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"Uma vez que, como todos os fiéis, são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, os leigos têm a OBRIGAÇÃO e o DIREITO, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente através deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito" (S.S. o Papa Pio XII, Discurso de 20 de fevereiro de 1946: citado por João Paulo II, CL 9; cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 900).

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

NOVENA DE NATAL. 6º DIA.


Orações e Meditações Extraídas dos Escritos

de Santo Afonso Maria de Ligório,

pelo Pe. Saint-Omer, CSSR.


V. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.

R. Apressai-Vos, Senhor, em me socorrer.

V. Glória ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo.

R. Assim como era no princípio, agora e sempre e por todos os séculos dos séculos. Amém.



Oração a Jesus no Exílio1


Jesus quis passar a Sua primeira infância no Egito, a fim de levar vida mais dura e desprezada.


A Vós, Menino Santíssimo, que viveis pobre, desconhecido, desprezado, nesse bárbaro país, confesso por Deus e Salvador meu, e agradeço por Vos haverdes dignado de suportar no Egito pelo meu amor tantas humilhações e penas. A vossa vida me ensina a passar pela terra como peregrino, cuja pátria não está aqui em baixo, mas no belo Céu, que o vosso amor veio conquistar para mim. Ah, meu Jesus, ingrato Vos tenho sido pela razão de pouco refletir no quanto fizestes e sofrestes por mim. Quando penso que Vós, Filho de Deus, passastes na terra vida tão amargurada, pobre e humilde, como posso eu andar atrás dos prazeres e bens deste mundo? Ó dulcíssimo Redentor meu, recebei-me na vossa companhia; eficazes auxílios concedei-me para que possa viver na terra estreitamente unido conVosco, a fim de lograr a felicidade de unido conVosco no Céu, amar-Vos e gozar eternamente da vossa presença. Esclarecei-me e aumentai a minha fé. Que são os bens, os prazeres, as dignidades, as honras deste mundo? Tudo é vaidade e loucura: a única riqueza, o único tesouro verdadeiro, é possuir a Vós, que sois o Bem infinito. Feliz de quem Vos ama! A Vós amo, ó meu Jesus, e só a Vós desejo. Se possuísse mil mundos, a todos renunciaria para Vos agradar, porque sois o meu Deus e o meu tudo. Se no passado corri após as vaidades e gozos desta vida, arrependo-me hoje amargamente e os detesto. De agora em diante, dulcíssimo Salvador meu, sereis, Vós somente o meu contentamento, Vós, – o meu único amor, Vós, – o meu único tesouro. Ó Maria, rogai a Jesus que me enriqueça com o Seu Santo Amor.2 Amém.



6º Dia3


Vamos ao Egito:

aí acharemos o Coração de Jesus

desprezando as riquezas do mundo.


A riqueza de Deus é infinita e inexaurível, porque não depende de ouro: Sua riqueza é Ele mesmo, Bem infinito; eis aí por que lhe diz Davi: Vós sois meu Deus, necessidade nenhuma tendes do que eu possuo.4 Pois bem, este Deus tão rico fez-se pobre, a fim de nos enriquecer.5 Sim, à bondade do Coração de Jesus competia mostrar Sua predileção à pobreza, para fazer reinar o desapego nos nossos corações enfatuados dos bens deste mundo, que não são mais que lodo e pó. Nascido na pobreza, o Senhor foi pobre toda a Sua vida, indigente até, conforme a expressão de São Paulo: Egenus. Mas onde Ele sofreu, principalmente, da pobreza foi no Egito. Quão digna de lástimas é a família exilada, que se vê obrigada a partir para o desterro sem recurso algum! São Boaventura considera compadecido a Maria e José, fazendo esta longa e penosa viagem carecendo de tudo, e levando em seus braços o Santo Menino, que muito teve que sofrer por causa de Sua pobreza, e pergunta: Onde achavam eles o alimento? Onde passavam a noite? Mas, com que podiam alimentar-se, senão com um pouco de pão duro? Onde podiam passar a noite no deserto, senão sobre a terra nua, ao relento ou sob uma árvore? Ah! Quem encontrasse no caminho estes três grandes personagens, por quem os teria tomado, senão por três pobres mendigos? E no Egito, estrangeiros, sem parentes, sem amigos, quanto não sofreram de sua indigência, durante os sete anos que lá passaram! Segundo São Basílio, com grande custo é que eles arranjaram o necessário pelo trabalho de suas mãos. Ludolfo de Saxe afirma que, mais de uma vez o Menino Jesus, apertado pela fome, pediu um pouco de pão à Sua Mãe, e Maria teve de responder que não tinha.

Não somente nosso divino Salvador foi pobre, mas amou a pobreza e tanto a amou, que se pode dizer que ela era a esposa de predileção do Coração de Jesus. A pobreza não existia no Céu, diz São Bernardo, ela abundava na terra, mas o homem ignorava seu valor. Que faz o Filho de Deus? Amando esta pobreza desprezada, quis descer do Céu, a fim de esposá-la e no-la tornou por este modo preciosa. Seu fim, nascendo pobre, foi levar-nos, por Seu exemplo, a desapegar nossos corações dos bens terrenos, e consagrá-los inteiramente ao amor divino.

Nós todos somos viajantes na terra, onde apenas estamos de passagem, diz Santo Agostinho. Certamente, quem está num lugar só de passagem, não se apega a objeto algum, pois sabe que deve logo deixar tudo. Ah! Se os homens não esquecessem que são viajantes neste mundo e caminham para a eternidade, quem poderia apegar-se ao bens de cá e pôr-se assim em perigo de perder os do Céu? Para que servem os tesouros, as riquezas? Para que servem bens que não podem contentar nosso coração? Que levaremos conosco na morte?

O verdadeiro tesouro da alma, é Deus. Ora, Deus não pode ser da alma que conserva apego desordenado aos bens da terra. Eis aqui porque Davi fazia a seguinte súplica: Senhor, purificai meu coração dos afetos terrenos.6 Uma vez achado este tesouro, pode-se dizer com a esposa dos Cânticos: Achei Aquele que meu coração ama.7 Perca-se tudo mais: Deus só me basta. Feliz perda, a que sofremos quando sacrificamos tudo, para contentar vosso Coração, ó Deus de minha alma, ó Jesus, soberano Bem, infinitamente mais amável que todos os bens!

Prática: Para honrar a pobreza de Jesus, nada invejarei aos ricos; e se tiver alguma fortuna, não me apegarei a ela, mas farei numerosas obras de caridade.

Afetos e Súplicas: Sagrado Coração de Jesus, cheio de amor à pobreza e aos pobres, vossa vida me ensina que, na terra eu sou viajante, e que minha pátria é o Céu que me viestes adquirir por vossos merecimentos! Ah, meu Jesus, eu tinha vivido na ingratidão para conVosco, porque pouco hei refletido no que fizestes e padecestes por mim. Quando penso que Vós, Filho de Deus, passastes cá no mundo, vida tão pobre, como é possível que eu ande atrás dos bens terrenos? Ó terno Redentor meu, permiti-me viver sempre unido a Vós na terra, a fim de ter a felicidade de ficar unido conVosco no Céu, amar-Vos e gozar eternamente de vossa presença. Esclarecei-me, e aumentai minha fé. Bens, prazeres, dignidades, honras deste mundo, que é tudo isto senão vaidade e loucura! A única riqueza, o único tesouro verdadeiro, é possuir-Vos, Bem infinito! Feliz aquele que Vos ama! Eu Vos amo, meu Jesus, e só a Vós desejo. Vós me quereis, e eu Vos quero. Se mil reinos tivesse, todos de bom grado renunciaria para agradar vosso Coração, porque sois meu Deus e meu tudo. Se corri outrora após as vaidades e gozos desta vida, agora os detesto, e deploro minha cegueira. De agora em diante, amável Salvador meu, sereis, Vós somente, meu contentamento, meu amor, meu tesouro. Ó doce Virgem Maria, rogai por mim ao Coração de Jesus que Vos ama tanto: pedi-Lhe que me enriqueça com Seu Santo Amor, é tudo o que desejo. Amém.

Oração Jaculatória: Divino Menino Jesus, tende compaixão de nós, e nascei em nossos corações. 1 Pai Nosso, 1 Ave Maria e 1 Glória ao Pai.



Exemplo


Paulo Rieu, nascido de uma família pobre de Lozere, mostrou desde a infância, tanta piedade e inteligência, que seu Cura propôs-se logo a prepará-lo pelo estudo do latim, para o estado eclesiástico. Na idade de oito anos, já ele exclamava: “Oh! Que felicidade, se eu pudesse salvar muitas almas!… Quão felizes são os Padres, pois trabalham para dar o Céu! Mas Deus, que é admirável nos Seus Santos, quis triturar a Paulo na enfermidade. Este pobre menino perdeu a vista aos dez anos. Pouco depois, perdeu seu pai e sua mãe, e ficou reduzido à condição de mendigo. Era o ano de 1862. Desde então, até o dia de sua morte, Paulo o cego, como lhe chamavam, não teve outro asilo que o hospital de Mende. Devo, pois, dizia ele, renunciar à ideia de ser Padre; mas não quero renunciar à ideia de salvar as almas. Eu orarei, falarei, mendigarei para sua salvação. O pensamento de ser apóstolo, por meio da oração, havia seduzido seu coração: também, quantas orações dirigia ele ao Coração de Jesus para a salvação das almas! As únicas palavras: Apostolado, oração, Coração de Jesus, Santa Igreja, Pio IX, faziam-no exultar, e muitas vezes o ouviam murmurar e repetir: Oh! Quanto é belo o Apostolado! Oh! Quanto bem faz!… Sim, sim, quem ora apostolo é!… Quão feliz sou eu! Oremos, oremos; salvemos as almas! Seu diretor declarou, que ele rezava mais de quinhentas vezes por dia para a conversão dos pecadores. Pode-se dizer que sua vida era uma oração contínua. Vós ides à Missão, dizia ele um dia a seu Confessor: como sois feliz! Eu, pobre cego, só posso rezar, mas vou fazê-lo mais ainda! Meu Anjo não quer que eu durma; passo então as noites a rezar para a salvação das almas! “Que santo é este Paulo! Dizia um enfermo: ele passa a noite em orações”. A 30 de Outubro de 1869, tendo caído gravemente enfermo, apressou-se a pedir os últimos Sacramentos, assegurando que o dia de sua morte se aproximava. Paulo expirou tranquilamente a 15 de Novembro. Ouviu-se logo, de todas as partes, nas ruas e nas casas de Mende, a mesma palavra sair de todas as bocas: “O santo do hospital morreu”. Dezessete anos apenas viveu na terra.



Louvores ao Menino Jesus8


Vinde já, meu Deus-Menino,

Nascei no meu coração,

Tomai dele inteira posse,

Tomai-o da vossa mão.


Vinde, meu rico Infante,

Vinde, não Vos detenhais,

A minha alma Vos espera,

Já não pode esperar mais.


Do Varão nasceu a vara,

Da vara nasceu a flor,

Da flor nasceu Maria,

De Maria o Redentor.


Os Anjos primeiro pegam

No Menino-Deus nascido,

Não O deixam cair no chão,

Em seus braços é detido.


A Virgem então O adora,

Nos seus braços O recebe,

Como Mãe lhe beija a face,

Mais alva que a pura neve.


Foi nascer a uma gruta

O Grande Rei das Nações,

Para render a frieza

De nossos corações.


Pastorinhos do deserto,

Correi todos, ide ver

A pobreza da lapinha

Onde Cristo quis nascer.


Pastorinhos do deserto,

Correi todos a Belém,

Adorar o Deus-Menino,

Nos braços da Virgem-Mãe.


Nos braços da Virgem-Mãe,

Chora o vosso Coração,

Por saber que há de passar

Tão dolorosa Paixão.



Ladainha em Honra do

Divino Menino Jesus9


Senhor, tende compaixão de nós.

Jesus Cristo, tende compaixão de nós.

Senhor, tende compaixão de nós.


Senhor, ouvi-nos.

Divino Menino Jesus, escutai-nos.


Pai celeste, que sois Deus, tende compaixão de nós.

Filho Redentor do mundo, que sois Deus, tende compaixão de nós.

Espírito Santo, que sois Deus, tende compaixão de nós.

Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende compaixão de nós.


Jesus, Filho do Deus Vivo, tende compaixão de nós.

Jesus, num estábulo nascido de Maria Virgem, tende compaixão de nós.

Jesus, adorado pelos pastores e pelos Sábios do Oriente, tende compaixão de nós.

Jesus, circuncidado ao oitavo dia e chamado Jesus, tende compaixão de nós.

Jesus, oferecido no Templo a vosso Divino Pai, tende compaixão de nós.

Jesus, fugindo para o Egito com Maria e José, tende compaixão de nós.

Jesus, que voltastes do Egito com Maria e José, tende compaixão de nós.

Jesus, na idade de 12 anos levado ao Templo por vossos pais, tende compaixão de nós.

Jesus, perdido de vossos pais e por eles procurado com ânsia durante três dias, tende compaixão de nós.

Jesus, encontrado com alegria no Templo, tende compaixão de nós.

Jesus, submisso e obediente aos vossos pais, tende compaixão de nós.


Sede-nos propício, tende compaixão de nós, Menino Jesus.

Sede-nos misericordioso, escutai-nos, Menino Jesus.


Dos desvarios da nossa juventude, livrai-nos, Menino Jesus.

Do número dos filhos de Satanás, que perdem as almas dos inocentes, livrai-nos, Menino Jesus.

Dos criminosos desejos da nossa idade, livrai-nos, Menino Jesus.

Dos perigos de pecar, livrai-nos, Menino Jesus.

Da perda da santa pureza, livrai-nos, Menino Jesus.

Pelo vosso misterioso Nascimento, livrai-nos, Menino Jesus.

Pelas vossas lágrimas e gemidos, livrai-nos, Menino Jesus.

Pelo vosso santo porte com vossos pais, livrai-nos, Menino Jesus.

Pela vossa Apresentação no Templo, livrai-nos, Menino Jesus.


Nós que fomos filhos da ira, Vos rogamos nos escuteis.

Para que nos dias da nossa juventude nos lembremos do nosso Salvador, Vos rogamos nos escuteis.

Para que acostumemos desde a juventude nossos corações à virtude e ao bem, Vos rogamos nos escuteis.

Para que em todas as nossas ações demos bom exemplo ao próximo, Vos rogamos nos escuteis.

Para que não abandonemos na velhice o caminho da virtude que tomamos na juventude, Vos rogamos nos escuteis.

Para que sejamos recebidos um dia no número dos filhos de Deus, Vos rogamos nos escuteis.


Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Menino Jesus.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Menino Jesus.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós, Menino Jesus.


Menino Jesus, ouvi-nos.

Menino Jesus, escutai-nos.


Pai Nosso, que estais nos Céus…


V. O Verbo se fez carne. Aleluia.

R. E habitou entre nós. Aleluia.


Oremos: Amado Salvador, Jesus Cristo, que, por amor dos homens e de mim, encarnastes e Vos fizestes um fraco e pobre menino, adoro-Vos e amo-Vos. Concedei-me que ponha sempre em Vós a minha alegria; que Vos siga sempre; que eu seja bom, piedoso, obediente, zeloso, e Vos imite em tudo, a Vós que viveis e reinais com Deus Pai, e o Espírito Santo por toda a eternidade. Amém.


_______________________

1.  “As Mais Belas Orações de Santo Afonso de Ligório”, pelo Pe. Saint-Omer, CSSR, 4ª Parte, Art. 2, § 1, pp. 488-489. Imprimé par les Etablissements Casterman, S.A. Tournai/Belgium, 1921.

2.  Obras Ascéticas, IV. 9. Jan.

3.  “O Sagrado Coração de Jesus”, segundo Santo Afonso de Ligório, pelo Pe. Saint-Omer, CSSR, 1ª Parte, 9º Dia, pp. 60-65. 5ª Edição, Typographia de Frederico Pustet, Impressor da Santa Sé, Ratisbona/Alemanha, 1926.

4.  Ps. 15, 1.

5.  II Cor. 8, 9.

6.  Ps. 50, 12.

7.  Cânt. 5, 4.

8.  “Cartilha ou Compêndio da Doutrina Cristã, Ordenada por Perguntas e Respostas”, pelo Pe. Antônio José de Mesquita Pimentel, Cap. “Devoção”, pp. 228-229. 18ª Edição, Livraria Chardron, de Lello & Irmão, Ltda, Porto, 1872.

9.  “Livro de Missa para a Juventude”, compilado por um Padre do Espírito Santo, pp. 114-118. 6ª Edição, Casa Cruz, Rio de Janeiro, 1898.


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