
35.
D. Frei Vital Maria Gonçalves de Oliveira escreveu:
“Para um coração que
lamenta amargamente os males da pátria querida, é de sumo lenitivo
e doce alívio ver o modo tão judicioso, exato e reto, porque V.
Excia. Revma. Aquilata o magnífico movimento religioso que a
perseguição injusta tem, mau-grado seu, desenvolvido em todos os
pontos do Império; movimento abençoado e salvador,
despertar repentino e feliz de um povo que havia adormecido nos
braços da Indiferença em matéria de religião, e dormia a sono
solto à borda de um abismo insondável: o Protestantismo”.
36.
O Rev. Pe. Júlio Maria de Lombaerde,
S.D.N., ensina que “um
homem inteligente não pode acreditar no Protestantismo, porque é
uma balbúrdia, um labirinto sem saída, uma pura negação”.
37.
“As raposas simbolizam
os hereges, que são astutos como elas. É preciso detê-los logo no
princípio, quando ainda são pequenos, ao contrário, serão mais
tarde a desolação da Igreja”.
38.
Afirmou Santa
Teresinha do Menino Jesus: “Com
que alegria, no tempo das Cruzadas, teria partido para combater os
hereges”.
39.
O insigne Dom Vital, sentiu
a necessidade de dizer o seguinte, em um dos seus sermões ao povo de
Olinda: “Há hoje toda
uma espécie de homens que, negando o princípio da autoridade…
pretendem ensinar aos Bispos, que devem ser todos doçura e
conciliação, sem jamais fazer uso de uma paternal severidade. Ora,
se percorrermos as primeiras páginas da história da Igreja, o que
veremos? São Paulo, cujas epístolas respiram a mais suave caridade
do Senhor, dizer aos cristãos culpados de Corinto: ‘Irei a vós de
chicote em punho’. E pronunciou contra eles a pena de excomunhão”.
Os
Hereges Estão Mais Afastados da Fé do Que os Demônios
Do
livro “A Suma Teológica em Forma de Catecismo”, obra da qual
escreveu o Santo Padre Bento XV, em carta ao autor, que este soube
“acomodar ao alcance de sábios e ignorantes os tesouros daquele
gênio excelso [São Tomás de Aquino], condensando em fórmulas
claras, breves e concisas, o que ele com maior amplitude e abundância
escreveu”.
A
Suma Teológica, principal documento, do Santo Angélico, foi
resumida com a melhora da linguagem para iniciantes pelo Pe. Tomás
Pègues, O.P. em francês em 1919 e traduzido ao português por
anônimo em 1942 e reproduzido pela Editora SCJ, de Taubaté e já
extinta, em forma de catecismo. Esta obra tem o beneplácito de Dom
Gil Antônio Moreira e do Santo Padre Bento XV.
P.
Existe algum compêndio das verdades essenciais da fé?
R.
Sim,
senhor; o Credo, o Símbolo dos Apóstolos. Ei-lo aqui conforme o
reza diariamente a Igreja:
“Creio
em Deus Pai Todo Poderoso,
Criador
do Céu e da terra;
e
em Jesus Cristo seu único Filho, Nosso Senhor,
o
qual foi concebido do Espírito Santo;
nasceu
de Maria Virgem;
padeceu
sob o poder de Pôncio Pilatos,
foi
crucificado, morto e sepultado;
desceu
aos infernos;
ao
terceiro dia ressuscitou de entre os mortos;
subiu
aos céus
e
está sentado à mão direita de Deus Pai, Todo Poderoso;
donde
há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio
no Espírito Santo,
na
Santa Igreja Católica,
na
Comunhão dos Santos,
na
remissão dos pecados,
na
ressurreição da carne,
na
vida eterna.
Amém.
P.
É a recitação do Credo ou Símbolo dos Apóstolos o ato de fé por
excelência?
R.
Sim,
senhor; e nunca devemos cessar de recomendar aos fiéis a sua prática
diária.
P.
Podereis indicar-me alguma outra fórmula breve, exata e suficiente
para praticar a virtude da fé sobrenatural?
R.
Sim,
senhor; eis aqui uma, em forma de súplica: “Deus e Senhor meu;
confiado em vossa divina palavra, creio tudo o que haveis revelado
para que os homens, conhecendo-Vos,
Vos glorifiquem na terra e gozem um dia de Vossa presença no Céu”.
P.
Quem pode fazer atos de fé?
R.
Somente
os que possuem a correspondente virtude sobrenatural.
P.
Logo, não podem os infiéis fazer atos de fé?
R.
Não,
senhor; porque não creem na Revelação, ou seja, porque
ignorando-a, não se entregam confiadamente nas mãos de Deus, nem se
submetem ao que deles exige, ou porque, conhecendo-a, recusam
prestar-lhe assentimento.
P.
Podem fazê-lo os ímpios?
R.
Tampouco,
porque, se bem que têm por certas as verdades reveladas, fundadas na
absoluta veracidade divina, a sua fé não é efeito de acatamento e
submissão a Deus, a Quem detestam, ainda que com pesar seu se vejam
obrigados a confessá-Lo.
P.
É possível que haja homens sem fé sobrenatural, e que creiam desta
forma?
R.
Sim,
senhor; e nisto imitam a fé dos Demônios.
P.
Podem crer os hereges com fé sobrenatural?
R.
Não,
senhor; porque, embora admitam algumas verdades reveladas, não
fundam o assentimento na autoridade divina, senão no próprio juízo.
P.
Logo, os hereges estão mais afastados da verdadeira fé, que os
ímpios e que os mesmos Demônios?
R.
Sim,
senhor; porque não se apoiam na autoridade de Deus.
P.
Podem crer com fé sobrenatural os apóstatas?
R.
Não,
senhor; porque desprezam o que haviam crido por virtude da palavra
divina.
P.
Podem crer os pecadores com fé sobrenatural?
R.
Podem,
contanto que conservem a fé, como virtude sobrenatural; e podem
tê-la, se bem que em estado imperfeito, ainda quando, por efeito do
pecado mortal, estejam privados da caridade.
P.
Logo, nem todos os pecados mortais destroem a fé?
R.
Não,
senhor.
P.
Em que consiste o pecado contra a fé chamado infidelidade?
R.
Em
recusar submeter o entendimento, por veneração e amor de Deus, às
verdades sobrenaturalmente reveladas.
P.
E sempre que isto acontece, é por culpa do homem?
R.
Sim,
senhor; porque resiste à graça atual com que Deus o convida e
impele a submeter-se.
P.
Concede Deus esta graça atual a todos os homens?
R.
Com
maior ou menor intensidade e em medida prefixada
nos
decretos de sua providência, sim, senhor.
P.
É grande e muito estimável a mercê que Deus nos faz, ao
infundir-nos a virtude da fé?
R.
É
em certo modo a maior de todas.
P.
Por quê?
R.
Porque,
sem fé sobrenatural, nada podemos intentar em ordem à nossa
salvação, e estamos perpetuamente excluídos da glória, se Deus
não se digna conceder-no-la antes da morte.
P.
Logo, quando se tem a dita de possuí-la, que pecado será,
frequentar companhias, manter conversações ou dedicar-se a leituras
capazes de fazê-la perder?
R.
Pecado
gravíssimo, fazendo-o espontânea e conscientemente, e de qualquer
modo ato reprovável, que sempre o é, expor-se a semelhante perigo.
P.
Logo, importa sobremaneira escolher com acerto as nossas amizades e
leituras, para encontrar nelas, não embaraços, mas estímulos para
arraigar a fé?
R.
Sim,
senhor; e especialmente nesta época, em que o desenfreio de
expressão, chamado liberdade de imprensa, oferece tantas ocasiões e
meios de perdê-la.
P.
Existe algum outro pecado contra a fé?
R.
Sim,
senhor; o pecado da blasfêmia.
P.
Por que a blasfêmia é pecado contra a fé?
R.
Por
ser diretamente oposta ao ato exterior da fé, que consiste em
confessá-la por palavras, e a blasfêmia consiste em proferir
palavras injuriosas contra Deus e seus Santos.
P.
É sempre pecado grave a blasfêmia?
R.
Sim,
senhor.
P.
O costume de proferi-las escusa ou atenua a sua gravidade?
R.
Em
vez de atenuá-la, agrava-a, pois o costume demonstra que se deixou
arraigar o mal, em lugar de dar-lhe remédio.
Conclusão
Da
mesma forma falaram todos os Padres da Igreja, que se distinguiram
por suas virtudes heroicas.
O
princípio em que se inspira o procedimento de tantos Santos,
condensou-o de modo admirável o suavíssimo Bispo de Genebra, São
Francisco de Sales, nas
seguintes palavras: “Os inimigos declarados de Deus e
da Igreja Católica, devem ser difamados tanto quanto se possa, desde
que não falte à verdade, sendo obra de caridade gritar: eis o lobo!
Quando está entre o rebanho ou em qualquer lugar onde seja
encontrado”.
O
Ven. Pe. Manuel Bernardes,
finaliza afirmando: “Observemos esta regra, que é
muito certa. Todas as vezes que virmos que a Sagrada Escritura, e os
Santos Padres martelam repetidamente sobre uma mesma doutrina, é
sinal de sua grande importância; e que pretendem que saia ao
encontro aos leitores, e que estes parem, e reparem nela”.
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